Quando o consumidor vira projetista


Num processo inédito, Fiat inverte ordem de criação e percorre de bares a universidades em busca de sugestões para redesenhar o Uno

A Fiat até que tentou, nos últimos anos, tirar o Uno Mille de linha, carro que em quase três décadas manteve a mesma cara quadrada. Vencida pelo sucesso do modelo, que há anos está na lista dos cinco mais vendidos no País, a montadora decidiu então reinventar o compacto desenhado pelo mestre em design Giorgetto Giugiaro na década de 80.Num processo inédito no setor automotivo, a montadora inverteu a ordem de criação: em vez de apresentar um conceito e adaptá-lo às reações e propostas dos consumidores, saiu a campo em busca de sugestões e, com base nelas, projetou o Novo Uno.Lançado em maio, o Novo Uno, junto com o Mille (que continua à venda), colocou o compacto na vice-liderança de vendas entre os cerca de 120 automóveis nacionais e importados vendidos no Brasil. Hoje só perde para o Gol, que segue imbatível na liderança há quase 23 anos. Equipes de pesquisadores e designers percorreram 80 diferentes ambientes, de bares a universidades, e ouviram 760 pessoas que a empresa identifica como "público Beta", consumidores com entendimento em automóveis."Os pesquisadores identificavam o público-alvo e, à medida em que davam suas sugestões sobre o que esperavam de um carro pequeno, os designers faziam o desenho, uma espécie de retrato falado", conta Carlos Eugênio Dutra, diretor de produto da Fiat do Brasil. Os esboços eram repassados aos profissionais do centro de design da montadora em Betim (MG) e aperfeiçoados. "Em três meses já tínhamos o conceito do novo carro."No processo de recriar o Uno, que começou a ser produzido na Europa em 1983 e no ano seguinte no Brasil, a Fiat descobriu também que o design tipo caixa - visto como grande inovação na época, mas nos últimos anos considerado ultrapassado por analistas -, segue em alto conceito entre os consumidores. Por isso, foi mantido, mas renovado. "Criamos o conceito do quadrado arredondado", define Dutra.Só então a Fiat construiu a primeira versão artesanal do novo Uno e levou para as clínicas, pesquisas que todas as montadoras fazem na fase de desenvolvimento de um produto. Consiste em mostrar o carro e os principais concorrentes e anotar reações, sugestões e críticas dos clientes.100% brasileiro. Todo o processo de desenvolvimento levou três anos, envolveu mais de 600 profissionais e US$ 600 milhões em investimento. No período, foram construídos entre 380 e 400 protótipos ou "mulas" - carros para testes e demonstrações.O Novo Uno é considerado pela própria Fiat como o primeiro carro 100% brasileiro desenvolvido pela empresa. O Palio, lançado em 1996, teve parte do projeto feito no País, mas sob o comando de engenheiros italianos por ser um carro mundial, com produção em diversos países. Inicialmente, o Novo Uno será produzido no Brasil, mas pelo menos dois países, a Sérvia e a Índia, estão de olho no projeto, embora a Fiat não confirme oficialmente. O modelo é importante arma na estratégia da Fiat de manter-se como líder em vendas no mercado brasileiro, posto que ocupa desde 2001, com exceção de 2004, quando o lugar foi ocupado pela General Motors.Nos dois meses de estreia, o compacto fez mais estragos na própria casa do que no concorrente. O Palio, tradicionalmente o segundo automóvel mais vendido no País, caiu para a sexta posição em junho (10 mil unidades). O Uno ficou em segundo, com 19 mil unidades. O Gol manteve-se no topo, com 22,1 mil unidades (ante 24,2 mil em maio). O terceiro lugar foi do Fox (11,8 mil), o quarto do Celta (10,9 mil) e o quinto do Corsa (10,8 mil)."A canibalização estava prevista e isso normalmente ocorre com todos os lançamentos, nossos e da concorrência", defende Dutra. "O importante é que o resultado final seja positivo."Disputa. A Fiat encerrou o primeiro semestre com 23,2% de participação nas vendas de automóveis, ante 22,7% da Volkswagen. No ano passado, pela primeira vez desde 2001, a Volks liderou as vendas no segmento, feito que repetiu em dois meses neste ano. De janeiro a julho de 2009, a Fiat tinha 25% das vendas, enquanto a concorrente tinha 26%."Não podemos ser inocentes, nem hipócritas: temos 24%, 25% de participação no mercado e não há ilusão de que podemos crescer muito, ir a 40%, por exemplo", admite Dutra. Nos