Economia brasileira desacelera e PIB sobe 0,1% no terceiro trimestre


Resultado do PIB ficou dentro do esperado pelas projeções colhidas pelo Broadcast, cujo intervalo variava de queda de 0,6% a alta de 0,9%, mas acima da mediana das previsões

Por Luiz Guilherme Gerbelli
Atualização:

Sem a força da agropecuária e prejudicada pelos juros altos, a economia brasileira confirmou a perda de fôlego esperada para o terceiro trimestre. O Produto Interno Bruto (PIB) subiu 0,1% na comparação com os três meses anteriores. O dado foi divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira, 5.

O resultado do PIB ficou dentro do esperado pelos analistas ouvidos pelos Projeções Broadcast, cujo intervalo variava de queda de 0,6% a alta de 0,9%. Mas veio acima da mediana das previsões, que era de recuo de 0,2%.

Na comparação com o mesmo trimestre de 2022, o PIB avançou 2%.

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A desaceleração no período de julho a setembro já era esperada, depois de um primeiro semestre de força surpreendente da economia brasileira. No segundo trimestre, o IBGE revisou, nesta terça, o crescimento de 0,9% para 1% e, nos primeiros três meses do ano, a alta passou de 1,8% para 1,4%, ainda considerado um bom resultado - o desempenho de janeiro a março foi influenciado por um resultado extremamente positivo do agronegócio.

Agronegócio caiu 3,3% no terceiro trimestre Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO
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“É um cenário de PIB (do terceiro trimestre) que mostra algumas fraquezas. Os serviços, por exemplo, começam a dar sinais de desaceleração mais forte em alguns segmentos. E, do lado da demanda, o investimento caiu com força”, afirma Sergio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados.

De fato, do lado da oferta, houve uma desaceleração generalizada no terceiro trimestre. Serviços e indústria cresceram 0,6% no período, mas tiveram um desempenho pior do que o observado no segundo trimestre. E a agropecuária recuou 3,3%. “A soja tem um peso muito importante no primeiro semestre e, no segundo, praticamente não tem mais”, diz Natália Cotarelli, economista do Itaú.

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Neste ano, o Brasil foi beneficiado por uma safra recorde e por elevados preços das commodities no cenário internacional, o que deve trazer um resultado recorde para a balança comercial.

Do lado da demanda, na esteira de um mercado de trabalho robusto, o consumo das famílias ainda mostrou força e cresceu 1,1%, acima do observado no trimestre anterior (0,9%). Por outro lado, a formação bruta de capital fixo (os investimentos) recuou 2,5%. Foi a quarta queda seguida. A taxa de investimento foi de 16,6% do PIB, um desempenho pior em relação ao observado no mesmo período de 2022 (18,3%).

“Estamos com um mercado de trabalho forte e salários subindo na margem, faz sentido que com esse nível de renda tenhamos um consumo mais resiliente”, afirma Cotarelli.

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O consumo do governo teve alta de 0,5%, enquanto as exportações subiram 3%, e as importações recuaram 2,1%.

“São alguns fatores por trás desse movimento (de desaceleração do PIB). Tem os efeitos defasados da política monetária e a própria questão da sazonalidade muito forte de agropecuária”, diz Alessandra Ribeiro, economista e sócia da consultoria Tendências.

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Desde agosto, o Comitê de Política Monetária (Copom) iniciou um ciclo de corte da taxa básica de juros. A Selic saiu de 13,75% para 12,25%. A queda traz algum alívio para a atividade econômica, mas o patamar de juros no País ainda é considerado contracionista - ou seja, não estimula a economia.

E o que esperar?

A análise dos economistas é a de que essa fraqueza da economia brasileira deve prosseguir no quarto trimestre, diante do cenário de juros ainda elevados no País e de um ambiente externo mais adverso. “É uma economia que está desacelerando e que vai ter um crescimento mais fraco em 2024″, afirma Vale.

