Preços de alimentos aliviam inflação da baixa renda, mas ainda estão 50% acima do pré-covid


Cálculos do Ibre/FGV feitos a pedido do ‘Estadão/Broadcast’ mostram as diferenças de impacto do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) sobre as camadas da população

Por Daniela Amorim

RIO - Os alimentos deram uma trégua na inflação percebida pelas famílias de baixa renda em julho, movimento que pode se repetir em agosto, com uma ajuda do clima mais favorável às lavouras. No entanto, remarcações de preços anteriores ainda pesam no orçamento familiar. Os itens alimentícios estão atualmente 50% mais caros do que os brasileiros pagavam no pré-pandemia de covid-19, mostram cálculos do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) feitos a pedido do Estadão/Broadcast.

Em julho deste ano, a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da FGV acumulava uma alta de 27,18% ante o patamar de janeiro de 2020, no pré-pandemia. Os gêneros alimentícios subiram 50,53% no período. O custo das hortaliças e legumes mais que dobrou: alta de 104,65%. A mistura favorita dos brasileiros, o arroz e feijão, subiu 86,67%. As frutas ficaram 75,99% mais caras, e os óleos e gorduras, 71,06%.

Já a alimentação fora de casa, que é um serviço, não registrou aumento real, ficando abaixo da inflação geral, ressaltou André Braz, coordenador dos Índices de Preços do Ibre/FGV. Os alimentos consumidos fora de casa tiveram elevação de preços de 26,65% ante o pré-pandemia, abaixo do resultado do IPC no período.

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“Os gêneros alimentícios subiram quase o dobro da inflação pelo IPC/FGV”, pontuou Braz. “Os alimentos in natura foram os que mais subiram, portanto, é natural que estejam caindo mais neste momento. Apesar das quedas atuais, o consumidor não sente alívio no orçamento. A renda dele avança na velocidade do IPC, mas os supermercados subiram quase o dobro.”

O coordenador do Ibre/FGV aponta sucessivos choques de oferta como responsáveis pela alta acumulada nos alimentos nesses últimos anos, entre eles a demanda maior durante a pandemia, a crise hídrica de 2021 e a guerra da Rússia na Ucrânia em 2022.

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No mês de julho de 2024, dentro do IPC da FGV, os preços do grupo Alimentação recuaram 1,06%, com destaque para a queda de 11,72% nas hortaliças e legumes.

“A inflação de alimentos, desde 2020, subiu muito mais do que a inflação média, e isso tem a ver com os eventos que vêm se acumulando. Então esse efeito de mais curto prazo é bem-vindo, claro, de alguma forma o preço está caindo, mas ele não apaga o que os alimentos subiram nos últimos quatro anos, desde 2020″, reforçou Braz.

Já a inflação no varejo apurada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), verificou uma queda de 1,00% no custo da Alimentação e bebidas em julho. Os alimentos para consumo em casa ficaram 1,51% mais baratos no mês.

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Em julho, graças à redução no custo dos alimentos, as famílias de renda mais baixa perceberam uma inflação mais branda do que a média nacional Foto: Tiago Queiroz/Estadão

“É sazonal, porque está acontecendo em cima daqueles alimentos in natura, tanto ao produtor quanto ao consumidor”, afirmou Braz. “Batata, cenoura, cebolas, enfim, só coisas que a gente compra em hortifruti e feira livre. Dá para ver que boa parte da deflação está muito concentrada nesse grupo, até porque foram justamente os que subiram mais em 2024, no início do ano, período em que normalmente a oferta deles é fraca. A oferta deles é fraca no verão, onde eles sobem muito de preço, e é mais forte agora no inverno, quando o clima ajuda mais a produção. É em cima desses itens que a devolução (de altas anteriores) está acontecendo”, justificou.

A inflação pelo IPCA foi de 0,38% em julho. Graças à redução no custo dos alimentos, as famílias de renda mais baixa perceberam uma inflação mais branda do que a média nacional no período: de 0,09%, com contribuição de -0,31 ponto porcentual do grupo Alimentação e bebidas.

