Produção industrial cai 0,9% em maio com impacto do desastre climático no Rio Grande do Sul


Resultado foi mais ameno do que previam analistas, que esperavam queda de 1,6%; especialistas preveem ‘recuperação gradual’ nos próximos meses para a maioria das atividades afetadas

Por Daniela Amorim

RIO - O desastre climático que se abateu sobre o Rio Grande do Sul afetou o desempenho tanto da indústria gaúcha quanto da indústria nacional em maio. A produção industrial brasileira recuou 0,9% em relação a abril, com perdas em 16 das 25 atividades investigadas, mostraram os dados da Pesquisa Industrial Mensal: Produção Física, divulgada nesta quarta-feira, 3, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Apesar de negativo, o resultado foi mais ameno do que previam analistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast, que esperavam uma queda mediana de 1,6% na indústria.

“A queda foi fortemente influenciada pelas enchentes no Rio Grande do Sul, cuja indústria de transformação é relevante a nível nacional (cerca de 8,5% do total)”, apontou o economista Rodolfo Margato, da gestora de recursos XP Investimentos, em comentário.

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Margato prevê uma “recuperação gradual” nos próximos meses para a maioria das atividades afetadas, o que levaria a produção industrial brasileira a crescer 2,8% no ano de 2024. Cálculos preliminares da XP feitos com base no acompanhamento de indicadores antecedentes da economia indicam uma alta de 0,6% no Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre em relação ao trimestre imediatamente anterior. “Reforçamos nossa projeção de que o PIB crescerá 2,2% em 2024″, previu Margato.

Algumas cidades do Rio Grande do Sul ficaram completamente inundadas Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO

Na passagem de abril para maio, as duas maiores contribuições negativas para o resultado negativo da indústria nacional partiram da menor fabricação de veículos (-11,7%) e de produtos alimentícios (-4,0%), ambos os setores impactados pelas enchentes em território gaúcho.

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“Você tem por conta desse evento impacto direto para plantas industriais do Rio Grande do Sul e em plantas industriais em outras Unidades da Federação”, afirmou André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE.

Em veículos automotores, houve paralisação no estado em uma montadora de veículos e em fábricas de autopeças por conta das chuvas, o que afetou o abastecimento em outras regiões do País. Macedo lembra que uma planta industrial de São Paulo optou pela concessão de férias coletivas aos funcionários, como forma de mitigar os efeitos das paralisações em unidades produtoras de peças no Rio Grande do Sul. Além disso, o segmento também foi afetado por uma greve em outra montadora e pela base de comparação elevada, ponderou Macedo. Em abril ante março, a produção de veículos no País tinha avançado 13,8%.

Quanto aos produtos alimentícios, as chuvas no Rio Grande do Sul podem ter impactado a fabricação de carnes (aves, bovinos e suínos) e de derivados da soja, por exemplo. Por outro lado, houve redução no processamento de cana-de-açúcar por conta de condições climáticas desfavoráveis, levando a uma queda “pontual” na produção de açúcar, sem relação com as enchentes.

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“Esses são dois exemplos que influenciaram mais, mas fato é que poucos segmentos industriais estão contribuindo positivamente para o total da indústria (em maio)”, disse Macedo.

O pesquisador lembra que a indústria já vinha de uma queda na produção no mês anterior.

“Então tem uma menor intensidade na produção industrial, e ainda tem esse fator de Rio Grande do Sul, que contribui para esse resultado: dando esse resultado negativo de maior magnitude do que no mês anterior e um maior espalhamento de quedas (entre as atividades)”, pontuou.

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Em maio, diversos segmentos industriais mostraram comportamento negativo sob influência das chuvas, confirmou Macedo. Além de veículos e alimentícios, as enchentes afetaram também uma parcela do setor calçados, fumo, produtos químicos e máquinas e equipamentos para o setor agrícola.

