Quatro em cada dez moradores de favelas empreendem por necessidade


Sem opção no mercado formal, pessoas têm de ‘inventar’ atividade e recorrer a ‘bicos’, segundo estudo da Digital Favela

Por Fernanda Guimarães e Wesley Gonsalves
Atualização:

Para driblar o desemprego e garantir renda, moradores de favelas no Brasil precisam muitas vezes “inventar” um negócio. Levantamento da Digital Favela mostra que 41% das pessoas que vivem em comunidades trabalham por conta própria, sendo negócios ligados à alimentação e à venda de cosméticos os mais comuns. A pesquisa, feita com 1.250 moradores de comunidades em todo o Brasil, aponta, porém, que a maioria (63%) atua na informalidade. Desse contingente, 57% admitem que a busca pelo empreendedorismo se deu por falta de oportunidade no mercado de trabalho.

Copresidente da Digital Favela, Guilherme Pierri diz que a “pandemia teve classe social”, ampliando a desigualdade, o que fez crescer a população das favelas. De acordo com os dados, durante a pandemia, 2 milhões de pessoas passaram a morar nas favelas, que hoje abrigam 17 milhões de pessoas. “Os bicos foram grandes aliados. O empreendedorismo por subsistência acaba virando a principal fonte de renda de muitas famílias”, afirma Pierri.

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Renda alternativa

Helenilza Araújo e José Eduardo Araújo fazem parte do grupo de pessoas que precisou empreender. Depois de deixar um trabalho como vendedora de roupas no Bom Retiro para cuidar do filho, há três anos, ela decidiu montar uma confeitaria em Heliópolis, maior favela de São Paulo. Após José Eduardo perder o emprego no início da pandemia, o negócio se transformou na única renda da família. “Meu marido ficou quatro meses desempregado, mas logo teve de arrumar algo fixo, porque nosso faturamento caiu cerca de 50%. Não dava mais para sustentar os dois”, conta Helenilza.

Na pandemia, casal Helenilza e José criou confeitaria em Heliópolis Foto: Taba Benedicto/Estadão
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José Eduardo se divide entre o trabalho com carteira assinada em uma padaria pela manhã e, à tarde, ajuda a esposa na produção de tortas, bolos e doces. Por enquanto, mesmo com o aumento nas vendas, o casal não tem planos de seguir apenas com a renda da confeitaria.

Celso Athayde, que preside a Digital Favela ao lado de Pierri, diz que a necessidade faz com que, na favela, a economia criativa tenha muito potencial. Ele lembra que o grande impeditivo é a dificuldade de acesso a capital – isso apesar da estimativa de que as favelas movimentam R$ 180 bilhões ao ano. “Por isso, trabalho há anos para fazer essa conexão entre empreendedores da favela e investidores do asfalto”, diz Athayde, fundador também da Central Única das Favelas (Cufa).

Crédito raro

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Seja no início do negócio, ou para mantê-lo vivo em momentos de crise, o acesso ao crédito é um desafio. Felipe Araújo, de 34 anos, dono de uma agência de viagens em Heliópolis, já viveu esse drama. No início de 2020, tentou solicitar um empréstimo para manter três agências que possuía funcionando, mas o valor arrecadado não foi suficiente. Sem os recursos, a solução foi fechar duas das unidades e demitir todos os funcionários. Com a retomada do setor, em 2022, Felipe buscou novamente crédito na praça. Mais uma vez, obteve menos do que precisava. “Foi muito abaixo do que esperava, mas pelo menos conseguimos uma taxa de juros menor”, afirma.

Empresario Felipe Araujo possui uma agencia de turismo dentro da comunidade do Heliopolis, na zona sul de Sao Paulo Foto: Taba Benedicto/Estadão

O diretor da FGV Social, Marcelo Neri, diz que o crescimento do empreendedorismo informal é recorrente em períodos de crise econômica. “A informalidade é uma espécie de colchão que ampara as pessoas em momentos de crise, muitas vezes são trabalhos de subsistência. Não são opção, mas necessidade”, afirma.

Para driblar o desemprego e garantir renda, moradores de favelas no Brasil precisam muitas vezes “inventar” um negócio. Levantamento da Digital Favela mostra que 41% das pessoas que vivem em comunidades trabalham por conta própria, sendo negócios ligados à alimentação e à venda de cosméticos os mais comuns. A pesquisa, feita com 1.250 moradores de comunidades em todo o Brasil, aponta, porém, que a maioria (63%) atua na informalidade. Desse contingente, 57% admitem que a busca pelo empreendedorismo se deu por falta de oportunidade no mercado de trabalho.

Copresidente da Digital Favela, Guilherme Pierri diz que a “pandemia teve classe social”, ampliando a desigualdade, o que fez crescer a população das favelas. De acordo com os dados, durante a pandemia, 2 milhões de pessoas passaram a morar nas favelas, que hoje abrigam 17 milhões de pessoas. “Os bicos foram grandes aliados. O empreendedorismo por subsistência acaba virando a principal fonte de renda de muitas famílias”, afirma Pierri.

