Plano Real só aconteceu pela capacidade política e intelectual de FHC, diz Persio Arida


Segundo ele, plano que completa 30 anos em 2024 não foi uma ideia isolada e sim fruto de um trabalho coletivo, após muitos anos de debates e conversas entre economistas, principalmente na academia

Por Eduardo Laguna e Daniel Tozzi Mendes
Atualização:

O processo de implementação do Plano Real é algo “não repetível”, afirmou nesta segunda-feira, 24, o economista Persio Arida, um dos idealizadores do plano e ex-presidente do Banco Central. Ele destacou que a implementação do Real só aconteceu porque o então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, conseguiu aliar, ao mesmo tempo, capacidade política e intelectual.

“São duas capacidades que não costumam coincidir”, frisou o economista, em evento da Fundação FHC sobre os 30 anos do Plano Real. O encontro contou também com a participação dos economistas Armínio Fraga, Edmar Bacha, Gustavo Franco e Pedro Malan. O evento teve transmissão pela internet nesta segunda.

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Mais cedo, Fernando Henrique Cardoso se encontrou, em sua casa, com Malan, Arida e Gustavo Franco. A imagem foi divulgada pela assessoria da Fundação FHC. O ex-presidente, que completou 93 anos na terça-feira, 18, também recebeu nesta segunda o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O encontro, que durou cerca de 35 minutos, ocorreu fora da agenda oficial do petista e, segundo a assessoria do Palácio do Planalto, foi de caráter privado.

“É difícil imaginar um ministro da Fazenda que consiga, ao mesmo tempo, convencer o presidente da República que tinha ideias muito diferentes e próprias, todas erradas, diga-se de passagem”, disse Arida em referência ao então presidente, Itamar Franco.

Ex-presidente Fernando Henrique Cardoso durante encontro com os economistas que participaram do Plano Real Persio Arida, Pedro Malan e Gustavo Franco Foto: Vinicius Doti/Fundacao FHC
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Arida destacou a habilidade política de FHC de negociar a aprovação do Real com o PFL, que segundo ele era “mal visto” por uma ala significativa do PSDB. “Mas ele fez a aliança em prol da construção de uma base”, disse Arida, acrescentando ainda que, mesmo tendo sua formação política ligada à esquerda, FHC optou por montar sua equipe na Fazenda com economistas de carreira e “liberais da PUC-RJ”.

O economista ainda destacou que o plano Real não foi uma ideia isolada e sim fruto de um trabalho coletivo, após muitos anos de debates e conversas entre economistas, principalmente na academia.

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Motor da estabilização

Para Arida, a democracia foi o “verdadeiro motor” da consolidação e estabilização do real até hoje. Ele argumentou que as eleições penalizam governantes que não tratam com responsabilidade a inflação, problema que, ressaltou, mais afeta a população.

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Ao relembrar dos primeiros anos do real, o economista disse que a eleição de FHC trouxe uma “enorme confiança” de que, se necessário, o então presidente agiria para salvar a moeda que lançou como ministro da Fazenda.

No evento, Armínio Fraga, que também foi presidente do BC, colocou a dimensão social, além da democracia, ao explicar a estabilização monetária promovida pelo real. “A âncora é o social, e é o que me permite ter alguma esperança de que possam ser evitadas mudanças que possam vir aí no Banco Central. Senão, todos serão penalizados”, disse.

No encontro dos formuladores do Plano Real, Gustavo Franco destacou os resultados da moeda que completa três décadas. Ele lembrou que quando o real foi concebido, o Brasil vinha de 15 anos seguidos de inflação média de 16% ao mês. “É o tipo de experiência que estávamos combatendo naquele momento, com tudo que ela fez para estragar a vida econômica”, assinalou Franco, que também foi presidente do BC e hoje é sócio da Rio Bravo Investimentos.

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No último mês do modelo monetário anterior, a inflação estava em 9.785% ao ano, porém caiu para 33% já no primeiro ano do real, lembrou Gustavo Franco. Em 30 meses, já estava abaixo de 5% ao ano, indo para 1,6% em 1998. “Um número que confrontado com os de hoje soa muito bem. Quando tivemos 1,6% de inflação neste País? Talvez na República Velha, no Império”, afirmou. “Os resultados são muito bons e estamos orgulhosos.”

Também presente no evento, o ex-ministro da Fazenda e então presidente do Banco Central durante a implementação do Real, Pedro Malan, disse que, enquanto se comemora os 30 anos do plano, o Brasil ainda tem “muito que caminhar” em outras frentes. Ele citou a necessidade de responder o porquê de o Brasil crescer tão pouco, ter uma má distribuição de renda e o fato de “ser tão difícil” fazer reformas no País.

