O blog do Caderno de Imóveis

Startups brasileiras investem em ações para lidar com problemas sociais


De reforma de casas a emprego a ex-detentos, iniciativas do setor imobiliário buscam cobrir buracos deixados pelo Estado e apoiar a população carente

Por Bianca Zanatta e O Estado de S.Paulo

Especial para o Estadão

A pandemia da covid-19 evidenciou um cenário que não é novo. De acordo com o livro Os Impactos Sociais da Covid-19 no Brasil: populações vulnerabilizadas e respostas à pandemia, lançado em abril pela Fundação Oswaldo Cruz, o avanço do vírus nas favelas e periferias brasileiras está intrinsecamente ligado à precarização histórica que envolve fatores como alta densidade populacional, moradias precárias, falta de abastecimento de água e saneamento básico e coleta de lixo ineficazes.

Essa realidade habitacional e a falta de políticas públicas de proteção social, porém, tornavam a população carente do País bem mais propensa a desenvolver problemas sérios de saúde muito antes da pandemia. "A falta de circulação de ar e o número de pessoas no mesmo espaço dificultam a expulsão de microorganismos e aumentam não só a possibilidade de contaminação por covid-19, mas por influenza e tuberculose, que é a doença que mais matou na história da humanidade", alerta o microbiologista Alessandro Silveira, autor do livro O lado bom das bactérias.

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Urbanista Amanda e a engenheira Cristiane (ao fundo), da Arquitetas Nômades. Foto: Arquivo Pessoal

A arquitetura da moradia também influencia, segundo ele. "Se a casa não foi construída ou finalizada de forma correta, permite a entrada de microorganismos e a instalação de vetores transmissores como o mosquito da dengue, que adora frestas", afirma o especialista.

Reformas

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Cientes de que o Estado está longe de resolver esses problemas estruturais, iniciativas privadas do setor imobiliário arregaçaram as mangas. É o caso da Vivenda, que surgiu em 2014 como uma empresa de reformas de casas na periferia e de favelas em São Paulo e que, desde abril, deixou de ser uma executora de obras para se tornar uma holding no nicho. Assim, a Vivenda parou de fazer as reformas para conectar os clientes a negócios e profissionais parceiros homologados como objetivo de aumentar o volume de obras em todo o País. Ao todo, já foram realizadas cerca de 3 mil reformas, ajudando mais de 12 mil pessoas na melhoria de suas moradias.

Um desses parceiros é a startup mineira Arquitetas Nômades, fundada pela arquiteta e urbanista Amanda Carvalho, que decidiu entrar de cabeça nessa jornada depois de participar do laboratório de desenvolvimento de negócios de impacto social da Social Good Brasil. "Nós trabalhamos com tecnologia social, ou seja, soluções criativas para inclusão social e melhoria das condições de vida para famílias de baixa renda." A ideia é resolver problemas locais com eficiência e baixo custo, usando a mão de obra e os talentos e recursos disponíveis.

Ela conta que o maior obstáculo, no entanto, sempre foi conseguir financiar as reformas para os clientes. Foi a parceria com a Vivenda que trouxe a solução. "A Vivenda criou um mecanismo de crédito específico para o público de baixa renda. Hoje, podemos realizar a reforma com uma entrada parcelada em até 8 vezes e o restante em até 30 parcelas no boleto, com a menor taxa de juros do mercado", afirma a arquiteta.

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Empreender

Apaixonada por cozinha desde pequena, Priscila da Silva, de 27 anos, moradora de São João del Rei (Minas Gerais), sempre quis empreender na área. "Uma das principais dificuldades foi acreditar que eu seria capaz de ter um negócio próprio", afirma. Foi quando ela viu um panfleto no serviço do pai, que trabalha como pedreiro. Era da Arquitetas Nômades. "Foi me dando vontade de arrumar aqui em casa", lembra a mineira, que já tinha erguido as paredes da própria casa sobre a do pai, mas que ainda estava inacabada. Priscila decidiu fazer um orçamento para finalizar a casa.