Renda alternativa

Helenilza Araújo e José Eduardo Araújo fazem parte do grupo de pessoas que precisou empreender. Depois de deixar um trabalho como vendedora de roupas no Bom Retiro para cuidar do filho, há três anos, ela decidiu montar uma confeitaria em Heliópolis, maior favela de São Paulo. Após José Eduardo perder o emprego no início da pandemia, o negócio se transformou na única renda da família. “Meu marido ficou quatro meses desempregado, mas logo teve de arrumar algo fixo, porque nosso faturamento caiu cerca de 50%. Não dava mais para sustentar os dois”, conta Helenilza.

Na pandemia, casal Helenilza e José criou confeitaria em Heliópolis Foto: Taba Benedicto/Estadão

José Eduardo se divide entre o trabalho com carteira assinada em uma padaria pela manhã e, à tarde, ajuda a esposa na produção de tortas, bolos e doces. Por enquanto, mesmo com o aumento nas vendas, o casal não tem planos de seguir apenas com a renda da confeitaria.

Celso Athayde, que preside a Digital Favela ao lado de Pierri, diz que a necessidade faz com que, na favela, a economia criativa tenha muito potencial. Ele lembra que o grande impeditivo é a dificuldade de acesso a capital – isso apesar da estimativa de que as favelas movimentam R$ 180 bilhões ao ano. “Por isso, trabalho há anos para fazer essa conexão entre empreendedores da favela e investidores do asfalto”, diz Athayde, fundador também da Central Única das Favelas (Cufa).

Crédito raro

Seja no início do negócio, ou para mantê-lo vivo em momentos de crise, o acesso ao crédito é um desafio. Felipe Araújo, de 34 anos, dono de uma agência de viagens em Heliópolis, já viveu esse drama. No início de 2020, tentou solicitar um empréstimo para manter três agências que possuía funcionando, mas o valor arrecadado não foi suficiente. Sem os recursos, a solução foi fechar duas das unidades e demitir todos os funcionários. Com a retomada do setor, em 2022, Felipe buscou novamente crédito na praça. Mais uma vez, obteve menos do que precisava. “Foi muito abaixo do que esperava, mas pelo menos conseguimos uma taxa de juros menor”, afirma.

Empresario Felipe Araujo possui uma agencia de turismo dentro da comunidade do Heliopolis, na zona sul de Sao Paulo Foto: Taba Benedicto/Estadão

O diretor da FGV Social, Marcelo Neri, diz que o crescimento do empreendedorismo informal é recorrente em períodos de crise econômica. “A informalidade é uma espécie de colchão que ampara as pessoas em momentos de crise, muitas vezes são trabalhos de subsistência. Não são opção, mas necessidade”, afirma.

Para driblar o desemprego e garantir renda, moradores de favelas no Brasil precisam muitas vezes “inventar” um negócio. Levantamento da Digital Favela mostra que 41% das pessoas que vivem em comunidades trabalham por conta própria, sendo negócios ligados à alimentação e à venda de cosméticos os mais comuns. A pesquisa, feita com 1.250 moradores de comunidades em todo o Brasil, aponta, porém, que a maioria (63%) atua na informalidade. Desse contingente, 57% admitem que a busca pelo empreendedorismo se deu por falta de oportunidade no mercado de trabalho.

Copresidente da Digital Favela, Guilherme Pierri diz que a “pandemia teve classe social”, ampliando a desigualdade, o que fez crescer a população das favelas. De acordo com os dados, durante a pandemia, 2 milhões de pessoas passaram a morar nas favelas, que hoje abrigam 17 milhões de pessoas. “Os bicos foram grandes aliados. O empreendedorismo por subsistência acaba virando a principal fonte de renda de muitas famílias”, afirma Pierri.

Renda alternativa

Helenilza Araújo e José Eduardo Araújo fazem parte do grupo de pessoas que precisou empreender. Depois de deixar um trabalho como vendedora de roupas no Bom Retiro para cuidar do filho, há três anos, ela decidiu montar uma confeitaria em Heliópolis, maior favela de São Paulo. Após José Eduardo perder o emprego no início da pandemia, o negócio se transformou na única renda da família. “Meu marido ficou quatro meses desempregado, mas logo teve de arrumar algo fixo, porque nosso faturamento caiu cerca de 50%. Não dava mais para sustentar os dois”, conta Helenilza.

Na pandemia, casal Helenilza e José criou confeitaria em Heliópolis Foto: Taba Benedicto/Estadão

José Eduardo se divide entre o trabalho com carteira assinada em uma padaria pela manhã e, à tarde, ajuda a esposa na produção de tortas, bolos e doces. Por enquanto, mesmo com o aumento nas vendas, o casal não tem planos de seguir apenas com a renda da confeitaria.

Celso Athayde, que preside a Digital Favela ao lado de Pierri, diz que a necessidade faz com que, na favela, a economia criativa tenha muito potencial. Ele lembra que o grande impeditivo é a dificuldade de acesso a capital – isso apesar da estimativa de que as favelas movimentam R$ 180 bilhões ao ano. “Por isso, trabalho há anos para fazer essa conexão entre empreendedores da favela e investidores do asfalto”, diz Athayde, fundador também da Central Única das Favelas (Cufa).