bastidores, porém, as duas marcas prometem acirrada disputa pelo segmento dos compactos, que concentra 53% de toda a venda de automóveis no País.No total, o Uno Mille vendeu quase 10 milhões de unidades. No Brasil, único país onde ainda é produzido - a Europa suspendeu a produção em 1995 -, foram vendidas 3,1 milhões de unidades em 26 anos. O Mille, que custa R$ 23,5 mil, vende em média 120 mil unidades ao ano, mas a Fiat aposta em números bem superiores com a versão renovada, vendida a partir de R$ 27,5 mil. O Novo Uno participou com 45% das vendas desde o lançamento e a tendência é de ampliação. A convivência entre as duas versões não tem prazo definido. "Enquanto vender, o Mille fica no mercado", diz Dutra. Segundo o consultor Arnaldo Brazil, da Prime Action, manter a versão antiga de um carro, mesmo com o lançamento de uma nova, "é característica do mercado brasileiro" no segmento de entrada. A estratégia é garantir presença em uma faixa de preço mais em conta. "Normalmente, um lançamento chega com preço um pouco acima, mas a empresa não quer abandonar a faixa do produto antigo, principalmente se tem elevado volume de vendas", explica o consultor.A Volkswagen tem adotado a estratégia com o Gol, que já está na quinta geração. A primeira foi lançada em 1980, na época com a difícil tarefa de substituir o Fusca. A segunda veio 14 anos depois, quando o modelo abandonou as linhas quadradas, dando lugar ao Gol "bolinha". A terceira, lançada em 1999, conviveu com o antecessor por quatro anos. Já a quarta geração, lançada em 2005, segue à venda até hoje, junto com o modelo atual, que chegou ao mercado há dois anos.A Volks não divulga o porcentual de vendas de cada modelo, mas concessionários informam que a proporção é de 80% do G5 (Geração Cinco, que custa a partir de R$ 30,8 mil) e o restante do G4 (R$ 27,5 mil).Longevidade. Seis anos após o lançamento, o Gol ganhou o posto de líder de vendas mantido até hoje. "Vamos completar 23 anos de liderança", antecipa Fabrício Biondo, gerente de planejamento de marketing da Volkswagen. Para ele, o sucesso e longevidade do Gol tem três pilares: design, confiabilidade e valor de revenda. O Gol é produzido nas fábricas de São Bernardo do Campo e de Taubaté. Até agora, foram 6,2 milhões de unidades do modelo, das quais 5,3 milhões vendidas no Brasil e as demais exportadas. É o modelo mais vendido da marca em um único país. O Fusca teve 21,5 milhões de unidades vendidas em 65 anos, em diversos países. O Golf soma vendas de 25 milhões desde 1974, também em diversos países.Outro modelo que convive com o irmão mais antigo é o Corsa, da GM. O primeiro modelo foi lançado em 1995 e, em 2004, passou a chamar-se Classic para conviver com a versão renovada do modelo. Com quase 1 milhão de unidades vendidas, o Classic foi reestilizado em abril.Retrato faladoÀ medida que os clientes em potencial iam fazendo sugestões, os designers da Fiat desenhavam as ideias. Ao final, 760 pessoas foram ouvidas, em 80 ambientes diferentes.

A Fiat até que tentou, nos últimos anos, tirar o Uno Mille de linha, carro que em quase três décadas manteve a mesma cara quadrada. Vencida pelo sucesso do modelo, que há anos está na lista dos cinco mais vendidos no País, a montadora decidiu então reinventar o compacto desenhado pelo mestre em design Giorgetto Giugiaro na década de 80.Num processo inédito no setor automotivo, a montadora inverteu a ordem de criação: em vez de apresentar um conceito e adaptá-lo às reações e propostas dos consumidores, saiu a campo em busca de sugestões e, com base nelas, projetou o Novo Uno.Lançado em maio, o Novo Uno, junto com o Mille (que continua à venda), colocou o compacto na vice-liderança de vendas entre os cerca de 120 automóveis nacionais e importados vendidos no Brasil. Hoje só perde para o Gol, que segue imbatível na liderança há quase 23 anos. Equipes de pesquisadores e designers percorreram 80 diferentes ambientes, de bares a universidades, e ouviram 760 pessoas que a empresa identifica como "público Beta", consumidores com entendimento em automóveis."Os pesquisadores identificavam o público-alvo e, à medida em que davam suas sugestões sobre o que esperavam de um carro pequeno, os designers faziam o desenho, uma espécie de retrato falado", conta Carlos Eugênio Dutra, diretor de produto da Fiat do Brasil. Os esboços eram repassados aos