O produtor rural Hiroyuki Oi, de Itapetininga, interior de São Paulo, acredita que o Brasil está vivendo um novo ciclo econômico graças à soja. “Assim como tivemos o ciclo da borracha, da cana-de-açúcar, do café e do gado, agora é a vez da soja. É a cultura que deu estabilidade ao agronegócio do país, sendo plantada do sul ao norte do Brasil”, diz. Na Estância Célia, a propriedade do agricultor no bairro Capão Alto, os 1,3 mil hectares estão cobertos pela oleaginosa. Apenas a chuva que caiu na tarde desta quinta-feira, 1, deu uma trégua no vai-e-vem das máquinas em plena colheita.
Graças à dedicação de produtores como Hiroyuki, a agropecuária brasileira cresceu 13% em 2017 ante 2016 e garantiu o crescimento de 1% no PIB nacional no ano passado, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Sustentado principalmente pelo milho e pela soja, conforme o IBGE, o PIB da agropecuária obteve, em 2017, o melhor resultado da série histórica iniciada em 1996. Conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra de grãos do Brasil atingiu 238,7 milhões em 2017/18, contribuindo de forma relevante para o resultado positivo do PIB no ano.+ Temer diz que resultado do PIB representa esperança para o País O grão ceifado nas linhas de corte das máquinas colhedoras da Estância Célia rendem em média 81 sacas de soja por hectare, parte delas já foi comercializada a R$ 70 a saca. Na mesma área, as semeadeiras já plantam o milho safrinha, outra cultura importante no portfólio da fazenda. Se pudesse atender sua própria vontade, Hiroyuki plantaria apenas e sempre soja, mas é preciso seguir os protocolos da natureza, que exigem a rotação de culturas como garantia de produtividade. “Embora também seja uma commoditie, o milho não tem o mesmo prestígio que a soja. O custo de produção é alto e o preço não é estável como o da soja.”+ Recessão acabou e crescimento está espalhado pela economia, diz Meirelles
Agricultor há 27 anos, vocação herdada do pai, Hiroyuki acredita que a atividade vive um bom momento. Segundo ele, a agricultura está sendo alavancada pelas cooperativas, empresas de insumos e instituições de pesquisa. “Se surge um problema, como o da resistência da ferrugem, as multinacionais investem em soluções rápidas. O produtor consegue prazo safra, ou seja, paga na colheita e, em alguns casos, pode pagar com a produção. No caso da soja, ele já planta sabendo quanto vai colher a qual o preço de venda. Isso dá estabilidade para o negócio.” Hiroyuki antecipou a venda de pouco mais de um terço da produção. O restante será vendido na cotação do dia.
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Quem percorre o trecho crítico da BR-163 entre Sinop (MT) eMiritituba(PA) percebe que os gargalos logísticos da rodovia só mudam de lugar a cada dia.
Tradicional produtora de milho e feijão, além de trigo no inverno, a Estância Célia começou a investir na soja há 13 anos. O grão se tornou o carro-chefe da fazenda. “Ainda plantamos trigo no inverno, mas é uma cultura difícil, com o mercado controlado pelos moinhos. Também dependemos do clima que agora, por exemplo está atrasando o plantio do milho safrinha, mas o momento é bom para o agricultor.” Ele só lamenta que a sociedade ainda coloque na conta do produtor rural passivos ambientais como a redução das florestas. “Muitos se esquecem da fartura e riqueza que o campo gera e o quanto fazemos para preservar nossas terras. O solo é nosso maior patrimônio.”