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O resultado do terceiro trimestre também reforça um previsão de crescimento na faixa de 3% para este ano e de 1,5% a 2% para 2024.

“Apesar de o número ter sido um pouco melhor, a visão geral permanece mais ou menos a mesma: depois de um período bastante expressivo de crescimento, de meados de 2020 até o primeiro semestre de 2023, agora estamos vendo um freio de arrumação da economia”, afirma Caio Megale, economista-chefe da XP Investimentos. “Confirma um cenário de virtual estagnação da economia no segundo semestre.”

Megale manteve as projeções de crescimento de 2,8% para a economia em 2023 e de 1,5% em 2024.

Uma aceleração do crescimento econômico do País, apontam os economistas, só virá com a retomada dos investimentos. “Para ter um ciclo de crescimento alto, é preciso avançar na reforma tributária, na reforma do Estado. Tem de trazer para o empresário a confiança necessária para investir no País”, diz Julio Hegedus, economista da Mirae Asset. / Colaboraram Cícero Cotrim e Marianna Gualter

Sem a força da agropecuária e prejudicada pelos juros altos, a economia brasileira confirmou a perda de fôlego esperada para o terceiro trimestre. O Produto Interno Bruto (PIB) subiu 0,1% na comparação com os três meses anteriores. O dado foi divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira, 5.

O resultado do PIB ficou dentro do esperado pelos analistas ouvidos pelos Projeções Broadcast, cujo intervalo variava de queda de 0,6% a alta de 0,9%. Mas veio acima da mediana das previsões, que era de recuo de 0,2%.

Na comparação com o mesmo trimestre de 2022, o PIB avançou 2%.

A desaceleração no período de julho a setembro já era esperada, depois de um primeiro semestre de força surpreendente da economia brasileira. No segundo trimestre, o IBGE revisou, nesta terça, o crescimento de 0,9% para 1% e, nos primeiros três meses do ano, a alta passou de 1,8% para 1,4%, ainda considerado um bom resultado - o desempenho de janeiro a março foi influenciado por um resultado extremamente positivo do agronegócio.

Agronegócio caiu 3,3% no terceiro trimestre Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

“É um cenário de PIB (do terceiro trimestre) que mostra algumas fraquezas. Os serviços, por exemplo, começam a dar sinais de desaceleração mais forte em alguns segmentos. E, do lado da demanda, o investimento caiu com força”, afirma Sergio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados.

De fato, do lado da oferta, houve uma desaceleração generalizada no terceiro trimestre. Serviços e indústria cresceram 0,6% no período, mas tiveram um desempenho pior do que o observado no segundo trimestre. E a agropecuária recuou 3,3%. “A soja tem um peso muito importante no primeiro semestre e, no segundo, praticamente não tem mais”, diz Natália Cotarelli, economista do Itaú.

Neste ano, o Brasil foi beneficiado por uma safra recorde e por elevados preços das commodities no cenário internacional, o que deve trazer um resultado recorde para a balança comercial.

Do lado da demanda, na esteira de um mercado de trabalho robusto, o consumo das famílias ainda mostrou força e cresceu 1,1%, acima do observado no trimestre anterior (0,9%). Por outro lado, a formação bruta de capital fixo (os investimentos) recuou 2,5%. Foi a quarta queda seguida. A taxa de investimento foi de 16,6% do PIB, um desempenho pior em relação ao observado no mesmo período de 2022 (18,3%).

“Estamos com um mercado de trabalho forte e salários subindo na margem, faz sentido que com esse nível de renda tenhamos um consumo mais resiliente”, afirma Cotarelli.

O consumo do governo teve alta de 0,5%, enquanto as exportações subiram 3%, e as importações recuaram 2,1%.

“São alguns fatores por trás desse movimento (de desaceleração do PIB). Tem os efeitos defasados da política monetária e a própria questão da sazonalidade muito forte de agropecuária”, diz Alessandra Ribeiro, economista e sócia da consultoria Tendências.

