Quais os alimentos que devem pressionar a inflação brasileira este ano?


Preços de alimentação e bebidas aumentaram em dezembro no País pelo quarto mês seguido, segundo o IBGE; pressão poderá ser maior se o dólar se mantiver acima de R$ 6

Por Isadora Duarte e Francisco Carlos de Assis

BRASÍLIA E SÃO PAULO - A expectativa de alta de preços em produtos agropecuários usados na cesta básica deve pressionar a inflação de alimentos neste ano. Segundo analistas de mercado ouvidos pelo Estadão/Broadcast, carne, café e açúcar são as commodities que mais preocupam quanto à pressão inflacionária em 2025.

O movimento tende a repetir o já observado no ano passado com uma inflação de alimentos resistente, o que preocupa o governo em virtude da pressão sobre a inflação geral e, consequentemente, um atraso no ciclo de corte de juros.

Os números mais recentes divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que os preços de alimentação e bebidas aumentaram em dezembro pelo quarto mês seguido. O grupo saiu de uma elevação de 1,34% em novembro para uma alta de 1,47% no mês passado, resultando numa contribuição de 0,32 ponto porcentual para a taxa de 0,34% registrada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) no último mês (o IPCA fechado do ano será divulgado na sexta-feira, 10).

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Principal impacto da aceleração da inflação de alimentos deve vir das proteínas animais, segundo analistas Foto: Werther Santana/Estadão

O principal impacto da aceleração da inflação de alimentos deve vir das proteínas animais, aponta a analista da Tendências Consultoria, Gabriela Faria, economista responsável por agropecuária e biocombustíveis.

“A inflação será impulsionada pelo aumento expressivo dos preços das carnes, estimado em pelo menos 16,6% no valor pago ao produtor, com repasse à indústria e ao consumidor”, diz.

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Café e açúcar também devem contribuir com uma inflação de alimentos mais forte com produções limitadas, segundo a economista. Em contrapartida, do lado dos grãos, o efeito dos preços sobre a inflação tende a ser neutro, sem expectativa de altas acentuadas nas cotações de soja e milho.

A Tendência projeta aumento de 9,1% no IPCA alimentos de 2024 e de 6,2% para este ano, com viés de alta. Faria cita também o óleo de soja, leite e as commodities softs (como são chamadas as que são cultivadas, e não extraídas, como minério ou petróleo) como itens de atenção quanto a potencial inflacionário neste ano, além de hortaliças, frutas e verduras, com maior suscetibilidade a variações climáticas e peso relevante na cesta básica.

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O momento atual é de atenção também sobre o desenvolvimento das lavouras de hortifrútis, afetadas pela seca histórica do ano passado, diz o gerente da consultoria Agro do Itaú BBA, Cesar de Castro Alves. “É preciso observar o acumulado de chuvas nos próximos dois meses e os efeitos sobre a produção de hortifrútis, que, apesar da rápida recuperação das lavouras, podem ter pressão momentânea sobre inflação em caso de perdas”, destaca Alves.

Ele concorda com os demais analistas que as proteínas e as commodities softs são os produtos mais preocupantes quanto à pressão inflacionária. “A alta do café ainda não foi repassada ao varejo e poderemos ter novas máximas históricas. Dos produtos básicos, o trigo vai depender muito do dólar, já o arroz tende a ter uma ótima safra e o feijão deve ficar com produção dentro da média”, acrescenta.

O sócio-diretor da consultoria MB Agro, José Carlos Hausknecht, observa que o câmbio será determinante para a inflação de alimentos neste ano. “Se o dólar se mantiver acima de R$ 6, a pressão sobre a inflação de alimentos será maior levando a uma política monetária mais restritiva. Do ponto de vista fiscal, o mercado não vê firmeza nas medidas do governo, o que gera incerteza, e somado aos preços sustentados de commodities agrícolas reflete em maior pressão sobre inflação”, avalia.

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Preços distintos

Para os analistas, os preços dos principais produtos agrícolas no mercado doméstico devem ter comportamentos distintos neste ano. Enquanto as carnes tendem a subir dois dígitos e as commodities softs tendem a manter os preços, para os grãos, a supersafra brasileira, estimada em 322,42 milhões de toneladas no mais recente levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), e o menor crescimento econômico global tendem a arrefecer as cotações.

