Produção industrial cai 0,2% em fevereiro ante janeiro e 2,4% na comparação anual


No acumulado do ano, a indústria teve uma queda de 1,1%

Por Daniela Amorim
Atualização:

RIO - O setor industrial manteve em fevereiro o comportamento negativo que mostrou nos dois meses anteriores. Em meio a dificuldades ligadas à demanda doméstica, mas também a problemas de acesso a insumos e matérias-primas, a produção encolheu 0,2% em fevereiro ante janeiro, segundo os dados da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física divulgados nesta quarta-feira, 19, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A indústria já mostrara falta de fôlego em janeiro (-0,3%) e dezembro (-0,1%). Nos três meses seguidos de retração, a produção acumulou uma perda de 0,6%. A última vez que a indústria tinha recuado por três meses consecutivos foi entre fevereiro e abril de 2021

“A indústria está muito afetada pela taxa de juros elevada e pelo endividamento maior das famílias, com redução de consumo”, avaliou o economista Rafael Rondinelli, do Banco Modal, para quem o resultado da pesquisa de fevereiro apenas reforça o quadro esperado para o setor no ano, enfraquecido por fatores locais e globais.

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Indústria acumula recuo de 0,2% em 12 meses.  Foto: Taba Benedicto/Estadão

Comparação anual

Em relação a fevereiro de 2022, a produção industrial caiu 2,4% em fevereiro de 2023, com recuos em 17 dos 25 ramos industriais investigados. Segundo André Macedo, houve influência do efeito calendário, uma vez que o mês de fevereiro de 2023 teve um dia útil a menos que fevereiro de 2022.

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A indústria brasileira chegou a fevereiro operando 2,6% aquém do patamar de fevereiro de 2020, no pré-pandemia de covid-19. Apenas sete atividades operavam em nível superior ao pré-crise sanitária: outros equipamentos de transporte (16,0%), produtos do fumo (14,8%), máquinas e equipamentos (7,8%), alimentícios (5,1%), farmoquímicos e farmacêuticos (3,4%), extrativas (3,2%) e celulose e papel (0,1%).

No extremo oposto, os segmentos mais distantes do patamar de pré-pandemia são móveis (-23,3%), artigos de vestuário e acessórios (-20,4%), máquinas e materiais elétricos (-19,2%) e couro e calçados (-17,2%).

Impacto no PIB

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O desempenho de fevereiro não alterou a previsão do C6 Bank de crescimento de 1,5% no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2023, seguido de alta de 1% em 2024. O banco espera que a indústria volte ao azul em março, com a produção impulsionada por fatores pontuais, mas volte a cair ou fique estagnada nos meses seguintes, encerrando o ano com uma queda de cerca de 2%.

“O resultado de hoje corrobora nossa visão de que a indústria é o setor que sente mais fortemente o impacto dos juros altos, que encarecem o crédito e inibem investimentos no setor. Além disso, a indústria é afetada pela queda do preço das commodities e desaceleração da economia global”, justificou Claudia Moreno, economista do C6 Bank, em comentário.

Apesar do ritmo fraco neste início de ano, o resultado negativo não está espalhado entre as atividades industriais investigadas, ponderou André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE.

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“Nos três meses que essa produção industrial mostrou queda, teve predomínio de atividades no campo positivo”, ressaltou Macedo, lembrando que o patamar de produção prossegue em nível semelhante ao de janeiro de 2009. “O setor industrial está girando em torno do mesmo patamar nos últimos meses”, resumiu.

Em fevereiro ante janeiro, houve perdas em nove dos 25 ramos pesquisados. As principais influências negativas partiram das quedas em produtos alimentícios (-1,1%), produtos químicos (-1,8%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-4,5%). Na direção oposta, entre as 16 atividades em crescimento, as indústrias extrativas (4,6%) exerceram o principal impacto em fevereiro de 2023, após a expansão de 3,4% assinalada no mês anterior.

As explicações para os segmentos em queda passam por fatores conjunturais, mas também pontuais, disse Macedo. A taxa de juros em patamar elevado agrava o endividamento das famílias e encarece o crédito, prejudicando a demanda doméstica, aponta o pesquisador. A inflação e o contingente ainda elevado de pessoas desempregadas também desestimulam o consumo das famílias.

