Custo menor faz varejo incentivar uso do pix no lugar do cartão de crédito; entenda


Gigantes do setor têm orientado consumidores a pagar com ferramenta e, em alguns casos, dão descontos

Por Márcia De Chiara e Lucas Agrela
Atualização:

As gigantes do varejo brasileiro têm se rendido aos apelos do pix, hoje o principal meio de pagamento instantâneo do Brasil. Além da agilidade na transação, com a transferência dos recursos de forma imediata, a ferramenta tem custo zero para o consumidor e valores bem mais baixos para as empresas, comparado ao cartão de crédito e aos tradicionais DOC e TED. Magazine Luiza, Americanas e Via, dona das Casas Bahia e Ponto, por exemplo, estão adotando medidas para ampliar o uso do meio de pagamento.

Com o pix, a varejista recebe o pagamento na hora em que a transação é fechada e quase sem custo, ao contrário do que ocorre nas vendas quitadas por meio de cartões de crédito, boleto bancário e até mesmo o dinheiro em espécie. Por isso, acaba se tornando uma saída importante também pelo momento do mercado, com falta de liquidez e juros altos, em 13,75% ao ano – o que encarece o dinheiro para as empresas.

A corrida das varejistas para atrair o consumidor para o pix envolve várias estratégias, desde uma simples sugestão dada pelo operador de caixa para o consumidor priorizar o pix - sem vantagens - até descontos no preço, se ele optar pela forma de pagamento.

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“Temos investido bastante e feito campanhas específicas para o pix”, diz o diretor de Operações do Magazine Luiza, Felipe Gomes Cohen. Em abril, por exemplo, ele conta que a varejista realizou uma forte campanha batizada de “Liquida Pix”. Hoje, em promoções específicas, o desconto no preço a prazo nas compras feitas no meio instantâneo pode variar entre 5% e 10%.

O diretor do Magalu explica que o desconto resulta da redução de custos proporcionada pelo pix. Nas vendas parceladas no cartão, por exemplo, o custo de antecipar o recebimento para o varejista é muito elevado, principalmente neste momento de juros altos. Além disso, há todas as despesas inerentes à transação, que incluem desde passar o cartão na maquininha até programas contra fraude.

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No caso do boleto, há também o custo da emissão e o dinheiro demora até cinco dias para entrar no caixa da empresa. Outra desvantagem é que o número de clientes que desistem da compra no boleto é o dobro em relação ao pix.

Com a estratégia agressiva de impulsionar o pix, a fatia desse meio de pagamento nas vendas online do Magazine Luiza já aumentou 11 pontos porcentuais no primeiro trimestre deste ano em relação a igual período de 2022.

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Magazine Luiza tem feito campanha para incentivar pagamento por Pix Foto: Felipe Rau/Estadao
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Já a Via não detalha o avanço do pix, mas informa que o pagamento à vista cresceu 4,2 pontos no primeiro trimestre em comparação com o mesmo período do ano anterior e acrescenta que o avanço foi especialmente devido ao pix. De acordo com a companhia, desde antes da Black Friday do ano passado, que ocorre todo final de novembro, a rede começou a dar desconto nessa forma de pagamento.

Em visita a uma loja da Americanas na última semana, a reportagem recebeu a sugestão do operador de caixa para pagar com pix a compra, em troca de “algum desconto”. O funcionário contou que tem meta diária de vendas por meio do pix a ser alcançada. Havia na loja caixas sinalizados para atender só clientes que quisessem usar esse meio de pagamento. Procurada, a Americanas disse que incentiva o tipo de pagamento, mas que não dá desconto.

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No McDonald’s, a situação se repetiu. Em uma lanchonete visitada, o atendente ofereceu à reportagem a possibilidade de pagamento com pix vinculado ao aplicativo para obter desconto no produto. Também relatou que tinha meta diária a cumprir de venda no pix. A empresa, no entanto, informou que não tem nenhuma campanha de incentivo ao meio de pagamento.

“O pix está virando uma grande avenida para os varejistas neste momento de juros muito altos e de falta de liquidez no mercado”, afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), Eduardo Terra.

Para Cohen, do Magazine Luiza, a crise de crédito não foi o principal alavancador do pix. “Estamos com uma posição de caixa super sólida e robusta.” Mas o diretor admite que “qualquer dinheiro em caixa” sempre ajuda.