profissionais do centro de design da montadora em Betim (MG) e aperfeiçoados. "Em três meses já tínhamos o conceito do novo carro."No processo de recriar o Uno, que começou a ser produzido na Europa em 1983 e no ano seguinte no Brasil, a Fiat descobriu também que o design tipo caixa - visto como grande inovação na época, mas nos últimos anos considerado ultrapassado por analistas -, segue em alto conceito entre os consumidores. Por isso, foi mantido, mas renovado. "Criamos o conceito do quadrado arredondado", define Dutra.Só então a Fiat construiu a primeira versão artesanal do novo Uno e levou para as clínicas, pesquisas que todas as montadoras fazem na fase de desenvolvimento de um produto. Consiste em mostrar o carro e os principais concorrentes e anotar reações, sugestões e críticas dos clientes.100% brasileiro. Todo o processo de desenvolvimento levou três anos, envolveu mais de 600 profissionais e US$ 600 milhões em investimento. No período, foram construídos entre 380 e 400 protótipos ou "mulas" - carros para testes e demonstrações.O Novo Uno é considerado pela própria Fiat como o primeiro carro 100% brasileiro desenvolvido pela empresa. O Palio, lançado em 1996, teve parte do projeto feito no País, mas sob o comando de engenheiros italianos por ser um carro mundial, com produção em diversos países. Inicialmente, o Novo Uno será produzido no Brasil, mas pelo menos dois países, a Sérvia e a Índia, estão de olho no projeto, embora a Fiat não confirme oficialmente. O modelo é importante arma na estratégia da Fiat de manter-se como líder em vendas no mercado brasileiro, posto que ocupa desde 2001, com exceção de 2004, quando o lugar foi ocupado pela General Motors.Nos dois meses de estreia, o compacto fez mais estragos na própria casa do que no concorrente. O Palio, tradicionalmente o segundo automóvel mais vendido no País, caiu para a sexta posição em junho (10 mil unidades). O Uno ficou em segundo, com 19 mil unidades. O Gol manteve-se no topo, com 22,1 mil unidades (ante 24,2 mil em maio). O terceiro lugar foi do Fox (11,8 mil), o quarto do Celta (10,9 mil) e o quinto do Corsa (10,8 mil)."A canibalização estava prevista e isso normalmente ocorre com todos os lançamentos, nossos e da concorrência", defende Dutra. "O importante é que o resultado final seja positivo."Disputa. A Fiat encerrou o primeiro semestre com 23,2% de participação nas vendas de automóveis, ante 22,7% da Volkswagen. No ano passado, pela primeira vez desde 2001, a Volks liderou as vendas no segmento, feito que repetiu em dois meses neste ano. De janeiro a julho de 2009, a Fiat tinha 25% das vendas, enquanto a concorrente tinha 26%."Não podemos ser inocentes, nem hipócritas: temos 24%, 25% de participação no mercado e não há ilusão de que podemos crescer muito, ir a 40%, por exemplo", admite Dutra. Nos bastidores, porém, as duas marcas prometem acirrada disputa pelo segmento dos compactos, que concentra 53% de toda a venda de automóveis no País.No total, o Uno Mille vendeu quase 10 milhões de unidades. No Brasil, único país onde ainda é produzido - a Europa suspendeu a produção em 1995 -, foram vendidas 3,1 milhões de unidades em 26 anos. O Mille, que custa R$ 23,5 mil, vende em média 120 mil unidades ao ano, mas a Fiat aposta em números bem superiores com a versão renovada, vendida a partir de R$ 27,5 mil. O Novo Uno participou com 45% das vendas desde o lançamento e a tendência é de ampliação. A convivência entre as duas versões não tem prazo definido. "Enquanto vender, o Mille fica no mercado", diz Dutra. Segundo o consultor Arnaldo Brazil, da Prime Action, manter a versão antiga de um carro, mesmo com o lançamento de uma nova, "é característica do mercado brasileiro" no segmento de entrada. A estratégia é garantir presença em uma faixa de preço mais em conta. "Normalmente, um lançamento chega com preço um pouco acima, mas a empresa não quer abandonar a faixa do produto antigo, principalmente se tem elevado volume de vendas", explica o consultor.A Volkswagen tem adotado a estratégia com o Gol, que já está na quinta geração. A primeira foi lançada em 1980, na época com a difícil tarefa de substituir o Fusca. A segunda veio 14 anos depois, quando o modelo abandonou as linhas quadradas, dando lugar ao Gol "bolinha". A terceira, lançada em 1999, conviveu com o antecessor por quatro anos. Já a quarta