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“Sob o ponto de vista da oferta, a questão da falta de acesso a determinados insumos e matérias-primas também afeta a produção desses segmentos”, completou Macedo.

Entre os fatores mais pontuais atuando sobre a indústria em fevereiro estão paralisações e férias coletivas em montadoras, que prejudicaram o desempenho da fabricação de automóveis. Outro exemplo foi o embargo às exportações de carne bovina brasileira após detecção de um caso de mal da vaca louca, o que afetou a produção de itens alimentícios, setor que responde por cerca de 15% da indústria brasileira.

“A questão das exportações em função do mal da vaca louca tem impacto no setor alimentício, mas não é fundamental para o total da indústria”, ponderou Macedo. “O setor de alimentos não recua tão somente pela carne bovina, outros produtos também afetam.”

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Além da produção de carne bovina, também houve impacto negativo em fevereiro da menor fabricação de carnes de aves, carnes de suínos, derivados da soja e sucos de frutas, especialmente o de laranja.

“Por outro lado, a parte relacionada ao açúcar faz o movimento inverso, ela atenua essa perda que outros itens mostraram”, apontou Macedo. (Colaborou Italo Bertão Filho)

RIO - O setor industrial manteve em fevereiro o comportamento negativo que mostrou nos dois meses anteriores. Em meio a dificuldades ligadas à demanda doméstica, mas também a problemas de acesso a insumos e matérias-primas, a produção encolheu 0,2% em fevereiro ante janeiro, segundo os dados da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física divulgados nesta quarta-feira, 19, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A indústria já mostrara falta de fôlego em janeiro (-0,3%) e dezembro (-0,1%). Nos três meses seguidos de retração, a produção acumulou uma perda de 0,6%. A última vez que a indústria tinha recuado por três meses consecutivos foi entre fevereiro e abril de 2021

“A indústria está muito afetada pela taxa de juros elevada e pelo endividamento maior das famílias, com redução de consumo”, avaliou o economista Rafael Rondinelli, do Banco Modal, para quem o resultado da pesquisa de fevereiro apenas reforça o quadro esperado para o setor no ano, enfraquecido por fatores locais e globais.

Indústria acumula recuo de 0,2% em 12 meses.  Foto: Taba Benedicto/Estadão

Comparação anual

Em relação a fevereiro de 2022, a produção industrial caiu 2,4% em fevereiro de 2023, com recuos em 17 dos 25 ramos industriais investigados. Segundo André Macedo, houve influência do efeito calendário, uma vez que o mês de fevereiro de 2023 teve um dia útil a menos que fevereiro de 2022.

A indústria brasileira chegou a fevereiro operando 2,6% aquém do patamar de fevereiro de 2020, no pré-pandemia de covid-19. Apenas sete atividades operavam em nível superior ao pré-crise sanitária: outros equipamentos de transporte (16,0%), produtos do fumo (14,8%), máquinas e equipamentos (7,8%), alimentícios (5,1%), farmoquímicos e farmacêuticos (3,4%), extrativas (3,2%) e celulose e papel (0,1%).

No extremo oposto, os segmentos mais distantes do patamar de pré-pandemia são móveis (-23,3%), artigos de vestuário e acessórios (-20,4%), máquinas e materiais elétricos (-19,2%) e couro e calçados (-17,2%).

Impacto no PIB

O desempenho de fevereiro não alterou a previsão do C6 Bank de crescimento de 1,5% no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2023, seguido de alta de 1% em 2024. O banco espera que a indústria volte ao azul em março, com a produção impulsionada por fatores pontuais, mas volte a cair ou fique estagnada nos meses seguintes, encerrando o ano com uma queda de cerca de 2%.

“O resultado de hoje corrobora nossa visão de que a indústria é o setor que sente mais fortemente o impacto dos juros altos, que encarecem o crédito e inibem investimentos no setor. Além disso, a indústria é afetada pela queda do preço das commodities e desaceleração da economia global”, justificou Claudia Moreno, economista do C6 Bank, em comentário.

Apesar do ritmo fraco neste início de ano, o resultado negativo não está espalhado entre as atividades industriais investigadas, ponderou André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE.