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Nos 12 meses encerrados em julho, as famílias mais pobres também sentiram um aumento de preços na economia abaixo dos 4,50% apurados pelo IPCA. Porém, nessa perspectiva de mais longo prazo, o encarecimento dos alimentos respondeu por 30% de toda a inflação de 4,05% absorvida pelas famílias de renda muito baixa no período, uma contribuição de 0,88 ponto porcentual. Os cálculos são do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Aumento acima da inflação

“Teve os eventos climáticos, teve alguns problemas do Rio Grande do Sul, tudo acabou afetando. A gente já imaginava que 2024 não seria um ano tão bom quanto foi 2023 por conta da supersafra, que não seria um ano de comportamento de alimentos tão bom com o ano passado. A gente esperava no começo do ano uma inflação de alimentos, mas um pouco mais confortável do que aquela que de fato aconteceu. No primeiro semestre, teve de fato uma alta acima da prevista, e muito por conta de efeito climático”, apontou Maria Andreia Parente Lameiras, técnica de Planejamento e Pesquisa do Ipea.

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De janeiro a julho de 2024, os alimentos aumentaram 3,65%, acima da inflação geral de 2,87% apurada pelo IPCA no período. O Ipea calcula que, como resultado, o grupo alimentação e bebidas tenha respondido por cerca de 40% do aumento de 2,96% na cesta de consumo das famílias de renda muito baixa neste ano, uma contribuição de 1,11 ponto porcentual.

O Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda calcula a inflação percebida por seis diferentes grupos de renda familiar, através das variações de preços medidas pelo IPCA. Os grupos vão desde uma renda familiar menor que R$ 2.105,99 por mês, no caso da faixa com renda muito baixa, até uma renda mensal familiar acima de R$ 21.059,92, no caso da renda mais alta.

RIO - Os alimentos deram uma trégua na inflação percebida pelas famílias de baixa renda em julho, movimento que pode se repetir em agosto, com uma ajuda do clima mais favorável às lavouras. No entanto, remarcações de preços anteriores ainda pesam no orçamento familiar. Os itens alimentícios estão atualmente 50% mais caros do que os brasileiros pagavam no pré-pandemia de covid-19, mostram cálculos do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) feitos a pedido do Estadão/Broadcast.

Em julho deste ano, a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da FGV acumulava uma alta de 27,18% ante o patamar de janeiro de 2020, no pré-pandemia. Os gêneros alimentícios subiram 50,53% no período. O custo das hortaliças e legumes mais que dobrou: alta de 104,65%. A mistura favorita dos brasileiros, o arroz e feijão, subiu 86,67%. As frutas ficaram 75,99% mais caras, e os óleos e gorduras, 71,06%.

Já a alimentação fora de casa, que é um serviço, não registrou aumento real, ficando abaixo da inflação geral, ressaltou André Braz, coordenador dos Índices de Preços do Ibre/FGV. Os alimentos consumidos fora de casa tiveram elevação de preços de 26,65% ante o pré-pandemia, abaixo do resultado do IPC no período.

“Os gêneros alimentícios subiram quase o dobro da inflação pelo IPC/FGV”, pontuou Braz. “Os alimentos in natura foram os que mais subiram, portanto, é natural que estejam caindo mais neste momento. Apesar das quedas atuais, o consumidor não sente alívio no orçamento. A renda dele avança na velocidade do IPC, mas os supermercados subiram quase o dobro.”

O coordenador do Ibre/FGV aponta sucessivos choques de oferta como responsáveis pela alta acumulada nos alimentos nesses últimos anos, entre eles a demanda maior durante a pandemia, a crise hídrica de 2021 e a guerra da Rússia na Ucrânia em 2022.

No mês de julho de 2024, dentro do IPC da FGV, os preços do grupo Alimentação recuaram 1,06%, com destaque para a queda de 11,72% nas hortaliças e legumes.

“A inflação de alimentos, desde 2020, subiu muito mais do que a inflação média, e isso tem a ver com os eventos que vêm se acumulando. Então esse efeito de mais curto prazo é bem-vindo, claro, de alguma forma o preço está caindo, mas ele não apaga o que os alimentos subiram nos últimos quatro anos, desde 2020″, reforçou Braz.

Já a inflação no varejo apurada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), verificou uma queda de 1,00% no custo da Alimentação e bebidas em julho. Os alimentos para consumo em casa ficaram 1,51% mais baratos no mês.

Em julho, graças à redução no custo dos alimentos, as famílias de renda mais baixa perceberam uma inflação mais branda do que a média nacional Foto: Tiago Queiroz/Estadão

“É sazonal, porque está acontecendo em cima daqueles alimentos in natura, tanto ao produtor quanto ao consumidor”, afirmou Braz. “Batata, cenoura, cebolas, enfim, só coisas que a gente compra em hortifruti e feira livre. Dá para ver que boa parte da deflação está muito concentrada nesse grupo, até porque foram justamente os que subiram mais em 2024, no início do ano, período em que normalmente a oferta deles é fraca. A oferta deles é fraca no verão, onde eles sobem muito de preço, e é mais forte agora no inverno, quando o clima ajuda mais a produção. É em cima desses itens que a devolução (de altas anteriores) está acontecendo”, justificou.

