BET 4 Invest é acusada de lesar ao menos 800 investidores em apostas esportivas


Empresa de investimentos prometia ganhos de 3% a 10%, bem acima da média do mercado financeiro

Por Cleide Silva
Atualização:

Golpes conhecidos como pirâmide financeira continuam tirando dinheiro de muitos investidores. Um dos mais recentes, aplicado por uma empresa chamada BET 4 Invest, envolve aproximadamente 800 pessoas, algumas com aportes na casa de R$ 500 mil. A empresa prometia ganhos de 3% a 10% ao mês, dependendo do valor aplicado, bem acima da média praticada por grandes instituições financeiras.

A Justiça já distribuiu dez processos, alguns deles envolvendo mais de uma pessoa, contra a BET 4, com sede em Alphaville, e contra o grupo Rondominas, de Rondônia, que comprou a empresa de investimento em junho. Segundo os clientes, foi a partir deste período que deixaram de receber juros e não conseguiram mais sacar o dinheiro aplicado.

A pirâmide financeira é um golpe antigo e tem como característica a oferta de ganhos bem acima dos praticados no mercado, retorno garantido e promessa de recebimentos extras com a indicação de novos clientes. É essa “corrente” que alimenta os ganhos, mas quando cai o número de pessoas novas entrando no grupo, fica impossível honrar os compromissos.

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Apostas em jogos

A médica Gabriella Fieschi, de 28 anos, tem R$ 27 mil aplicados na BET 4, dinheiro que seria usado pagar um curso de especialização na área em que atua. Ela queria reduzir a carga de trabalho para se dedicar aos estudos. “Agora vou precisar continuar fazendo a mesma jornada no hospital e ainda conseguir plantões extras em outros locais.”

Criada em 2018, a BET 4 informava em seu site e em várias redes sociais que o retorno das aplicações vinha de apostas no mercado esportivo. A empresa dizia ter “os melhores traders e tipsers para fazer seus rendimentos crescerem”. Informava ter desenvolvido metodologia própria para trabalhar com as oportunidades do dia, melhorando a probabilidade de assertividade.

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Empresa usava dinheiro de clientes em apostas em jogos internacionais, como os do tenista Rafael Nadal  Foto: Hannah Mckay/Reuters

Também afirmava ser pioneira na América Latina em investimentos no mercado esportivo em âmbito mundial e que apostava nos principais campeonatos mundiais, como Premier League, da Inglaterra, La Liga, da Espanha, e Serie A, na Itália, além de jogos da NBA e nos tenistas Roger Federer, Rafael Nadal e Novak Djokovic.

“No começo, de fato o retorno era bom”, conta Gabriella, que fez seu primeiro investimento na BET 4 em 2019, de R$ 5 mil. Com retornos elevados, colocou mais R$ 50 mil e, em seis a sete meses já tinha R$ 75 mil. Quando chegou aos R$ 89 mil passou a fazer retiradas, deixando o saldo que seria usado para o curso.

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Ela soube da empresa por um amigo, que já investia na BET 4 desde 2018. Ele e mais três pessoas de sua família têm, juntos, mais de R$ 500 mil investidos.

Registro na CVM

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) recebeu, no primeiro trimestre deste ano, 17 comunicados de fraudes por pirâmides financeiras. O número é o mesmo de igual período de 2021, que fechou com um total de 112 denúncias. O órgão explica, contudo, que não é de sua competência acompanhar esses casos, por isso os remete para os Ministérios Públicos dos Estados e ao Ministério Público Federal.

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No site da CVM é possível verificar se um banco de investimento tem registro no órgão ou se teve o registro suspenso, um dos detalhes que deveriam ser verificados por investidores. A BET 4 não tem registros no órgão.

Conseguimos uma liminar na Justiça para arresto de bens dos proprietários, mas quando fizemos buscas nas contas não havia dinheiro”

Simon Zveiter, advogado

O advogado Simon Zveiter, do escritório S Zveiter Advocacia, representa várias vítimas da BET 4 que, juntos, somam perdas de mais de R$ 1 milhão. Segundo ele, a BET 4 pertencia a Bruno Lima Modesto que, em junho, vendeu a empresa para Leandro dos Santos Galvão, dono da Rondominas, segundo informe que ele repassou aos clientes.

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“Conseguimos uma liminar na Justiça para arresto de bens dos proprietários, mas quando fizemos buscas nas contas não havia dinheiro”, diz Zveiter.