“Nos três meses que essa produção industrial mostrou queda, teve predomínio de atividades no campo positivo”, ressaltou Macedo, lembrando que o patamar de produção prossegue em nível semelhante ao de janeiro de 2009. “O setor industrial está girando em torno do mesmo patamar nos últimos meses”, resumiu.

Em fevereiro ante janeiro, houve perdas em nove dos 25 ramos pesquisados. As principais influências negativas partiram das quedas em produtos alimentícios (-1,1%), produtos químicos (-1,8%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-4,5%). Na direção oposta, entre as 16 atividades em crescimento, as indústrias extrativas (4,6%) exerceram o principal impacto em fevereiro de 2023, após a expansão de 3,4% assinalada no mês anterior.

As explicações para os segmentos em queda passam por fatores conjunturais, mas também pontuais, disse Macedo. A taxa de juros em patamar elevado agrava o endividamento das famílias e encarece o crédito, prejudicando a demanda doméstica, aponta o pesquisador. A inflação e o contingente ainda elevado de pessoas desempregadas também desestimulam o consumo das famílias.

“Sob o ponto de vista da oferta, a questão da falta de acesso a determinados insumos e matérias-primas também afeta a produção desses segmentos”, completou Macedo.

Entre os fatores mais pontuais atuando sobre a indústria em fevereiro estão paralisações e férias coletivas em montadoras, que prejudicaram o desempenho da fabricação de automóveis. Outro exemplo foi o embargo às exportações de carne bovina brasileira após detecção de um caso de mal da vaca louca, o que afetou a produção de itens alimentícios, setor que responde por cerca de 15% da indústria brasileira.

“A questão das exportações em função do mal da vaca louca tem impacto no setor alimentício, mas não é fundamental para o total da indústria”, ponderou Macedo. “O setor de alimentos não recua tão somente pela carne bovina, outros produtos também afetam.”

Além da produção de carne bovina, também houve impacto negativo em fevereiro da menor fabricação de carnes de aves, carnes de suínos, derivados da soja e sucos de frutas, especialmente o de laranja.

“Por outro lado, a parte relacionada ao açúcar faz o movimento inverso, ela atenua essa perda que outros itens mostraram”, apontou Macedo. (Colaborou Italo Bertão Filho)

RIO - O setor industrial manteve em fevereiro o comportamento negativo que mostrou nos dois meses anteriores. Em meio a dificuldades ligadas à demanda doméstica, mas também a problemas de acesso a insumos e matérias-primas, a produção encolheu 0,2% em fevereiro ante janeiro, segundo os dados da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física divulgados nesta quarta-feira, 19, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A indústria já mostrara falta de fôlego em janeiro (-0,3%) e dezembro (-0,1%). Nos três meses seguidos de retração, a produção acumulou uma perda de 0,6%. A última vez que a indústria tinha recuado por três meses consecutivos foi entre fevereiro e abril de 2021

“A indústria está muito afetada pela taxa de juros elevada e pelo endividamento maior das famílias, com redução de consumo”, avaliou o economista Rafael Rondinelli, do Banco Modal, para quem o resultado da pesquisa de fevereiro apenas reforça o quadro esperado para o setor no ano, enfraquecido por fatores locais e globais.

Indústria acumula recuo de 0,2% em 12 meses.  Foto: Taba Benedicto/Estadão

Comparação anual

Em relação a fevereiro de 2022, a produção industrial caiu 2,4% em fevereiro de 2023, com recuos em 17 dos 25 ramos industriais investigados. Segundo André Macedo, houve influência do efeito calendário, uma vez que o mês de fevereiro de 2023 teve um dia útil a menos que fevereiro de 2022.

A indústria brasileira chegou a fevereiro operando 2,6% aquém do patamar de fevereiro de 2020, no pré-pandemia de covid-19. Apenas sete atividades operavam em nível superior ao pré-crise sanitária: outros equipamentos de transporte (16,0%), produtos do fumo (14,8%), máquinas e equipamentos (7,8%), alimentícios (5,1%), farmoquímicos e farmacêuticos (3,4%), extrativas (3,2%) e celulose e papel (0,1%).

No extremo oposto, os segmentos mais distantes do patamar de pré-pandemia são móveis (-23,3%), artigos de vestuário e acessórios (-20,4%), máquinas e materiais elétricos (-19,2%) e couro e calçados (-17,2%).

