RIO - A taxa de desemprego no País caiu de 7,9% no trimestre móvel encerrado em julho para 7,8% no trimestre terminado em agosto, menor resultado desde fevereiro de 2015. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados nesta sexta-feira, 29, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“O mercado de trabalho segue dando suporte ao consumo das famílias e mantém a resiliência do setor de serviços”, avaliou João Savignon, chefe de pesquisa macroeconômica da gestora de recursos Kínitro Capital, em comentário.
Em apenas um trimestre, mais 1,254 milhão de pessoas passaram a trabalhar, somando 99,653 milhões de trabalhadores ocupados no País. Ao mesmo tempo, 528 mil brasileiros deixaram o desemprego. A população desempregada desceu a 8,416 milhões, menor patamar desde 2015. O total de inativos também diminuiu no trimestre, menos 347 mil pessoas nessa condição, totalizando 66,789 milhões fora da força de trabalho.
A melhora no desemprego é explicada tanto pela sazonalidade favorável quanto pelo dinamismo da atividade econômica, avaliou Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE. O retorno do comportamento do mercado de trabalho ao padrão do pré-pandemia tem influência na evolução positiva vista ao longo do ano, mas houve contribuição também do crescimento econômico.
“Um contexto macroeconômico favorável rebate positivamente no mercado de trabalho”, lembrou Beringuy. “A gente tem observado que essa queda de desocupação está relacionada a um processo de expansão do número de trabalhadores em diversas atividades”, disse ela.
Nove das dez atividades econômicas registraram contratações no trimestre encerrado em agosto ante o trimestre terminado em maio, embora na maioria dos casos a variação não seja considerada estatisticamente significativa, ou seja, ficou dentro da margem de erro da pesquisa. A ampliação de vagas no trimestre ocorreu em: alojamento e alimentação (mais 119 mil contratações), informação, comunicação e atividades financeiras, profissionais e administrativas (275 mil), administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (422 mil), construção (27 mil), outros serviços (51 mil), comércio (189 mil), serviços domésticos (164 mil), agricultura (61 mil) e transporte e armazenagem (72 mil). O único setor com demissões foi a indústria, 114 mil vagas a menos.
Massa salarial recorde
A massa de salários em circulação na economia aumentou em R$ 15,162 bilhões no período de um ano, para o nível recorde de R$ 288,946 bilhões, uma alta de 5,5% no trimestre encerrado em agosto de 2023 ante o trimestre terminado em agosto de 2022.
“Isso indica mais uma vez que o PIB (Produto Interno Bruto) deste ano deve avançar de maneira mais significativa”, opinou o economista André Perfeito, em comentário. “Mantemos por ora nossa projeção de PIB em 3% para 2023, mas podemos revisar facilmente para 3,5% caso outros indicadores corroborem para o bom momento. Para 2024 mantemos a projeção de 2% para o PIB.”
Na comparação com o trimestre terminado em maio, a massa de renda real subiu 2,4% no trimestre terminado em agosto, R$ 6,827 bilhões a mais.
“Essa massa cresce fundamentalmente porque tem mais gente trabalhando”, afirmou Adriana Beringuy.
O rendimento médio dos trabalhadores ocupados teve uma alta real de 1,1% na comparação com o trimestre até maio, R$ 33 a mais, já descontada a inflação do período, subindo para R$ 2.947. Em relação a um ano antes, a renda média real de todos os trabalhadores ocupados teve elevação de 4,6%, R$ 129 a mais.
Beringuy lembra que houve expansão da população ocupada em segmentos que, de modo geral, costumam ter rendimentos maiores, como informação e comunicação. Além disso, a abertura de vagas no setor público e com carteira assinada no setor privado, com vínculos formais, também tem ajudado no aumento na renda média do trabalho.
“São fatores que contribuem para que na base da ocupação estejam trabalhadores com rendimentos maiores”, concluiu Beringuy.