Medidas cabíveis

Apontado como advogado de Galvão, Felipe Custódio B. Silva afirma que foi contratado para realizar um plano de ação para pagar os valores devidos aos clientes da BET 4 após a liberação de um empréstimo que seu cliente faria, no valor de R$ 1,6 milhão. O dinheiro nunca chegou e ele saiu do caso. “Também sou uma vítima, pois não recebi pelo serviço que fiz”, diz ele, para quem a Rondominas é uma empresa de fachada.

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O Estadão conseguiu contato, via whatsapp, com Galvão, que apenas forneceu o telefone de seu “jurídico”. A advogada que atendeu a reportagem não quis revelar seu nome completo e disse que está “tomando medidas judiciais cabíveis” contra Modesto, que seria o responsável pelo não pagamento aos investidores.

“Ele sumiu”, afirmou ela, acrescentando que ainda não conseguiu entregar o documento de distrato feito por Galvão três meses após a compra da BET 4. Modesto também não foi localizado pela reportagem.

Golpes conhecidos como pirâmide financeira continuam tirando dinheiro de muitos investidores. Um dos mais recentes, aplicado por uma empresa chamada BET 4 Invest, envolve aproximadamente 800 pessoas, algumas com aportes na casa de R$ 500 mil. A empresa prometia ganhos de 3% a 10% ao mês, dependendo do valor aplicado, bem acima da média praticada por grandes instituições financeiras.

A Justiça já distribuiu dez processos, alguns deles envolvendo mais de uma pessoa, contra a BET 4, com sede em Alphaville, e contra o grupo Rondominas, de Rondônia, que comprou a empresa de investimento em junho. Segundo os clientes, foi a partir deste período que deixaram de receber juros e não conseguiram mais sacar o dinheiro aplicado.

A pirâmide financeira é um golpe antigo e tem como característica a oferta de ganhos bem acima dos praticados no mercado, retorno garantido e promessa de recebimentos extras com a indicação de novos clientes. É essa “corrente” que alimenta os ganhos, mas quando cai o número de pessoas novas entrando no grupo, fica impossível honrar os compromissos.

Apostas em jogos

A médica Gabriella Fieschi, de 28 anos, tem R$ 27 mil aplicados na BET 4, dinheiro que seria usado pagar um curso de especialização na área em que atua. Ela queria reduzir a carga de trabalho para se dedicar aos estudos. “Agora vou precisar continuar fazendo a mesma jornada no hospital e ainda conseguir plantões extras em outros locais.”

Criada em 2018, a BET 4 informava em seu site e em várias redes sociais que o retorno das aplicações vinha de apostas no mercado esportivo. A empresa dizia ter “os melhores traders e tipsers para fazer seus rendimentos crescerem”. Informava ter desenvolvido metodologia própria para trabalhar com as oportunidades do dia, melhorando a probabilidade de assertividade.

Empresa usava dinheiro de clientes em apostas em jogos internacionais, como os do tenista Rafael Nadal  Foto: Hannah Mckay/Reuters

Também afirmava ser pioneira na América Latina em investimentos no mercado esportivo em âmbito mundial e que apostava nos principais campeonatos mundiais, como Premier League, da Inglaterra, La Liga, da Espanha, e Serie A, na Itália, além de jogos da NBA e nos tenistas Roger Federer, Rafael Nadal e Novak Djokovic.

“No começo, de fato o retorno era bom”, conta Gabriella, que fez seu primeiro investimento na BET 4 em 2019, de R$ 5 mil. Com retornos elevados, colocou mais R$ 50 mil e, em seis a sete meses já tinha R$ 75 mil. Quando chegou aos R$ 89 mil passou a fazer retiradas, deixando o saldo que seria usado para o curso.

Ela soube da empresa por um amigo, que já investia na BET 4 desde 2018. Ele e mais três pessoas de sua família têm, juntos, mais de R$ 500 mil investidos.

Registro na CVM

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) recebeu, no primeiro trimestre deste ano, 17 comunicados de fraudes por pirâmides financeiras. O número é o mesmo de igual período de 2021, que fechou com um total de 112 denúncias. O órgão explica, contudo, que não é de sua competência acompanhar esses casos, por isso os remete para os Ministérios Públicos dos Estados e ao Ministério Público Federal.