geração, lançada em 2005, segue à venda até hoje, junto com o modelo atual, que chegou ao mercado há dois anos.A Volks não divulga o porcentual de vendas de cada modelo, mas concessionários informam que a proporção é de 80% do G5 (Geração Cinco, que custa a partir de R$ 30,8 mil) e o restante do G4 (R$ 27,5 mil).Longevidade. Seis anos após o lançamento, o Gol ganhou o posto de líder de vendas mantido até hoje. "Vamos completar 23 anos de liderança", antecipa Fabrício Biondo, gerente de planejamento de marketing da Volkswagen. Para ele, o sucesso e longevidade do Gol tem três pilares: design, confiabilidade e valor de revenda. O Gol é produzido nas fábricas de São Bernardo do Campo e de Taubaté. Até agora, foram 6,2 milhões de unidades do modelo, das quais 5,3 milhões vendidas no Brasil e as demais exportadas. É o modelo mais vendido da marca em um único país. O Fusca teve 21,5 milhões de unidades vendidas em 65 anos, em diversos países. O Golf soma vendas de 25 milhões desde 1974, também em diversos países.Outro modelo que convive com o irmão mais antigo é o Corsa, da GM. O primeiro modelo foi lançado em 1995 e, em 2004, passou a chamar-se Classic para conviver com a versão renovada do modelo. Com quase 1 milhão de unidades vendidas, o Classic foi reestilizado em abril.Retrato faladoÀ medida que os clientes em potencial iam fazendo sugestões, os designers da Fiat desenhavam as ideias. Ao final, 760 pessoas foram ouvidas, em 80 ambientes diferentes.

A Fiat até que tentou, nos últimos anos, tirar o Uno Mille de linha, carro que em quase três décadas manteve a mesma cara quadrada. Vencida pelo sucesso do modelo, que há anos está na lista dos cinco mais vendidos no País, a montadora decidiu então reinventar o compacto desenhado pelo mestre em design Giorgetto Giugiaro na década de 80.Num processo inédito no setor automotivo, a montadora inverteu a ordem de criação: em vez de apresentar um conceito e adaptá-lo às reações e propostas dos consumidores, saiu a campo em busca de sugestões e, com base nelas, projetou o Novo Uno.Lançado em maio, o Novo Uno, junto com o Mille (que continua à venda), colocou o compacto na vice-liderança de vendas entre os cerca de 120 automóveis nacionais e importados vendidos no Brasil. Hoje só perde para o Gol, que segue imbatível na liderança há quase 23 anos. Equipes de pesquisadores e designers percorreram 80 diferentes ambientes, de bares a universidades, e ouviram 760 pessoas que a empresa identifica como "público Beta", consumidores com entendimento em automóveis."Os pesquisadores identificavam o público-alvo e, à medida em que davam suas sugestões sobre o que esperavam de um carro pequeno, os designers faziam o desenho, uma espécie de retrato falado", conta Carlos Eugênio Dutra, diretor de produto da Fiat do Brasil. Os esboços eram repassados aos profissionais do centro de design da montadora em Betim (MG) e aperfeiçoados. "Em três meses já tínhamos o conceito do novo carro."No processo de recriar o Uno, que começou a ser produzido na Europa em 1983 e no ano seguinte no Brasil, a Fiat descobriu também que o design tipo caixa - visto como grande inovação na época, mas nos últimos anos considerado ultrapassado por analistas -, segue em alto conceito entre os consumidores. Por isso, foi mantido, mas renovado. "Criamos o conceito do quadrado arredondado", define Dutra.Só então a Fiat construiu a primeira versão artesanal do novo Uno e levou para as clínicas, pesquisas que todas as montadoras fazem na fase de desenvolvimento de um produto. Consiste em mostrar o carro e os principais concorrentes e anotar reações, sugestões e críticas dos clientes.100% brasileiro. Todo o processo de desenvolvimento levou três anos, envolveu mais de 600 profissionais e US$ 600 milhões em investimento. No período, foram construídos entre 380 e 400 protótipos ou "mulas" - carros para testes e demonstrações.O Novo Uno é considerado pela própria Fiat como o primeiro carro 100% brasileiro desenvolvido pela empresa. O Palio, lançado em 1996, teve parte do projeto feito no País, mas sob o comando de engenheiros italianos por ser um carro mundial, com produção em diversos países. Inicialmente, o Novo Uno será produzido no Brasil, mas pelo menos dois países, a Sérvia e a Índia, estão de olho no projeto, embora a Fiat não confirme oficialmente. O modelo é importante arma na