Numa época em que o negacionismo científico propaga-se, é crucial valorizarmos pesquisas sérias e bem construídas, em especial na área de Ciências Sociais. Intuição tem seu valor, mas tomar decisões com base em conhecimento gerado por pesquisa científica é mandatório. E parcerias são cada vez mais importantes para sua realização.
Foi impossível não lembrar disso, ao assistir, no final do mês de outubro, à cerimônia do Prêmio Lugares Mais Incríveis para Trabalhar 2024, parceria deste jornal com a FIA Business School. Havia representantes das 150 empresas selecionadas neste ano.
Tal premiação é realizada com base na pesquisa conduzida pela FIA, coordenada pelo professor André Luiz Fischer. As empresas premiadas se inscreveram gratuitamente para participar da pesquisa e registraram as maiores notas no índice FIA Employee Experience (i-FEEx), desenvolvido pela FIA Business School. O dado é medido a partir de dois questionários – um voltado aos funcionários, e outro, às áreas de Recursos Humanos –, além de uma auditoria independente. As questões abordam temas como: clima organizacional, avaliações sobre executivos e líderes, práticas de gestão e conexão entre as empresas e os colaboradores.
Há uma divisão em três categorias de empresas: pequeno, médio e grande porte. Chamou minha atenção que dezoito, das vinte empresas de grande porte com os mais altos índices de Employee Experience (i-FEEx), possuem Universidades Corporativas (UCs) ou Sistemas de Educação Corporativa (SECs) bem estruturados e consolidados. Algumas delas: Bradesco, Brasilseg, Bunge, Instituto de Pesquisas Eldorado, Itaú Unibanco, Lojas Renner, Louis Dreyfus Company Brasil S.A., Nestlé, Sabin Medicina Diagnóstica, Samarco, Vivo, dentre outras. Claro que este fato não é uma coincidência. Uma das características compartilhadas entre as empresas premiadas como Lugares Mais Incríveis para Trabalhar é justamente o alto valor dado à aprendizagem contínua. Destaque-se o Instituto de Pesquisas Eldorado, em Campinas (SP), que ganhou o prêmio de empresa Mais Incrível em aprendizagem na atual edição dos Lugares Mais Incríveis. Sua Universidade Corporativa UniELD ofereceu mais de 2,3 mil treinamentos no último ano, incluindo cursos técnicos, desenvolvimento de soft skills, mentoria e rodas de conversa. “O DNA de Inovação do Instituto Eldorado impulsionou a UniELD, amplamente reconhecida pelos colaboradores”, diz Raquel Cremasco, gerente de Recursos Humanos.
Uma pesquisa feita pelo LinkedIn em 2022 apontou que 59% das pessoas querem trabalhar em empresas que priorizem desenvolvimento, enfatizando que uma boa estratégia é ter uma universidade corporativa. Ainda, segundo o LinkedIn, dentre “As 25 Melhores Empresas Para Carreira no Brasil” (2024) 80% têm Universidade Corporativa. Evidenciaram-se: Itaú Unibanco, Banco Bradesco, Banco do Brasil, Santander, Sicredi, Mastercard, Vale, IBM, Ambev (AB InBev), Petrobras, Thales, Vivo, EY e GE.
Sem dúvida são fortes evidências do valor dado à educação corporativa para atrair, engajar e reter talentos nas organizações. Além, obviamente, de contribuir para a competividade e excelência organizacional.
Mas qual é a essência de uma Universidade Corporativa ou Sistema de Educação Corporativa? Trata-se da formação de pessoas pautada pelas competências estratégicas requeridas para o sucesso da empresa. Com base nestas competências, identificam-se as competências individuais necessárias para os diversos públicos, colaboradores e stakeholders, e a partir daí, devem ser concebidas e desenhadas as soluções de aprendizagem. Ao longo do tempo, além de muita tecnologia aplicada, observa-se uma evolução e ampliação dos formatos e das metodologias de entrega dessas soluções.
Com o objetivo de contribuir com tais reflexões, a 6ª Pesquisa Nacional de Práticas e Resultados da Educação Corporativa, realizada em 2024 pela equipe de pesquisadores do PROGEC – Programa de Gestão da Educação Corporativa, da FIA Business School sob minha coordenação, pretende oferecer um panorama nacional sobre a Educação Corporativa bem como identificar não só tais inovações, como também as políticas e práticas vigentes nas organizações atuantes no Brasil, e dá continuidade às pesquisas conduzidas trienalmente em 2009, 2012, 2015, 2018 e 2021.
Será que passada a pandemia, voltaremos a atuar como antes? O que foi aprendido? O que está tirando o sono dos Chief Learning Officer ou Gestores da Educação Corporativa?
A publicação do livro Educação corporativa no cenário pós-pandemia (Rio de Janeiro: Qualitymark, 2023), por mim coordenado e que contou com inúmeros e renomados autores, forneceu várias pistas de mudanças.
A equipe do PROGEC, ao iniciar as discussões sobre o que deveria ser abordado no questionário desta versão da pesquisa, ouviu nossos patrocinadores, apoiadores e parceiros para saber o que havia de novo no rol de suas preocupações.
Alguns temas que nas versões anteriores eram simples perguntas, em 2024, tornaram-se seções, caso, por exemplo, de sustentabilidade.
Também se destacaram algumas preocupações e mudanças ocorridas, como adoção de modelos híbridos; digitalização e uso de tecnologias avançadas; foco em soft skills; multiplicadores internos, engajamento dos participantes; saúde mental e bem-estar; acessibilidade e inclusão, dentre outras.
Essas temáticas refletem uma mudança mais ampla na forma como as organizações enxergam a Educação Corporativa: parte essencial da estratégia de negócios, que deve adaptar-se às necessidades dos colaboradores. Para o questionário deste ano, procuramos trazer todas essas questões, além das tradicionais inquietações sobre Educação a Distância, Avaliação de Resultados, Envolvimento das Lideranças, Integração com as áreas. Por isso o questionário cresceu um pouco.
Nesta edição, foram enviados convites para a base de dados de alunos e ex-alunos dos cursos do PROGEC e do PROGEP - Programa de Estudos em Gestão de Pessoas, ambos da FIA, bem como para contatos profissionais dos pesquisadores, divulgados também nas redes sociais LinkedIn, Facebook e Instagram do PROGEC e da FIA Business School.
A coleta de dados foi realizada com um questionário eletrônico contendo 99 questões que deveriam ser respondidas pelo principal responsável pelo Sistema de Educação Corporativa (SEC) da organização. Foram considerados válidos 118 respondentes.
As análises abordando todos os 14 blocos temáticos da pesquisa serão elaboradas e divulgadas em relatório amplo e completo a ser concluído no próximo ano.
Agradecemos aos patrocinadores Accor, Azul, Itaú e Natura, e ao Banco do Brasil, Petrobras e Fiocruz, pela adesão e pelo apoio ao nosso projeto. Nosso reconhecimento também à FIA Business School pelo apoio institucional, que foi essencial para o sucesso desta iniciativa. A parceria de todos foi fundamental para alcançar nossos objetivos e fortalecer o impacto da pesquisa.
Esperamos que essas análises contribuam para a gestão da Educação Corporativa no Brasil, fornecendo informações que possam ajudar na tomada de decisões.
Se você quiser conhecer os resultados preliminares da pesquisa e participar de interessantes painéis discutindo temas relevantes, está convidado a participar virtualmente do 6º Simpósio Internacional de Educação Corporativa a realizar-se nos próximos dias 6 e 7 de dezembro. Basta entrar em contato pelo e-mail: progec@fia.com.br.
Aguardo você lá!