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Ao contrário do que muitos pensam, Eduardo Terra observa que o principal motivo para uma varejista ir ao banco não é o investimento em abertura de loja, mas a busca por capital de giro, que hoje está caro e escasso.

Segundo ele, pelas experiências relatadas em conselhos de varejistas dos quais participa, só o fato de o operador de caixa oferecer ao consumidor possibilidade de pagar com pix pode dobrar participação desse meio de pagamento no faturamento da loja. Com isso, é possível ganhar muito dinheiro, entre 3% e 6% da venda, que é a economia de custos de operação que o pix proporciona em relação a outros meios de pagamento, de acordo com os cálculos do consultor.

Para Carlos Netto, uma das mentes por trás da criação do pix e presidente da empresa de pagamentos Matera, o uso da transferência instantânea ajuda a aumentar a margem de lucro obtida pelas companhias, como as varejistas. “Para o lojista, o pagamento por pix é muito mais barato. Quem amadureceu mais com o pix recebe muitos pagamentos por esse tipo de transferência. Hoje, o banco ganha zero reais quando o cliente paga por pix. No cartão de crédito, ganha meio por cento”, diz Netto.

Segundo pesquisa da SBVC, o pix responde ainda por uma pequena fatia do faturamento do varejo. Nas lojas físicas essa participação é de 4% e no comércio online, de 18%. Mesmo assim, 128 milhões de brasileiros usam hoje o pix, de acordo com o Banco Central (BC). As transações entre pessoas e empresas por meio dessa forma de pagamento saltou 163% em abril deste ano em relação ao mesmo período no ano passado.

Pagamento de Pix por QR Code é uma das possibilidades do Pix, sistema do Banco Central Foto: Banco Central

De acordo com dados do BC, o número total das transferências feitas para empresas foi de 268 milhões para 705 milhões. Já o valor aumentou em 65%: de R$ 69 bilhões para R$ 114 bilhões, na mesma base de comparação. Em 12 meses até abril, a cifra total de 5,9 bilhões de transações atingiu R$ 1,17 trilhão.

Reflexo no cartão

Apesar do avanço do pix no varejo, as empresas de cartão de crédito garantem que o setor não foi afetado pelo movimento. O cartão de crédito ainda responde pela maior fatia das vendas nas lojas físicas e online. Mas, segundo especialistas, ele pode ser afetado pelos descontos oferecidos nessa nova modalidade de pagamento.

A Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) diz que há espaço no mercado para os diferentes meios de pagamento. Em comunicado, a entidade diz que “os cartões continuam crescendo por apresentar características específicas que agregam valor ao cliente e ao comércio, como a possibilidade de contestar despesas, a segurança e a fluidez do pagamento em compras pela internet, aplicativos e também por aproximação”.

De acordo com a Abecs, nos últimos três anos, os pagamentos com cartão por aproximação tiveram crescimento exponencial de mais de 9.000%. Em março de 2023, a quantidade de compras nessa modalidade passou a representar 44% do total de pagamentos com cartões realizados presencialmente.

A Abecs informa ainda que os cartões de crédito, débito e pré-pagos representam cerca de 60% do consumo das famílias e continuam crescendo de maneira importante no Brasil. No primeiro trimestre deste ano , movimentaram R$ 840 bilhões em compras, o que representa alta de 10,7% em comparação com o mesmo período de 2022.

As gigantes do varejo brasileiro têm se rendido aos apelos do pix, hoje o principal meio de pagamento instantâneo do Brasil. Além da agilidade na transação, com a transferência dos recursos de forma imediata, a ferramenta tem custo zero para o consumidor e valores bem mais baixos para as empresas, comparado ao cartão de crédito e aos tradicionais DOC e TED. Magazine Luiza, Americanas e Via, dona das Casas Bahia e Ponto, por exemplo, estão adotando medidas para ampliar o uso do meio de pagamento.

Com o pix, a varejista recebe o pagamento na hora em que a transação é fechada e quase sem custo, ao contrário do que ocorre nas vendas quitadas por meio de cartões de crédito, boleto bancário e até mesmo o dinheiro em espécie. Por isso, acaba se tornando uma saída importante também pelo momento do mercado, com falta de liquidez e juros altos, em 13,75% ao ano – o que encarece o dinheiro para as empresas.