Impacto no PIB

O desempenho de fevereiro não alterou a previsão do C6 Bank de crescimento de 1,5% no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2023, seguido de alta de 1% em 2024. O banco espera que a indústria volte ao azul em março, com a produção impulsionada por fatores pontuais, mas volte a cair ou fique estagnada nos meses seguintes, encerrando o ano com uma queda de cerca de 2%.

“O resultado de hoje corrobora nossa visão de que a indústria é o setor que sente mais fortemente o impacto dos juros altos, que encarecem o crédito e inibem investimentos no setor. Além disso, a indústria é afetada pela queda do preço das commodities e desaceleração da economia global”, justificou Claudia Moreno, economista do C6 Bank, em comentário.

Apesar do ritmo fraco neste início de ano, o resultado negativo não está espalhado entre as atividades industriais investigadas, ponderou André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE.

“Nos três meses que essa produção industrial mostrou queda, teve predomínio de atividades no campo positivo”, ressaltou Macedo, lembrando que o patamar de produção prossegue em nível semelhante ao de janeiro de 2009. “O setor industrial está girando em torno do mesmo patamar nos últimos meses”, resumiu.

Em fevereiro ante janeiro, houve perdas em nove dos 25 ramos pesquisados. As principais influências negativas partiram das quedas em produtos alimentícios (-1,1%), produtos químicos (-1,8%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-4,5%). Na direção oposta, entre as 16 atividades em crescimento, as indústrias extrativas (4,6%) exerceram o principal impacto em fevereiro de 2023, após a expansão de 3,4% assinalada no mês anterior.

As explicações para os segmentos em queda passam por fatores conjunturais, mas também pontuais, disse Macedo. A taxa de juros em patamar elevado agrava o endividamento das famílias e encarece o crédito, prejudicando a demanda doméstica, aponta o pesquisador. A inflação e o contingente ainda elevado de pessoas desempregadas também desestimulam o consumo das famílias.

“Sob o ponto de vista da oferta, a questão da falta de acesso a determinados insumos e matérias-primas também afeta a produção desses segmentos”, completou Macedo.

Entre os fatores mais pontuais atuando sobre a indústria em fevereiro estão paralisações e férias coletivas em montadoras, que prejudicaram o desempenho da fabricação de automóveis. Outro exemplo foi o embargo às exportações de carne bovina brasileira após detecção de um caso de mal da vaca louca, o que afetou a produção de itens alimentícios, setor que responde por cerca de 15% da indústria brasileira.

“A questão das exportações em função do mal da vaca louca tem impacto no setor alimentício, mas não é fundamental para o total da indústria”, ponderou Macedo. “O setor de alimentos não recua tão somente pela carne bovina, outros produtos também afetam.”

Além da produção de carne bovina, também houve impacto negativo em fevereiro da menor fabricação de carnes de aves, carnes de suínos, derivados da soja e sucos de frutas, especialmente o de laranja.

“Por outro lado, a parte relacionada ao açúcar faz o movimento inverso, ela atenua essa perda que outros itens mostraram”, apontou Macedo. (Colaborou Italo Bertão Filho)

RIO - O setor industrial manteve em fevereiro o comportamento negativo que mostrou nos dois meses anteriores. Em meio a dificuldades ligadas à demanda doméstica, mas também a problemas de acesso a insumos e matérias-primas, a produção encolheu 0,2% em fevereiro ante janeiro, segundo os dados da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física divulgados nesta quarta-feira, 19, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A indústria já mostrara falta de fôlego em janeiro (-0,3%) e dezembro (-0,1%). Nos três meses seguidos de retração, a produção acumulou uma perda de 0,6%. A última vez que a indústria tinha recuado por três meses consecutivos foi entre fevereiro e abril de 2021

“A indústria está muito afetada pela taxa de juros elevada e pelo endividamento maior das famílias, com redução de consumo”, avaliou o economista Rafael Rondinelli, do Banco Modal, para quem o resultado da pesquisa de fevereiro apenas reforça o quadro esperado para o setor no ano, enfraquecido por fatores locais e globais.