A inflação pelo IPCA foi de 0,38% em julho. Graças à redução no custo dos alimentos, as famílias de renda mais baixa perceberam uma inflação mais branda do que a média nacional no período: de 0,09%, com contribuição de -0,31 ponto porcentual do grupo Alimentação e bebidas.

Nos 12 meses encerrados em julho, as famílias mais pobres também sentiram um aumento de preços na economia abaixo dos 4,50% apurados pelo IPCA. Porém, nessa perspectiva de mais longo prazo, o encarecimento dos alimentos respondeu por 30% de toda a inflação de 4,05% absorvida pelas famílias de renda muito baixa no período, uma contribuição de 0,88 ponto porcentual. Os cálculos são do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Aumento acima da inflação

“Teve os eventos climáticos, teve alguns problemas do Rio Grande do Sul, tudo acabou afetando. A gente já imaginava que 2024 não seria um ano tão bom quanto foi 2023 por conta da supersafra, que não seria um ano de comportamento de alimentos tão bom com o ano passado. A gente esperava no começo do ano uma inflação de alimentos, mas um pouco mais confortável do que aquela que de fato aconteceu. No primeiro semestre, teve de fato uma alta acima da prevista, e muito por conta de efeito climático”, apontou Maria Andreia Parente Lameiras, técnica de Planejamento e Pesquisa do Ipea.

De janeiro a julho de 2024, os alimentos aumentaram 3,65%, acima da inflação geral de 2,87% apurada pelo IPCA no período. O Ipea calcula que, como resultado, o grupo alimentação e bebidas tenha respondido por cerca de 40% do aumento de 2,96% na cesta de consumo das famílias de renda muito baixa neste ano, uma contribuição de 1,11 ponto porcentual.

O Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda calcula a inflação percebida por seis diferentes grupos de renda familiar, através das variações de preços medidas pelo IPCA. Os grupos vão desde uma renda familiar menor que R$ 2.105,99 por mês, no caso da faixa com renda muito baixa, até uma renda mensal familiar acima de R$ 21.059,92, no caso da renda mais alta.

RIO - Os alimentos deram uma trégua na inflação percebida pelas famílias de baixa renda em julho, movimento que pode se repetir em agosto, com uma ajuda do clima mais favorável às lavouras. No entanto, remarcações de preços anteriores ainda pesam no orçamento familiar. Os itens alimentícios estão atualmente 50% mais caros do que os brasileiros pagavam no pré-pandemia de covid-19, mostram cálculos do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) feitos a pedido do Estadão/Broadcast.

Em julho deste ano, a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da FGV acumulava uma alta de 27,18% ante o patamar de janeiro de 2020, no pré-pandemia. Os gêneros alimentícios subiram 50,53% no período. O custo das hortaliças e legumes mais que dobrou: alta de 104,65%. A mistura favorita dos brasileiros, o arroz e feijão, subiu 86,67%. As frutas ficaram 75,99% mais caras, e os óleos e gorduras, 71,06%.

Já a alimentação fora de casa, que é um serviço, não registrou aumento real, ficando abaixo da inflação geral, ressaltou André Braz, coordenador dos Índices de Preços do Ibre/FGV. Os alimentos consumidos fora de casa tiveram elevação de preços de 26,65% ante o pré-pandemia, abaixo do resultado do IPC no período.

“Os gêneros alimentícios subiram quase o dobro da inflação pelo IPC/FGV”, pontuou Braz. “Os alimentos in natura foram os que mais subiram, portanto, é natural que estejam caindo mais neste momento. Apesar das quedas atuais, o consumidor não sente alívio no orçamento. A renda dele avança na velocidade do IPC, mas os supermercados subiram quase o dobro.”

O coordenador do Ibre/FGV aponta sucessivos choques de oferta como responsáveis pela alta acumulada nos alimentos nesses últimos anos, entre eles a demanda maior durante a pandemia, a crise hídrica de 2021 e a guerra da Rússia na Ucrânia em 2022.

No mês de julho de 2024, dentro do IPC da FGV, os preços do grupo Alimentação recuaram 1,06%, com destaque para a queda de 11,72% nas hortaliças e legumes.