Crédito raro

Seja no início do negócio, ou para mantê-lo vivo em momentos de crise, o acesso ao crédito é um desafio. Felipe Araújo, de 34 anos, dono de uma agência de viagens em Heliópolis, já viveu esse drama. No início de 2020, tentou solicitar um empréstimo para manter três agências que possuía funcionando, mas o valor arrecadado não foi suficiente. Sem os recursos, a solução foi fechar duas das unidades e demitir todos os funcionários. Com a retomada do setor, em 2022, Felipe buscou novamente crédito na praça. Mais uma vez, obteve menos do que precisava. “Foi muito abaixo do que esperava, mas pelo menos conseguimos uma taxa de juros menor”, afirma.

Empresario Felipe Araujo possui uma agencia de turismo dentro da comunidade do Heliopolis, na zona sul de Sao Paulo Foto: Taba Benedicto/Estadão

O diretor da FGV Social, Marcelo Neri, diz que o crescimento do empreendedorismo informal é recorrente em períodos de crise econômica. “A informalidade é uma espécie de colchão que ampara as pessoas em momentos de crise, muitas vezes são trabalhos de subsistência. Não são opção, mas necessidade”, afirma.

Para driblar o desemprego e garantir renda, moradores de favelas no Brasil precisam muitas vezes “inventar” um negócio. Levantamento da Digital Favela mostra que 41% das pessoas que vivem em comunidades trabalham por conta própria, sendo negócios ligados à alimentação e à venda de cosméticos os mais comuns. A pesquisa, feita com 1.250 moradores de comunidades em todo o Brasil, aponta, porém, que a maioria (63%) atua na informalidade. Desse contingente, 57% admitem que a busca pelo empreendedorismo se deu por falta de oportunidade no mercado de trabalho.

Copresidente da Digital Favela, Guilherme Pierri diz que a “pandemia teve classe social”, ampliando a desigualdade, o que fez crescer a população das favelas. De acordo com os dados, durante a pandemia, 2 milhões de pessoas passaram a morar nas favelas, que hoje abrigam 17 milhões de pessoas. “Os bicos foram grandes aliados. O empreendedorismo por subsistência acaba virando a principal fonte de renda de muitas famílias”, afirma Pierri.

Renda alternativa

Helenilza Araújo e José Eduardo Araújo fazem parte do grupo de pessoas que precisou empreender. Depois de deixar um trabalho como vendedora de roupas no Bom Retiro para cuidar do filho, há três anos, ela decidiu montar uma confeitaria em Heliópolis, maior favela de São Paulo. Após José Eduardo perder o emprego no início da pandemia, o negócio se transformou na única renda da família. “Meu marido ficou quatro meses desempregado, mas logo teve de arrumar algo fixo, porque nosso faturamento caiu cerca de 50%. Não dava mais para sustentar os dois”, conta Helenilza.

Na pandemia, casal Helenilza e José criou confeitaria em Heliópolis Foto: Taba Benedicto/Estadão

José Eduardo se divide entre o trabalho com carteira assinada em uma padaria pela manhã e, à tarde, ajuda a esposa na produção de tortas, bolos e doces. Por enquanto, mesmo com o aumento nas vendas, o casal não tem planos de seguir apenas com a renda da confeitaria.

Celso Athayde, que preside a Digital Favela ao lado de Pierri, diz que a necessidade faz com que, na favela, a economia criativa tenha muito potencial. Ele lembra que o grande impeditivo é a dificuldade de acesso a capital – isso apesar da estimativa de que as favelas movimentam R$ 180 bilhões ao ano. “Por isso, trabalho há anos para fazer essa conexão entre empreendedores da favela e investidores do asfalto”, diz Athayde, fundador também da Central Única das Favelas (Cufa).

Crédito raro

Seja no início do negócio, ou para mantê-lo vivo em momentos de crise, o acesso ao crédito é um desafio. Felipe Araújo, de 34 anos, dono de uma agência de viagens em Heliópolis, já viveu esse drama. No início de 2020, tentou solicitar um empréstimo para manter três agências que possuía funcionando, mas o valor arrecadado não foi suficiente. Sem os recursos, a solução foi fechar duas das unidades e demitir todos os funcionários. Com a retomada do setor, em 2022, Felipe buscou novamente crédito na praça. Mais uma vez, obteve menos do que precisava. “Foi muito abaixo do que esperava, mas pelo menos conseguimos uma taxa de juros menor”, afirma.

Empresario Felipe Araujo possui uma agencia de turismo dentro da comunidade do Heliopolis, na zona sul de Sao Paulo Foto: Taba Benedicto/Estadão

O diretor da FGV Social, Marcelo Neri, diz que o crescimento do empreendedorismo informal é recorrente em períodos de crise econômica. “A informalidade é uma espécie de colchão que ampara as pessoas em momentos de crise, muitas vezes são trabalhos de subsistência. Não são opção, mas necessidade”, afirma.

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