No site da CVM é possível verificar se um banco de investimento tem registro no órgão ou se teve o registro suspenso, um dos detalhes que deveriam ser verificados por investidores. A BET 4 não tem registros no órgão.

Conseguimos uma liminar na Justiça para arresto de bens dos proprietários, mas quando fizemos buscas nas contas não havia dinheiro”

Simon Zveiter, advogado

O advogado Simon Zveiter, do escritório S Zveiter Advocacia, representa várias vítimas da BET 4 que, juntos, somam perdas de mais de R$ 1 milhão. Segundo ele, a BET 4 pertencia a Bruno Lima Modesto que, em junho, vendeu a empresa para Leandro dos Santos Galvão, dono da Rondominas, segundo informe que ele repassou aos clientes.

“Conseguimos uma liminar na Justiça para arresto de bens dos proprietários, mas quando fizemos buscas nas contas não havia dinheiro”, diz Zveiter.

Medidas cabíveis

Apontado como advogado de Galvão, Felipe Custódio B. Silva afirma que foi contratado para realizar um plano de ação para pagar os valores devidos aos clientes da BET 4 após a liberação de um empréstimo que seu cliente faria, no valor de R$ 1,6 milhão. O dinheiro nunca chegou e ele saiu do caso. “Também sou uma vítima, pois não recebi pelo serviço que fiz”, diz ele, para quem a Rondominas é uma empresa de fachada.

O Estadão conseguiu contato, via whatsapp, com Galvão, que apenas forneceu o telefone de seu “jurídico”. A advogada que atendeu a reportagem não quis revelar seu nome completo e disse que está “tomando medidas judiciais cabíveis” contra Modesto, que seria o responsável pelo não pagamento aos investidores.

“Ele sumiu”, afirmou ela, acrescentando que ainda não conseguiu entregar o documento de distrato feito por Galvão três meses após a compra da BET 4. Modesto também não foi localizado pela reportagem.

Golpes conhecidos como pirâmide financeira continuam tirando dinheiro de muitos investidores. Um dos mais recentes, aplicado por uma empresa chamada BET 4 Invest, envolve aproximadamente 800 pessoas, algumas com aportes na casa de R$ 500 mil. A empresa prometia ganhos de 3% a 10% ao mês, dependendo do valor aplicado, bem acima da média praticada por grandes instituições financeiras.

A Justiça já distribuiu dez processos, alguns deles envolvendo mais de uma pessoa, contra a BET 4, com sede em Alphaville, e contra o grupo Rondominas, de Rondônia, que comprou a empresa de investimento em junho. Segundo os clientes, foi a partir deste período que deixaram de receber juros e não conseguiram mais sacar o dinheiro aplicado.

A pirâmide financeira é um golpe antigo e tem como característica a oferta de ganhos bem acima dos praticados no mercado, retorno garantido e promessa de recebimentos extras com a indicação de novos clientes. É essa “corrente” que alimenta os ganhos, mas quando cai o número de pessoas novas entrando no grupo, fica impossível honrar os compromissos.

Apostas em jogos

A médica Gabriella Fieschi, de 28 anos, tem R$ 27 mil aplicados na BET 4, dinheiro que seria usado pagar um curso de especialização na área em que atua. Ela queria reduzir a carga de trabalho para se dedicar aos estudos. “Agora vou precisar continuar fazendo a mesma jornada no hospital e ainda conseguir plantões extras em outros locais.”

Criada em 2018, a BET 4 informava em seu site e em várias redes sociais que o retorno das aplicações vinha de apostas no mercado esportivo. A empresa dizia ter “os melhores traders e tipsers para fazer seus rendimentos crescerem”. Informava ter desenvolvido metodologia própria para trabalhar com as oportunidades do dia, melhorando a probabilidade de assertividade.

Empresa usava dinheiro de clientes em apostas em jogos internacionais, como os do tenista Rafael Nadal  Foto: Hannah Mckay/Reuters

Também afirmava ser pioneira na América Latina em investimentos no mercado esportivo em âmbito mundial e que apostava nos principais campeonatos mundiais, como Premier League, da Inglaterra, La Liga, da Espanha, e Serie A, na Itália, além de jogos da NBA e nos tenistas Roger Federer, Rafael Nadal e Novak Djokovic.

