Presidente interino do IBGE faz campanha para manter comando do órgão; PT quer emplacar Pochmann


Cimar Azeredo, que tem a confiança da ministra Simone Tebet, tem se movimentado para manter o cargo, enquanto o partido do presidente Lula quer colocar economista criticado por liberais

Por Mariana Carneiro
Atualização:

BRASÍLIA – O presidente interino do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Cimar Azeredo, tem feito campanha nos bastidores para se manter no cargo, em meio a um fogo cruzado no governo pelo comando do órgão. A troca era prevista pelo Ministério do Planejamento e Orçamento, ao qual o IBGE é vinculado, mas foi congelada após o PT iniciar um movimento para tentar emplacar o economista Márcio Pochmann na presidência do instituto.

O comando do IBGE está indefinido desde o início do ano e, só agora, segundo relatos, a ministra da pasta, Simone Tebet, começou a sondar nomes. O intuito da ministra era que a substituição de Azeredo ocorresse apenas após a finalização do Censo demográfico. A pesquisa de campo foi dada como concluída em 1º de março e a primeira divulgação dos números ocorreu no fim de junho.

PT tenta emplacar economista Marcio Pochmann na presidência do IBGE. Foto: Nilton Fukuda/Estadao
continua após a publicidade

Azeredo, porém, tem se movimentado para ficar. Desde o início do ano, foi a Brasília 13 vezes e, na próxima semana, vai reunir pela segunda vez neste ano, na capital, representantes do órgão que trabalham nas unidades do IBGE dispersas pelo País. Esses encontros costumam ocorrer na sede do órgão, no Rio.

Além de aparecer ao lado dos integrantes da corporação, Azeredo também deslocou duas importantes divulgações do Censo do Rio para Brasília. A primeira delas, sobre a população quilombola, está prevista para esta quinta-feira, 27, com a presença da ministra Anielle Franco (Igualdade Racial). A segunda, sobre população indígena, ainda está sem data fechada em razão da agenda de autoridades e está prevista para o dia 3 de agosto.

Com essa atuação, o pesquisador ganhou a confiança da equipe de Tebet, que avalia de maneira positiva o seu trabalho no órgão, mas mantém o plano de trocá-lo.

continua após a publicidade

Cimar Azeredo ascendeu ao cargo de presidente após chegar à diretoria de pesquisas na gestão de Eduardo Rios Neto, no governo Jair Bolsonaro. Na posição, ele comandou a elaboração do Censo, que foi atrasado, teve orçamento drasticamente reduzido e sofreu diversos percalços até a sua conclusão neste ano.

A principal pesquisa do IBGE deveria ter ido a campo em 2020, mas foi impedida pela pandemia da covid-19. No ano seguinte, em razão de cortes orçamentários, o Censo tampouco foi realizado e só saiu do papel após o Supremo Tribunal Federal (STF) ordenar que o então ministro da Economia, Paulo Guedes, reservasse recursos para a pesquisa ser feita em 2022.

continua após a publicidade

No ano passado, a coleta de informações acabou atrasada em meio à forte polarização política e por falhas na organização – os recenseadores chegaram a fazer greve e muitos pediram demissão. O resultado, então esperado para o fim do ano, foi adiado para janeiro de 2023 e, depois, para março.

Apesar das adversidades, o IBGE sempre informou que não houve impacto nos resultados. Mas a prévia do Censo, enviada ao Tribunal de Contas da União (TCUA) em dezembro, apontou para um encolhimento da população em quase 900 cidades, o que provocou corte nos repasses federais para os municípios. Prefeitos recorreram ao STF e conseguiram que a prévia não fosse aplicada neste ano.

Em junho, porém, o IBGE confirmou que a população havia crescido menos do que esperavam os demógrafos e, em razão das dificuldades enfrentadas no Censo, especialistas criticaram a pesquisa.

continua após a publicidade

Um integrante do governo Lula, que é do PT, afirma sob reserva que esse histórico depõe contra Cimar Azeredo e, por isso, a indicação de Marcio Pochmann “faz muito sentido”.

O argumento é de que o petista, que foi presidente da Fundação Perseu Abramo, ligada ao partido, tem sólida formação acadêmica e comandou o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) nos governos Lula e Dilma (2007-2012).

