RIO - A produção industrial brasileira fechou o terceiro trimestre com uma expansão de 1,6% em relação ao segundo trimestre deste ano, completando assim quatro trimestres consecutivos de avanço. Em setembro, o crescimento foi de 1,1% em relação a agosto, o melhor desempenho para esse período do ano desde 2020. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal divulgados nesta sexta-feira, 1º, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“O forte aumento da demanda doméstica tem sustentado a recuperação da indústria brasileira. Tanto o consumo das famílias quanto o investimento em ativos fixos cresceram mais do que o esperado em 2024″, resumiu Rodolfo Margato, economista da gestora XP Investimentos, em nota.
O C6 Bank prevê um crescimento de 0,6% no Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, encerrando o ano com uma expansão de 3%, seguida de alta de 1,2% em 2025.
“De modo geral, a indústria teve um crescimento forte no terceiro trimestre e deve contribuir positivamente para a expansão do PIB do período”, lembrou a economista Claudia Moreno, do C6 Bank, em comentário. “Até o terceiro trimestre, a atividade industrial mostrou significativa resiliência. Nossa previsão é de que o setor feche o ano com um crescimento de 3%.”
Embora o setor industrial permaneça 14,1% abaixo do patamar recorde de produção da série histórica, visto em maio de 2011, a leitura atual é de que a indústria mostra um maior dinamismo ao longo de 2024, apontou André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE.
“A gente tem conjunturalmente alguns fatores que vão explicar muito desse maior dinamismo que a gente tem verificado ao longo de 2024, especialmente em relação a 2023″, disse Macedo.
Em setembro de 2024, a produção industrial operava em nível 2,9% acima do nível que encerrou o ano passado, em dezembro de 2023. A explicação para a melhora passa por um mercado com maior incorporação de trabalhadores, taxa de desocupação mais baixa, e massa de salários com crescimento, frisou Macedo. Houve avanço também das condições de crédito e queda na inadimplência, sob a influência da redução dos juros “num passado recente”, enumerou.
Quanto aos próximos meses, Macedo se abstém de fazer previsões, mas confirma que, tradicionalmente, há uma maior produção nesse período do ano, com vistas a encomendas para as datas comemorativas, como Black Friday e Natal.
Onde o crescimento foi maior
Em setembro ante agosto, a alta na produção industrial nacional foi decorrente de avanços em 12 dos 25 ramos pesquisados. As principais influências positivas partiram de derivados do petróleo e biocombustíveis (4,3%) e alimentícios (2,3%), mas também houve contribuições relevantes de veículos (2,5%), fumo (36,5%), metalurgia (2,4%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (3,3%).
Na direção oposta, entre as 12 atividades com perdas, as quedas mais significativas foram de indústrias extrativas (-1,3%) e de produtos químicos (-2,7%).
Leia Também:
Considerando o conjunto da indústria de transformação, a produção registrou uma alta de 1,7% em setembro ante agosto, recuperando-se da perda dos dois meses anteriores.
“A transformação volta ao positivo, interrompendo dois meses de resultados negativos”, disse André Macedo. “Há um saldo positivo para esse setor da indústria de transformação”, completou.