Congresso atual

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Num exercício sobre qual seria a dificuldade de aprovar nos dias atuais o Plano Real, o economista Edmar Bacha avaliou que a URV, a unidade de conta que antecedeu a moeda, teria maior facilidade de ser aprovada com os partidos do centrão do Congresso, mais inclinados à direita do espectro político do que o PMDB da época do plano. Com isso, talvez não fosse necessário indexar os salários por um ano, entende Bacha.

Por outro lado, pondera o economista, seria mais complicado realizar os cortes de 20% das despesas obrigatórias, uma condição para o lançamento do Plano Real, se a transformação monetária tivesse que ser negociada com o bloco de partidos que comanda atualmente o Legislativo.

Bacha comentou que a empreitada deu certo porque conseguiu deixar a hiperinflação para “a história”. Apesar disso, ele reconheceu que o plano não foi seguido por um crescimento acelerado da economia. “Não veio porque poucos países do mundo conseguiram fazer a ultrapassagem da armadilha da renda média”, declarou.

O processo de implementação do Plano Real é algo “não repetível”, afirmou nesta segunda-feira, 24, o economista Persio Arida, um dos idealizadores do plano e ex-presidente do Banco Central. Ele destacou que a implementação do Real só aconteceu porque o então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, conseguiu aliar, ao mesmo tempo, capacidade política e intelectual.

“São duas capacidades que não costumam coincidir”, frisou o economista, em evento da Fundação FHC sobre os 30 anos do Plano Real. O encontro contou também com a participação dos economistas Armínio Fraga, Edmar Bacha, Gustavo Franco e Pedro Malan. O evento teve transmissão pela internet nesta segunda.

Mais cedo, Fernando Henrique Cardoso se encontrou, em sua casa, com Malan, Arida e Gustavo Franco. A imagem foi divulgada pela assessoria da Fundação FHC. O ex-presidente, que completou 93 anos na terça-feira, 18, também recebeu nesta segunda o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O encontro, que durou cerca de 35 minutos, ocorreu fora da agenda oficial do petista e, segundo a assessoria do Palácio do Planalto, foi de caráter privado.

“É difícil imaginar um ministro da Fazenda que consiga, ao mesmo tempo, convencer o presidente da República que tinha ideias muito diferentes e próprias, todas erradas, diga-se de passagem”, disse Arida em referência ao então presidente, Itamar Franco.

Ex-presidente Fernando Henrique Cardoso durante encontro com os economistas que participaram do Plano Real Persio Arida, Pedro Malan e Gustavo Franco Foto: Vinicius Doti/Fundacao FHC

Arida destacou a habilidade política de FHC de negociar a aprovação do Real com o PFL, que segundo ele era “mal visto” por uma ala significativa do PSDB. “Mas ele fez a aliança em prol da construção de uma base”, disse Arida, acrescentando ainda que, mesmo tendo sua formação política ligada à esquerda, FHC optou por montar sua equipe na Fazenda com economistas de carreira e “liberais da PUC-RJ”.

O economista ainda destacou que o plano Real não foi uma ideia isolada e sim fruto de um trabalho coletivo, após muitos anos de debates e conversas entre economistas, principalmente na academia.

Motor da estabilização

Para Arida, a democracia foi o “verdadeiro motor” da consolidação e estabilização do real até hoje. Ele argumentou que as eleições penalizam governantes que não tratam com responsabilidade a inflação, problema que, ressaltou, mais afeta a população.

Ao relembrar dos primeiros anos do real, o economista disse que a eleição de FHC trouxe uma “enorme confiança” de que, se necessário, o então presidente agiria para salvar a moeda que lançou como ministro da Fazenda.

No evento, Armínio Fraga, que também foi presidente do BC, colocou a dimensão social, além da democracia, ao explicar a estabilização monetária promovida pelo real. “A âncora é o social, e é o que me permite ter alguma esperança de que possam ser evitadas mudanças que possam vir aí no Banco Central. Senão, todos serão penalizados”, disse.

No encontro dos formuladores do Plano Real, Gustavo Franco destacou os resultados da moeda que completa três décadas. Ele lembrou que quando o real foi concebido, o Brasil vinha de 15 anos seguidos de inflação média de 16% ao mês. “É o tipo de experiência que estávamos combatendo naquele momento, com tudo que ela fez para estragar a vida econômica”, assinalou Franco, que também foi presidente do BC e hoje é sócio da Rio Bravo Investimentos.

