IPCA-15 de março é o maior para o mês desde 2015


Prévia da inflação oficial, índice acumula alta de 10,79% no acumulado de 12 meses

Por Daniela Amorim

RIO - Turbinada pelo encarecimento dos alimentos, a prévia da inflação oficial no País se manteve pressionada em março. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15) registrou alta de 0,95%, resultado mais elevado para o mês desde 2015, informou nesta sexta-feira, 25, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Embora já acentuada, a prévia da inflação ainda nem absorveu integralmente o megarreajuste de combustíveis nas refinarias anunciado neste mês pela Petrobras. Mesmo assim, a taxa acumulada pelo IPCA-15 em 12 meses subiu a 10,79%, maior patamar em seis anos, afastando-se ainda mais da meta de 3,50% perseguida pelo Banco Central (BC) em 2022. Após a divulgação, alguns economistas ajustaram suas projeções para o comportamento dos preços no fechamento do mês e do ano. 

Mulher em supermercado de Brasília; IBGE divulgou oIPCA-15 de março Foto: Dida Sampaio/ Estadão - 10/9/2021
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O Banco Original elevou de 1,10% para 1,25% a projeção para o IPCA de março, e a expectativa para a inflação de 2022 subiu de 6,90% para 7,0%. A LCA Consultores aumentou a sua projeção de inflação de 2022 de 6,7% para 7,0%, o que considera um IPCA de 1,26% no fechamento de março.

“Sobre 2022, a guerra Rússia-Ucrânia aumentou a, já existente, frustração com relação à moderação do descasamento das cadeias produtivas globais - com reajustes relevantes de curto prazo em petróleo, minério de ferro e algumas commodities agrícolas -, o que nos fez reavaliar o tamanho do alívio que poderá eventualmente vir do atacado ao longo deste ano”, justificou em relatório o economista Fábio Romão, da LCA Consultores, que espera pressões mais intensas dos preços dos alimentos, através de produtos agropecuários, e dos bens industriais, via alta de custos com combustíveis.

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A gestora de recursos Rio Bravo Investimentos também deve elevar sua estimativa de alta de 1,0% para o IPCA fechado de março.

“A divulgação do índice, dada a surpresa, é ruim como um todo. E o qualitativo acaba enfatizando esse tom negativo”, disse o economista Luca Mercadante, da Rio Bravo. “O BC tem colocado que o pico da inflação vai ser em abril, mas o que temos visto é que ela parece mais persistente ao longo do ano. O IPCA deve começar a arrefecer em maio, mas as pressões ainda são todas altistas”, ponderou.

O cenário inflacionário sugere que o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC deva subir a taxa básica de juros, a Selic, a 13,25% ao ano, com mais duas rodadas de elevações, uma de 1 ponto porcentual e outra de 0,5 ponto porcentual, opinou o economista-chefe da corretora de valores Necton Investimentos, André Perfeito. Ele calcula que a proporção de subitens com aumentos de preços chegou a 75,48% no IPCA-15 de março, “o maior valor desde fevereiro de 2020 pelo menos”, escreveu Perfeito, em relatório.

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Já o C6 Bank prevê que a Selic suba a 12,75% ao ano na reunião do Copom de maio, permanecendo nesse patamar até meados do próximo ano.

“Entre os itens que puxaram para cima a alta de março está a gasolina, que começou a ser pressionada pelo reajuste de 18% anunciado pela Petrobras no último dia 10. O efeito desse aumento será sentido de maneira mais forte nas próximas divulgações”, lembrou a economista Claudia Moreno, do C6 Bank, em nota. “A inflação dos bens industriais também veio acima do previsto, refletindo a ruptura nas cadeias globais de produção provocada pelo coronavírus e agravada pela guerra na Ucrânia. Essa desorganização deve se prolongar por mais um tempo, pressionando os preços de bens industriais”, projetou.

No mês de março, todos os nove grupos de despesas que integram o IPCA-15 tiveram altas de preços. Os gastos das famílias com alimentação e bebidas subiram 1,95%, responsáveis por quase metade da inflação do mês.