“No começo, de fato o retorno era bom”, conta Gabriella, que fez seu primeiro investimento na BET 4 em 2019, de R$ 5 mil. Com retornos elevados, colocou mais R$ 50 mil e, em seis a sete meses já tinha R$ 75 mil. Quando chegou aos R$ 89 mil passou a fazer retiradas, deixando o saldo que seria usado para o curso.

Ela soube da empresa por um amigo, que já investia na BET 4 desde 2018. Ele e mais três pessoas de sua família têm, juntos, mais de R$ 500 mil investidos.

Registro na CVM

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) recebeu, no primeiro trimestre deste ano, 17 comunicados de fraudes por pirâmides financeiras. O número é o mesmo de igual período de 2021, que fechou com um total de 112 denúncias. O órgão explica, contudo, que não é de sua competência acompanhar esses casos, por isso os remete para os Ministérios Públicos dos Estados e ao Ministério Público Federal.

No site da CVM é possível verificar se um banco de investimento tem registro no órgão ou se teve o registro suspenso, um dos detalhes que deveriam ser verificados por investidores. A BET 4 não tem registros no órgão.

Conseguimos uma liminar na Justiça para arresto de bens dos proprietários, mas quando fizemos buscas nas contas não havia dinheiro”

Simon Zveiter, advogado

O advogado Simon Zveiter, do escritório S Zveiter Advocacia, representa várias vítimas da BET 4 que, juntos, somam perdas de mais de R$ 1 milhão. Segundo ele, a BET 4 pertencia a Bruno Lima Modesto que, em junho, vendeu a empresa para Leandro dos Santos Galvão, dono da Rondominas, segundo informe que ele repassou aos clientes.

“Conseguimos uma liminar na Justiça para arresto de bens dos proprietários, mas quando fizemos buscas nas contas não havia dinheiro”, diz Zveiter.

Medidas cabíveis

Apontado como advogado de Galvão, Felipe Custódio B. Silva afirma que foi contratado para realizar um plano de ação para pagar os valores devidos aos clientes da BET 4 após a liberação de um empréstimo que seu cliente faria, no valor de R$ 1,6 milhão. O dinheiro nunca chegou e ele saiu do caso. “Também sou uma vítima, pois não recebi pelo serviço que fiz”, diz ele, para quem a Rondominas é uma empresa de fachada.

O Estadão conseguiu contato, via whatsapp, com Galvão, que apenas forneceu o telefone de seu “jurídico”. A advogada que atendeu a reportagem não quis revelar seu nome completo e disse que está “tomando medidas judiciais cabíveis” contra Modesto, que seria o responsável pelo não pagamento aos investidores.

“Ele sumiu”, afirmou ela, acrescentando que ainda não conseguiu entregar o documento de distrato feito por Galvão três meses após a compra da BET 4. Modesto também não foi localizado pela reportagem.

Golpes conhecidos como pirâmide financeira continuam tirando dinheiro de muitos investidores. Um dos mais recentes, aplicado por uma empresa chamada BET 4 Invest, envolve aproximadamente 800 pessoas, algumas com aportes na casa de R$ 500 mil. A empresa prometia ganhos de 3% a 10% ao mês, dependendo do valor aplicado, bem acima da média praticada por grandes instituições financeiras.

A Justiça já distribuiu dez processos, alguns deles envolvendo mais de uma pessoa, contra a BET 4, com sede em Alphaville, e contra o grupo Rondominas, de Rondônia, que comprou a empresa de investimento em junho. Segundo os clientes, foi a partir deste período que deixaram de receber juros e não conseguiram mais sacar o dinheiro aplicado.

A pirâmide financeira é um golpe antigo e tem como característica a oferta de ganhos bem acima dos praticados no mercado, retorno garantido e promessa de recebimentos extras com a indicação de novos clientes. É essa “corrente” que alimenta os ganhos, mas quando cai o número de pessoas novas entrando no grupo, fica impossível honrar os compromissos.

Apostas em jogos

A médica Gabriella Fieschi, de 28 anos, tem R$ 27 mil aplicados na BET 4, dinheiro que seria usado pagar um curso de especialização na área em que atua. Ela queria reduzir a carga de trabalho para se dedicar aos estudos. “Agora vou precisar continuar fazendo a mesma jornada no hospital e ainda conseguir plantões extras em outros locais.”

