PIB positivo é mais uma arma para Bolsonaro na disputa eleitoral; leia análise


Crescimento da economia no segundo trimestre se soma a dados de inflação e desemprego; dúvida é se esses números conseguirão atrair os votos suficientes

Por Alexandre Calais
Atualização:

O PIB brasileiro no segundo trimestre trouxe uma grata surpresa. O crescimento de 1,2% veio acima do que o mercado financeiro esperava - algo como 0,9%. O crescimento das atividades foi generalizado, praticamente todos os segmentos registraram alta em relação ao primeiro trimestre, com destaque para os 2,2% da indústria e do 1,3% dos serviços (setor que representa cerca de 70% da economia), segundo os dados do IBGE.

Esse bom desempenho tem uma ligação direta com o fim das medidas de isolamento social após o estrago causado pela variante ômicron da covid-19 no início do ano. Com mais gente nas ruas, a demanda que estava represada deu as caras: o consumo das famílias teve aumento de 2,6% no segundo trimestre.

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É um círculo virtuoso. Com mais gente nas ruas consumindo, mais demanda por bens e serviços, as empresas também precisam produzir mais, projetos engavetados ou colocados em banho-maria são retomados, o emprego cresce. Temos visto isso nos dados do IBGE. A taxa de desemprego no trimestre encerrado em julho ficou em 9,1%, menor patamar desde o final de 2015. E a renda também mostrou sinais de recuperação, embora ainda esteja abaixo de patamares registrados no ano passado.

Outro dado positivo importante é o crescimento da taxa de investimentos (que na linguagem do IBGE responde pelo nome de Formação Bruta de Capital Fixo, ou FBCF). Esse número subiu 4,8% no segundo trimestre, e chegou a 18,7%. Está longe do ideal. Para uma país emergente como o Brasil, essa taxa deveria estar rodando na casa dos 25%. Mas é um crescimento.

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A taxa de desemprego no trimestre encerrado em julho ficou em 9,1%, menor patamar desde o final de 2015 Foto: Tiago Queiroz/Estadão

No fim, esse será mais um dado positivo a ser explorado na campanha eleitoral. O presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição, já tem usado bastante os números econômicos para tentar tirar a desvantagem em relação ao ex-presidente Lula. Queda do desemprego, inflação em desaceleração, atividade econômica em alta são trunfos importantes nessa disputa.

O que não se sabe é se são números suficientes para mantê-lo na cadeira presidencial. A “sensação térmica” da economia ainda é muito ruim, os estragos provocados principalmente pela pandemia e pela guerra na Ucrânia ainda são muito visíveis. A inflação, que só agora deve cair da marca de dois dígitos alcançada há mais de um ano, empobreceu a população.

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Nas camadas mais pobres, principalmente, o estrago foi muito grande, e levará tempo para que seja possível a recomposição do poder de compra. Derrubar os preços dos combustíveis é ótimo para a classe média, mas o que o grosso da população quer ver mesmo é comida mais barata - e isso ainda não apareceu.

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O dado do PIB, portanto, será usado à exaustão como estratégia eleitoral. Se terá efeito positivo nos votos, veremos em algumas semanas.

*Editor-coordenador de Economia

O PIB brasileiro no segundo trimestre trouxe uma grata surpresa. O crescimento de 1,2% veio acima do que o mercado financeiro esperava - algo como 0,9%. O crescimento das atividades foi generalizado, praticamente todos os segmentos registraram alta em relação ao primeiro trimestre, com destaque para os 2,2% da indústria e do 1,3% dos serviços (setor que representa cerca de 70% da economia), segundo os dados do IBGE.

Esse bom desempenho tem uma ligação direta com o fim das medidas de isolamento social após o estrago causado pela variante ômicron da covid-19 no início do ano. Com mais gente nas ruas, a demanda que estava represada deu as caras: o consumo das famílias teve aumento de 2,6% no segundo trimestre.