No último mês do modelo monetário anterior, a inflação estava em 9.785% ao ano, porém caiu para 33% já no primeiro ano do real, lembrou Gustavo Franco. Em 30 meses, já estava abaixo de 5% ao ano, indo para 1,6% em 1998. “Um número que confrontado com os de hoje soa muito bem. Quando tivemos 1,6% de inflação neste País? Talvez na República Velha, no Império”, afirmou. “Os resultados são muito bons e estamos orgulhosos.”

Também presente no evento, o ex-ministro da Fazenda e então presidente do Banco Central durante a implementação do Real, Pedro Malan, disse que, enquanto se comemora os 30 anos do plano, o Brasil ainda tem “muito que caminhar” em outras frentes. Ele citou a necessidade de responder o porquê de o Brasil crescer tão pouco, ter uma má distribuição de renda e o fato de “ser tão difícil” fazer reformas no País.

Congresso atual

Num exercício sobre qual seria a dificuldade de aprovar nos dias atuais o Plano Real, o economista Edmar Bacha avaliou que a URV, a unidade de conta que antecedeu a moeda, teria maior facilidade de ser aprovada com os partidos do centrão do Congresso, mais inclinados à direita do espectro político do que o PMDB da época do plano. Com isso, talvez não fosse necessário indexar os salários por um ano, entende Bacha.

Por outro lado, pondera o economista, seria mais complicado realizar os cortes de 20% das despesas obrigatórias, uma condição para o lançamento do Plano Real, se a transformação monetária tivesse que ser negociada com o bloco de partidos que comanda atualmente o Legislativo.

Bacha comentou que a empreitada deu certo porque conseguiu deixar a hiperinflação para “a história”. Apesar disso, ele reconheceu que o plano não foi seguido por um crescimento acelerado da economia. “Não veio porque poucos países do mundo conseguiram fazer a ultrapassagem da armadilha da renda média”, declarou.

O processo de implementação do Plano Real é algo “não repetível”, afirmou nesta segunda-feira, 24, o economista Persio Arida, um dos idealizadores do plano e ex-presidente do Banco Central. Ele destacou que a implementação do Real só aconteceu porque o então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, conseguiu aliar, ao mesmo tempo, capacidade política e intelectual.

“São duas capacidades que não costumam coincidir”, frisou o economista, em evento da Fundação FHC sobre os 30 anos do Plano Real. O encontro contou também com a participação dos economistas Armínio Fraga, Edmar Bacha, Gustavo Franco e Pedro Malan. O evento teve transmissão pela internet nesta segunda.

Mais cedo, Fernando Henrique Cardoso se encontrou, em sua casa, com Malan, Arida e Gustavo Franco. A imagem foi divulgada pela assessoria da Fundação FHC. O ex-presidente, que completou 93 anos na terça-feira, 18, também recebeu nesta segunda o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O encontro, que durou cerca de 35 minutos, ocorreu fora da agenda oficial do petista e, segundo a assessoria do Palácio do Planalto, foi de caráter privado.

“É difícil imaginar um ministro da Fazenda que consiga, ao mesmo tempo, convencer o presidente da República que tinha ideias muito diferentes e próprias, todas erradas, diga-se de passagem”, disse Arida em referência ao então presidente, Itamar Franco.

Ex-presidente Fernando Henrique Cardoso durante encontro com os economistas que participaram do Plano Real Persio Arida, Pedro Malan e Gustavo Franco Foto: Vinicius Doti/Fundacao FHC

Arida destacou a habilidade política de FHC de negociar a aprovação do Real com o PFL, que segundo ele era “mal visto” por uma ala significativa do PSDB. “Mas ele fez a aliança em prol da construção de uma base”, disse Arida, acrescentando ainda que, mesmo tendo sua formação política ligada à esquerda, FHC optou por montar sua equipe na Fazenda com economistas de carreira e “liberais da PUC-RJ”.

O economista ainda destacou que o plano Real não foi uma ideia isolada e sim fruto de um trabalho coletivo, após muitos anos de debates e conversas entre economistas, principalmente na academia.

Motor da estabilização

Para Arida, a democracia foi o “verdadeiro motor” da consolidação e estabilização do real até hoje. Ele argumentou que as eleições penalizam governantes que não tratam com responsabilidade a inflação, problema que, ressaltou, mais afeta a população.