‘Terraplanista econômico’

continua após a publicidade

Conforme mostrou a colunista Malu Gaspar, em O Globo, a indicação provocou calafrios na equipe de Tebet, que almejava indicar um nome técnico para o cargo. O time do Planejamento avalia que o IBGE, por gerenciar 3,9 mil servidores espalhados pelo País e ser referência em demografia e estatística, precisa ser comandado por alguém com notório saber na área, o que não faz parte do currículo de Pochmann.

A indicação também foi amplamente criticada por economistas liberais nas redes sociais, como Elena Landau, responsável pelo programa econômico da campanha de Tebet à presidência. “Alerta é pouco para o mal que ele fará no IBGE, como fez no Ipea”, escreveu Landau no Twitter. “Pochmann vai colocar a credibilidade do IBGE em perigo, é capaz de inventar metodologias para PIB subir e inflação cair.” Pochmann também foi chamado de “terraplanista econômico” nas redes sociais.

Funcionários do IBGE afirmam, sob reserva, temer que o petista provoque mais danos ao órgão, já ferido pelos problemas do Censo, e lembram que o economista conduziu um forte aparelhamento do Ipea no período em que comandou a instituição.

continua após a publicidade

O IBGE não comentou até o fechamento desta reportagem, assim como Pochmann.

À noite, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PT-PR) declarou apoio ao economista e disse estar “na torcida” pela sua escolha.

BRASÍLIA – O presidente interino do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Cimar Azeredo, tem feito campanha nos bastidores para se manter no cargo, em meio a um fogo cruzado no governo pelo comando do órgão. A troca era prevista pelo Ministério do Planejamento e Orçamento, ao qual o IBGE é vinculado, mas foi congelada após o PT iniciar um movimento para tentar emplacar o economista Márcio Pochmann na presidência do instituto.

O comando do IBGE está indefinido desde o início do ano e, só agora, segundo relatos, a ministra da pasta, Simone Tebet, começou a sondar nomes. O intuito da ministra era que a substituição de Azeredo ocorresse apenas após a finalização do Censo demográfico. A pesquisa de campo foi dada como concluída em 1º de março e a primeira divulgação dos números ocorreu no fim de junho.

PT tenta emplacar economista Marcio Pochmann na presidência do IBGE. Foto: Nilton Fukuda/Estadao

Azeredo, porém, tem se movimentado para ficar. Desde o início do ano, foi a Brasília 13 vezes e, na próxima semana, vai reunir pela segunda vez neste ano, na capital, representantes do órgão que trabalham nas unidades do IBGE dispersas pelo País. Esses encontros costumam ocorrer na sede do órgão, no Rio.

Além de aparecer ao lado dos integrantes da corporação, Azeredo também deslocou duas importantes divulgações do Censo do Rio para Brasília. A primeira delas, sobre a população quilombola, está prevista para esta quinta-feira, 27, com a presença da ministra Anielle Franco (Igualdade Racial). A segunda, sobre população indígena, ainda está sem data fechada em razão da agenda de autoridades e está prevista para o dia 3 de agosto.

Com essa atuação, o pesquisador ganhou a confiança da equipe de Tebet, que avalia de maneira positiva o seu trabalho no órgão, mas mantém o plano de trocá-lo.

Cimar Azeredo ascendeu ao cargo de presidente após chegar à diretoria de pesquisas na gestão de Eduardo Rios Neto, no governo Jair Bolsonaro. Na posição, ele comandou a elaboração do Censo, que foi atrasado, teve orçamento drasticamente reduzido e sofreu diversos percalços até a sua conclusão neste ano.

A principal pesquisa do IBGE deveria ter ido a campo em 2020, mas foi impedida pela pandemia da covid-19. No ano seguinte, em razão de cortes orçamentários, o Censo tampouco foi realizado e só saiu do papel após o Supremo Tribunal Federal (STF) ordenar que o então ministro da Economia, Paulo Guedes, reservasse recursos para a pesquisa ser feita em 2022.

No ano passado, a coleta de informações acabou atrasada em meio à forte polarização política e por falhas na organização – os recenseadores chegaram a fazer greve e muitos pediram demissão. O resultado, então esperado para o fim do ano, foi adiado para janeiro de 2023 e, depois, para março.

Apesar das adversidades, o IBGE sempre informou que não houve impacto nos resultados. Mas a prévia do Censo, enviada ao Tribunal de Contas da União (TCUA) em dezembro, apontou para um encolhimento da população em quase 900 cidades, o que provocou corte nos repasses federais para os municípios. Prefeitos recorreram ao STF e conseguiram que a prévia não fosse aplicada neste ano.