estratégia da Fiat de manter-se como líder em vendas no mercado brasileiro, posto que ocupa desde 2001, com exceção de 2004, quando o lugar foi ocupado pela General Motors.Nos dois meses de estreia, o compacto fez mais estragos na própria casa do que no concorrente. O Palio, tradicionalmente o segundo automóvel mais vendido no País, caiu para a sexta posição em junho (10 mil unidades). O Uno ficou em segundo, com 19 mil unidades. O Gol manteve-se no topo, com 22,1 mil unidades (ante 24,2 mil em maio). O terceiro lugar foi do Fox (11,8 mil), o quarto do Celta (10,9 mil) e o quinto do Corsa (10,8 mil)."A canibalização estava prevista e isso normalmente ocorre com todos os lançamentos, nossos e da concorrência", defende Dutra. "O importante é que o resultado final seja positivo."Disputa. A Fiat encerrou o primeiro semestre com 23,2% de participação nas vendas de automóveis, ante 22,7% da Volkswagen. No ano passado, pela primeira vez desde 2001, a Volks liderou as vendas no segmento, feito que repetiu em dois meses neste ano. De janeiro a julho de 2009, a Fiat tinha 25% das vendas, enquanto a concorrente tinha 26%."Não podemos ser inocentes, nem hipócritas: temos 24%, 25% de participação no mercado e não há ilusão de que podemos crescer muito, ir a 40%, por exemplo", admite Dutra. Nos bastidores, porém, as duas marcas prometem acirrada disputa pelo segmento dos compactos, que concentra 53% de toda a venda de automóveis no País.No total, o Uno Mille vendeu quase 10 milhões de unidades. No Brasil, único país onde ainda é produzido - a Europa suspendeu a produção em 1995 -, foram vendidas 3,1 milhões de unidades em 26 anos. O Mille, que custa R$ 23,5 mil, vende em média 120 mil unidades ao ano, mas a Fiat aposta em números bem superiores com a versão renovada, vendida a partir de R$ 27,5 mil. O Novo Uno participou com 45% das vendas desde o lançamento e a tendência é de ampliação. A convivência entre as duas versões não tem prazo definido. "Enquanto vender, o Mille fica no mercado", diz Dutra. Segundo o consultor Arnaldo Brazil, da Prime Action, manter a versão antiga de um carro, mesmo com o lançamento de uma nova, "é característica do mercado brasileiro" no segmento de entrada. A estratégia é garantir presença em uma faixa de preço mais em conta. "Normalmente, um lançamento chega com preço um pouco acima, mas a empresa não quer abandonar a faixa do produto antigo, principalmente se tem elevado volume de vendas", explica o consultor.A Volkswagen tem adotado a estratégia com o Gol, que já está na quinta geração. A primeira foi lançada em 1980, na época com a difícil tarefa de substituir o Fusca. A segunda veio 14 anos depois, quando o modelo abandonou as linhas quadradas, dando lugar ao Gol "bolinha". A terceira, lançada em 1999, conviveu com o antecessor por quatro anos. Já a quarta geração, lançada em 2005, segue à venda até hoje, junto com o modelo atual, que chegou ao mercado há dois anos.A Volks não divulga o porcentual de vendas de cada modelo, mas concessionários informam que a proporção é de 80% do G5 (Geração Cinco, que custa a partir de R$ 30,8 mil) e o restante do G4 (R$ 27,5 mil).Longevidade. Seis anos após o lançamento, o Gol ganhou o posto de líder de vendas mantido até hoje. "Vamos completar 23 anos de liderança", antecipa Fabrício Biondo, gerente de planejamento de marketing da Volkswagen. Para ele, o sucesso e longevidade do Gol tem três pilares: design, confiabilidade e valor de revenda. O Gol é produzido nas fábricas de São Bernardo do Campo e de Taubaté. Até agora, foram 6,2 milhões de unidades do modelo, das quais 5,3 milhões vendidas no Brasil e as demais exportadas. É o modelo mais vendido da marca em um único país. O Fusca teve 21,5 milhões de unidades vendidas em 65 anos, em diversos países. O Golf soma vendas de 25 milhões desde 1974, também em diversos países.Outro modelo que convive com o irmão mais antigo é o Corsa, da GM. O primeiro modelo foi lançado em 1995 e, em 2004, passou a chamar-se Classic para conviver com a versão renovada do modelo. Com quase 1 milhão de unidades vendidas, o Classic foi reestilizado em abril.Retrato faladoÀ medida que os clientes em potencial iam fazendo sugestões, os designers da Fiat desenhavam as ideias. Ao final, 760 pessoas foram ouvidas, em 80 ambientes diferentes.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.