É um círculo virtuoso. Com mais gente nas ruas consumindo, mais demanda por bens e serviços, as empresas também precisam produzir mais, projetos engavetados ou colocados em banho-maria são retomados, o emprego cresce. Temos visto isso nos dados do IBGE. A taxa de desemprego no trimestre encerrado em julho ficou em 9,1%, menor patamar desde o final de 2015. E a renda também mostrou sinais de recuperação, embora ainda esteja abaixo de patamares registrados no ano passado.

Outro dado positivo importante é o crescimento da taxa de investimentos (que na linguagem do IBGE responde pelo nome de Formação Bruta de Capital Fixo, ou FBCF). Esse número subiu 4,8% no segundo trimestre, e chegou a 18,7%. Está longe do ideal. Para uma país emergente como o Brasil, essa taxa deveria estar rodando na casa dos 25%. Mas é um crescimento.

A taxa de desemprego no trimestre encerrado em julho ficou em 9,1%, menor patamar desde o final de 2015 Foto: Tiago Queiroz/Estadão

No fim, esse será mais um dado positivo a ser explorado na campanha eleitoral. O presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição, já tem usado bastante os números econômicos para tentar tirar a desvantagem em relação ao ex-presidente Lula. Queda do desemprego, inflação em desaceleração, atividade econômica em alta são trunfos importantes nessa disputa.

O que não se sabe é se são números suficientes para mantê-lo na cadeira presidencial. A “sensação térmica” da economia ainda é muito ruim, os estragos provocados principalmente pela pandemia e pela guerra na Ucrânia ainda são muito visíveis. A inflação, que só agora deve cair da marca de dois dígitos alcançada há mais de um ano, empobreceu a população.

Nas camadas mais pobres, principalmente, o estrago foi muito grande, e levará tempo para que seja possível a recomposição do poder de compra. Derrubar os preços dos combustíveis é ótimo para a classe média, mas o que o grosso da população quer ver mesmo é comida mais barata - e isso ainda não apareceu.

O dado do PIB, portanto, será usado à exaustão como estratégia eleitoral. Se terá efeito positivo nos votos, veremos em algumas semanas.

*Editor-coordenador de Economia

O PIB brasileiro no segundo trimestre trouxe uma grata surpresa. O crescimento de 1,2% veio acima do que o mercado financeiro esperava - algo como 0,9%. O crescimento das atividades foi generalizado, praticamente todos os segmentos registraram alta em relação ao primeiro trimestre, com destaque para os 2,2% da indústria e do 1,3% dos serviços (setor que representa cerca de 70% da economia), segundo os dados do IBGE.

Esse bom desempenho tem uma ligação direta com o fim das medidas de isolamento social após o estrago causado pela variante ômicron da covid-19 no início do ano. Com mais gente nas ruas, a demanda que estava represada deu as caras: o consumo das famílias teve aumento de 2,6% no segundo trimestre.

É um círculo virtuoso. Com mais gente nas ruas consumindo, mais demanda por bens e serviços, as empresas também precisam produzir mais, projetos engavetados ou colocados em banho-maria são retomados, o emprego cresce. Temos visto isso nos dados do IBGE. A taxa de desemprego no trimestre encerrado em julho ficou em 9,1%, menor patamar desde o final de 2015. E a renda também mostrou sinais de recuperação, embora ainda esteja abaixo de patamares registrados no ano passado.

Outro dado positivo importante é o crescimento da taxa de investimentos (que na linguagem do IBGE responde pelo nome de Formação Bruta de Capital Fixo, ou FBCF). Esse número subiu 4,8% no segundo trimestre, e chegou a 18,7%. Está longe do ideal. Para uma país emergente como o Brasil, essa taxa deveria estar rodando na casa dos 25%. Mas é um crescimento.

A taxa de desemprego no trimestre encerrado em julho ficou em 9,1%, menor patamar desde o final de 2015 Foto: Tiago Queiroz/Estadão

No fim, esse será mais um dado positivo a ser explorado na campanha eleitoral. O presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição, já tem usado bastante os números econômicos para tentar tirar a desvantagem em relação ao ex-presidente Lula. Queda do desemprego, inflação em desaceleração, atividade econômica em alta são trunfos importantes nessa disputa.