Ano será de bienalidade negativa para o café, o que indica uma produção menor Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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Em comum entre as commodities, a principal incógnita na formação de preços é o fortalecimento do dólar, que afeta a competitividade das exportações brasileiras e a paridade interna de preços.

Para soja e milho, principais produtos agrícolas brasileiros, a previsão é de queda dos preços domésticos, embora em menor proporção que a vista em 2023 e em 2024, avalia a analista da Tendências Gabriela Faria. A reação recente dos preços dos grãos, segundo ela, foi reflexo das incertezas quanto ao plantio em meio à seca histórica do Brasil e não deve se estender ao longo deste ano.

“Os números mostram a tendência de uma safra recorde para a soja com a demanda continuando no mesmo nível, enquanto para o milho, considerando um período ideal de plantio, o Brasil também deve ter uma boa safra. A oferta forte e a demanda estável fazem com que os preços caíam”, explica a analista.

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Faria observa que a desaceleração da economia chinesa, maior país importador de grãos e principal destino das exportações brasileiras, pode se refletir no consumo de grãos. Do lado da oferta global, também não há indicativos de sustentação para os preços dos grãos, com estoques mundiais elevados e safra recorde dos Estados Unidos. “A partir da entrada da safra nacional, os preços devem começar a cair. A velocidade e a intensidade da queda vai depender da demanda, mas tende a ser maior para a soja que para o milho”, pontua Faria.

Na mesma linha, José Carlos Hausknecht, da MB Agro, não acredita em baixa generalizada dos preços com uma demanda ainda sustentada, mas também não enxerga sinais para alta. O câmbio e a eventual retomada da guerra comercial entre Estados Unidos e China também devem direcionar os preços dos grãos brasileiros, observa.

BRASÍLIA E SÃO PAULO - A expectativa de alta de preços em produtos agropecuários usados na cesta básica deve pressionar a inflação de alimentos neste ano. Segundo analistas de mercado ouvidos pelo Estadão/Broadcast, carne, café e açúcar são as commodities que mais preocupam quanto à pressão inflacionária em 2025.

O movimento tende a repetir o já observado no ano passado com uma inflação de alimentos resistente, o que preocupa o governo em virtude da pressão sobre a inflação geral e, consequentemente, um atraso no ciclo de corte de juros.

Os números mais recentes divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que os preços de alimentação e bebidas aumentaram em dezembro pelo quarto mês seguido. O grupo saiu de uma elevação de 1,34% em novembro para uma alta de 1,47% no mês passado, resultando numa contribuição de 0,32 ponto porcentual para a taxa de 0,34% registrada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) no último mês (o IPCA fechado do ano será divulgado na sexta-feira, 10).

Principal impacto da aceleração da inflação de alimentos deve vir das proteínas animais, segundo analistas Foto: Werther Santana/Estadão

O principal impacto da aceleração da inflação de alimentos deve vir das proteínas animais, aponta a analista da Tendências Consultoria, Gabriela Faria, economista responsável por agropecuária e biocombustíveis.

“A inflação será impulsionada pelo aumento expressivo dos preços das carnes, estimado em pelo menos 16,6% no valor pago ao produtor, com repasse à indústria e ao consumidor”, diz.

Café e açúcar também devem contribuir com uma inflação de alimentos mais forte com produções limitadas, segundo a economista. Em contrapartida, do lado dos grãos, o efeito dos preços sobre a inflação tende a ser neutro, sem expectativa de altas acentuadas nas cotações de soja e milho.

A Tendência projeta aumento de 9,1% no IPCA alimentos de 2024 e de 6,2% para este ano, com viés de alta. Faria cita também o óleo de soja, leite e as commodities softs (como são chamadas as que são cultivadas, e não extraídas, como minério ou petróleo) como itens de atenção quanto a potencial inflacionário neste ano, além de hortaliças, frutas e verduras, com maior suscetibilidade a variações climáticas e peso relevante na cesta básica.

O momento atual é de atenção também sobre o desenvolvimento das lavouras de hortifrútis, afetadas pela seca histórica do ano passado, diz o gerente da consultoria Agro do Itaú BBA, Cesar de Castro Alves. “É preciso observar o acumulado de chuvas nos próximos dois meses e os efeitos sobre a produção de hortifrútis, que, apesar da rápida recuperação das lavouras, podem ter pressão momentânea sobre inflação em caso de perdas”, destaca Alves.