Desde agosto, o Comitê de Política Monetária (Copom) iniciou um ciclo de corte da taxa básica de juros. A Selic saiu de 13,75% para 12,25%. A queda traz algum alívio para a atividade econômica, mas o patamar de juros no País ainda é considerado contracionista - ou seja, não estimula a economia.

E o que esperar?

A análise dos economistas é a de que essa fraqueza da economia brasileira deve prosseguir no quarto trimestre, diante do cenário de juros ainda elevados no País e de um ambiente externo mais adverso. “É uma economia que está desacelerando e que vai ter um crescimento mais fraco em 2024″, afirma Vale.

O resultado do terceiro trimestre também reforça um previsão de crescimento na faixa de 3% para este ano e de 1,5% a 2% para 2024.

“Apesar de o número ter sido um pouco melhor, a visão geral permanece mais ou menos a mesma: depois de um período bastante expressivo de crescimento, de meados de 2020 até o primeiro semestre de 2023, agora estamos vendo um freio de arrumação da economia”, afirma Caio Megale, economista-chefe da XP Investimentos. “Confirma um cenário de virtual estagnação da economia no segundo semestre.”

Megale manteve as projeções de crescimento de 2,8% para a economia em 2023 e de 1,5% em 2024.

Uma aceleração do crescimento econômico do País, apontam os economistas, só virá com a retomada dos investimentos. “Para ter um ciclo de crescimento alto, é preciso avançar na reforma tributária, na reforma do Estado. Tem de trazer para o empresário a confiança necessária para investir no País”, diz Julio Hegedus, economista da Mirae Asset. / Colaboraram Cícero Cotrim e Marianna Gualter

Sem a força da agropecuária e prejudicada pelos juros altos, a economia brasileira confirmou a perda de fôlego esperada para o terceiro trimestre. O Produto Interno Bruto (PIB) subiu 0,1% na comparação com os três meses anteriores. O dado foi divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira, 5.

O resultado do PIB ficou dentro do esperado pelos analistas ouvidos pelos Projeções Broadcast, cujo intervalo variava de queda de 0,6% a alta de 0,9%. Mas veio acima da mediana das previsões, que era de recuo de 0,2%.

Na comparação com o mesmo trimestre de 2022, o PIB avançou 2%.

A desaceleração no período de julho a setembro já era esperada, depois de um primeiro semestre de força surpreendente da economia brasileira. No segundo trimestre, o IBGE revisou, nesta terça, o crescimento de 0,9% para 1% e, nos primeiros três meses do ano, a alta passou de 1,8% para 1,4%, ainda considerado um bom resultado - o desempenho de janeiro a março foi influenciado por um resultado extremamente positivo do agronegócio.

Agronegócio caiu 3,3% no terceiro trimestre Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

“É um cenário de PIB (do terceiro trimestre) que mostra algumas fraquezas. Os serviços, por exemplo, começam a dar sinais de desaceleração mais forte em alguns segmentos. E, do lado da demanda, o investimento caiu com força”, afirma Sergio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados.

De fato, do lado da oferta, houve uma desaceleração generalizada no terceiro trimestre. Serviços e indústria cresceram 0,6% no período, mas tiveram um desempenho pior do que o observado no segundo trimestre. E a agropecuária recuou 3,3%. “A soja tem um peso muito importante no primeiro semestre e, no segundo, praticamente não tem mais”, diz Natália Cotarelli, economista do Itaú.

Neste ano, o Brasil foi beneficiado por uma safra recorde e por elevados preços das commodities no cenário internacional, o que deve trazer um resultado recorde para a balança comercial.