A corrida das varejistas para atrair o consumidor para o pix envolve várias estratégias, desde uma simples sugestão dada pelo operador de caixa para o consumidor priorizar o pix - sem vantagens - até descontos no preço, se ele optar pela forma de pagamento.

“Temos investido bastante e feito campanhas específicas para o pix”, diz o diretor de Operações do Magazine Luiza, Felipe Gomes Cohen. Em abril, por exemplo, ele conta que a varejista realizou uma forte campanha batizada de “Liquida Pix”. Hoje, em promoções específicas, o desconto no preço a prazo nas compras feitas no meio instantâneo pode variar entre 5% e 10%.

O diretor do Magalu explica que o desconto resulta da redução de custos proporcionada pelo pix. Nas vendas parceladas no cartão, por exemplo, o custo de antecipar o recebimento para o varejista é muito elevado, principalmente neste momento de juros altos. Além disso, há todas as despesas inerentes à transação, que incluem desde passar o cartão na maquininha até programas contra fraude.

No caso do boleto, há também o custo da emissão e o dinheiro demora até cinco dias para entrar no caixa da empresa. Outra desvantagem é que o número de clientes que desistem da compra no boleto é o dobro em relação ao pix.

Com a estratégia agressiva de impulsionar o pix, a fatia desse meio de pagamento nas vendas online do Magazine Luiza já aumentou 11 pontos porcentuais no primeiro trimestre deste ano em relação a igual período de 2022.

Magazine Luiza tem feito campanha para incentivar pagamento por Pix Foto: Felipe Rau/Estadao

Já a Via não detalha o avanço do pix, mas informa que o pagamento à vista cresceu 4,2 pontos no primeiro trimestre em comparação com o mesmo período do ano anterior e acrescenta que o avanço foi especialmente devido ao pix. De acordo com a companhia, desde antes da Black Friday do ano passado, que ocorre todo final de novembro, a rede começou a dar desconto nessa forma de pagamento.

Em visita a uma loja da Americanas na última semana, a reportagem recebeu a sugestão do operador de caixa para pagar com pix a compra, em troca de “algum desconto”. O funcionário contou que tem meta diária de vendas por meio do pix a ser alcançada. Havia na loja caixas sinalizados para atender só clientes que quisessem usar esse meio de pagamento. Procurada, a Americanas disse que incentiva o tipo de pagamento, mas que não dá desconto.

No McDonald’s, a situação se repetiu. Em uma lanchonete visitada, o atendente ofereceu à reportagem a possibilidade de pagamento com pix vinculado ao aplicativo para obter desconto no produto. Também relatou que tinha meta diária a cumprir de venda no pix. A empresa, no entanto, informou que não tem nenhuma campanha de incentivo ao meio de pagamento.

“O pix está virando uma grande avenida para os varejistas neste momento de juros muito altos e de falta de liquidez no mercado”, afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), Eduardo Terra.

Para Cohen, do Magazine Luiza, a crise de crédito não foi o principal alavancador do pix. “Estamos com uma posição de caixa super sólida e robusta.” Mas o diretor admite que “qualquer dinheiro em caixa” sempre ajuda.

Ao contrário do que muitos pensam, Eduardo Terra observa que o principal motivo para uma varejista ir ao banco não é o investimento em abertura de loja, mas a busca por capital de giro, que hoje está caro e escasso.

Segundo ele, pelas experiências relatadas em conselhos de varejistas dos quais participa, só o fato de o operador de caixa oferecer ao consumidor possibilidade de pagar com pix pode dobrar participação desse meio de pagamento no faturamento da loja. Com isso, é possível ganhar muito dinheiro, entre 3% e 6% da venda, que é a economia de custos de operação que o pix proporciona em relação a outros meios de pagamento, de acordo com os cálculos do consultor.

Para Carlos Netto, uma das mentes por trás da criação do pix e presidente da empresa de pagamentos Matera, o uso da transferência instantânea ajuda a aumentar a margem de lucro obtida pelas companhias, como as varejistas. “Para o lojista, o pagamento por pix é muito mais barato. Quem amadureceu mais com o pix recebe muitos pagamentos por esse tipo de transferência. Hoje, o banco ganha zero reais quando o cliente paga por pix. No cartão de crédito, ganha meio por cento”, diz Netto.

