Análise|PIB surpreende no segundo trimestre. Vem aí um novo ‘voo de galinha’?


Economia cresceu 1,4% com um forte impulso do consumo; mas isso tem reflexo na inflação e deve fazer os juros subirem mais

Por Alexandre Calais
Atualização:

O bom desempenho do PIB no segundo trimestre era esperado pelo mercado. Mesmo assim, surpreendeu. O crescimento de 1,4% veio bem acima do esperado pelo mercado — 0,9%, segundo a pesquisa do Projeções Broadcast. Isso deve fazer com que as previsões para a economia brasileira no ano se aproximem ou até ultrapassem a casa dos 3%, o que seria um ótimo resultado. Mas, como quase tudo que se refere à economia brasileira, é preciso encarar o número com cautela.

Os dados do segundo trimestre mostram que o consumo teve um papel fundamental nesse desempenho. Tanto o consumo das famílias quanto do governo subiram 1,3% em relação ao primeiro trimestre. Os serviços, que dependem muito de um consumidor propenso a gastar, tiveram alta de 1%. E a indústria subiu surpreendente 1,8%, puxada por segmentos como construção, alimentos, máquinas e aparelhos elétricos e móveis. Mais consumo na veia.

Consumo das famílias deu fôlego ao PIB Foto: Helvio Romero/Estadão
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Há alguns fatores que contribuem para esse quadro benigno este ano. O pagamento de precatórios pelo governo injetou dinheiro na economia, que pode ter ido para o consumo. Houve aumento real do salário mínimo e antecipação do 13º salário dos aposentados. E, além disso, a taxa de juros caiu e o crédito para as pessoas físicas vem subindo, como mostram os dados do Banco Central.

Seria muito bom, se esse fosse um quadro sustentável. Mas não é. No Brasil, as boas notícias na economia não raro vêm acompanhadas das ruins. São quase indissociáveis. Um crescimento forte, acima da capacidade de absorção da economia, acaba virando inflação. E inflação alta se combate com juro alto. Daí a certeza de que a Selic, que caiu e ajudou a elevar o consumo, agora terá de subir — jogando provavelmente esse consumo para baixo.

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Esse é um dos fatores que fazem com que as projeções para a economia no ano que vem já não sejam tão otimistas quanto as deste ano. No boletim Focus, do BC, divulgado na segunda-feira, 2, a previsão para o PIB de 2025 era de 1,85%. Quatro semanas antes, estava em 1,92%. O ministro Fernando Haddad, porém, agora já fala em algo como 2,7% ou 2,8%.

Sem atacar problemas estruturais, até mesmo crescer acima do esperado pode se tornar um problema. E um desses problemas estruturais está nos gastos do governo. O Orçamento de 2025, apresentado ao Congresso na sexta-feira, é mais uma vez uma peça ficcional. Como apontou a economista Vilma Pinto, diretora da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado, superestima receitas e subestima despesas. E deixa claro que falta uma ação efetiva do governo no sentido de cortar os gastos na carne.

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Mas isso está bem longe de preocupar o presidente Lula. Pelo contrário, ele até inventou um jeito de aumentar mais as despesas, ao anunciar que os recursos destinados ao Auxílio Gás (um subsídio aos mais pobres para a compra de botijões de gás) saltariam dos atuais R$ 3,4 bilhões para R$ 13,6 bilhões até 2026 — ano da próxima eleição presidencial. Só não se sabe de onde virá esse dinheiro.

A essa altura do campeonato, já está mais do que claro que Lula não vai mudar sua cabeça. Com isso, provavelmente o que vamos ver é, mais uma vez, um voo de galinha — uma economia que sobe em um ano para despencar à frente.

O bom desempenho do PIB no segundo trimestre era esperado pelo mercado. Mesmo assim, surpreendeu. O crescimento de 1,4% veio bem acima do esperado pelo mercado — 0,9%, segundo a pesquisa do Projeções Broadcast. Isso deve fazer com que as previsões para a economia brasileira no ano se aproximem ou até ultrapassem a casa dos 3%, o que seria um ótimo resultado. Mas, como quase tudo que se refere à economia brasileira, é preciso encarar o número com cautela.

Os dados do segundo trimestre mostram que o consumo teve um papel fundamental nesse desempenho. Tanto o consumo das famílias quanto do governo subiram 1,3% em relação ao primeiro trimestre. Os serviços, que dependem muito de um consumidor propenso a gastar, tiveram alta de 1%. E a indústria subiu surpreendente 1,8%, puxada por segmentos como construção, alimentos, máquinas e aparelhos elétricos e móveis. Mais consumo na veia.