Em junho, porém, o IBGE confirmou que a população havia crescido menos do que esperavam os demógrafos e, em razão das dificuldades enfrentadas no Censo, especialistas criticaram a pesquisa.

Um integrante do governo Lula, que é do PT, afirma sob reserva que esse histórico depõe contra Cimar Azeredo e, por isso, a indicação de Marcio Pochmann “faz muito sentido”.

O argumento é de que o petista, que foi presidente da Fundação Perseu Abramo, ligada ao partido, tem sólida formação acadêmica e comandou o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) nos governos Lula e Dilma (2007-2012).

‘Terraplanista econômico’

Conforme mostrou a colunista Malu Gaspar, em O Globo, a indicação provocou calafrios na equipe de Tebet, que almejava indicar um nome técnico para o cargo. O time do Planejamento avalia que o IBGE, por gerenciar 3,9 mil servidores espalhados pelo País e ser referência em demografia e estatística, precisa ser comandado por alguém com notório saber na área, o que não faz parte do currículo de Pochmann.

A indicação também foi amplamente criticada por economistas liberais nas redes sociais, como Elena Landau, responsável pelo programa econômico da campanha de Tebet à presidência. “Alerta é pouco para o mal que ele fará no IBGE, como fez no Ipea”, escreveu Landau no Twitter. “Pochmann vai colocar a credibilidade do IBGE em perigo, é capaz de inventar metodologias para PIB subir e inflação cair.” Pochmann também foi chamado de “terraplanista econômico” nas redes sociais.

Funcionários do IBGE afirmam, sob reserva, temer que o petista provoque mais danos ao órgão, já ferido pelos problemas do Censo, e lembram que o economista conduziu um forte aparelhamento do Ipea no período em que comandou a instituição.

O IBGE não comentou até o fechamento desta reportagem, assim como Pochmann.

À noite, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PT-PR) declarou apoio ao economista e disse estar “na torcida” pela sua escolha.

BRASÍLIA – O presidente interino do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Cimar Azeredo, tem feito campanha nos bastidores para se manter no cargo, em meio a um fogo cruzado no governo pelo comando do órgão. A troca era prevista pelo Ministério do Planejamento e Orçamento, ao qual o IBGE é vinculado, mas foi congelada após o PT iniciar um movimento para tentar emplacar o economista Márcio Pochmann na presidência do instituto.

O comando do IBGE está indefinido desde o início do ano e, só agora, segundo relatos, a ministra da pasta, Simone Tebet, começou a sondar nomes. O intuito da ministra era que a substituição de Azeredo ocorresse apenas após a finalização do Censo demográfico. A pesquisa de campo foi dada como concluída em 1º de março e a primeira divulgação dos números ocorreu no fim de junho.

PT tenta emplacar economista Marcio Pochmann na presidência do IBGE. Foto: Nilton Fukuda/Estadao

Azeredo, porém, tem se movimentado para ficar. Desde o início do ano, foi a Brasília 13 vezes e, na próxima semana, vai reunir pela segunda vez neste ano, na capital, representantes do órgão que trabalham nas unidades do IBGE dispersas pelo País. Esses encontros costumam ocorrer na sede do órgão, no Rio.

Além de aparecer ao lado dos integrantes da corporação, Azeredo também deslocou duas importantes divulgações do Censo do Rio para Brasília. A primeira delas, sobre a população quilombola, está prevista para esta quinta-feira, 27, com a presença da ministra Anielle Franco (Igualdade Racial). A segunda, sobre população indígena, ainda está sem data fechada em razão da agenda de autoridades e está prevista para o dia 3 de agosto.

Com essa atuação, o pesquisador ganhou a confiança da equipe de Tebet, que avalia de maneira positiva o seu trabalho no órgão, mas mantém o plano de trocá-lo.

Cimar Azeredo ascendeu ao cargo de presidente após chegar à diretoria de pesquisas na gestão de Eduardo Rios Neto, no governo Jair Bolsonaro. Na posição, ele comandou a elaboração do Censo, que foi atrasado, teve orçamento drasticamente reduzido e sofreu diversos percalços até a sua conclusão neste ano.