O que não se sabe é se são números suficientes para mantê-lo na cadeira presidencial. A “sensação térmica” da economia ainda é muito ruim, os estragos provocados principalmente pela pandemia e pela guerra na Ucrânia ainda são muito visíveis. A inflação, que só agora deve cair da marca de dois dígitos alcançada há mais de um ano, empobreceu a população.

Nas camadas mais pobres, principalmente, o estrago foi muito grande, e levará tempo para que seja possível a recomposição do poder de compra. Derrubar os preços dos combustíveis é ótimo para a classe média, mas o que o grosso da população quer ver mesmo é comida mais barata - e isso ainda não apareceu.

O dado do PIB, portanto, será usado à exaustão como estratégia eleitoral. Se terá efeito positivo nos votos, veremos em algumas semanas.

*Editor-coordenador de Economia

O PIB brasileiro no segundo trimestre trouxe uma grata surpresa. O crescimento de 1,2% veio acima do que o mercado financeiro esperava - algo como 0,9%. O crescimento das atividades foi generalizado, praticamente todos os segmentos registraram alta em relação ao primeiro trimestre, com destaque para os 2,2% da indústria e do 1,3% dos serviços (setor que representa cerca de 70% da economia), segundo os dados do IBGE.

Esse bom desempenho tem uma ligação direta com o fim das medidas de isolamento social após o estrago causado pela variante ômicron da covid-19 no início do ano. Com mais gente nas ruas, a demanda que estava represada deu as caras: o consumo das famílias teve aumento de 2,6% no segundo trimestre.

É um círculo virtuoso. Com mais gente nas ruas consumindo, mais demanda por bens e serviços, as empresas também precisam produzir mais, projetos engavetados ou colocados em banho-maria são retomados, o emprego cresce. Temos visto isso nos dados do IBGE. A taxa de desemprego no trimestre encerrado em julho ficou em 9,1%, menor patamar desde o final de 2015. E a renda também mostrou sinais de recuperação, embora ainda esteja abaixo de patamares registrados no ano passado.

Outro dado positivo importante é o crescimento da taxa de investimentos (que na linguagem do IBGE responde pelo nome de Formação Bruta de Capital Fixo, ou FBCF). Esse número subiu 4,8% no segundo trimestre, e chegou a 18,7%. Está longe do ideal. Para uma país emergente como o Brasil, essa taxa deveria estar rodando na casa dos 25%. Mas é um crescimento.

A taxa de desemprego no trimestre encerrado em julho ficou em 9,1%, menor patamar desde o final de 2015 Foto: Tiago Queiroz/Estadão

No fim, esse será mais um dado positivo a ser explorado na campanha eleitoral. O presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição, já tem usado bastante os números econômicos para tentar tirar a desvantagem em relação ao ex-presidente Lula. Queda do desemprego, inflação em desaceleração, atividade econômica em alta são trunfos importantes nessa disputa.

O que não se sabe é se são números suficientes para mantê-lo na cadeira presidencial. A “sensação térmica” da economia ainda é muito ruim, os estragos provocados principalmente pela pandemia e pela guerra na Ucrânia ainda são muito visíveis. A inflação, que só agora deve cair da marca de dois dígitos alcançada há mais de um ano, empobreceu a população.

Nas camadas mais pobres, principalmente, o estrago foi muito grande, e levará tempo para que seja possível a recomposição do poder de compra. Derrubar os preços dos combustíveis é ótimo para a classe média, mas o que o grosso da população quer ver mesmo é comida mais barata - e isso ainda não apareceu.

O dado do PIB, portanto, será usado à exaustão como estratégia eleitoral. Se terá efeito positivo nos votos, veremos em algumas semanas.

*Editor-coordenador de Economia

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