Do lado da demanda, na esteira de um mercado de trabalho robusto, o consumo das famílias ainda mostrou força e cresceu 1,1%, acima do observado no trimestre anterior (0,9%). Por outro lado, a formação bruta de capital fixo (os investimentos) recuou 2,5%. Foi a quarta queda seguida. A taxa de investimento foi de 16,6% do PIB, um desempenho pior em relação ao observado no mesmo período de 2022 (18,3%).

“Estamos com um mercado de trabalho forte e salários subindo na margem, faz sentido que com esse nível de renda tenhamos um consumo mais resiliente”, afirma Cotarelli.

O consumo do governo teve alta de 0,5%, enquanto as exportações subiram 3%, e as importações recuaram 2,1%.

“São alguns fatores por trás desse movimento (de desaceleração do PIB). Tem os efeitos defasados da política monetária e a própria questão da sazonalidade muito forte de agropecuária”, diz Alessandra Ribeiro, economista e sócia da consultoria Tendências.

Desde agosto, o Comitê de Política Monetária (Copom) iniciou um ciclo de corte da taxa básica de juros. A Selic saiu de 13,75% para 12,25%. A queda traz algum alívio para a atividade econômica, mas o patamar de juros no País ainda é considerado contracionista - ou seja, não estimula a economia.

E o que esperar?

A análise dos economistas é a de que essa fraqueza da economia brasileira deve prosseguir no quarto trimestre, diante do cenário de juros ainda elevados no País e de um ambiente externo mais adverso. “É uma economia que está desacelerando e que vai ter um crescimento mais fraco em 2024″, afirma Vale.

O resultado do terceiro trimestre também reforça um previsão de crescimento na faixa de 3% para este ano e de 1,5% a 2% para 2024.

“Apesar de o número ter sido um pouco melhor, a visão geral permanece mais ou menos a mesma: depois de um período bastante expressivo de crescimento, de meados de 2020 até o primeiro semestre de 2023, agora estamos vendo um freio de arrumação da economia”, afirma Caio Megale, economista-chefe da XP Investimentos. “Confirma um cenário de virtual estagnação da economia no segundo semestre.”

Megale manteve as projeções de crescimento de 2,8% para a economia em 2023 e de 1,5% em 2024.

Uma aceleração do crescimento econômico do País, apontam os economistas, só virá com a retomada dos investimentos. “Para ter um ciclo de crescimento alto, é preciso avançar na reforma tributária, na reforma do Estado. Tem de trazer para o empresário a confiança necessária para investir no País”, diz Julio Hegedus, economista da Mirae Asset. / Colaboraram Cícero Cotrim e Marianna Gualter

Sem a força da agropecuária e prejudicada pelos juros altos, a economia brasileira confirmou a perda de fôlego esperada para o terceiro trimestre. O Produto Interno Bruto (PIB) subiu 0,1% na comparação com os três meses anteriores. O dado foi divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira, 5.

O resultado do PIB ficou dentro do esperado pelos analistas ouvidos pelos Projeções Broadcast, cujo intervalo variava de queda de 0,6% a alta de 0,9%. Mas veio acima da mediana das previsões, que era de recuo de 0,2%.

Na comparação com o mesmo trimestre de 2022, o PIB avançou 2%.

A desaceleração no período de julho a setembro já era esperada, depois de um primeiro semestre de força surpreendente da economia brasileira. No segundo trimestre, o IBGE revisou, nesta terça, o crescimento de 0,9% para 1% e, nos primeiros três meses do ano, a alta passou de 1,8% para 1,4%, ainda considerado um bom resultado - o desempenho de janeiro a março foi influenciado por um resultado extremamente positivo do agronegócio.

Agronegócio caiu 3,3% no terceiro trimestre Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

“É um cenário de PIB (do terceiro trimestre) que mostra algumas fraquezas. Os serviços, por exemplo, começam a dar sinais de desaceleração mais forte em alguns segmentos. E, do lado da demanda, o investimento caiu com força”, afirma Sergio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados.