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A alimentação consumida no domicílio ficou 2,51% mais cara, impulsionada pelas remarcações de preços em itens impactados por problemas climáticos, como a cenoura (45,65%), tomate (15,46%), frutas (6,34%) e batata-inglesa (11,81%), mas também ovo de galinha (6,53%) e leite longa vida (3,41%). O custo da alimentação fora de casa também subiu: 0,52%.

Nos transportes, o maior impacto partiu da gasolina, com alta de 0,83%. Houve altas também em março nos preços do óleo diesel (4,10%) e do gás veicular (5,89%). O etanol teve uma queda de 4,70%.

Ficaram mais caros ainda os automóveis novos, automóveis usados, ônibus urbano e ônibus intermunicipal. Em habitação, houve pressões da energia elétrica (0,37%) e do gás de botijão (1,29%). O gás também foi reajustado pela Petrobras em 16,06% na mesma data dos demais combustíveis, ou seja, o IPCA-15 do mês absorveu apenas pequena parte o reajuste de 11 de março. O gás encanado também subiu: 2,63%.

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No grupo saúde e cuidados pessoais, a alta de 1,30% em março foi impulsionada pelo aumento nos itens de higiene pessoal e, em particular, dos perfumes, mas também ficaram mais caros os produtos farmacêuticos e os serviços médicos e dentários. O grupo artigos de residência subiu 1,47%, pressionado ainda pelas altas de mobiliário e de eletrodomésticos e equipamentos. / COLABOROU GUILHERME BIANCHINI 

RIO - Turbinada pelo encarecimento dos alimentos, a prévia da inflação oficial no País se manteve pressionada em março. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15) registrou alta de 0,95%, resultado mais elevado para o mês desde 2015, informou nesta sexta-feira, 25, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Embora já acentuada, a prévia da inflação ainda nem absorveu integralmente o megarreajuste de combustíveis nas refinarias anunciado neste mês pela Petrobras. Mesmo assim, a taxa acumulada pelo IPCA-15 em 12 meses subiu a 10,79%, maior patamar em seis anos, afastando-se ainda mais da meta de 3,50% perseguida pelo Banco Central (BC) em 2022. Após a divulgação, alguns economistas ajustaram suas projeções para o comportamento dos preços no fechamento do mês e do ano. 

Mulher em supermercado de Brasília; IBGE divulgou oIPCA-15 de março Foto: Dida Sampaio/ Estadão - 10/9/2021

 

O Banco Original elevou de 1,10% para 1,25% a projeção para o IPCA de março, e a expectativa para a inflação de 2022 subiu de 6,90% para 7,0%. A LCA Consultores aumentou a sua projeção de inflação de 2022 de 6,7% para 7,0%, o que considera um IPCA de 1,26% no fechamento de março.

“Sobre 2022, a guerra Rússia-Ucrânia aumentou a, já existente, frustração com relação à moderação do descasamento das cadeias produtivas globais - com reajustes relevantes de curto prazo em petróleo, minério de ferro e algumas commodities agrícolas -, o que nos fez reavaliar o tamanho do alívio que poderá eventualmente vir do atacado ao longo deste ano”, justificou em relatório o economista Fábio Romão, da LCA Consultores, que espera pressões mais intensas dos preços dos alimentos, através de produtos agropecuários, e dos bens industriais, via alta de custos com combustíveis.

A gestora de recursos Rio Bravo Investimentos também deve elevar sua estimativa de alta de 1,0% para o IPCA fechado de março.

“A divulgação do índice, dada a surpresa, é ruim como um todo. E o qualitativo acaba enfatizando esse tom negativo”, disse o economista Luca Mercadante, da Rio Bravo. “O BC tem colocado que o pico da inflação vai ser em abril, mas o que temos visto é que ela parece mais persistente ao longo do ano. O IPCA deve começar a arrefecer em maio, mas as pressões ainda são todas altistas”, ponderou.

