Até quando o agro será o único trator da economia brasileira? Leia análise


No primeiro trimestre, setor mais uma vez puxou o crescimento do PIB, enquanto a indústria patina

Por Alexandre Calais
Atualização:

Nos últimos anos, ouvimos muitas e muitas vezes que o agronegócio puxou, ou até “salvou”, o PIB brasileiro. Os números divulgados nesta quinta-feira pelo IBGE mostraram esse mesmo cenário mais uma vez. A economia brasileira cresceu 1,9% no primeiro trimestre, puxada pela agropecuária - que subiu 21,6%.

Não é surpresa para ninguém. Há décadas o agronegócio vem se mostrando o setor mais pujante da economia nacional. Em duas décadas, a safra de grãos subiu de 120,2 milhões de toneladas para 310,6 milhões por ano, uma alta de 258%, enquanto a área plantada passou de 43,7 milhões para 76,7 milhões de hectares, um crescimento de 76,5%. Ou seja, a safra cresce porque a produtividade melhora.

Também não há segredo de como isso foi alcançado. O crescimento está baseado em fortes investimentos em pesquisa e também em boas políticas públicas para o campo. A referência é o mercado internacional, por isso é preciso ser competitivo para se tornar um grande exportador. E os agricultores brasileiros têm feito isso como ninguém.

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O desenvolvimento do agronegócio deixa uma lição importante no momento em que o governo fala em reindustrializar, ou “neoindustrializar”, o Brasil. A trajetória entre o setor agrícola e o industrial é oposta. Enquanto o agro ganha importância, a indústria definha ano após ano. No início da década passada, a indústria respondia por quase 30% da economia brasileira. Hoje, esse número está mais perto de 20%, e a tendência é cair ainda mais.

Se o setor industrial quer realmente voltar a crescer no Brasil, olhar o exemplo do agro é importante. Não dá para pensar em ser um setor relevante sem pensar no mercado externo, sem estar integrado às cadeias de valor internacionais. Ou seja, não se pode, por exemplo, pensar em reserva de mercado, uma prática que já se mostrou completamente contraproducente.

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Produtividade do agronegócio brasileiro cresce há décadas Foto: Tiago Queiroz/Estadão

É necessário investir em pesquisa, em melhorar a mão de obra, em se abrir para o mercado externo. Estar na mesma sintonia do mundo, que exige agora itens produzidos de forma sustentável. Nos Estados Unidos, todo o gigantesco plano de transformação da indústria, no qual o governo deve injetar algumas centenas de bilhões de dólares, está voltado para a transição para uma economia verde. No Brasil, isso mal é discutido.

No governo, fala-se em estabelecer uma nova política industrial. Mas a primeira medida efetiva para ajudar a indústria - subsídio para elevar a venda de carros - soa completamente ultrapassada e não vai resolver nem mesmo o problema do próprio setor automotivo.

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Se queremos dinamizar a economia brasileira, seja na indústria, seja nos serviços - o que é necessário para elevar a renda e o País se tornar efetivamente um lugar melhor para seus habitantes -, é preciso olhar para o exemplo do agronegócio. Ou corremos o risco de ficar eternamente no mesmo lugar. Ou, pior, nos tornarmos cada vez mais pobres.

*Editor de Economia

Nos últimos anos, ouvimos muitas e muitas vezes que o agronegócio puxou, ou até “salvou”, o PIB brasileiro. Os números divulgados nesta quinta-feira pelo IBGE mostraram esse mesmo cenário mais uma vez. A economia brasileira cresceu 1,9% no primeiro trimestre, puxada pela agropecuária - que subiu 21,6%.

Não é surpresa para ninguém. Há décadas o agronegócio vem se mostrando o setor mais pujante da economia nacional. Em duas décadas, a safra de grãos subiu de 120,2 milhões de toneladas para 310,6 milhões por ano, uma alta de 258%, enquanto a área plantada passou de 43,7 milhões para 76,7 milhões de hectares, um crescimento de 76,5%. Ou seja, a safra cresce porque a produtividade melhora.