De fato, do lado da oferta, houve uma desaceleração generalizada no terceiro trimestre. Serviços e indústria cresceram 0,6% no período, mas tiveram um desempenho pior do que o observado no segundo trimestre. E a agropecuária recuou 3,3%. “A soja tem um peso muito importante no primeiro semestre e, no segundo, praticamente não tem mais”, diz Natália Cotarelli, economista do Itaú.

Neste ano, o Brasil foi beneficiado por uma safra recorde e por elevados preços das commodities no cenário internacional, o que deve trazer um resultado recorde para a balança comercial.

Do lado da demanda, na esteira de um mercado de trabalho robusto, o consumo das famílias ainda mostrou força e cresceu 1,1%, acima do observado no trimestre anterior (0,9%). Por outro lado, a formação bruta de capital fixo (os investimentos) recuou 2,5%. Foi a quarta queda seguida. A taxa de investimento foi de 16,6% do PIB, um desempenho pior em relação ao observado no mesmo período de 2022 (18,3%).

“Estamos com um mercado de trabalho forte e salários subindo na margem, faz sentido que com esse nível de renda tenhamos um consumo mais resiliente”, afirma Cotarelli.

O consumo do governo teve alta de 0,5%, enquanto as exportações subiram 3%, e as importações recuaram 2,1%.

“São alguns fatores por trás desse movimento (de desaceleração do PIB). Tem os efeitos defasados da política monetária e a própria questão da sazonalidade muito forte de agropecuária”, diz Alessandra Ribeiro, economista e sócia da consultoria Tendências.

Desde agosto, o Comitê de Política Monetária (Copom) iniciou um ciclo de corte da taxa básica de juros. A Selic saiu de 13,75% para 12,25%. A queda traz algum alívio para a atividade econômica, mas o patamar de juros no País ainda é considerado contracionista - ou seja, não estimula a economia.

E o que esperar?

A análise dos economistas é a de que essa fraqueza da economia brasileira deve prosseguir no quarto trimestre, diante do cenário de juros ainda elevados no País e de um ambiente externo mais adverso. “É uma economia que está desacelerando e que vai ter um crescimento mais fraco em 2024″, afirma Vale.

O resultado do terceiro trimestre também reforça um previsão de crescimento na faixa de 3% para este ano e de 1,5% a 2% para 2024.

“Apesar de o número ter sido um pouco melhor, a visão geral permanece mais ou menos a mesma: depois de um período bastante expressivo de crescimento, de meados de 2020 até o primeiro semestre de 2023, agora estamos vendo um freio de arrumação da economia”, afirma Caio Megale, economista-chefe da XP Investimentos. “Confirma um cenário de virtual estagnação da economia no segundo semestre.”

Megale manteve as projeções de crescimento de 2,8% para a economia em 2023 e de 1,5% em 2024.

Uma aceleração do crescimento econômico do País, apontam os economistas, só virá com a retomada dos investimentos. “Para ter um ciclo de crescimento alto, é preciso avançar na reforma tributária, na reforma do Estado. Tem de trazer para o empresário a confiança necessária para investir no País”, diz Julio Hegedus, economista da Mirae Asset. / Colaboraram Cícero Cotrim e Marianna Gualter

Sem a força da agropecuária e prejudicada pelos juros altos, a economia brasileira confirmou a perda de fôlego esperada para o terceiro trimestre. O Produto Interno Bruto (PIB) subiu 0,1% na comparação com os três meses anteriores. O dado foi divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira, 5.

O resultado do PIB ficou dentro do esperado pelos analistas ouvidos pelos Projeções Broadcast, cujo intervalo variava de queda de 0,6% a alta de 0,9%. Mas veio acima da mediana das previsões, que era de recuo de 0,2%.

Na comparação com o mesmo trimestre de 2022, o PIB avançou 2%.