Ele concorda com os demais analistas que as proteínas e as commodities softs são os produtos mais preocupantes quanto à pressão inflacionária. “A alta do café ainda não foi repassada ao varejo e poderemos ter novas máximas históricas. Dos produtos básicos, o trigo vai depender muito do dólar, já o arroz tende a ter uma ótima safra e o feijão deve ficar com produção dentro da média”, acrescenta.

O sócio-diretor da consultoria MB Agro, José Carlos Hausknecht, observa que o câmbio será determinante para a inflação de alimentos neste ano. “Se o dólar se mantiver acima de R$ 6, a pressão sobre a inflação de alimentos será maior levando a uma política monetária mais restritiva. Do ponto de vista fiscal, o mercado não vê firmeza nas medidas do governo, o que gera incerteza, e somado aos preços sustentados de commodities agrícolas reflete em maior pressão sobre inflação”, avalia.

Preços distintos

Para os analistas, os preços dos principais produtos agrícolas no mercado doméstico devem ter comportamentos distintos neste ano. Enquanto as carnes tendem a subir dois dígitos e as commodities softs tendem a manter os preços, para os grãos, a supersafra brasileira, estimada em 322,42 milhões de toneladas no mais recente levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), e o menor crescimento econômico global tendem a arrefecer as cotações.

Ano será de bienalidade negativa para o café, o que indica uma produção menor Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Em comum entre as commodities, a principal incógnita na formação de preços é o fortalecimento do dólar, que afeta a competitividade das exportações brasileiras e a paridade interna de preços.

Para soja e milho, principais produtos agrícolas brasileiros, a previsão é de queda dos preços domésticos, embora em menor proporção que a vista em 2023 e em 2024, avalia a analista da Tendências Gabriela Faria. A reação recente dos preços dos grãos, segundo ela, foi reflexo das incertezas quanto ao plantio em meio à seca histórica do Brasil e não deve se estender ao longo deste ano.

“Os números mostram a tendência de uma safra recorde para a soja com a demanda continuando no mesmo nível, enquanto para o milho, considerando um período ideal de plantio, o Brasil também deve ter uma boa safra. A oferta forte e a demanda estável fazem com que os preços caíam”, explica a analista.

Faria observa que a desaceleração da economia chinesa, maior país importador de grãos e principal destino das exportações brasileiras, pode se refletir no consumo de grãos. Do lado da oferta global, também não há indicativos de sustentação para os preços dos grãos, com estoques mundiais elevados e safra recorde dos Estados Unidos. “A partir da entrada da safra nacional, os preços devem começar a cair. A velocidade e a intensidade da queda vai depender da demanda, mas tende a ser maior para a soja que para o milho”, pontua Faria.

Na mesma linha, José Carlos Hausknecht, da MB Agro, não acredita em baixa generalizada dos preços com uma demanda ainda sustentada, mas também não enxerga sinais para alta. O câmbio e a eventual retomada da guerra comercial entre Estados Unidos e China também devem direcionar os preços dos grãos brasileiros, observa.

BRASÍLIA E SÃO PAULO - A expectativa de alta de preços em produtos agropecuários usados na cesta básica deve pressionar a inflação de alimentos neste ano. Segundo analistas de mercado ouvidos pelo Estadão/Broadcast, carne, café e açúcar são as commodities que mais preocupam quanto à pressão inflacionária em 2025.

O movimento tende a repetir o já observado no ano passado com uma inflação de alimentos resistente, o que preocupa o governo em virtude da pressão sobre a inflação geral e, consequentemente, um atraso no ciclo de corte de juros.

Os números mais recentes divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que os preços de alimentação e bebidas aumentaram em dezembro pelo quarto mês seguido. O grupo saiu de uma elevação de 1,34% em novembro para uma alta de 1,47% no mês passado, resultando numa contribuição de 0,32 ponto porcentual para a taxa de 0,34% registrada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) no último mês (o IPCA fechado do ano será divulgado na sexta-feira, 10).

Principal impacto da aceleração da inflação de alimentos deve vir das proteínas animais, segundo analistas Foto: Werther Santana/Estadão

O principal impacto da aceleração da inflação de alimentos deve vir das proteínas animais, aponta a analista da Tendências Consultoria, Gabriela Faria, economista responsável por agropecuária e biocombustíveis.