Também não há segredo de como isso foi alcançado. O crescimento está baseado em fortes investimentos em pesquisa e também em boas políticas públicas para o campo. A referência é o mercado internacional, por isso é preciso ser competitivo para se tornar um grande exportador. E os agricultores brasileiros têm feito isso como ninguém.

O desenvolvimento do agronegócio deixa uma lição importante no momento em que o governo fala em reindustrializar, ou “neoindustrializar”, o Brasil. A trajetória entre o setor agrícola e o industrial é oposta. Enquanto o agro ganha importância, a indústria definha ano após ano. No início da década passada, a indústria respondia por quase 30% da economia brasileira. Hoje, esse número está mais perto de 20%, e a tendência é cair ainda mais.

Se o setor industrial quer realmente voltar a crescer no Brasil, olhar o exemplo do agro é importante. Não dá para pensar em ser um setor relevante sem pensar no mercado externo, sem estar integrado às cadeias de valor internacionais. Ou seja, não se pode, por exemplo, pensar em reserva de mercado, uma prática que já se mostrou completamente contraproducente.

Produtividade do agronegócio brasileiro cresce há décadas Foto: Tiago Queiroz/Estadão

É necessário investir em pesquisa, em melhorar a mão de obra, em se abrir para o mercado externo. Estar na mesma sintonia do mundo, que exige agora itens produzidos de forma sustentável. Nos Estados Unidos, todo o gigantesco plano de transformação da indústria, no qual o governo deve injetar algumas centenas de bilhões de dólares, está voltado para a transição para uma economia verde. No Brasil, isso mal é discutido.

No governo, fala-se em estabelecer uma nova política industrial. Mas a primeira medida efetiva para ajudar a indústria - subsídio para elevar a venda de carros - soa completamente ultrapassada e não vai resolver nem mesmo o problema do próprio setor automotivo.

Se queremos dinamizar a economia brasileira, seja na indústria, seja nos serviços - o que é necessário para elevar a renda e o País se tornar efetivamente um lugar melhor para seus habitantes -, é preciso olhar para o exemplo do agronegócio. Ou corremos o risco de ficar eternamente no mesmo lugar. Ou, pior, nos tornarmos cada vez mais pobres.

*Editor de Economia

Nos últimos anos, ouvimos muitas e muitas vezes que o agronegócio puxou, ou até “salvou”, o PIB brasileiro. Os números divulgados nesta quinta-feira pelo IBGE mostraram esse mesmo cenário mais uma vez. A economia brasileira cresceu 1,9% no primeiro trimestre, puxada pela agropecuária - que subiu 21,6%.

Não é surpresa para ninguém. Há décadas o agronegócio vem se mostrando o setor mais pujante da economia nacional. Em duas décadas, a safra de grãos subiu de 120,2 milhões de toneladas para 310,6 milhões por ano, uma alta de 258%, enquanto a área plantada passou de 43,7 milhões para 76,7 milhões de hectares, um crescimento de 76,5%. Ou seja, a safra cresce porque a produtividade melhora.

Também não há segredo de como isso foi alcançado. O crescimento está baseado em fortes investimentos em pesquisa e também em boas políticas públicas para o campo. A referência é o mercado internacional, por isso é preciso ser competitivo para se tornar um grande exportador. E os agricultores brasileiros têm feito isso como ninguém.

O desenvolvimento do agronegócio deixa uma lição importante no momento em que o governo fala em reindustrializar, ou “neoindustrializar”, o Brasil. A trajetória entre o setor agrícola e o industrial é oposta. Enquanto o agro ganha importância, a indústria definha ano após ano. No início da década passada, a indústria respondia por quase 30% da economia brasileira. Hoje, esse número está mais perto de 20%, e a tendência é cair ainda mais.

Se o setor industrial quer realmente voltar a crescer no Brasil, olhar o exemplo do agro é importante. Não dá para pensar em ser um setor relevante sem pensar no mercado externo, sem estar integrado às cadeias de valor internacionais. Ou seja, não se pode, por exemplo, pensar em reserva de mercado, uma prática que já se mostrou completamente contraproducente.