A principal pesquisa do IBGE deveria ter ido a campo em 2020, mas foi impedida pela pandemia da covid-19. No ano seguinte, em razão de cortes orçamentários, o Censo tampouco foi realizado e só saiu do papel após o Supremo Tribunal Federal (STF) ordenar que o então ministro da Economia, Paulo Guedes, reservasse recursos para a pesquisa ser feita em 2022.

No ano passado, a coleta de informações acabou atrasada em meio à forte polarização política e por falhas na organização – os recenseadores chegaram a fazer greve e muitos pediram demissão. O resultado, então esperado para o fim do ano, foi adiado para janeiro de 2023 e, depois, para março.

Apesar das adversidades, o IBGE sempre informou que não houve impacto nos resultados. Mas a prévia do Censo, enviada ao Tribunal de Contas da União (TCUA) em dezembro, apontou para um encolhimento da população em quase 900 cidades, o que provocou corte nos repasses federais para os municípios. Prefeitos recorreram ao STF e conseguiram que a prévia não fosse aplicada neste ano.

Em junho, porém, o IBGE confirmou que a população havia crescido menos do que esperavam os demógrafos e, em razão das dificuldades enfrentadas no Censo, especialistas criticaram a pesquisa.

Um integrante do governo Lula, que é do PT, afirma sob reserva que esse histórico depõe contra Cimar Azeredo e, por isso, a indicação de Marcio Pochmann “faz muito sentido”.

O argumento é de que o petista, que foi presidente da Fundação Perseu Abramo, ligada ao partido, tem sólida formação acadêmica e comandou o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) nos governos Lula e Dilma (2007-2012).

‘Terraplanista econômico’

Conforme mostrou a colunista Malu Gaspar, em O Globo, a indicação provocou calafrios na equipe de Tebet, que almejava indicar um nome técnico para o cargo. O time do Planejamento avalia que o IBGE, por gerenciar 3,9 mil servidores espalhados pelo País e ser referência em demografia e estatística, precisa ser comandado por alguém com notório saber na área, o que não faz parte do currículo de Pochmann.

A indicação também foi amplamente criticada por economistas liberais nas redes sociais, como Elena Landau, responsável pelo programa econômico da campanha de Tebet à presidência. “Alerta é pouco para o mal que ele fará no IBGE, como fez no Ipea”, escreveu Landau no Twitter. “Pochmann vai colocar a credibilidade do IBGE em perigo, é capaz de inventar metodologias para PIB subir e inflação cair.” Pochmann também foi chamado de “terraplanista econômico” nas redes sociais.

Funcionários do IBGE afirmam, sob reserva, temer que o petista provoque mais danos ao órgão, já ferido pelos problemas do Censo, e lembram que o economista conduziu um forte aparelhamento do Ipea no período em que comandou a instituição.

O IBGE não comentou até o fechamento desta reportagem, assim como Pochmann.

À noite, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PT-PR) declarou apoio ao economista e disse estar “na torcida” pela sua escolha.

BRASÍLIA – O presidente interino do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Cimar Azeredo, tem feito campanha nos bastidores para se manter no cargo, em meio a um fogo cruzado no governo pelo comando do órgão. A troca era prevista pelo Ministério do Planejamento e Orçamento, ao qual o IBGE é vinculado, mas foi congelada após o PT iniciar um movimento para tentar emplacar o economista Márcio Pochmann na presidência do instituto.

O comando do IBGE está indefinido desde o início do ano e, só agora, segundo relatos, a ministra da pasta, Simone Tebet, começou a sondar nomes. O intuito da ministra era que a substituição de Azeredo ocorresse apenas após a finalização do Censo demográfico. A pesquisa de campo foi dada como concluída em 1º de março e a primeira divulgação dos números ocorreu no fim de junho.

PT tenta emplacar economista Marcio Pochmann na presidência do IBGE. Foto: Nilton Fukuda/Estadao

Azeredo, porém, tem se movimentado para ficar. Desde o início do ano, foi a Brasília 13 vezes e, na próxima semana, vai reunir pela segunda vez neste ano, na capital, representantes do órgão que trabalham nas unidades do IBGE dispersas pelo País. Esses encontros costumam ocorrer na sede do órgão, no Rio.

Além de aparecer ao lado dos integrantes da corporação, Azeredo também deslocou duas importantes divulgações do Censo do Rio para Brasília. A primeira delas, sobre a população quilombola, está prevista para esta quinta-feira, 27, com a presença da ministra Anielle Franco (Igualdade Racial). A segunda, sobre população indígena, ainda está sem data fechada em razão da agenda de autoridades e está prevista para o dia 3 de agosto.