"Eu quis desistir, mas a Amanda me ajudou a fazer aquilo que cabia no meu orçamento." A nova empreendedora da gastronomia hoje vende salgados e doces de seu tão sonhado negócio, batizado de Na Cozinha com a Pri.

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Segunda chance

Startup que executa serviços para a recuperação de áreas degradadas ou compensação ambiental, entre outros, a PlantVerd tem como clientes grandes construtoras, usinas hidrelétricas, concessionárias de rodovias, ferrovias e portos. Nascida com o mote de baixar o preço do reflorestamento no País, a empresa vai além da responsabilidade ambiental. "Quando fomos trabalhar no litoral norte de São Paulo, começamos a fazer entrevistas. Foi aí que conheci o Degmar de Souza, 36 anos, egresso do sistema prisional", conta o CEO Antonio Borges. A informação foi revelada pelo próprio entrevistado. "Ele disse que ficou muito feliz porque é difícil as empresas darem oportunidade", lembra Borges, que sugeriu ao então novo funcionário contratar outros ex-detentos. "Perguntei se ele tinha acesso a eles, se tinha os contatos, porque muitos têm medo de falar que são ex-presidiários."

Ele explica que, por não serem projetos contínuos (a duração média é de 3 anos), há uma dificuldade para localizar essa parcela da mão de obra quando a empresa começa o reflorestamento em uma nova localidade, mas eles têm conseguido manter a média de 20% de ex-detentos nos times. E hoje quem encabeça os trabalhos ao redor do Brasil é o próprio Degmar, que passou de trabalhador rural a líder de equipe. "Você sente que a pessoa nunca tinha tido uma oportunidade e vira muito mais do que um trabalho, mas um resgate de dignidade."

Especial para o Estadão

A pandemia da covid-19 evidenciou um cenário que não é novo. De acordo com o livro Os Impactos Sociais da Covid-19 no Brasil: populações vulnerabilizadas e respostas à pandemia, lançado em abril pela Fundação Oswaldo Cruz, o avanço do vírus nas favelas e periferias brasileiras está intrinsecamente ligado à precarização histórica que envolve fatores como alta densidade populacional, moradias precárias, falta de abastecimento de água e saneamento básico e coleta de lixo ineficazes.

Essa realidade habitacional e a falta de políticas públicas de proteção social, porém, tornavam a população carente do País bem mais propensa a desenvolver problemas sérios de saúde muito antes da pandemia. "A falta de circulação de ar e o número de pessoas no mesmo espaço dificultam a expulsão de microorganismos e aumentam não só a possibilidade de contaminação por covid-19, mas por influenza e tuberculose, que é a doença que mais matou na história da humanidade", alerta o microbiologista Alessandro Silveira, autor do livro O lado bom das bactérias.

Urbanista Amanda e a engenheira Cristiane (ao fundo), da Arquitetas Nômades. Foto: Arquivo Pessoal

A arquitetura da moradia também influencia, segundo ele. "Se a casa não foi construída ou finalizada de forma correta, permite a entrada de microorganismos e a instalação de vetores transmissores como o mosquito da dengue, que adora frestas", afirma o especialista.

Reformas

Cientes de que o Estado está longe de resolver esses problemas estruturais, iniciativas privadas do setor imobiliário arregaçaram as mangas. É o caso da Vivenda, que surgiu em 2014 como uma empresa de reformas de casas na periferia e de favelas em São Paulo e que, desde abril, deixou de ser uma executora de obras para se tornar uma holding no nicho. Assim, a Vivenda parou de fazer as reformas para conectar os clientes a negócios e profissionais parceiros homologados como objetivo de aumentar o volume de obras em todo o País. Ao todo, já foram realizadas cerca de 3 mil reformas, ajudando mais de 12 mil pessoas na melhoria de suas moradias.

