WASHINGTON - O diretor-adjunto do Departamento do Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI) e chefe de missão para os Estados Unidos, Nigel Chalk, afirmou que a proposta de um novo arcabouço fiscal brasileiro é positiva no médio prazo e traz metas ambiciosas para o orçamento do governo brasileiro. Além disso, as regras, que ainda dependem de aprovação, também endereçam necessidades sociais, o que é importante, na sua visão.
“É bom que os brasileiros estejam pensando em uma estrutura fiscal, uma estrutura institucional para a política fiscal... Estamos bem impressionados com o ajuste fiscal proposto para o médio prazo, no sentido de aumentar o resultado primário”, avaliou Chalk, em coletiva de imprensa, nesta tarde. “Isso permitirá um bom equilíbrio”, acrescentou.
Embora “ambicioso”, o novo arcabouço considera as necessidades sociais do País, conforme ele. “Acho muito importante equilibrar essas duas coisas”, avaliou.
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Chalk reconheceu ainda um esforço do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em revisitar a estrutura fiscal e institucional. No entanto, ponderou que os temas ainda estão em evolução e que o FMI está analisando o tema antes de promover uma mudança em suas projeções.
Ao divulgar novas projeções essa semana e que não consideram o novo arcabouço fiscal, o Fundo projetou que o Brasil volte a apresentar déficit primário neste ano, de 2,0%, após dois anos de contas no azul. A dívida total brasileira como proporção do Produto Interno Bruto (PIB) também retomará uma trajetória ascendente, batendo 88,4% neste exercício. Em 2022, o indicador ficou em 85,9%. No patamar estimado pelo FMI, o Brasil só perde para o Egito e a Ucrânia, que sofre as consequências a guerra, e supera países como Argentina e Índia.
“As ideias ainda estão evoluindo por lá. Vimos algumas propostas, estamos analisando-as”, reforçou Chalk. Segundo ele, o FMI está contato com o governo brasileiro e deve fazer uma visita ao País no próximo mês, quando espera ter mais informações sobre o novo arcabouço brasileiro.
Chalk reforçou ainda o alerta do FMI para que os juros no Hemisfério Ocidental permaneçam elevados neste ano e em partes do próximo como uma forma de combater a inflação e evitar que ela fique enraizada nas economias. “Isso orientará a inflação de volta para a meta até o fim de 2024 ou início de 2025″, avaliou.