Segundo pesquisa da SBVC, o pix responde ainda por uma pequena fatia do faturamento do varejo. Nas lojas físicas essa participação é de 4% e no comércio online, de 18%. Mesmo assim, 128 milhões de brasileiros usam hoje o pix, de acordo com o Banco Central (BC). As transações entre pessoas e empresas por meio dessa forma de pagamento saltou 163% em abril deste ano em relação ao mesmo período no ano passado.

Pagamento de Pix por QR Code é uma das possibilidades do Pix, sistema do Banco Central Foto: Banco Central

De acordo com dados do BC, o número total das transferências feitas para empresas foi de 268 milhões para 705 milhões. Já o valor aumentou em 65%: de R$ 69 bilhões para R$ 114 bilhões, na mesma base de comparação. Em 12 meses até abril, a cifra total de 5,9 bilhões de transações atingiu R$ 1,17 trilhão.

Reflexo no cartão

Apesar do avanço do pix no varejo, as empresas de cartão de crédito garantem que o setor não foi afetado pelo movimento. O cartão de crédito ainda responde pela maior fatia das vendas nas lojas físicas e online. Mas, segundo especialistas, ele pode ser afetado pelos descontos oferecidos nessa nova modalidade de pagamento.

A Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) diz que há espaço no mercado para os diferentes meios de pagamento. Em comunicado, a entidade diz que “os cartões continuam crescendo por apresentar características específicas que agregam valor ao cliente e ao comércio, como a possibilidade de contestar despesas, a segurança e a fluidez do pagamento em compras pela internet, aplicativos e também por aproximação”.

De acordo com a Abecs, nos últimos três anos, os pagamentos com cartão por aproximação tiveram crescimento exponencial de mais de 9.000%. Em março de 2023, a quantidade de compras nessa modalidade passou a representar 44% do total de pagamentos com cartões realizados presencialmente.

A Abecs informa ainda que os cartões de crédito, débito e pré-pagos representam cerca de 60% do consumo das famílias e continuam crescendo de maneira importante no Brasil. No primeiro trimestre deste ano , movimentaram R$ 840 bilhões em compras, o que representa alta de 10,7% em comparação com o mesmo período de 2022.

As gigantes do varejo brasileiro têm se rendido aos apelos do pix, hoje o principal meio de pagamento instantâneo do Brasil. Além da agilidade na transação, com a transferência dos recursos de forma imediata, a ferramenta tem custo zero para o consumidor e valores bem mais baixos para as empresas, comparado ao cartão de crédito e aos tradicionais DOC e TED. Magazine Luiza, Americanas e Via, dona das Casas Bahia e Ponto, por exemplo, estão adotando medidas para ampliar o uso do meio de pagamento.

Com o pix, a varejista recebe o pagamento na hora em que a transação é fechada e quase sem custo, ao contrário do que ocorre nas vendas quitadas por meio de cartões de crédito, boleto bancário e até mesmo o dinheiro em espécie. Por isso, acaba se tornando uma saída importante também pelo momento do mercado, com falta de liquidez e juros altos, em 13,75% ao ano – o que encarece o dinheiro para as empresas.

A corrida das varejistas para atrair o consumidor para o pix envolve várias estratégias, desde uma simples sugestão dada pelo operador de caixa para o consumidor priorizar o pix - sem vantagens - até descontos no preço, se ele optar pela forma de pagamento.

“Temos investido bastante e feito campanhas específicas para o pix”, diz o diretor de Operações do Magazine Luiza, Felipe Gomes Cohen. Em abril, por exemplo, ele conta que a varejista realizou uma forte campanha batizada de “Liquida Pix”. Hoje, em promoções específicas, o desconto no preço a prazo nas compras feitas no meio instantâneo pode variar entre 5% e 10%.

O diretor do Magalu explica que o desconto resulta da redução de custos proporcionada pelo pix. Nas vendas parceladas no cartão, por exemplo, o custo de antecipar o recebimento para o varejista é muito elevado, principalmente neste momento de juros altos. Além disso, há todas as despesas inerentes à transação, que incluem desde passar o cartão na maquininha até programas contra fraude.