O cenário inflacionário sugere que o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC deva subir a taxa básica de juros, a Selic, a 13,25% ao ano, com mais duas rodadas de elevações, uma de 1 ponto porcentual e outra de 0,5 ponto porcentual, opinou o economista-chefe da corretora de valores Necton Investimentos, André Perfeito. Ele calcula que a proporção de subitens com aumentos de preços chegou a 75,48% no IPCA-15 de março, “o maior valor desde fevereiro de 2020 pelo menos”, escreveu Perfeito, em relatório.

Já o C6 Bank prevê que a Selic suba a 12,75% ao ano na reunião do Copom de maio, permanecendo nesse patamar até meados do próximo ano.

“Entre os itens que puxaram para cima a alta de março está a gasolina, que começou a ser pressionada pelo reajuste de 18% anunciado pela Petrobras no último dia 10. O efeito desse aumento será sentido de maneira mais forte nas próximas divulgações”, lembrou a economista Claudia Moreno, do C6 Bank, em nota. “A inflação dos bens industriais também veio acima do previsto, refletindo a ruptura nas cadeias globais de produção provocada pelo coronavírus e agravada pela guerra na Ucrânia. Essa desorganização deve se prolongar por mais um tempo, pressionando os preços de bens industriais”, projetou.

No mês de março, todos os nove grupos de despesas que integram o IPCA-15 tiveram altas de preços. Os gastos das famílias com alimentação e bebidas subiram 1,95%, responsáveis por quase metade da inflação do mês.

A alimentação consumida no domicílio ficou 2,51% mais cara, impulsionada pelas remarcações de preços em itens impactados por problemas climáticos, como a cenoura (45,65%), tomate (15,46%), frutas (6,34%) e batata-inglesa (11,81%), mas também ovo de galinha (6,53%) e leite longa vida (3,41%). O custo da alimentação fora de casa também subiu: 0,52%.

Nos transportes, o maior impacto partiu da gasolina, com alta de 0,83%. Houve altas também em março nos preços do óleo diesel (4,10%) e do gás veicular (5,89%). O etanol teve uma queda de 4,70%.

Ficaram mais caros ainda os automóveis novos, automóveis usados, ônibus urbano e ônibus intermunicipal. Em habitação, houve pressões da energia elétrica (0,37%) e do gás de botijão (1,29%). O gás também foi reajustado pela Petrobras em 16,06% na mesma data dos demais combustíveis, ou seja, o IPCA-15 do mês absorveu apenas pequena parte o reajuste de 11 de março. O gás encanado também subiu: 2,63%.

No grupo saúde e cuidados pessoais, a alta de 1,30% em março foi impulsionada pelo aumento nos itens de higiene pessoal e, em particular, dos perfumes, mas também ficaram mais caros os produtos farmacêuticos e os serviços médicos e dentários. O grupo artigos de residência subiu 1,47%, pressionado ainda pelas altas de mobiliário e de eletrodomésticos e equipamentos. / COLABOROU GUILHERME BIANCHINI 

RIO - Turbinada pelo encarecimento dos alimentos, a prévia da inflação oficial no País se manteve pressionada em março. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15) registrou alta de 0,95%, resultado mais elevado para o mês desde 2015, informou nesta sexta-feira, 25, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Embora já acentuada, a prévia da inflação ainda nem absorveu integralmente o megarreajuste de combustíveis nas refinarias anunciado neste mês pela Petrobras. Mesmo assim, a taxa acumulada pelo IPCA-15 em 12 meses subiu a 10,79%, maior patamar em seis anos, afastando-se ainda mais da meta de 3,50% perseguida pelo Banco Central (BC) em 2022. Após a divulgação, alguns economistas ajustaram suas projeções para o comportamento dos preços no fechamento do mês e do ano. 

Mulher em supermercado de Brasília; IBGE divulgou oIPCA-15 de março Foto: Dida Sampaio/ Estadão - 10/9/2021

 

O Banco Original elevou de 1,10% para 1,25% a projeção para o IPCA de março, e a expectativa para a inflação de 2022 subiu de 6,90% para 7,0%. A LCA Consultores aumentou a sua projeção de inflação de 2022 de 6,7% para 7,0%, o que considera um IPCA de 1,26% no fechamento de março.