Criada em 2018, a BET 4 informava em seu site e em várias redes sociais que o retorno das aplicações vinha de apostas no mercado esportivo. A empresa dizia ter “os melhores traders e tipsers para fazer seus rendimentos crescerem”. Informava ter desenvolvido metodologia própria para trabalhar com as oportunidades do dia, melhorando a probabilidade de assertividade.

Empresa usava dinheiro de clientes em apostas em jogos internacionais, como os do tenista Rafael Nadal  Foto: Hannah Mckay/Reuters

Também afirmava ser pioneira na América Latina em investimentos no mercado esportivo em âmbito mundial e que apostava nos principais campeonatos mundiais, como Premier League, da Inglaterra, La Liga, da Espanha, e Serie A, na Itália, além de jogos da NBA e nos tenistas Roger Federer, Rafael Nadal e Novak Djokovic.

“No começo, de fato o retorno era bom”, conta Gabriella, que fez seu primeiro investimento na BET 4 em 2019, de R$ 5 mil. Com retornos elevados, colocou mais R$ 50 mil e, em seis a sete meses já tinha R$ 75 mil. Quando chegou aos R$ 89 mil passou a fazer retiradas, deixando o saldo que seria usado para o curso.

Ela soube da empresa por um amigo, que já investia na BET 4 desde 2018. Ele e mais três pessoas de sua família têm, juntos, mais de R$ 500 mil investidos.

Registro na CVM

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) recebeu, no primeiro trimestre deste ano, 17 comunicados de fraudes por pirâmides financeiras. O número é o mesmo de igual período de 2021, que fechou com um total de 112 denúncias. O órgão explica, contudo, que não é de sua competência acompanhar esses casos, por isso os remete para os Ministérios Públicos dos Estados e ao Ministério Público Federal.

No site da CVM é possível verificar se um banco de investimento tem registro no órgão ou se teve o registro suspenso, um dos detalhes que deveriam ser verificados por investidores. A BET 4 não tem registros no órgão.

Conseguimos uma liminar na Justiça para arresto de bens dos proprietários, mas quando fizemos buscas nas contas não havia dinheiro”

Simon Zveiter, advogado

O advogado Simon Zveiter, do escritório S Zveiter Advocacia, representa várias vítimas da BET 4 que, juntos, somam perdas de mais de R$ 1 milhão. Segundo ele, a BET 4 pertencia a Bruno Lima Modesto que, em junho, vendeu a empresa para Leandro dos Santos Galvão, dono da Rondominas, segundo informe que ele repassou aos clientes.

“Conseguimos uma liminar na Justiça para arresto de bens dos proprietários, mas quando fizemos buscas nas contas não havia dinheiro”, diz Zveiter.

Medidas cabíveis

Apontado como advogado de Galvão, Felipe Custódio B. Silva afirma que foi contratado para realizar um plano de ação para pagar os valores devidos aos clientes da BET 4 após a liberação de um empréstimo que seu cliente faria, no valor de R$ 1,6 milhão. O dinheiro nunca chegou e ele saiu do caso. “Também sou uma vítima, pois não recebi pelo serviço que fiz”, diz ele, para quem a Rondominas é uma empresa de fachada.

O Estadão conseguiu contato, via whatsapp, com Galvão, que apenas forneceu o telefone de seu “jurídico”. A advogada que atendeu a reportagem não quis revelar seu nome completo e disse que está “tomando medidas judiciais cabíveis” contra Modesto, que seria o responsável pelo não pagamento aos investidores.

“Ele sumiu”, afirmou ela, acrescentando que ainda não conseguiu entregar o documento de distrato feito por Galvão três meses após a compra da BET 4. Modesto também não foi localizado pela reportagem.

Golpes conhecidos como pirâmide financeira continuam tirando dinheiro de muitos investidores. Um dos mais recentes, aplicado por uma empresa chamada BET 4 Invest, envolve aproximadamente 800 pessoas, algumas com aportes na casa de R$ 500 mil. A empresa prometia ganhos de 3% a 10% ao mês, dependendo do valor aplicado, bem acima da média praticada por grandes instituições financeiras.

A Justiça já distribuiu dez processos, alguns deles envolvendo mais de uma pessoa, contra a BET 4, com sede em Alphaville, e contra o grupo Rondominas, de Rondônia, que comprou a empresa de investimento em junho. Segundo os clientes, foi a partir deste período que deixaram de receber juros e não conseguiram mais sacar o dinheiro aplicado.