No caso do boleto, há também o custo da emissão e o dinheiro demora até cinco dias para entrar no caixa da empresa. Outra desvantagem é que o número de clientes que desistem da compra no boleto é o dobro em relação ao pix.

Com a estratégia agressiva de impulsionar o pix, a fatia desse meio de pagamento nas vendas online do Magazine Luiza já aumentou 11 pontos porcentuais no primeiro trimestre deste ano em relação a igual período de 2022.

Magazine Luiza tem feito campanha para incentivar pagamento por Pix Foto: Felipe Rau/Estadao

Já a Via não detalha o avanço do pix, mas informa que o pagamento à vista cresceu 4,2 pontos no primeiro trimestre em comparação com o mesmo período do ano anterior e acrescenta que o avanço foi especialmente devido ao pix. De acordo com a companhia, desde antes da Black Friday do ano passado, que ocorre todo final de novembro, a rede começou a dar desconto nessa forma de pagamento.

Em visita a uma loja da Americanas na última semana, a reportagem recebeu a sugestão do operador de caixa para pagar com pix a compra, em troca de “algum desconto”. O funcionário contou que tem meta diária de vendas por meio do pix a ser alcançada. Havia na loja caixas sinalizados para atender só clientes que quisessem usar esse meio de pagamento. Procurada, a Americanas disse que incentiva o tipo de pagamento, mas que não dá desconto.

No McDonald’s, a situação se repetiu. Em uma lanchonete visitada, o atendente ofereceu à reportagem a possibilidade de pagamento com pix vinculado ao aplicativo para obter desconto no produto. Também relatou que tinha meta diária a cumprir de venda no pix. A empresa, no entanto, informou que não tem nenhuma campanha de incentivo ao meio de pagamento.

“O pix está virando uma grande avenida para os varejistas neste momento de juros muito altos e de falta de liquidez no mercado”, afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), Eduardo Terra.

Para Cohen, do Magazine Luiza, a crise de crédito não foi o principal alavancador do pix. “Estamos com uma posição de caixa super sólida e robusta.” Mas o diretor admite que “qualquer dinheiro em caixa” sempre ajuda.

Ao contrário do que muitos pensam, Eduardo Terra observa que o principal motivo para uma varejista ir ao banco não é o investimento em abertura de loja, mas a busca por capital de giro, que hoje está caro e escasso.

Segundo ele, pelas experiências relatadas em conselhos de varejistas dos quais participa, só o fato de o operador de caixa oferecer ao consumidor possibilidade de pagar com pix pode dobrar participação desse meio de pagamento no faturamento da loja. Com isso, é possível ganhar muito dinheiro, entre 3% e 6% da venda, que é a economia de custos de operação que o pix proporciona em relação a outros meios de pagamento, de acordo com os cálculos do consultor.

Para Carlos Netto, uma das mentes por trás da criação do pix e presidente da empresa de pagamentos Matera, o uso da transferência instantânea ajuda a aumentar a margem de lucro obtida pelas companhias, como as varejistas. “Para o lojista, o pagamento por pix é muito mais barato. Quem amadureceu mais com o pix recebe muitos pagamentos por esse tipo de transferência. Hoje, o banco ganha zero reais quando o cliente paga por pix. No cartão de crédito, ganha meio por cento”, diz Netto.

Segundo pesquisa da SBVC, o pix responde ainda por uma pequena fatia do faturamento do varejo. Nas lojas físicas essa participação é de 4% e no comércio online, de 18%. Mesmo assim, 128 milhões de brasileiros usam hoje o pix, de acordo com o Banco Central (BC). As transações entre pessoas e empresas por meio dessa forma de pagamento saltou 163% em abril deste ano em relação ao mesmo período no ano passado.

Pagamento de Pix por QR Code é uma das possibilidades do Pix, sistema do Banco Central Foto: Banco Central

De acordo com dados do BC, o número total das transferências feitas para empresas foi de 268 milhões para 705 milhões. Já o valor aumentou em 65%: de R$ 69 bilhões para R$ 114 bilhões, na mesma base de comparação. Em 12 meses até abril, a cifra total de 5,9 bilhões de transações atingiu R$ 1,17 trilhão.