O gerente do IBGE conta que há relatos de indústrias paralisadas pelas chuvas que já retomaram a produção, embora algumas talvez não tenham conseguido retornar completamente à ativa. O pesquisador lembra que a pesquisa de maio trouxe apenas os primeiros impactos das enchentes, sendo necessário aguardar as próximas divulgações para saber como a retomada pós-chuvas vai ocorrer daqui em diante.

“A montadora que paralisou por um tempo sua produção voltou a produzir. Algumas plantas industriais que produziam autopeças também voltaram a produzir, mas algumas outras plantas industriais de outros segmentos seguem paralisadas”, relatou Macedo.

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Embora os impactos das enchentes no Rio Grande do Sul tenham ficado nítidos no desempenho da produção industrial de maio, alguns indicadores antecedentes já apontam para uma recuperação, ainda que parcial, do setor em junho, afirmou o economista-chefe da gestora de patrimônio G5 Partners, Luis Otavio de Souza Leal.

“O impacto (das enchentes) até agora parece próximo do esperado. Alguns dados de confiança indicam que vai haver certa recuperação, pelo menos na indústria, em junho. O problema maior talvez fique para a recuperação de serviços e do varejo”, estimou Leal.

Indústria de transformação

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A queda na indústria brasileira em maio ante abril foi marcada por uma interrupção na trajetória de recuperação da indústria de transformação, que teve uma retração de 2,2% na produção em maio, pior resultado desde março de 2021, enquanto que as indústrias extrativas cresceram 2,6%.

“A transformação tinha uma predominância de resultados positivos desde agosto do ano passado. Desde agosto, somente dois meses tinham sido de quedas (setembro de 2023, -0,6%, e janeiro de 2024, -0,2%). A entrada dessa informação de maio, muito carregada do impacto das chuvas no Rio Grande do Sul, elimina parte importante desse crescimento”, apontou André Macedo, do IBGE.

A indústria de transformação tinha acumulado um saldo positivo de 3,1% entre agosto de 2023 e abril de 2024.

“Os sinais promissores, na entrada do ano, de um desempenho mais robusto vai dando lugar a um cenário mais nebuloso, não apenas pelo bloqueio de atividades produtivas devido às chuvas no sul do país, mas também pela interrupção da fase de redução da taxa básica de juros (Selic) e, mais recentemente, pela maior aversão a risco dos mercados financeiros, que tem provocado movimentos bruscos de desvalorização da taxa de câmbio, renovando incertezas em relação à trajetória da inflação e elevando custos de produção de muitos setores”, alertou o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

A entidade menciona ainda as incertezas acerca do processo de regulamentação da reforma tributária.

“Episódios de distensão política, sobretudo, entre Executivo e Legislativo também prejudicam o horizonte para uma adequada regulamentação da reforma tributária, de modo a assegurar a menor alíquota padrão possível com incidência ampla sobre as atividades econômicas. Corre-se o risco de a indústria continuar arcando com uma parcela desproporcional da carga tributária”, apontou o Iedi./Colaborou Daniel Tozzi Mendes

RIO - O desastre climático que se abateu sobre o Rio Grande do Sul afetou o desempenho tanto da indústria gaúcha quanto da indústria nacional em maio. A produção industrial brasileira recuou 0,9% em relação a abril, com perdas em 16 das 25 atividades investigadas, mostraram os dados da Pesquisa Industrial Mensal: Produção Física, divulgada nesta quarta-feira, 3, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Apesar de negativo, o resultado foi mais ameno do que previam analistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast, que esperavam uma queda mediana de 1,6% na indústria.

“A queda foi fortemente influenciada pelas enchentes no Rio Grande do Sul, cuja indústria de transformação é relevante a nível nacional (cerca de 8,5% do total)”, apontou o economista Rodolfo Margato, da gestora de recursos XP Investimentos, em comentário.

Margato prevê uma “recuperação gradual” nos próximos meses para a maioria das atividades afetadas, o que levaria a produção industrial brasileira a crescer 2,8% no ano de 2024. Cálculos preliminares da XP feitos com base no acompanhamento de indicadores antecedentes da economia indicam uma alta de 0,6% no Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre em relação ao trimestre imediatamente anterior. “Reforçamos nossa projeção de que o PIB crescerá 2,2% em 2024″, previu Margato.