Ao relembrar dos primeiros anos do real, o economista disse que a eleição de FHC trouxe uma “enorme confiança” de que, se necessário, o então presidente agiria para salvar a moeda que lançou como ministro da Fazenda.

No evento, Armínio Fraga, que também foi presidente do BC, colocou a dimensão social, além da democracia, ao explicar a estabilização monetária promovida pelo real. “A âncora é o social, e é o que me permite ter alguma esperança de que possam ser evitadas mudanças que possam vir aí no Banco Central. Senão, todos serão penalizados”, disse.

No encontro dos formuladores do Plano Real, Gustavo Franco destacou os resultados da moeda que completa três décadas. Ele lembrou que quando o real foi concebido, o Brasil vinha de 15 anos seguidos de inflação média de 16% ao mês. “É o tipo de experiência que estávamos combatendo naquele momento, com tudo que ela fez para estragar a vida econômica”, assinalou Franco, que também foi presidente do BC e hoje é sócio da Rio Bravo Investimentos.

No último mês do modelo monetário anterior, a inflação estava em 9.785% ao ano, porém caiu para 33% já no primeiro ano do real, lembrou Gustavo Franco. Em 30 meses, já estava abaixo de 5% ao ano, indo para 1,6% em 1998. “Um número que confrontado com os de hoje soa muito bem. Quando tivemos 1,6% de inflação neste País? Talvez na República Velha, no Império”, afirmou. “Os resultados são muito bons e estamos orgulhosos.”

Também presente no evento, o ex-ministro da Fazenda e então presidente do Banco Central durante a implementação do Real, Pedro Malan, disse que, enquanto se comemora os 30 anos do plano, o Brasil ainda tem “muito que caminhar” em outras frentes. Ele citou a necessidade de responder o porquê de o Brasil crescer tão pouco, ter uma má distribuição de renda e o fato de “ser tão difícil” fazer reformas no País.

Congresso atual

Num exercício sobre qual seria a dificuldade de aprovar nos dias atuais o Plano Real, o economista Edmar Bacha avaliou que a URV, a unidade de conta que antecedeu a moeda, teria maior facilidade de ser aprovada com os partidos do centrão do Congresso, mais inclinados à direita do espectro político do que o PMDB da época do plano. Com isso, talvez não fosse necessário indexar os salários por um ano, entende Bacha.

Por outro lado, pondera o economista, seria mais complicado realizar os cortes de 20% das despesas obrigatórias, uma condição para o lançamento do Plano Real, se a transformação monetária tivesse que ser negociada com o bloco de partidos que comanda atualmente o Legislativo.

Bacha comentou que a empreitada deu certo porque conseguiu deixar a hiperinflação para “a história”. Apesar disso, ele reconheceu que o plano não foi seguido por um crescimento acelerado da economia. “Não veio porque poucos países do mundo conseguiram fazer a ultrapassagem da armadilha da renda média”, declarou.

O processo de implementação do Plano Real é algo “não repetível”, afirmou nesta segunda-feira, 24, o economista Persio Arida, um dos idealizadores do plano e ex-presidente do Banco Central. Ele destacou que a implementação do Real só aconteceu porque o então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, conseguiu aliar, ao mesmo tempo, capacidade política e intelectual.

“São duas capacidades que não costumam coincidir”, frisou o economista, em evento da Fundação FHC sobre os 30 anos do Plano Real. O encontro contou também com a participação dos economistas Armínio Fraga, Edmar Bacha, Gustavo Franco e Pedro Malan. O evento teve transmissão pela internet nesta segunda.

Mais cedo, Fernando Henrique Cardoso se encontrou, em sua casa, com Malan, Arida e Gustavo Franco. A imagem foi divulgada pela assessoria da Fundação FHC. O ex-presidente, que completou 93 anos na terça-feira, 18, também recebeu nesta segunda o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O encontro, que durou cerca de 35 minutos, ocorreu fora da agenda oficial do petista e, segundo a assessoria do Palácio do Planalto, foi de caráter privado.

“É difícil imaginar um ministro da Fazenda que consiga, ao mesmo tempo, convencer o presidente da República que tinha ideias muito diferentes e próprias, todas erradas, diga-se de passagem”, disse Arida em referência ao então presidente, Itamar Franco.