Reflexo no cartão

Apesar do avanço do pix no varejo, as empresas de cartão de crédito garantem que o setor não foi afetado pelo movimento. O cartão de crédito ainda responde pela maior fatia das vendas nas lojas físicas e online. Mas, segundo especialistas, ele pode ser afetado pelos descontos oferecidos nessa nova modalidade de pagamento.

A Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) diz que há espaço no mercado para os diferentes meios de pagamento. Em comunicado, a entidade diz que “os cartões continuam crescendo por apresentar características específicas que agregam valor ao cliente e ao comércio, como a possibilidade de contestar despesas, a segurança e a fluidez do pagamento em compras pela internet, aplicativos e também por aproximação”.

De acordo com a Abecs, nos últimos três anos, os pagamentos com cartão por aproximação tiveram crescimento exponencial de mais de 9.000%. Em março de 2023, a quantidade de compras nessa modalidade passou a representar 44% do total de pagamentos com cartões realizados presencialmente.

A Abecs informa ainda que os cartões de crédito, débito e pré-pagos representam cerca de 60% do consumo das famílias e continuam crescendo de maneira importante no Brasil. No primeiro trimestre deste ano , movimentaram R$ 840 bilhões em compras, o que representa alta de 10,7% em comparação com o mesmo período de 2022.

As gigantes do varejo brasileiro têm se rendido aos apelos do pix, hoje o principal meio de pagamento instantâneo do Brasil. Além da agilidade na transação, com a transferência dos recursos de forma imediata, a ferramenta tem custo zero para o consumidor e valores bem mais baixos para as empresas, comparado ao cartão de crédito e aos tradicionais DOC e TED. Magazine Luiza, Americanas e Via, dona das Casas Bahia e Ponto, por exemplo, estão adotando medidas para ampliar o uso do meio de pagamento.

Com o pix, a varejista recebe o pagamento na hora em que a transação é fechada e quase sem custo, ao contrário do que ocorre nas vendas quitadas por meio de cartões de crédito, boleto bancário e até mesmo o dinheiro em espécie. Por isso, acaba se tornando uma saída importante também pelo momento do mercado, com falta de liquidez e juros altos, em 13,75% ao ano – o que encarece o dinheiro para as empresas.

A corrida das varejistas para atrair o consumidor para o pix envolve várias estratégias, desde uma simples sugestão dada pelo operador de caixa para o consumidor priorizar o pix - sem vantagens - até descontos no preço, se ele optar pela forma de pagamento.

“Temos investido bastante e feito campanhas específicas para o pix”, diz o diretor de Operações do Magazine Luiza, Felipe Gomes Cohen. Em abril, por exemplo, ele conta que a varejista realizou uma forte campanha batizada de “Liquida Pix”. Hoje, em promoções específicas, o desconto no preço a prazo nas compras feitas no meio instantâneo pode variar entre 5% e 10%.

O diretor do Magalu explica que o desconto resulta da redução de custos proporcionada pelo pix. Nas vendas parceladas no cartão, por exemplo, o custo de antecipar o recebimento para o varejista é muito elevado, principalmente neste momento de juros altos. Além disso, há todas as despesas inerentes à transação, que incluem desde passar o cartão na maquininha até programas contra fraude.

No caso do boleto, há também o custo da emissão e o dinheiro demora até cinco dias para entrar no caixa da empresa. Outra desvantagem é que o número de clientes que desistem da compra no boleto é o dobro em relação ao pix.

Com a estratégia agressiva de impulsionar o pix, a fatia desse meio de pagamento nas vendas online do Magazine Luiza já aumentou 11 pontos porcentuais no primeiro trimestre deste ano em relação a igual período de 2022.

Magazine Luiza tem feito campanha para incentivar pagamento por Pix Foto: Felipe Rau/Estadao

Já a Via não detalha o avanço do pix, mas informa que o pagamento à vista cresceu 4,2 pontos no primeiro trimestre em comparação com o mesmo período do ano anterior e acrescenta que o avanço foi especialmente devido ao pix. De acordo com a companhia, desde antes da Black Friday do ano passado, que ocorre todo final de novembro, a rede começou a dar desconto nessa forma de pagamento.

Em visita a uma loja da Americanas na última semana, a reportagem recebeu a sugestão do operador de caixa para pagar com pix a compra, em troca de “algum desconto”. O funcionário contou que tem meta diária de vendas por meio do pix a ser alcançada. Havia na loja caixas sinalizados para atender só clientes que quisessem usar esse meio de pagamento. Procurada, a Americanas disse que incentiva o tipo de pagamento, mas que não dá desconto.

