Nas palavras de Rogério Zampronha, CEO da Prumo Logística, o Porto do Açu, no litoral norte do Rio de Janeiro, “é o porto da transição energética do Brasil”. A estratégia que move o empreendimento, prestes a completar 10 anos de operação e que, no ano passado, movimentou 85 milhões de toneladas, está toda voltada para a aceleração da descarbonização das cadeias de valor, principalmente das indústrias da área siderúrgica, química, fertilizantes e cimenteira, responsáveis por aproximadamente 90% das emissões mundiais de gases de efeito estufa.
Na sua apresentação no Prumo Day 2024, realizado pela primeira vez em São Paulo, Zampronha mostrou como a energia renovável e o desenvolvimento do hidrogênio de baixo carbono serão pilares da industrialização do porto, baseada em negócios sustentáveis. “Continuamos avançando com novos contratos firmados com empresas de porte mundial, sobretudo em transição energética, agronegócio e industrialização de baixo carbono, que são os focos do nosso grupo para os próximos anos”, afirma o CEO da Prumo Logística, grupo econômico multinegócio responsável pelo desenvolvimento estratégico do Porto do Açu. A companhia é controlada pela EIG, investidor institucional dos setores globais de energia e infraestrutura, e pela Mubadala Investment Company, investidor de Abu Dabi, que aloca capital em diversos segmentos.
“A transição, cada vez mais, pressupõe uma caminhada que depende das cadeias estabelecidas pelas indústrias instaladas há muito tempo e são intensivas em carbono, como as de petróleo e gás. Por exemplo, hoje, a mesma cadeia que suporta a exploração de petróleo em alto-mar é usada para a construção, manutenção e operação de eólicas offshore. De cada nove tipos de embarcações usadas para a energia eólica em alto-mar, seis já estão disponíveis na maior base de apoio offshore no mundo, que fica no Porto do Açu.”
As pontes construídas entre investidores e clientes são reais, segundo o CEO do grupo. E, além disso, as condições para o consumo industrial também estão dadas. “Temos muita disponibilidade de gás natural liquefeito. Há um navio, por exemplo, que regaseifica gás liquefeito que tem a mesma capacidade do gasoduto Brasil-Bolívia, ou seja, 28 milhões de metros cúbicos/dia de gás.”
A combinação presente hoje no Porto do Açu envolve, além do gás natural e da energia renovável, água para uso industrial. “E também conseguimos, recentemente, a inédita licença prévia do primeiro hub de hidrogênio de baixo carbono no porto. São 1 milhão de metros quadrados que facilitam às empresas começarem a instalar suas indústrias no porto.”
Ficha técnica do porto
- Inauguração: 2014
- Área: 130 km quadrados
- Terminais: 11
- Investimento: R$ 20 bilhões (executados) + R$ 22 bilhões (próximos 10 anos)
- Tipo: 100% privado
- Infraestrutura: Agronegócio (fertilizantes e grãos), eólica offshore, hub de hidrogênio/amônia
- Número: 40% da exportação de petróleo sai pelo Açu
- Movimentação: 84,6 milhões de toneladas em 2023 (crescimento de 27% em relação ao ano anterior)
No horizonte, a amônia verde
No recém-licenciado hub de hidrogênio de baixo carbono, o primeiro contrato de reserva de área é para uma futura usina de amônia. A assinatura, realizada no dia 12 de agosto, ocorreu entre Prumo, Porto do Açu Operações, uma das seis afiliadas do grupo, e a norueguesa Fuella AS, desenvolvedora e operadora de usinas de hidrogênio verde e amônia. A empresa nórdica tem como um dos investidores a Allianz Capital Partners, do grupo Allianz, da Alemanha.
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O memorando de entendimento acertado entre as partes visa à implementação de uma planta de amônia verde de até 520 MW, que serão obtidos com a eletrólise da água. O potencial é de 400 mil toneladas por ano de produção, que poderá ser escoada tanto para o Brasil quanto para outras partes do mundo pelo Porto do Açu.
Milhões de tartarugas ganham o mar
O maior fragmento remanescente de restinga em área privada do Brasil, segundo o Porto do Açu, está sob seus domínios. E faz parte da Reserva Caruara, uma unidade de conservação do tipo RPPN, Reserva Particular do Patrimônio Natural. Criada de forma voluntária em 2012, abriga o Programa de Monitoramento de Tartarugas Marinhas que já liberou mais de 1,3 milhão de filhotes da espécie Caretta caretta (tartaruga-cabeçuda) no Atlântico. As tartarugas são monitoradas e mapeadas desde a desova até o nascimento dos filhotes. O projeto possui parceria com o Projeto Tamar, que instalou uma sede de reabilitação e preservação na área da reserva
A Reserva Caruara inaugurou em 2012 um centro de visitação, que visa potencializar o turismo sustentável, os serviços ambientais e a educação e a pesquisa científica.