Ex-presidente Fernando Henrique Cardoso durante encontro com os economistas que participaram do Plano Real Persio Arida, Pedro Malan e Gustavo Franco Foto: Vinicius Doti/Fundacao FHC

Arida destacou a habilidade política de FHC de negociar a aprovação do Real com o PFL, que segundo ele era “mal visto” por uma ala significativa do PSDB. “Mas ele fez a aliança em prol da construção de uma base”, disse Arida, acrescentando ainda que, mesmo tendo sua formação política ligada à esquerda, FHC optou por montar sua equipe na Fazenda com economistas de carreira e “liberais da PUC-RJ”.

O economista ainda destacou que o plano Real não foi uma ideia isolada e sim fruto de um trabalho coletivo, após muitos anos de debates e conversas entre economistas, principalmente na academia.

Motor da estabilização

Para Arida, a democracia foi o “verdadeiro motor” da consolidação e estabilização do real até hoje. Ele argumentou que as eleições penalizam governantes que não tratam com responsabilidade a inflação, problema que, ressaltou, mais afeta a população.

Ao relembrar dos primeiros anos do real, o economista disse que a eleição de FHC trouxe uma “enorme confiança” de que, se necessário, o então presidente agiria para salvar a moeda que lançou como ministro da Fazenda.

No evento, Armínio Fraga, que também foi presidente do BC, colocou a dimensão social, além da democracia, ao explicar a estabilização monetária promovida pelo real. “A âncora é o social, e é o que me permite ter alguma esperança de que possam ser evitadas mudanças que possam vir aí no Banco Central. Senão, todos serão penalizados”, disse.

No encontro dos formuladores do Plano Real, Gustavo Franco destacou os resultados da moeda que completa três décadas. Ele lembrou que quando o real foi concebido, o Brasil vinha de 15 anos seguidos de inflação média de 16% ao mês. “É o tipo de experiência que estávamos combatendo naquele momento, com tudo que ela fez para estragar a vida econômica”, assinalou Franco, que também foi presidente do BC e hoje é sócio da Rio Bravo Investimentos.

No último mês do modelo monetário anterior, a inflação estava em 9.785% ao ano, porém caiu para 33% já no primeiro ano do real, lembrou Gustavo Franco. Em 30 meses, já estava abaixo de 5% ao ano, indo para 1,6% em 1998. “Um número que confrontado com os de hoje soa muito bem. Quando tivemos 1,6% de inflação neste País? Talvez na República Velha, no Império”, afirmou. “Os resultados são muito bons e estamos orgulhosos.”

Também presente no evento, o ex-ministro da Fazenda e então presidente do Banco Central durante a implementação do Real, Pedro Malan, disse que, enquanto se comemora os 30 anos do plano, o Brasil ainda tem “muito que caminhar” em outras frentes. Ele citou a necessidade de responder o porquê de o Brasil crescer tão pouco, ter uma má distribuição de renda e o fato de “ser tão difícil” fazer reformas no País.

Congresso atual

Num exercício sobre qual seria a dificuldade de aprovar nos dias atuais o Plano Real, o economista Edmar Bacha avaliou que a URV, a unidade de conta que antecedeu a moeda, teria maior facilidade de ser aprovada com os partidos do centrão do Congresso, mais inclinados à direita do espectro político do que o PMDB da época do plano. Com isso, talvez não fosse necessário indexar os salários por um ano, entende Bacha.

Por outro lado, pondera o economista, seria mais complicado realizar os cortes de 20% das despesas obrigatórias, uma condição para o lançamento do Plano Real, se a transformação monetária tivesse que ser negociada com o bloco de partidos que comanda atualmente o Legislativo.

Bacha comentou que a empreitada deu certo porque conseguiu deixar a hiperinflação para “a história”. Apesar disso, ele reconheceu que o plano não foi seguido por um crescimento acelerado da economia. “Não veio porque poucos países do mundo conseguiram fazer a ultrapassagem da armadilha da renda média”, declarou.

O processo de implementação do Plano Real é algo “não repetível”, afirmou nesta segunda-feira, 24, o economista Persio Arida, um dos idealizadores do plano e ex-presidente do Banco Central. Ele destacou que a implementação do Real só aconteceu porque o então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, conseguiu aliar, ao mesmo tempo, capacidade política e intelectual.

“São duas capacidades que não costumam coincidir”, frisou o economista, em evento da Fundação FHC sobre os 30 anos do Plano Real. O encontro contou também com a participação dos economistas Armínio Fraga, Edmar Bacha, Gustavo Franco e Pedro Malan. O evento teve transmissão pela internet nesta segunda.