Com essa atuação, o pesquisador ganhou a confiança da equipe de Tebet, que avalia de maneira positiva o seu trabalho no órgão, mas mantém o plano de trocá-lo.

Cimar Azeredo ascendeu ao cargo de presidente após chegar à diretoria de pesquisas na gestão de Eduardo Rios Neto, no governo Jair Bolsonaro. Na posição, ele comandou a elaboração do Censo, que foi atrasado, teve orçamento drasticamente reduzido e sofreu diversos percalços até a sua conclusão neste ano.

A principal pesquisa do IBGE deveria ter ido a campo em 2020, mas foi impedida pela pandemia da covid-19. No ano seguinte, em razão de cortes orçamentários, o Censo tampouco foi realizado e só saiu do papel após o Supremo Tribunal Federal (STF) ordenar que o então ministro da Economia, Paulo Guedes, reservasse recursos para a pesquisa ser feita em 2022.

No ano passado, a coleta de informações acabou atrasada em meio à forte polarização política e por falhas na organização – os recenseadores chegaram a fazer greve e muitos pediram demissão. O resultado, então esperado para o fim do ano, foi adiado para janeiro de 2023 e, depois, para março.

Apesar das adversidades, o IBGE sempre informou que não houve impacto nos resultados. Mas a prévia do Censo, enviada ao Tribunal de Contas da União (TCUA) em dezembro, apontou para um encolhimento da população em quase 900 cidades, o que provocou corte nos repasses federais para os municípios. Prefeitos recorreram ao STF e conseguiram que a prévia não fosse aplicada neste ano.

Em junho, porém, o IBGE confirmou que a população havia crescido menos do que esperavam os demógrafos e, em razão das dificuldades enfrentadas no Censo, especialistas criticaram a pesquisa.

Um integrante do governo Lula, que é do PT, afirma sob reserva que esse histórico depõe contra Cimar Azeredo e, por isso, a indicação de Marcio Pochmann “faz muito sentido”.

O argumento é de que o petista, que foi presidente da Fundação Perseu Abramo, ligada ao partido, tem sólida formação acadêmica e comandou o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) nos governos Lula e Dilma (2007-2012).

‘Terraplanista econômico’

Conforme mostrou a colunista Malu Gaspar, em O Globo, a indicação provocou calafrios na equipe de Tebet, que almejava indicar um nome técnico para o cargo. O time do Planejamento avalia que o IBGE, por gerenciar 3,9 mil servidores espalhados pelo País e ser referência em demografia e estatística, precisa ser comandado por alguém com notório saber na área, o que não faz parte do currículo de Pochmann.

A indicação também foi amplamente criticada por economistas liberais nas redes sociais, como Elena Landau, responsável pelo programa econômico da campanha de Tebet à presidência. “Alerta é pouco para o mal que ele fará no IBGE, como fez no Ipea”, escreveu Landau no Twitter. “Pochmann vai colocar a credibilidade do IBGE em perigo, é capaz de inventar metodologias para PIB subir e inflação cair.” Pochmann também foi chamado de “terraplanista econômico” nas redes sociais.

Funcionários do IBGE afirmam, sob reserva, temer que o petista provoque mais danos ao órgão, já ferido pelos problemas do Censo, e lembram que o economista conduziu um forte aparelhamento do Ipea no período em que comandou a instituição.

O IBGE não comentou até o fechamento desta reportagem, assim como Pochmann.

À noite, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PT-PR) declarou apoio ao economista e disse estar “na torcida” pela sua escolha.

BRASÍLIA – O presidente interino do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Cimar Azeredo, tem feito campanha nos bastidores para se manter no cargo, em meio a um fogo cruzado no governo pelo comando do órgão. A troca era prevista pelo Ministério do Planejamento e Orçamento, ao qual o IBGE é vinculado, mas foi congelada após o PT iniciar um movimento para tentar emplacar o economista Márcio Pochmann na presidência do instituto.

O comando do IBGE está indefinido desde o início do ano e, só agora, segundo relatos, a ministra da pasta, Simone Tebet, começou a sondar nomes. O intuito da ministra era que a substituição de Azeredo ocorresse apenas após a finalização do Censo demográfico. A pesquisa de campo foi dada como concluída em 1º de março e a primeira divulgação dos números ocorreu no fim de junho.