“Sobre 2022, a guerra Rússia-Ucrânia aumentou a, já existente, frustração com relação à moderação do descasamento das cadeias produtivas globais - com reajustes relevantes de curto prazo em petróleo, minério de ferro e algumas commodities agrícolas -, o que nos fez reavaliar o tamanho do alívio que poderá eventualmente vir do atacado ao longo deste ano”, justificou em relatório o economista Fábio Romão, da LCA Consultores, que espera pressões mais intensas dos preços dos alimentos, através de produtos agropecuários, e dos bens industriais, via alta de custos com combustíveis.

A gestora de recursos Rio Bravo Investimentos também deve elevar sua estimativa de alta de 1,0% para o IPCA fechado de março.

“A divulgação do índice, dada a surpresa, é ruim como um todo. E o qualitativo acaba enfatizando esse tom negativo”, disse o economista Luca Mercadante, da Rio Bravo. “O BC tem colocado que o pico da inflação vai ser em abril, mas o que temos visto é que ela parece mais persistente ao longo do ano. O IPCA deve começar a arrefecer em maio, mas as pressões ainda são todas altistas”, ponderou.

O cenário inflacionário sugere que o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC deva subir a taxa básica de juros, a Selic, a 13,25% ao ano, com mais duas rodadas de elevações, uma de 1 ponto porcentual e outra de 0,5 ponto porcentual, opinou o economista-chefe da corretora de valores Necton Investimentos, André Perfeito. Ele calcula que a proporção de subitens com aumentos de preços chegou a 75,48% no IPCA-15 de março, “o maior valor desde fevereiro de 2020 pelo menos”, escreveu Perfeito, em relatório.

Já o C6 Bank prevê que a Selic suba a 12,75% ao ano na reunião do Copom de maio, permanecendo nesse patamar até meados do próximo ano.

“Entre os itens que puxaram para cima a alta de março está a gasolina, que começou a ser pressionada pelo reajuste de 18% anunciado pela Petrobras no último dia 10. O efeito desse aumento será sentido de maneira mais forte nas próximas divulgações”, lembrou a economista Claudia Moreno, do C6 Bank, em nota. “A inflação dos bens industriais também veio acima do previsto, refletindo a ruptura nas cadeias globais de produção provocada pelo coronavírus e agravada pela guerra na Ucrânia. Essa desorganização deve se prolongar por mais um tempo, pressionando os preços de bens industriais”, projetou.

No mês de março, todos os nove grupos de despesas que integram o IPCA-15 tiveram altas de preços. Os gastos das famílias com alimentação e bebidas subiram 1,95%, responsáveis por quase metade da inflação do mês.

A alimentação consumida no domicílio ficou 2,51% mais cara, impulsionada pelas remarcações de preços em itens impactados por problemas climáticos, como a cenoura (45,65%), tomate (15,46%), frutas (6,34%) e batata-inglesa (11,81%), mas também ovo de galinha (6,53%) e leite longa vida (3,41%). O custo da alimentação fora de casa também subiu: 0,52%.

Nos transportes, o maior impacto partiu da gasolina, com alta de 0,83%. Houve altas também em março nos preços do óleo diesel (4,10%) e do gás veicular (5,89%). O etanol teve uma queda de 4,70%.

Ficaram mais caros ainda os automóveis novos, automóveis usados, ônibus urbano e ônibus intermunicipal. Em habitação, houve pressões da energia elétrica (0,37%) e do gás de botijão (1,29%). O gás também foi reajustado pela Petrobras em 16,06% na mesma data dos demais combustíveis, ou seja, o IPCA-15 do mês absorveu apenas pequena parte o reajuste de 11 de março. O gás encanado também subiu: 2,63%.

No grupo saúde e cuidados pessoais, a alta de 1,30% em março foi impulsionada pelo aumento nos itens de higiene pessoal e, em particular, dos perfumes, mas também ficaram mais caros os produtos farmacêuticos e os serviços médicos e dentários. O grupo artigos de residência subiu 1,47%, pressionado ainda pelas altas de mobiliário e de eletrodomésticos e equipamentos. / COLABOROU GUILHERME BIANCHINI 

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