No McDonald’s, a situação se repetiu. Em uma lanchonete visitada, o atendente ofereceu à reportagem a possibilidade de pagamento com pix vinculado ao aplicativo para obter desconto no produto. Também relatou que tinha meta diária a cumprir de venda no pix. A empresa, no entanto, informou que não tem nenhuma campanha de incentivo ao meio de pagamento.

“O pix está virando uma grande avenida para os varejistas neste momento de juros muito altos e de falta de liquidez no mercado”, afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), Eduardo Terra.

Para Cohen, do Magazine Luiza, a crise de crédito não foi o principal alavancador do pix. “Estamos com uma posição de caixa super sólida e robusta.” Mas o diretor admite que “qualquer dinheiro em caixa” sempre ajuda.

Ao contrário do que muitos pensam, Eduardo Terra observa que o principal motivo para uma varejista ir ao banco não é o investimento em abertura de loja, mas a busca por capital de giro, que hoje está caro e escasso.

Segundo ele, pelas experiências relatadas em conselhos de varejistas dos quais participa, só o fato de o operador de caixa oferecer ao consumidor possibilidade de pagar com pix pode dobrar participação desse meio de pagamento no faturamento da loja. Com isso, é possível ganhar muito dinheiro, entre 3% e 6% da venda, que é a economia de custos de operação que o pix proporciona em relação a outros meios de pagamento, de acordo com os cálculos do consultor.

Para Carlos Netto, uma das mentes por trás da criação do pix e presidente da empresa de pagamentos Matera, o uso da transferência instantânea ajuda a aumentar a margem de lucro obtida pelas companhias, como as varejistas. “Para o lojista, o pagamento por pix é muito mais barato. Quem amadureceu mais com o pix recebe muitos pagamentos por esse tipo de transferência. Hoje, o banco ganha zero reais quando o cliente paga por pix. No cartão de crédito, ganha meio por cento”, diz Netto.

Segundo pesquisa da SBVC, o pix responde ainda por uma pequena fatia do faturamento do varejo. Nas lojas físicas essa participação é de 4% e no comércio online, de 18%. Mesmo assim, 128 milhões de brasileiros usam hoje o pix, de acordo com o Banco Central (BC). As transações entre pessoas e empresas por meio dessa forma de pagamento saltou 163% em abril deste ano em relação ao mesmo período no ano passado.

Pagamento de Pix por QR Code é uma das possibilidades do Pix, sistema do Banco Central Foto: Banco Central

De acordo com dados do BC, o número total das transferências feitas para empresas foi de 268 milhões para 705 milhões. Já o valor aumentou em 65%: de R$ 69 bilhões para R$ 114 bilhões, na mesma base de comparação. Em 12 meses até abril, a cifra total de 5,9 bilhões de transações atingiu R$ 1,17 trilhão.

Reflexo no cartão

Apesar do avanço do pix no varejo, as empresas de cartão de crédito garantem que o setor não foi afetado pelo movimento. O cartão de crédito ainda responde pela maior fatia das vendas nas lojas físicas e online. Mas, segundo especialistas, ele pode ser afetado pelos descontos oferecidos nessa nova modalidade de pagamento.

A Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) diz que há espaço no mercado para os diferentes meios de pagamento. Em comunicado, a entidade diz que “os cartões continuam crescendo por apresentar características específicas que agregam valor ao cliente e ao comércio, como a possibilidade de contestar despesas, a segurança e a fluidez do pagamento em compras pela internet, aplicativos e também por aproximação”.

De acordo com a Abecs, nos últimos três anos, os pagamentos com cartão por aproximação tiveram crescimento exponencial de mais de 9.000%. Em março de 2023, a quantidade de compras nessa modalidade passou a representar 44% do total de pagamentos com cartões realizados presencialmente.

A Abecs informa ainda que os cartões de crédito, débito e pré-pagos representam cerca de 60% do consumo das famílias e continuam crescendo de maneira importante no Brasil. No primeiro trimestre deste ano , movimentaram R$ 840 bilhões em compras, o que representa alta de 10,7% em comparação com o mesmo período de 2022.

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