“A inflação de alimentos, desde 2020, subiu muito mais do que a inflação média, e isso tem a ver com os eventos que vêm se acumulando. Então esse efeito de mais curto prazo é bem-vindo, claro, de alguma forma o preço está caindo, mas ele não apaga o que os alimentos subiram nos últimos quatro anos, desde 2020″, reforçou Braz.

Já a inflação no varejo apurada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), verificou uma queda de 1,00% no custo da Alimentação e bebidas em julho. Os alimentos para consumo em casa ficaram 1,51% mais baratos no mês.

Em julho, graças à redução no custo dos alimentos, as famílias de renda mais baixa perceberam uma inflação mais branda do que a média nacional Foto: Tiago Queiroz/Estadão

“É sazonal, porque está acontecendo em cima daqueles alimentos in natura, tanto ao produtor quanto ao consumidor”, afirmou Braz. “Batata, cenoura, cebolas, enfim, só coisas que a gente compra em hortifruti e feira livre. Dá para ver que boa parte da deflação está muito concentrada nesse grupo, até porque foram justamente os que subiram mais em 2024, no início do ano, período em que normalmente a oferta deles é fraca. A oferta deles é fraca no verão, onde eles sobem muito de preço, e é mais forte agora no inverno, quando o clima ajuda mais a produção. É em cima desses itens que a devolução (de altas anteriores) está acontecendo”, justificou.

A inflação pelo IPCA foi de 0,38% em julho. Graças à redução no custo dos alimentos, as famílias de renda mais baixa perceberam uma inflação mais branda do que a média nacional no período: de 0,09%, com contribuição de -0,31 ponto porcentual do grupo Alimentação e bebidas.

Nos 12 meses encerrados em julho, as famílias mais pobres também sentiram um aumento de preços na economia abaixo dos 4,50% apurados pelo IPCA. Porém, nessa perspectiva de mais longo prazo, o encarecimento dos alimentos respondeu por 30% de toda a inflação de 4,05% absorvida pelas famílias de renda muito baixa no período, uma contribuição de 0,88 ponto porcentual. Os cálculos são do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Aumento acima da inflação

“Teve os eventos climáticos, teve alguns problemas do Rio Grande do Sul, tudo acabou afetando. A gente já imaginava que 2024 não seria um ano tão bom quanto foi 2023 por conta da supersafra, que não seria um ano de comportamento de alimentos tão bom com o ano passado. A gente esperava no começo do ano uma inflação de alimentos, mas um pouco mais confortável do que aquela que de fato aconteceu. No primeiro semestre, teve de fato uma alta acima da prevista, e muito por conta de efeito climático”, apontou Maria Andreia Parente Lameiras, técnica de Planejamento e Pesquisa do Ipea.

De janeiro a julho de 2024, os alimentos aumentaram 3,65%, acima da inflação geral de 2,87% apurada pelo IPCA no período. O Ipea calcula que, como resultado, o grupo alimentação e bebidas tenha respondido por cerca de 40% do aumento de 2,96% na cesta de consumo das famílias de renda muito baixa neste ano, uma contribuição de 1,11 ponto porcentual.

O Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda calcula a inflação percebida por seis diferentes grupos de renda familiar, através das variações de preços medidas pelo IPCA. Os grupos vão desde uma renda familiar menor que R$ 2.105,99 por mês, no caso da faixa com renda muito baixa, até uma renda mensal familiar acima de R$ 21.059,92, no caso da renda mais alta.

RIO - Os alimentos deram uma trégua na inflação percebida pelas famílias de baixa renda em julho, movimento que pode se repetir em agosto, com uma ajuda do clima mais favorável às lavouras. No entanto, remarcações de preços anteriores ainda pesam no orçamento familiar. Os itens alimentícios estão atualmente 50% mais caros do que os brasileiros pagavam no pré-pandemia de covid-19, mostram cálculos do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) feitos a pedido do Estadão/Broadcast.

Em julho deste ano, a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da FGV acumulava uma alta de 27,18% ante o patamar de janeiro de 2020, no pré-pandemia. Os gêneros alimentícios subiram 50,53% no período. O custo das hortaliças e legumes mais que dobrou: alta de 104,65%. A mistura favorita dos brasileiros, o arroz e feijão, subiu 86,67%. As frutas ficaram 75,99% mais caras, e os óleos e gorduras, 71,06%.