Produtividade do agronegócio brasileiro cresce há décadas Foto: Tiago Queiroz/Estadão

É necessário investir em pesquisa, em melhorar a mão de obra, em se abrir para o mercado externo. Estar na mesma sintonia do mundo, que exige agora itens produzidos de forma sustentável. Nos Estados Unidos, todo o gigantesco plano de transformação da indústria, no qual o governo deve injetar algumas centenas de bilhões de dólares, está voltado para a transição para uma economia verde. No Brasil, isso mal é discutido.

No governo, fala-se em estabelecer uma nova política industrial. Mas a primeira medida efetiva para ajudar a indústria - subsídio para elevar a venda de carros - soa completamente ultrapassada e não vai resolver nem mesmo o problema do próprio setor automotivo.

Se queremos dinamizar a economia brasileira, seja na indústria, seja nos serviços - o que é necessário para elevar a renda e o País se tornar efetivamente um lugar melhor para seus habitantes -, é preciso olhar para o exemplo do agronegócio. Ou corremos o risco de ficar eternamente no mesmo lugar. Ou, pior, nos tornarmos cada vez mais pobres.

*Editor de Economia

Nos últimos anos, ouvimos muitas e muitas vezes que o agronegócio puxou, ou até “salvou”, o PIB brasileiro. Os números divulgados nesta quinta-feira pelo IBGE mostraram esse mesmo cenário mais uma vez. A economia brasileira cresceu 1,9% no primeiro trimestre, puxada pela agropecuária - que subiu 21,6%.

Não é surpresa para ninguém. Há décadas o agronegócio vem se mostrando o setor mais pujante da economia nacional. Em duas décadas, a safra de grãos subiu de 120,2 milhões de toneladas para 310,6 milhões por ano, uma alta de 258%, enquanto a área plantada passou de 43,7 milhões para 76,7 milhões de hectares, um crescimento de 76,5%. Ou seja, a safra cresce porque a produtividade melhora.

Também não há segredo de como isso foi alcançado. O crescimento está baseado em fortes investimentos em pesquisa e também em boas políticas públicas para o campo. A referência é o mercado internacional, por isso é preciso ser competitivo para se tornar um grande exportador. E os agricultores brasileiros têm feito isso como ninguém.

O desenvolvimento do agronegócio deixa uma lição importante no momento em que o governo fala em reindustrializar, ou “neoindustrializar”, o Brasil. A trajetória entre o setor agrícola e o industrial é oposta. Enquanto o agro ganha importância, a indústria definha ano após ano. No início da década passada, a indústria respondia por quase 30% da economia brasileira. Hoje, esse número está mais perto de 20%, e a tendência é cair ainda mais.

Se o setor industrial quer realmente voltar a crescer no Brasil, olhar o exemplo do agro é importante. Não dá para pensar em ser um setor relevante sem pensar no mercado externo, sem estar integrado às cadeias de valor internacionais. Ou seja, não se pode, por exemplo, pensar em reserva de mercado, uma prática que já se mostrou completamente contraproducente.

Produtividade do agronegócio brasileiro cresce há décadas Foto: Tiago Queiroz/Estadão

É necessário investir em pesquisa, em melhorar a mão de obra, em se abrir para o mercado externo. Estar na mesma sintonia do mundo, que exige agora itens produzidos de forma sustentável. Nos Estados Unidos, todo o gigantesco plano de transformação da indústria, no qual o governo deve injetar algumas centenas de bilhões de dólares, está voltado para a transição para uma economia verde. No Brasil, isso mal é discutido.

No governo, fala-se em estabelecer uma nova política industrial. Mas a primeira medida efetiva para ajudar a indústria - subsídio para elevar a venda de carros - soa completamente ultrapassada e não vai resolver nem mesmo o problema do próprio setor automotivo.

Se queremos dinamizar a economia brasileira, seja na indústria, seja nos serviços - o que é necessário para elevar a renda e o País se tornar efetivamente um lugar melhor para seus habitantes -, é preciso olhar para o exemplo do agronegócio. Ou corremos o risco de ficar eternamente no mesmo lugar. Ou, pior, nos tornarmos cada vez mais pobres.

*Editor de Economia

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