A desaceleração no período de julho a setembro já era esperada, depois de um primeiro semestre de força surpreendente da economia brasileira. No segundo trimestre, o IBGE revisou, nesta terça, o crescimento de 0,9% para 1% e, nos primeiros três meses do ano, a alta passou de 1,8% para 1,4%, ainda considerado um bom resultado - o desempenho de janeiro a março foi influenciado por um resultado extremamente positivo do agronegócio.

Agronegócio caiu 3,3% no terceiro trimestre Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

“É um cenário de PIB (do terceiro trimestre) que mostra algumas fraquezas. Os serviços, por exemplo, começam a dar sinais de desaceleração mais forte em alguns segmentos. E, do lado da demanda, o investimento caiu com força”, afirma Sergio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados.

De fato, do lado da oferta, houve uma desaceleração generalizada no terceiro trimestre. Serviços e indústria cresceram 0,6% no período, mas tiveram um desempenho pior do que o observado no segundo trimestre. E a agropecuária recuou 3,3%. “A soja tem um peso muito importante no primeiro semestre e, no segundo, praticamente não tem mais”, diz Natália Cotarelli, economista do Itaú.

Neste ano, o Brasil foi beneficiado por uma safra recorde e por elevados preços das commodities no cenário internacional, o que deve trazer um resultado recorde para a balança comercial.

Do lado da demanda, na esteira de um mercado de trabalho robusto, o consumo das famílias ainda mostrou força e cresceu 1,1%, acima do observado no trimestre anterior (0,9%). Por outro lado, a formação bruta de capital fixo (os investimentos) recuou 2,5%. Foi a quarta queda seguida. A taxa de investimento foi de 16,6% do PIB, um desempenho pior em relação ao observado no mesmo período de 2022 (18,3%).

“Estamos com um mercado de trabalho forte e salários subindo na margem, faz sentido que com esse nível de renda tenhamos um consumo mais resiliente”, afirma Cotarelli.

O consumo do governo teve alta de 0,5%, enquanto as exportações subiram 3%, e as importações recuaram 2,1%.

“São alguns fatores por trás desse movimento (de desaceleração do PIB). Tem os efeitos defasados da política monetária e a própria questão da sazonalidade muito forte de agropecuária”, diz Alessandra Ribeiro, economista e sócia da consultoria Tendências.

Desde agosto, o Comitê de Política Monetária (Copom) iniciou um ciclo de corte da taxa básica de juros. A Selic saiu de 13,75% para 12,25%. A queda traz algum alívio para a atividade econômica, mas o patamar de juros no País ainda é considerado contracionista - ou seja, não estimula a economia.

E o que esperar?

A análise dos economistas é a de que essa fraqueza da economia brasileira deve prosseguir no quarto trimestre, diante do cenário de juros ainda elevados no País e de um ambiente externo mais adverso. “É uma economia que está desacelerando e que vai ter um crescimento mais fraco em 2024″, afirma Vale.

O resultado do terceiro trimestre também reforça um previsão de crescimento na faixa de 3% para este ano e de 1,5% a 2% para 2024.

“Apesar de o número ter sido um pouco melhor, a visão geral permanece mais ou menos a mesma: depois de um período bastante expressivo de crescimento, de meados de 2020 até o primeiro semestre de 2023, agora estamos vendo um freio de arrumação da economia”, afirma Caio Megale, economista-chefe da XP Investimentos. “Confirma um cenário de virtual estagnação da economia no segundo semestre.”

Megale manteve as projeções de crescimento de 2,8% para a economia em 2023 e de 1,5% em 2024.

Uma aceleração do crescimento econômico do País, apontam os economistas, só virá com a retomada dos investimentos. “Para ter um ciclo de crescimento alto, é preciso avançar na reforma tributária, na reforma do Estado. Tem de trazer para o empresário a confiança necessária para investir no País”, diz Julio Hegedus, economista da Mirae Asset. / Colaboraram Cícero Cotrim e Marianna Gualter

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