Já a alimentação fora de casa, que é um serviço, não registrou aumento real, ficando abaixo da inflação geral, ressaltou André Braz, coordenador dos Índices de Preços do Ibre/FGV. Os alimentos consumidos fora de casa tiveram elevação de preços de 26,65% ante o pré-pandemia, abaixo do resultado do IPC no período.

“Os gêneros alimentícios subiram quase o dobro da inflação pelo IPC/FGV”, pontuou Braz. “Os alimentos in natura foram os que mais subiram, portanto, é natural que estejam caindo mais neste momento. Apesar das quedas atuais, o consumidor não sente alívio no orçamento. A renda dele avança na velocidade do IPC, mas os supermercados subiram quase o dobro.”

O coordenador do Ibre/FGV aponta sucessivos choques de oferta como responsáveis pela alta acumulada nos alimentos nesses últimos anos, entre eles a demanda maior durante a pandemia, a crise hídrica de 2021 e a guerra da Rússia na Ucrânia em 2022.

No mês de julho de 2024, dentro do IPC da FGV, os preços do grupo Alimentação recuaram 1,06%, com destaque para a queda de 11,72% nas hortaliças e legumes.

“A inflação de alimentos, desde 2020, subiu muito mais do que a inflação média, e isso tem a ver com os eventos que vêm se acumulando. Então esse efeito de mais curto prazo é bem-vindo, claro, de alguma forma o preço está caindo, mas ele não apaga o que os alimentos subiram nos últimos quatro anos, desde 2020″, reforçou Braz.

Já a inflação no varejo apurada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), verificou uma queda de 1,00% no custo da Alimentação e bebidas em julho. Os alimentos para consumo em casa ficaram 1,51% mais baratos no mês.

Em julho, graças à redução no custo dos alimentos, as famílias de renda mais baixa perceberam uma inflação mais branda do que a média nacional Foto: Tiago Queiroz/Estadão

“É sazonal, porque está acontecendo em cima daqueles alimentos in natura, tanto ao produtor quanto ao consumidor”, afirmou Braz. “Batata, cenoura, cebolas, enfim, só coisas que a gente compra em hortifruti e feira livre. Dá para ver que boa parte da deflação está muito concentrada nesse grupo, até porque foram justamente os que subiram mais em 2024, no início do ano, período em que normalmente a oferta deles é fraca. A oferta deles é fraca no verão, onde eles sobem muito de preço, e é mais forte agora no inverno, quando o clima ajuda mais a produção. É em cima desses itens que a devolução (de altas anteriores) está acontecendo”, justificou.

A inflação pelo IPCA foi de 0,38% em julho. Graças à redução no custo dos alimentos, as famílias de renda mais baixa perceberam uma inflação mais branda do que a média nacional no período: de 0,09%, com contribuição de -0,31 ponto porcentual do grupo Alimentação e bebidas.

Nos 12 meses encerrados em julho, as famílias mais pobres também sentiram um aumento de preços na economia abaixo dos 4,50% apurados pelo IPCA. Porém, nessa perspectiva de mais longo prazo, o encarecimento dos alimentos respondeu por 30% de toda a inflação de 4,05% absorvida pelas famílias de renda muito baixa no período, uma contribuição de 0,88 ponto porcentual. Os cálculos são do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Aumento acima da inflação

“Teve os eventos climáticos, teve alguns problemas do Rio Grande do Sul, tudo acabou afetando. A gente já imaginava que 2024 não seria um ano tão bom quanto foi 2023 por conta da supersafra, que não seria um ano de comportamento de alimentos tão bom com o ano passado. A gente esperava no começo do ano uma inflação de alimentos, mas um pouco mais confortável do que aquela que de fato aconteceu. No primeiro semestre, teve de fato uma alta acima da prevista, e muito por conta de efeito climático”, apontou Maria Andreia Parente Lameiras, técnica de Planejamento e Pesquisa do Ipea.

De janeiro a julho de 2024, os alimentos aumentaram 3,65%, acima da inflação geral de 2,87% apurada pelo IPCA no período. O Ipea calcula que, como resultado, o grupo alimentação e bebidas tenha respondido por cerca de 40% do aumento de 2,96% na cesta de consumo das famílias de renda muito baixa neste ano, uma contribuição de 1,11 ponto porcentual.

O Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda calcula a inflação percebida por seis diferentes grupos de renda familiar, através das variações de preços medidas pelo IPCA. Os grupos vão desde uma renda familiar menor que R$ 2.105,99 por mês, no caso da faixa com renda muito baixa, até uma renda mensal familiar acima de R$ 21.059,92, no caso da renda mais alta.

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