PT tenta emplacar economista Marcio Pochmann na presidência do IBGE. Foto: Nilton Fukuda/Estadao

Azeredo, porém, tem se movimentado para ficar. Desde o início do ano, foi a Brasília 13 vezes e, na próxima semana, vai reunir pela segunda vez neste ano, na capital, representantes do órgão que trabalham nas unidades do IBGE dispersas pelo País. Esses encontros costumam ocorrer na sede do órgão, no Rio.

Além de aparecer ao lado dos integrantes da corporação, Azeredo também deslocou duas importantes divulgações do Censo do Rio para Brasília. A primeira delas, sobre a população quilombola, está prevista para esta quinta-feira, 27, com a presença da ministra Anielle Franco (Igualdade Racial). A segunda, sobre população indígena, ainda está sem data fechada em razão da agenda de autoridades e está prevista para o dia 3 de agosto.

Com essa atuação, o pesquisador ganhou a confiança da equipe de Tebet, que avalia de maneira positiva o seu trabalho no órgão, mas mantém o plano de trocá-lo.

Cimar Azeredo ascendeu ao cargo de presidente após chegar à diretoria de pesquisas na gestão de Eduardo Rios Neto, no governo Jair Bolsonaro. Na posição, ele comandou a elaboração do Censo, que foi atrasado, teve orçamento drasticamente reduzido e sofreu diversos percalços até a sua conclusão neste ano.

A principal pesquisa do IBGE deveria ter ido a campo em 2020, mas foi impedida pela pandemia da covid-19. No ano seguinte, em razão de cortes orçamentários, o Censo tampouco foi realizado e só saiu do papel após o Supremo Tribunal Federal (STF) ordenar que o então ministro da Economia, Paulo Guedes, reservasse recursos para a pesquisa ser feita em 2022.

No ano passado, a coleta de informações acabou atrasada em meio à forte polarização política e por falhas na organização – os recenseadores chegaram a fazer greve e muitos pediram demissão. O resultado, então esperado para o fim do ano, foi adiado para janeiro de 2023 e, depois, para março.

Apesar das adversidades, o IBGE sempre informou que não houve impacto nos resultados. Mas a prévia do Censo, enviada ao Tribunal de Contas da União (TCUA) em dezembro, apontou para um encolhimento da população em quase 900 cidades, o que provocou corte nos repasses federais para os municípios. Prefeitos recorreram ao STF e conseguiram que a prévia não fosse aplicada neste ano.

Em junho, porém, o IBGE confirmou que a população havia crescido menos do que esperavam os demógrafos e, em razão das dificuldades enfrentadas no Censo, especialistas criticaram a pesquisa.

Um integrante do governo Lula, que é do PT, afirma sob reserva que esse histórico depõe contra Cimar Azeredo e, por isso, a indicação de Marcio Pochmann “faz muito sentido”.

O argumento é de que o petista, que foi presidente da Fundação Perseu Abramo, ligada ao partido, tem sólida formação acadêmica e comandou o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) nos governos Lula e Dilma (2007-2012).

‘Terraplanista econômico’

Conforme mostrou a colunista Malu Gaspar, em O Globo, a indicação provocou calafrios na equipe de Tebet, que almejava indicar um nome técnico para o cargo. O time do Planejamento avalia que o IBGE, por gerenciar 3,9 mil servidores espalhados pelo País e ser referência em demografia e estatística, precisa ser comandado por alguém com notório saber na área, o que não faz parte do currículo de Pochmann.

A indicação também foi amplamente criticada por economistas liberais nas redes sociais, como Elena Landau, responsável pelo programa econômico da campanha de Tebet à presidência. “Alerta é pouco para o mal que ele fará no IBGE, como fez no Ipea”, escreveu Landau no Twitter. “Pochmann vai colocar a credibilidade do IBGE em perigo, é capaz de inventar metodologias para PIB subir e inflação cair.” Pochmann também foi chamado de “terraplanista econômico” nas redes sociais.

Funcionários do IBGE afirmam, sob reserva, temer que o petista provoque mais danos ao órgão, já ferido pelos problemas do Censo, e lembram que o economista conduziu um forte aparelhamento do Ipea no período em que comandou a instituição.

O IBGE não comentou até o fechamento desta reportagem, assim como Pochmann.

À noite, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PT-PR) declarou apoio ao economista e disse estar “na torcida” pela sua escolha.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.