Algumas cidades do Rio Grande do Sul ficaram completamente inundadas Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO

Na passagem de abril para maio, as duas maiores contribuições negativas para o resultado negativo da indústria nacional partiram da menor fabricação de veículos (-11,7%) e de produtos alimentícios (-4,0%), ambos os setores impactados pelas enchentes em território gaúcho.

“Você tem por conta desse evento impacto direto para plantas industriais do Rio Grande do Sul e em plantas industriais em outras Unidades da Federação”, afirmou André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE.

Em veículos automotores, houve paralisação no estado em uma montadora de veículos e em fábricas de autopeças por conta das chuvas, o que afetou o abastecimento em outras regiões do País. Macedo lembra que uma planta industrial de São Paulo optou pela concessão de férias coletivas aos funcionários, como forma de mitigar os efeitos das paralisações em unidades produtoras de peças no Rio Grande do Sul. Além disso, o segmento também foi afetado por uma greve em outra montadora e pela base de comparação elevada, ponderou Macedo. Em abril ante março, a produção de veículos no País tinha avançado 13,8%.

Quanto aos produtos alimentícios, as chuvas no Rio Grande do Sul podem ter impactado a fabricação de carnes (aves, bovinos e suínos) e de derivados da soja, por exemplo. Por outro lado, houve redução no processamento de cana-de-açúcar por conta de condições climáticas desfavoráveis, levando a uma queda “pontual” na produção de açúcar, sem relação com as enchentes.

“Esses são dois exemplos que influenciaram mais, mas fato é que poucos segmentos industriais estão contribuindo positivamente para o total da indústria (em maio)”, disse Macedo.

O pesquisador lembra que a indústria já vinha de uma queda na produção no mês anterior.

“Então tem uma menor intensidade na produção industrial, e ainda tem esse fator de Rio Grande do Sul, que contribui para esse resultado: dando esse resultado negativo de maior magnitude do que no mês anterior e um maior espalhamento de quedas (entre as atividades)”, pontuou.

Em maio, diversos segmentos industriais mostraram comportamento negativo sob influência das chuvas, confirmou Macedo. Além de veículos e alimentícios, as enchentes afetaram também uma parcela do setor calçados, fumo, produtos químicos e máquinas e equipamentos para o setor agrícola.

O gerente do IBGE conta que há relatos de indústrias paralisadas pelas chuvas que já retomaram a produção, embora algumas talvez não tenham conseguido retornar completamente à ativa. O pesquisador lembra que a pesquisa de maio trouxe apenas os primeiros impactos das enchentes, sendo necessário aguardar as próximas divulgações para saber como a retomada pós-chuvas vai ocorrer daqui em diante.

“A montadora que paralisou por um tempo sua produção voltou a produzir. Algumas plantas industriais que produziam autopeças também voltaram a produzir, mas algumas outras plantas industriais de outros segmentos seguem paralisadas”, relatou Macedo.

Embora os impactos das enchentes no Rio Grande do Sul tenham ficado nítidos no desempenho da produção industrial de maio, alguns indicadores antecedentes já apontam para uma recuperação, ainda que parcial, do setor em junho, afirmou o economista-chefe da gestora de patrimônio G5 Partners, Luis Otavio de Souza Leal.

“O impacto (das enchentes) até agora parece próximo do esperado. Alguns dados de confiança indicam que vai haver certa recuperação, pelo menos na indústria, em junho. O problema maior talvez fique para a recuperação de serviços e do varejo”, estimou Leal.

Indústria de transformação

A queda na indústria brasileira em maio ante abril foi marcada por uma interrupção na trajetória de recuperação da indústria de transformação, que teve uma retração de 2,2% na produção em maio, pior resultado desde março de 2021, enquanto que as indústrias extrativas cresceram 2,6%.

