O número de usuários com chaves Pix cadastradas teve um salto de 72% entre março de 2021 e o mesmo mês deste ano, de acordo com o 3º volume da Pesquisa de Tecnologia Bancária, realizada pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e pela Deloitte. Eram, ao todo, 51 milhões de usuários no final do primeiro trimestre deste ano.
O diretor do comitê de inovação e tecnologia da Febraban, Rodrigo Mulinari, destacou, em coletiva de imprensa, que o número de usuários tem crescido junto com a utilização do sistema de pagamentos instantâneos por cada um deles. Em 2021, 2% dos usuários haviam recebido mais de 30 Pix. Um ano depois, a proporção subiu para 6%, mesmo com uma base maior.
“Tem um crescimento muito expressivo, primeiro da quantidade de usuários cadastrados”, disse Mulinari.
Houve maior crescimento entre pessoas físicas do que entre as empresas, de acordo com a pesquisa. O sócio-líder da Deloitte para a indústria de serviços financeiros, Sérgio Biagini, afirmou que essas curvas tendem a se inverter a partir do ano que vem.
“As empresas não estavam ainda prontas para processar o Pix em seus ERPs, seus sistemas financeiros”, comentou ele. “Há essa expectativa de que no próximo ano o PJ, no lado do recebimento, ultrapasse o PF.”
7 em cada 10 transações bancárias são feitas pelo digital
Os canais digitais ganharam ainda mais importância nas transações bancárias feitas pelos brasileiros, em especial as que envolvem movimentação financeira. Hoje, sete em cada dez transações bancárias no Brasil são feitas através do digital, segundo a pesquisa.
A maior parte das transações feitas pelos clientes do setor já partem de dispositivos móveis. “Em 2021, o mobile sozinho representou 51% das transações bancárias”, disse Mulinari. Ele destacou que o Pix teve forte contribuição para este avanço.
De acordo com ele, uma das conclusões da pesquisa é de que o brasileiro está fazendo mais movimentações financeiras através da internet, ao invés de simplesmente utilizá-la para consultas.
De 2020 para 2021, a fatia das transações feitas no mobile que envolveram alguma movimentação financeira saiu de 18% para 24%. No internet banking, ficou estável, em 38%.
Considerados todos os canais, as transações registradas pelas instituições financeiras subiram 15%, para 119,5 bilhões. O mobile cresceu 28%, e foi a alavanca de crescimento do número de operações.
Transações de pagamento no mobile
No ano passado, marcado pela consolidação do Pix como meio de pagamento, houve uma migração de transações de pagamento das agências para os canais digitais. No mobile, houve um acréscimo de 72% em transações de pagamento em 2021.
Na ponta inversa, as transações de pagamentos feitas em agências e postos de atendimento dos bancos caíram 20% entre um ano e outro. Em outros tipos de transação, como as contratações e as consultas, as variações foram diferentes, com queda de 12% e alta de 1%, respectivamente.
Além disso, 93% das transações de crédito já são feitas através do digital. Entretanto, nos seguros, 80% das contratações são feitas através das agências, e apenas 14% em canais digitais, o que inclui mobile e internet banking.
Abertura de contas nos canais digitais
Os brasileiros já abrem mais contas bancárias através de canais online do que pelos meios físicos. No ano passado, foram 10,8 milhões de contas abertas no digital, e 9,9 milhões, pelos meios físicos. Foi a primeira vez que isso aconteceu.
Em relação a 2020, houve um crescimento de 66% na abertura de contas através do online, enquanto a abertura em canais físicos cresceu 16%. Além de fintechs, os bancos tradicionais também abrem contas pelo digital - alguns deles pelo WhatsApp, inclusive.
Open banking
O compartilhamento de dados pelos clientes do sistema financeiro brasileiro através do open banking tem avançado, embora ainda alcance uma pequena parte deles, segundo os dados da pesquisa.
De dezembro de 2021 a abril de 2022, houve uma alta de 18% no compartilhamento de dados por pessoas físicas no open banking.
No último mês de abril, 644 mil pessoas físicas haviam concordado em compartilhar seus dados entre as instituições financeiras. Nas pessoas jurídicas, eram 4 mil. Entre pessoas físicas, 95% concordaram em compartilhar os limites por 12 meses, índice que fica em 92% entre as pessoas jurídicas.
Ao mesmo tempo, tem aumentado o percentual de brasileiros que concordam em compartilhar outros dados para além dos obrigatórios (como os dados cadastrais). De dezembro a abril, passaram de 28% para 33% a quantidade de pessoas físicas que compartilharam dados da conta, por exemplo.
No cartão de crédito, o índice foi de 20% para 22%. Nas operações de crédito, passou de 18% para 22%.
Insurtechs
A pesquisa mostra que, neste ano, 27% dos bancos pretendem investir em insurtechs, empresas inovadoras no ramo de seguros.
O levantamento também questionou os bancos a respeito das ações que eles devem tomar neste ano para se adequarem ao open insurance, o sistema de compartilhamento de dados de seguros, inspirado na experiência do open banking. 54% deles pretendem inovar em produtos e na cobertura de novos riscos, e o mesmo porcentual quer personalizar canais e produtos.