RIO E BRASÍLIA - A Petrobras anunciou nesta terça-feira, 19, que reduziu o preço da gasolina em cerca de 4,92% a partir de amanhã, 20, nas suas refinarias. O valor do litro da gasolina passará a ser de R$ 3,86 - R$ 0,20 menos do que o preço anterior, de R$ 4,06 por litro. A estatal não mexeu no preço do diesel.
A redução de preços do combustível é a primeira realizada na gestão do novo presidente da Petrobras, Caio Paes de Andrade, que assumiu o comando da estatal há menos de um mês após a demissão de José Mauro Coelho.
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O último reajuste da gasolina havia sido em 17 de junho, quando a Petrobras anunciou um aumento de 5,2% no preço nas refinarias. O reajuste acelerou a troca de comando na estatal e levou a uma reação do Congresso contra a estatal e a aprovação de medidas como a PEC ‘Kamikaze’.
A redução já era esperada pelo mercado, depois que o petróleo, apesar de ainda registrar volatilidade, ter recuado de preço no exterior e se mantido próximo aos US$ 100 o barril. O câmbio também ajudou, com a cotação mais fraca nesta terça-feira, apesar de ter fechado em alta na véspera e se manter em patamar elevado, por volta dos R$ 5,4.
Segundo apurou o Estadão/Broadcast, havia uma grande pressão do governo para que a estatal reduzisse seus preços, tanto da gasolina como do diesel. Tecnicamente, porém, apenas a gasolina estava acima do preço internacional.
“Essa redução acompanha a evolução dos preços internacionais de referência, que se estabilizaram em patamar inferior para a gasolina, e é coerente com a prática de preços da Petrobras, que busca o equilíbrio dos seus preços com o mercado global, mas sem o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbio”, disse a Petrobras ao anunciar a queda de preço.
Bolsonaro e reeleição
Pouco antes do anúncio da Petrobras, o presidente Jair Bolsonaro disse a apoiadores que tinha confiança de que Caio Paes de Andrade, empossado há três semanas, vai melhorar a interlocução do governo com a estatal, como deseja o chefe do Executivo.
“Acho que a Petrobras vai achar seu rumo agora, com novo presidente”, declarou o presidente. Para Bolsonaro, o rumo correto para a Petrobras é cumprir o que chama de “função social” - ou seja, evitar repasse direto ao consumidor das variações do combustível no exterior, como determina a atual política de preços da companhia.
Jair Bolsonaro, pouco antes do anúncio da Petrobras
Desde o último aumento da gasolina, o preço do petróleo no mercado internacional tem caído em meio aos temores com uma possível recessão nos países ricos e, em especial, nos Estados Unidos, o que pode reduzir a demanda por combustível.
De acordo com a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), nesta terça-feira a gasolina no Brasil está 8% acima do preço do mercado internacional, o que poderia significar uma queda de R$ 0,30 por litro no mercado interno. Em alguns portos, como Suape, em Pernambuco, a defasagem de preços chega a 10%, segundo a Abicom. Já no diesel, a defasagem é da ordem de 5%, segundo a entidade.
A redução do preço da gasolina acompanha também o movimento da Acelen, controladora da Refinaria de Mataripe, na Bahia, privatizada no final do ano passado. A refinaria baiana faz reajustes semanais dos seus produtos e na última sexta-feira anunciou uma queda de cerca de 7% para a gasolina.
“Considerando a mistura obrigatória de 73% de gasolina A e 27% de etanol anidro para a composição da gasolina comercializada nos postos, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor passará de R$ 2,96, em média, para R$ 2,81 a cada litro vendido na bomba”, disse a Petrobras em nota.
O governo vinha fazendo pressão para que a estatal reduzisse o preço da gasolina nas refinarias, que junto com a limitação do ICMS em um teto entre 17% e 18% vai ajudar a frear a inflação, um dos obstáculos para a reeleição do presidente Jair Bolsonaro.
“Essa redução acompanha a evolução dos preços internacionais de referência, que se estabilizaram em patamar inferior para a gasolina, e é coerente com a prática de preços da Petrobras, que busca o equilíbrio dos seus preços com o mercado global, mas sem o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbio”, informou a companhia.