Indústria acumula recuo de 0,2% em 12 meses.  Foto: Taba Benedicto/Estadão

Comparação anual

Em relação a fevereiro de 2022, a produção industrial caiu 2,4% em fevereiro de 2023, com recuos em 17 dos 25 ramos industriais investigados. Segundo André Macedo, houve influência do efeito calendário, uma vez que o mês de fevereiro de 2023 teve um dia útil a menos que fevereiro de 2022.

A indústria brasileira chegou a fevereiro operando 2,6% aquém do patamar de fevereiro de 2020, no pré-pandemia de covid-19. Apenas sete atividades operavam em nível superior ao pré-crise sanitária: outros equipamentos de transporte (16,0%), produtos do fumo (14,8%), máquinas e equipamentos (7,8%), alimentícios (5,1%), farmoquímicos e farmacêuticos (3,4%), extrativas (3,2%) e celulose e papel (0,1%).

No extremo oposto, os segmentos mais distantes do patamar de pré-pandemia são móveis (-23,3%), artigos de vestuário e acessórios (-20,4%), máquinas e materiais elétricos (-19,2%) e couro e calçados (-17,2%).

Impacto no PIB

O desempenho de fevereiro não alterou a previsão do C6 Bank de crescimento de 1,5% no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2023, seguido de alta de 1% em 2024. O banco espera que a indústria volte ao azul em março, com a produção impulsionada por fatores pontuais, mas volte a cair ou fique estagnada nos meses seguintes, encerrando o ano com uma queda de cerca de 2%.

“O resultado de hoje corrobora nossa visão de que a indústria é o setor que sente mais fortemente o impacto dos juros altos, que encarecem o crédito e inibem investimentos no setor. Além disso, a indústria é afetada pela queda do preço das commodities e desaceleração da economia global”, justificou Claudia Moreno, economista do C6 Bank, em comentário.

Apesar do ritmo fraco neste início de ano, o resultado negativo não está espalhado entre as atividades industriais investigadas, ponderou André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE.

“Nos três meses que essa produção industrial mostrou queda, teve predomínio de atividades no campo positivo”, ressaltou Macedo, lembrando que o patamar de produção prossegue em nível semelhante ao de janeiro de 2009. “O setor industrial está girando em torno do mesmo patamar nos últimos meses”, resumiu.

Em fevereiro ante janeiro, houve perdas em nove dos 25 ramos pesquisados. As principais influências negativas partiram das quedas em produtos alimentícios (-1,1%), produtos químicos (-1,8%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-4,5%). Na direção oposta, entre as 16 atividades em crescimento, as indústrias extrativas (4,6%) exerceram o principal impacto em fevereiro de 2023, após a expansão de 3,4% assinalada no mês anterior.

As explicações para os segmentos em queda passam por fatores conjunturais, mas também pontuais, disse Macedo. A taxa de juros em patamar elevado agrava o endividamento das famílias e encarece o crédito, prejudicando a demanda doméstica, aponta o pesquisador. A inflação e o contingente ainda elevado de pessoas desempregadas também desestimulam o consumo das famílias.

“Sob o ponto de vista da oferta, a questão da falta de acesso a determinados insumos e matérias-primas também afeta a produção desses segmentos”, completou Macedo.

Entre os fatores mais pontuais atuando sobre a indústria em fevereiro estão paralisações e férias coletivas em montadoras, que prejudicaram o desempenho da fabricação de automóveis. Outro exemplo foi o embargo às exportações de carne bovina brasileira após detecção de um caso de mal da vaca louca, o que afetou a produção de itens alimentícios, setor que responde por cerca de 15% da indústria brasileira.

“A questão das exportações em função do mal da vaca louca tem impacto no setor alimentício, mas não é fundamental para o total da indústria”, ponderou Macedo. “O setor de alimentos não recua tão somente pela carne bovina, outros produtos também afetam.”

Além da produção de carne bovina, também houve impacto negativo em fevereiro da menor fabricação de carnes de aves, carnes de suínos, derivados da soja e sucos de frutas, especialmente o de laranja.

“Por outro lado, a parte relacionada ao açúcar faz o movimento inverso, ela atenua essa perda que outros itens mostraram”, apontou Macedo. (Colaborou Italo Bertão Filho)

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