Consumo das famílias deu fôlego ao PIB Foto: Helvio Romero/Estadão

Há alguns fatores que contribuem para esse quadro benigno este ano. O pagamento de precatórios pelo governo injetou dinheiro na economia, que pode ter ido para o consumo. Houve aumento real do salário mínimo e antecipação do 13º salário dos aposentados. E, além disso, a taxa de juros caiu e o crédito para as pessoas físicas vem subindo, como mostram os dados do Banco Central.

Seria muito bom, se esse fosse um quadro sustentável. Mas não é. No Brasil, as boas notícias na economia não raro vêm acompanhadas das ruins. São quase indissociáveis. Um crescimento forte, acima da capacidade de absorção da economia, acaba virando inflação. E inflação alta se combate com juro alto. Daí a certeza de que a Selic, que caiu e ajudou a elevar o consumo, agora terá de subir — jogando provavelmente esse consumo para baixo.

Esse é um dos fatores que fazem com que as projeções para a economia no ano que vem já não sejam tão otimistas quanto as deste ano. No boletim Focus, do BC, divulgado na segunda-feira, 2, a previsão para o PIB de 2025 era de 1,85%. Quatro semanas antes, estava em 1,92%. O ministro Fernando Haddad, porém, agora já fala em algo como 2,7% ou 2,8%.

Sem atacar problemas estruturais, até mesmo crescer acima do esperado pode se tornar um problema. E um desses problemas estruturais está nos gastos do governo. O Orçamento de 2025, apresentado ao Congresso na sexta-feira, é mais uma vez uma peça ficcional. Como apontou a economista Vilma Pinto, diretora da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado, superestima receitas e subestima despesas. E deixa claro que falta uma ação efetiva do governo no sentido de cortar os gastos na carne.

Mas isso está bem longe de preocupar o presidente Lula. Pelo contrário, ele até inventou um jeito de aumentar mais as despesas, ao anunciar que os recursos destinados ao Auxílio Gás (um subsídio aos mais pobres para a compra de botijões de gás) saltariam dos atuais R$ 3,4 bilhões para R$ 13,6 bilhões até 2026 — ano da próxima eleição presidencial. Só não se sabe de onde virá esse dinheiro.

A essa altura do campeonato, já está mais do que claro que Lula não vai mudar sua cabeça. Com isso, provavelmente o que vamos ver é, mais uma vez, um voo de galinha — uma economia que sobe em um ano para despencar à frente.

O bom desempenho do PIB no segundo trimestre era esperado pelo mercado. Mesmo assim, surpreendeu. O crescimento de 1,4% veio bem acima do esperado pelo mercado — 0,9%, segundo a pesquisa do Projeções Broadcast. Isso deve fazer com que as previsões para a economia brasileira no ano se aproximem ou até ultrapassem a casa dos 3%, o que seria um ótimo resultado. Mas, como quase tudo que se refere à economia brasileira, é preciso encarar o número com cautela.

Os dados do segundo trimestre mostram que o consumo teve um papel fundamental nesse desempenho. Tanto o consumo das famílias quanto do governo subiram 1,3% em relação ao primeiro trimestre. Os serviços, que dependem muito de um consumidor propenso a gastar, tiveram alta de 1%. E a indústria subiu surpreendente 1,8%, puxada por segmentos como construção, alimentos, máquinas e aparelhos elétricos e móveis. Mais consumo na veia.

Consumo das famílias deu fôlego ao PIB Foto: Helvio Romero/Estadão

Há alguns fatores que contribuem para esse quadro benigno este ano. O pagamento de precatórios pelo governo injetou dinheiro na economia, que pode ter ido para o consumo. Houve aumento real do salário mínimo e antecipação do 13º salário dos aposentados. E, além disso, a taxa de juros caiu e o crédito para as pessoas físicas vem subindo, como mostram os dados do Banco Central.

Seria muito bom, se esse fosse um quadro sustentável. Mas não é. No Brasil, as boas notícias na economia não raro vêm acompanhadas das ruins. São quase indissociáveis. Um crescimento forte, acima da capacidade de absorção da economia, acaba virando inflação. E inflação alta se combate com juro alto. Daí a certeza de que a Selic, que caiu e ajudou a elevar o consumo, agora terá de subir — jogando provavelmente esse consumo para baixo.

Esse é um dos fatores que fazem com que as projeções para a economia no ano que vem já não sejam tão otimistas quanto as deste ano. No boletim Focus, do BC, divulgado na segunda-feira, 2, a previsão para o PIB de 2025 era de 1,85%. Quatro semanas antes, estava em 1,92%. O ministro Fernando Haddad, porém, agora já fala em algo como 2,7% ou 2,8%.

