BRASÍLIA - O cenário para a inflação neste e nos próximos anos continuou a piorar no Boletim Focus após questionamentos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à autonomia do Banco Central (BC), ao nível de juros e à meta inflacionária. Pesam ainda os temores fiscais e a surpresa com o IPCA-15 de janeiro, acima da mediana das estimativas do Estadão/Broadcast.
A projeção para o IPCA - índice oficial de inflação - deste ano de acordo com o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 30, saltou de 5,48% para 5,74%. Para 2024, horizonte que fica cada vez mais relevante para a estratégia de convergência à inflação do BC, a projeção também avançou, de 3,84% para 3,90%.
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Atualmente, o foco da política monetária está nos anos de 2023 e de 2024. A mediana na Focus para a inflação oficial em 2023 está bem acima do teto da meta (4,75%), apontando para três anos de descumprimento do mandato principal do Banco Central, após 2021 e 2022. Para 2024, a mediana está acima do centro da meta (3%), mas ainda dentro do intervalo que vai de 1,50% a 4,50%.
No Copom de dezembro, o BC atualizou suas projeções para a inflação com estimativas de 6% em 2022, 5% em 2023 e 3% para 2024. O colegiado manteve a Selic em 13,75% ao ano pela terceira vez seguida.
Estimativas mensais
Os economistas do mercado financeiro elevaram a projeção para a alta do IPCA de janeiro no Boletim Focus após o IPCA-15 do mês. A mediana passou de 0,50% para 0,55%.
Para o IPCA de fevereiro, a estimativa saltou de 0,70% para 0,79%. Já para março, a previsão para o indicador avançou levemente, de 0,57% para 0,58%.