“A transformação tinha uma predominância de resultados positivos desde agosto do ano passado. Desde agosto, somente dois meses tinham sido de quedas (setembro de 2023, -0,6%, e janeiro de 2024, -0,2%). A entrada dessa informação de maio, muito carregada do impacto das chuvas no Rio Grande do Sul, elimina parte importante desse crescimento”, apontou André Macedo, do IBGE.

A indústria de transformação tinha acumulado um saldo positivo de 3,1% entre agosto de 2023 e abril de 2024.

“Os sinais promissores, na entrada do ano, de um desempenho mais robusto vai dando lugar a um cenário mais nebuloso, não apenas pelo bloqueio de atividades produtivas devido às chuvas no sul do país, mas também pela interrupção da fase de redução da taxa básica de juros (Selic) e, mais recentemente, pela maior aversão a risco dos mercados financeiros, que tem provocado movimentos bruscos de desvalorização da taxa de câmbio, renovando incertezas em relação à trajetória da inflação e elevando custos de produção de muitos setores”, alertou o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

A entidade menciona ainda as incertezas acerca do processo de regulamentação da reforma tributária.

“Episódios de distensão política, sobretudo, entre Executivo e Legislativo também prejudicam o horizonte para uma adequada regulamentação da reforma tributária, de modo a assegurar a menor alíquota padrão possível com incidência ampla sobre as atividades econômicas. Corre-se o risco de a indústria continuar arcando com uma parcela desproporcional da carga tributária”, apontou o Iedi./Colaborou Daniel Tozzi Mendes

RIO - O desastre climático que se abateu sobre o Rio Grande do Sul afetou o desempenho tanto da indústria gaúcha quanto da indústria nacional em maio. A produção industrial brasileira recuou 0,9% em relação a abril, com perdas em 16 das 25 atividades investigadas, mostraram os dados da Pesquisa Industrial Mensal: Produção Física, divulgada nesta quarta-feira, 3, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Apesar de negativo, o resultado foi mais ameno do que previam analistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast, que esperavam uma queda mediana de 1,6% na indústria.

“A queda foi fortemente influenciada pelas enchentes no Rio Grande do Sul, cuja indústria de transformação é relevante a nível nacional (cerca de 8,5% do total)”, apontou o economista Rodolfo Margato, da gestora de recursos XP Investimentos, em comentário.

Margato prevê uma “recuperação gradual” nos próximos meses para a maioria das atividades afetadas, o que levaria a produção industrial brasileira a crescer 2,8% no ano de 2024. Cálculos preliminares da XP feitos com base no acompanhamento de indicadores antecedentes da economia indicam uma alta de 0,6% no Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre em relação ao trimestre imediatamente anterior. “Reforçamos nossa projeção de que o PIB crescerá 2,2% em 2024″, previu Margato.

Algumas cidades do Rio Grande do Sul ficaram completamente inundadas Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO

Na passagem de abril para maio, as duas maiores contribuições negativas para o resultado negativo da indústria nacional partiram da menor fabricação de veículos (-11,7%) e de produtos alimentícios (-4,0%), ambos os setores impactados pelas enchentes em território gaúcho.

“Você tem por conta desse evento impacto direto para plantas industriais do Rio Grande do Sul e em plantas industriais em outras Unidades da Federação”, afirmou André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE.

Em veículos automotores, houve paralisação no estado em uma montadora de veículos e em fábricas de autopeças por conta das chuvas, o que afetou o abastecimento em outras regiões do País. Macedo lembra que uma planta industrial de São Paulo optou pela concessão de férias coletivas aos funcionários, como forma de mitigar os efeitos das paralisações em unidades produtoras de peças no Rio Grande do Sul. Além disso, o segmento também foi afetado por uma greve em outra montadora e pela base de comparação elevada, ponderou Macedo. Em abril ante março, a produção de veículos no País tinha avançado 13,8%.

Quanto aos produtos alimentícios, as chuvas no Rio Grande do Sul podem ter impactado a fabricação de carnes (aves, bovinos e suínos) e de derivados da soja, por exemplo. Por outro lado, houve redução no processamento de cana-de-açúcar por conta de condições climáticas desfavoráveis, levando a uma queda “pontual” na produção de açúcar, sem relação com as enchentes.