Sem atacar problemas estruturais, até mesmo crescer acima do esperado pode se tornar um problema. E um desses problemas estruturais está nos gastos do governo. O Orçamento de 2025, apresentado ao Congresso na sexta-feira, é mais uma vez uma peça ficcional. Como apontou a economista Vilma Pinto, diretora da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado, superestima receitas e subestima despesas. E deixa claro que falta uma ação efetiva do governo no sentido de cortar os gastos na carne.

Mas isso está bem longe de preocupar o presidente Lula. Pelo contrário, ele até inventou um jeito de aumentar mais as despesas, ao anunciar que os recursos destinados ao Auxílio Gás (um subsídio aos mais pobres para a compra de botijões de gás) saltariam dos atuais R$ 3,4 bilhões para R$ 13,6 bilhões até 2026 — ano da próxima eleição presidencial. Só não se sabe de onde virá esse dinheiro.

A essa altura do campeonato, já está mais do que claro que Lula não vai mudar sua cabeça. Com isso, provavelmente o que vamos ver é, mais uma vez, um voo de galinha — uma economia que sobe em um ano para despencar à frente.

O bom desempenho do PIB no segundo trimestre era esperado pelo mercado. Mesmo assim, surpreendeu. O crescimento de 1,4% veio bem acima do esperado pelo mercado — 0,9%, segundo a pesquisa do Projeções Broadcast. Isso deve fazer com que as previsões para a economia brasileira no ano se aproximem ou até ultrapassem a casa dos 3%, o que seria um ótimo resultado. Mas, como quase tudo que se refere à economia brasileira, é preciso encarar o número com cautela.

Os dados do segundo trimestre mostram que o consumo teve um papel fundamental nesse desempenho. Tanto o consumo das famílias quanto do governo subiram 1,3% em relação ao primeiro trimestre. Os serviços, que dependem muito de um consumidor propenso a gastar, tiveram alta de 1%. E a indústria subiu surpreendente 1,8%, puxada por segmentos como construção, alimentos, máquinas e aparelhos elétricos e móveis. Mais consumo na veia.

Consumo das famílias deu fôlego ao PIB Foto: Helvio Romero/Estadão

Há alguns fatores que contribuem para esse quadro benigno este ano. O pagamento de precatórios pelo governo injetou dinheiro na economia, que pode ter ido para o consumo. Houve aumento real do salário mínimo e antecipação do 13º salário dos aposentados. E, além disso, a taxa de juros caiu e o crédito para as pessoas físicas vem subindo, como mostram os dados do Banco Central.

Seria muito bom, se esse fosse um quadro sustentável. Mas não é. No Brasil, as boas notícias na economia não raro vêm acompanhadas das ruins. São quase indissociáveis. Um crescimento forte, acima da capacidade de absorção da economia, acaba virando inflação. E inflação alta se combate com juro alto. Daí a certeza de que a Selic, que caiu e ajudou a elevar o consumo, agora terá de subir — jogando provavelmente esse consumo para baixo.

Esse é um dos fatores que fazem com que as projeções para a economia no ano que vem já não sejam tão otimistas quanto as deste ano. No boletim Focus, do BC, divulgado na segunda-feira, 2, a previsão para o PIB de 2025 era de 1,85%. Quatro semanas antes, estava em 1,92%. O ministro Fernando Haddad, porém, agora já fala em algo como 2,7% ou 2,8%.

Sem atacar problemas estruturais, até mesmo crescer acima do esperado pode se tornar um problema. E um desses problemas estruturais está nos gastos do governo. O Orçamento de 2025, apresentado ao Congresso na sexta-feira, é mais uma vez uma peça ficcional. Como apontou a economista Vilma Pinto, diretora da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado, superestima receitas e subestima despesas. E deixa claro que falta uma ação efetiva do governo no sentido de cortar os gastos na carne.

Mas isso está bem longe de preocupar o presidente Lula. Pelo contrário, ele até inventou um jeito de aumentar mais as despesas, ao anunciar que os recursos destinados ao Auxílio Gás (um subsídio aos mais pobres para a compra de botijões de gás) saltariam dos atuais R$ 3,4 bilhões para R$ 13,6 bilhões até 2026 — ano da próxima eleição presidencial. Só não se sabe de onde virá esse dinheiro.

A essa altura do campeonato, já está mais do que claro que Lula não vai mudar sua cabeça. Com isso, provavelmente o que vamos ver é, mais uma vez, um voo de galinha — uma economia que sobe em um ano para despencar à frente.

Análise por Alexandre Calais

Editor de Economia

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