A pirâmide financeira é um golpe antigo e tem como característica a oferta de ganhos bem acima dos praticados no mercado, retorno garantido e promessa de recebimentos extras com a indicação de novos clientes. É essa “corrente” que alimenta os ganhos, mas quando cai o número de pessoas novas entrando no grupo, fica impossível honrar os compromissos.

Apostas em jogos

A médica Gabriella Fieschi, de 28 anos, tem R$ 27 mil aplicados na BET 4, dinheiro que seria usado pagar um curso de especialização na área em que atua. Ela queria reduzir a carga de trabalho para se dedicar aos estudos. “Agora vou precisar continuar fazendo a mesma jornada no hospital e ainda conseguir plantões extras em outros locais.”

Criada em 2018, a BET 4 informava em seu site e em várias redes sociais que o retorno das aplicações vinha de apostas no mercado esportivo. A empresa dizia ter “os melhores traders e tipsers para fazer seus rendimentos crescerem”. Informava ter desenvolvido metodologia própria para trabalhar com as oportunidades do dia, melhorando a probabilidade de assertividade.

Empresa usava dinheiro de clientes em apostas em jogos internacionais, como os do tenista Rafael Nadal  Foto: Hannah Mckay/Reuters

Também afirmava ser pioneira na América Latina em investimentos no mercado esportivo em âmbito mundial e que apostava nos principais campeonatos mundiais, como Premier League, da Inglaterra, La Liga, da Espanha, e Serie A, na Itália, além de jogos da NBA e nos tenistas Roger Federer, Rafael Nadal e Novak Djokovic.

“No começo, de fato o retorno era bom”, conta Gabriella, que fez seu primeiro investimento na BET 4 em 2019, de R$ 5 mil. Com retornos elevados, colocou mais R$ 50 mil e, em seis a sete meses já tinha R$ 75 mil. Quando chegou aos R$ 89 mil passou a fazer retiradas, deixando o saldo que seria usado para o curso.

Ela soube da empresa por um amigo, que já investia na BET 4 desde 2018. Ele e mais três pessoas de sua família têm, juntos, mais de R$ 500 mil investidos.

Registro na CVM

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) recebeu, no primeiro trimestre deste ano, 17 comunicados de fraudes por pirâmides financeiras. O número é o mesmo de igual período de 2021, que fechou com um total de 112 denúncias. O órgão explica, contudo, que não é de sua competência acompanhar esses casos, por isso os remete para os Ministérios Públicos dos Estados e ao Ministério Público Federal.

No site da CVM é possível verificar se um banco de investimento tem registro no órgão ou se teve o registro suspenso, um dos detalhes que deveriam ser verificados por investidores. A BET 4 não tem registros no órgão.

Conseguimos uma liminar na Justiça para arresto de bens dos proprietários, mas quando fizemos buscas nas contas não havia dinheiro”

Simon Zveiter, advogado

O advogado Simon Zveiter, do escritório S Zveiter Advocacia, representa várias vítimas da BET 4 que, juntos, somam perdas de mais de R$ 1 milhão. Segundo ele, a BET 4 pertencia a Bruno Lima Modesto que, em junho, vendeu a empresa para Leandro dos Santos Galvão, dono da Rondominas, segundo informe que ele repassou aos clientes.

“Conseguimos uma liminar na Justiça para arresto de bens dos proprietários, mas quando fizemos buscas nas contas não havia dinheiro”, diz Zveiter.

Medidas cabíveis

Apontado como advogado de Galvão, Felipe Custódio B. Silva afirma que foi contratado para realizar um plano de ação para pagar os valores devidos aos clientes da BET 4 após a liberação de um empréstimo que seu cliente faria, no valor de R$ 1,6 milhão. O dinheiro nunca chegou e ele saiu do caso. “Também sou uma vítima, pois não recebi pelo serviço que fiz”, diz ele, para quem a Rondominas é uma empresa de fachada.

O Estadão conseguiu contato, via whatsapp, com Galvão, que apenas forneceu o telefone de seu “jurídico”. A advogada que atendeu a reportagem não quis revelar seu nome completo e disse que está “tomando medidas judiciais cabíveis” contra Modesto, que seria o responsável pelo não pagamento aos investidores.

“Ele sumiu”, afirmou ela, acrescentando que ainda não conseguiu entregar o documento de distrato feito por Galvão três meses após a compra da BET 4. Modesto também não foi localizado pela reportagem.

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