“A inflação será impulsionada pelo aumento expressivo dos preços das carnes, estimado em pelo menos 16,6% no valor pago ao produtor, com repasse à indústria e ao consumidor”, diz.

Café e açúcar também devem contribuir com uma inflação de alimentos mais forte com produções limitadas, segundo a economista. Em contrapartida, do lado dos grãos, o efeito dos preços sobre a inflação tende a ser neutro, sem expectativa de altas acentuadas nas cotações de soja e milho.

A Tendência projeta aumento de 9,1% no IPCA alimentos de 2024 e de 6,2% para este ano, com viés de alta. Faria cita também o óleo de soja, leite e as commodities softs (como são chamadas as que são cultivadas, e não extraídas, como minério ou petróleo) como itens de atenção quanto a potencial inflacionário neste ano, além de hortaliças, frutas e verduras, com maior suscetibilidade a variações climáticas e peso relevante na cesta básica.

O momento atual é de atenção também sobre o desenvolvimento das lavouras de hortifrútis, afetadas pela seca histórica do ano passado, diz o gerente da consultoria Agro do Itaú BBA, Cesar de Castro Alves. “É preciso observar o acumulado de chuvas nos próximos dois meses e os efeitos sobre a produção de hortifrútis, que, apesar da rápida recuperação das lavouras, podem ter pressão momentânea sobre inflação em caso de perdas”, destaca Alves.

Ele concorda com os demais analistas que as proteínas e as commodities softs são os produtos mais preocupantes quanto à pressão inflacionária. “A alta do café ainda não foi repassada ao varejo e poderemos ter novas máximas históricas. Dos produtos básicos, o trigo vai depender muito do dólar, já o arroz tende a ter uma ótima safra e o feijão deve ficar com produção dentro da média”, acrescenta.

O sócio-diretor da consultoria MB Agro, José Carlos Hausknecht, observa que o câmbio será determinante para a inflação de alimentos neste ano. “Se o dólar se mantiver acima de R$ 6, a pressão sobre a inflação de alimentos será maior levando a uma política monetária mais restritiva. Do ponto de vista fiscal, o mercado não vê firmeza nas medidas do governo, o que gera incerteza, e somado aos preços sustentados de commodities agrícolas reflete em maior pressão sobre inflação”, avalia.

Preços distintos

Para os analistas, os preços dos principais produtos agrícolas no mercado doméstico devem ter comportamentos distintos neste ano. Enquanto as carnes tendem a subir dois dígitos e as commodities softs tendem a manter os preços, para os grãos, a supersafra brasileira, estimada em 322,42 milhões de toneladas no mais recente levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), e o menor crescimento econômico global tendem a arrefecer as cotações.

Ano será de bienalidade negativa para o café, o que indica uma produção menor Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Em comum entre as commodities, a principal incógnita na formação de preços é o fortalecimento do dólar, que afeta a competitividade das exportações brasileiras e a paridade interna de preços.

Para soja e milho, principais produtos agrícolas brasileiros, a previsão é de queda dos preços domésticos, embora em menor proporção que a vista em 2023 e em 2024, avalia a analista da Tendências Gabriela Faria. A reação recente dos preços dos grãos, segundo ela, foi reflexo das incertezas quanto ao plantio em meio à seca histórica do Brasil e não deve se estender ao longo deste ano.

“Os números mostram a tendência de uma safra recorde para a soja com a demanda continuando no mesmo nível, enquanto para o milho, considerando um período ideal de plantio, o Brasil também deve ter uma boa safra. A oferta forte e a demanda estável fazem com que os preços caíam”, explica a analista.

Faria observa que a desaceleração da economia chinesa, maior país importador de grãos e principal destino das exportações brasileiras, pode se refletir no consumo de grãos. Do lado da oferta global, também não há indicativos de sustentação para os preços dos grãos, com estoques mundiais elevados e safra recorde dos Estados Unidos. “A partir da entrada da safra nacional, os preços devem começar a cair. A velocidade e a intensidade da queda vai depender da demanda, mas tende a ser maior para a soja que para o milho”, pontua Faria.

Na mesma linha, José Carlos Hausknecht, da MB Agro, não acredita em baixa generalizada dos preços com uma demanda ainda sustentada, mas também não enxerga sinais para alta. O câmbio e a eventual retomada da guerra comercial entre Estados Unidos e China também devem direcionar os preços dos grãos brasileiros, observa.

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