Mais cedo, Fernando Henrique Cardoso se encontrou, em sua casa, com Malan, Arida e Gustavo Franco. A imagem foi divulgada pela assessoria da Fundação FHC. O ex-presidente, que completou 93 anos na terça-feira, 18, também recebeu nesta segunda o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O encontro, que durou cerca de 35 minutos, ocorreu fora da agenda oficial do petista e, segundo a assessoria do Palácio do Planalto, foi de caráter privado.

“É difícil imaginar um ministro da Fazenda que consiga, ao mesmo tempo, convencer o presidente da República que tinha ideias muito diferentes e próprias, todas erradas, diga-se de passagem”, disse Arida em referência ao então presidente, Itamar Franco.

Ex-presidente Fernando Henrique Cardoso durante encontro com os economistas que participaram do Plano Real Persio Arida, Pedro Malan e Gustavo Franco Foto: Vinicius Doti/Fundacao FHC

Arida destacou a habilidade política de FHC de negociar a aprovação do Real com o PFL, que segundo ele era “mal visto” por uma ala significativa do PSDB. “Mas ele fez a aliança em prol da construção de uma base”, disse Arida, acrescentando ainda que, mesmo tendo sua formação política ligada à esquerda, FHC optou por montar sua equipe na Fazenda com economistas de carreira e “liberais da PUC-RJ”.

O economista ainda destacou que o plano Real não foi uma ideia isolada e sim fruto de um trabalho coletivo, após muitos anos de debates e conversas entre economistas, principalmente na academia.

Motor da estabilização

Para Arida, a democracia foi o “verdadeiro motor” da consolidação e estabilização do real até hoje. Ele argumentou que as eleições penalizam governantes que não tratam com responsabilidade a inflação, problema que, ressaltou, mais afeta a população.

Ao relembrar dos primeiros anos do real, o economista disse que a eleição de FHC trouxe uma “enorme confiança” de que, se necessário, o então presidente agiria para salvar a moeda que lançou como ministro da Fazenda.

No evento, Armínio Fraga, que também foi presidente do BC, colocou a dimensão social, além da democracia, ao explicar a estabilização monetária promovida pelo real. “A âncora é o social, e é o que me permite ter alguma esperança de que possam ser evitadas mudanças que possam vir aí no Banco Central. Senão, todos serão penalizados”, disse.

No encontro dos formuladores do Plano Real, Gustavo Franco destacou os resultados da moeda que completa três décadas. Ele lembrou que quando o real foi concebido, o Brasil vinha de 15 anos seguidos de inflação média de 16% ao mês. “É o tipo de experiência que estávamos combatendo naquele momento, com tudo que ela fez para estragar a vida econômica”, assinalou Franco, que também foi presidente do BC e hoje é sócio da Rio Bravo Investimentos.

No último mês do modelo monetário anterior, a inflação estava em 9.785% ao ano, porém caiu para 33% já no primeiro ano do real, lembrou Gustavo Franco. Em 30 meses, já estava abaixo de 5% ao ano, indo para 1,6% em 1998. “Um número que confrontado com os de hoje soa muito bem. Quando tivemos 1,6% de inflação neste País? Talvez na República Velha, no Império”, afirmou. “Os resultados são muito bons e estamos orgulhosos.”

Também presente no evento, o ex-ministro da Fazenda e então presidente do Banco Central durante a implementação do Real, Pedro Malan, disse que, enquanto se comemora os 30 anos do plano, o Brasil ainda tem “muito que caminhar” em outras frentes. Ele citou a necessidade de responder o porquê de o Brasil crescer tão pouco, ter uma má distribuição de renda e o fato de “ser tão difícil” fazer reformas no País.

Congresso atual

Num exercício sobre qual seria a dificuldade de aprovar nos dias atuais o Plano Real, o economista Edmar Bacha avaliou que a URV, a unidade de conta que antecedeu a moeda, teria maior facilidade de ser aprovada com os partidos do centrão do Congresso, mais inclinados à direita do espectro político do que o PMDB da época do plano. Com isso, talvez não fosse necessário indexar os salários por um ano, entende Bacha.

Por outro lado, pondera o economista, seria mais complicado realizar os cortes de 20% das despesas obrigatórias, uma condição para o lançamento do Plano Real, se a transformação monetária tivesse que ser negociada com o bloco de partidos que comanda atualmente o Legislativo.

Bacha comentou que a empreitada deu certo porque conseguiu deixar a hiperinflação para “a história”. Apesar disso, ele reconheceu que o plano não foi seguido por um crescimento acelerado da economia. “Não veio porque poucos países do mundo conseguiram fazer a ultrapassagem da armadilha da renda média”, declarou.

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