“Esses são dois exemplos que influenciaram mais, mas fato é que poucos segmentos industriais estão contribuindo positivamente para o total da indústria (em maio)”, disse Macedo.

O pesquisador lembra que a indústria já vinha de uma queda na produção no mês anterior.

“Então tem uma menor intensidade na produção industrial, e ainda tem esse fator de Rio Grande do Sul, que contribui para esse resultado: dando esse resultado negativo de maior magnitude do que no mês anterior e um maior espalhamento de quedas (entre as atividades)”, pontuou.

Em maio, diversos segmentos industriais mostraram comportamento negativo sob influência das chuvas, confirmou Macedo. Além de veículos e alimentícios, as enchentes afetaram também uma parcela do setor calçados, fumo, produtos químicos e máquinas e equipamentos para o setor agrícola.

O gerente do IBGE conta que há relatos de indústrias paralisadas pelas chuvas que já retomaram a produção, embora algumas talvez não tenham conseguido retornar completamente à ativa. O pesquisador lembra que a pesquisa de maio trouxe apenas os primeiros impactos das enchentes, sendo necessário aguardar as próximas divulgações para saber como a retomada pós-chuvas vai ocorrer daqui em diante.

“A montadora que paralisou por um tempo sua produção voltou a produzir. Algumas plantas industriais que produziam autopeças também voltaram a produzir, mas algumas outras plantas industriais de outros segmentos seguem paralisadas”, relatou Macedo.

Embora os impactos das enchentes no Rio Grande do Sul tenham ficado nítidos no desempenho da produção industrial de maio, alguns indicadores antecedentes já apontam para uma recuperação, ainda que parcial, do setor em junho, afirmou o economista-chefe da gestora de patrimônio G5 Partners, Luis Otavio de Souza Leal.

“O impacto (das enchentes) até agora parece próximo do esperado. Alguns dados de confiança indicam que vai haver certa recuperação, pelo menos na indústria, em junho. O problema maior talvez fique para a recuperação de serviços e do varejo”, estimou Leal.

Indústria de transformação

A queda na indústria brasileira em maio ante abril foi marcada por uma interrupção na trajetória de recuperação da indústria de transformação, que teve uma retração de 2,2% na produção em maio, pior resultado desde março de 2021, enquanto que as indústrias extrativas cresceram 2,6%.

“A transformação tinha uma predominância de resultados positivos desde agosto do ano passado. Desde agosto, somente dois meses tinham sido de quedas (setembro de 2023, -0,6%, e janeiro de 2024, -0,2%). A entrada dessa informação de maio, muito carregada do impacto das chuvas no Rio Grande do Sul, elimina parte importante desse crescimento”, apontou André Macedo, do IBGE.

A indústria de transformação tinha acumulado um saldo positivo de 3,1% entre agosto de 2023 e abril de 2024.

“Os sinais promissores, na entrada do ano, de um desempenho mais robusto vai dando lugar a um cenário mais nebuloso, não apenas pelo bloqueio de atividades produtivas devido às chuvas no sul do país, mas também pela interrupção da fase de redução da taxa básica de juros (Selic) e, mais recentemente, pela maior aversão a risco dos mercados financeiros, que tem provocado movimentos bruscos de desvalorização da taxa de câmbio, renovando incertezas em relação à trajetória da inflação e elevando custos de produção de muitos setores”, alertou o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

A entidade menciona ainda as incertezas acerca do processo de regulamentação da reforma tributária.

“Episódios de distensão política, sobretudo, entre Executivo e Legislativo também prejudicam o horizonte para uma adequada regulamentação da reforma tributária, de modo a assegurar a menor alíquota padrão possível com incidência ampla sobre as atividades econômicas. Corre-se o risco de a indústria continuar arcando com uma parcela desproporcional da carga tributária”, apontou o Iedi./Colaborou Daniel Tozzi Mendes

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