Um desses parceiros é a startup mineira Arquitetas Nômades, fundada pela arquiteta e urbanista Amanda Carvalho, que decidiu entrar de cabeça nessa jornada depois de participar do laboratório de desenvolvimento de negócios de impacto social da Social Good Brasil. "Nós trabalhamos com tecnologia social, ou seja, soluções criativas para inclusão social e melhoria das condições de vida para famílias de baixa renda." A ideia é resolver problemas locais com eficiência e baixo custo, usando a mão de obra e os talentos e recursos disponíveis.

Ela conta que o maior obstáculo, no entanto, sempre foi conseguir financiar as reformas para os clientes. Foi a parceria com a Vivenda que trouxe a solução. "A Vivenda criou um mecanismo de crédito específico para o público de baixa renda. Hoje, podemos realizar a reforma com uma entrada parcelada em até 8 vezes e o restante em até 30 parcelas no boleto, com a menor taxa de juros do mercado", afirma a arquiteta.

Empreender

Apaixonada por cozinha desde pequena, Priscila da Silva, de 27 anos, moradora de São João del Rei (Minas Gerais), sempre quis empreender na área. "Uma das principais dificuldades foi acreditar que eu seria capaz de ter um negócio próprio", afirma. Foi quando ela viu um panfleto no serviço do pai, que trabalha como pedreiro. Era da Arquitetas Nômades. "Foi me dando vontade de arrumar aqui em casa", lembra a mineira, que já tinha erguido as paredes da própria casa sobre a do pai, mas que ainda estava inacabada. Priscila decidiu fazer um orçamento para finalizar a casa.

"Eu quis desistir, mas a Amanda me ajudou a fazer aquilo que cabia no meu orçamento." A nova empreendedora da gastronomia hoje vende salgados e doces de seu tão sonhado negócio, batizado de Na Cozinha com a Pri.

Segunda chance

Startup que executa serviços para a recuperação de áreas degradadas ou compensação ambiental, entre outros, a PlantVerd tem como clientes grandes construtoras, usinas hidrelétricas, concessionárias de rodovias, ferrovias e portos. Nascida com o mote de baixar o preço do reflorestamento no País, a empresa vai além da responsabilidade ambiental. "Quando fomos trabalhar no litoral norte de São Paulo, começamos a fazer entrevistas. Foi aí que conheci o Degmar de Souza, 36 anos, egresso do sistema prisional", conta o CEO Antonio Borges. A informação foi revelada pelo próprio entrevistado. "Ele disse que ficou muito feliz porque é difícil as empresas darem oportunidade", lembra Borges, que sugeriu ao então novo funcionário contratar outros ex-detentos. "Perguntei se ele tinha acesso a eles, se tinha os contatos, porque muitos têm medo de falar que são ex-presidiários."

Ele explica que, por não serem projetos contínuos (a duração média é de 3 anos), há uma dificuldade para localizar essa parcela da mão de obra quando a empresa começa o reflorestamento em uma nova localidade, mas eles têm conseguido manter a média de 20% de ex-detentos nos times. E hoje quem encabeça os trabalhos ao redor do Brasil é o próprio Degmar, que passou de trabalhador rural a líder de equipe. "Você sente que a pessoa nunca tinha tido uma oportunidade e vira muito mais do que um trabalho, mas um resgate de dignidade."

Especial para o Estadão

A pandemia da covid-19 evidenciou um cenário que não é novo. De acordo com o livro Os Impactos Sociais da Covid-19 no Brasil: populações vulnerabilizadas e respostas à pandemia, lançado em abril pela Fundação Oswaldo Cruz, o avanço do vírus nas favelas e periferias brasileiras está intrinsecamente ligado à precarização histórica que envolve fatores como alta densidade populacional, moradias precárias, falta de abastecimento de água e saneamento básico e coleta de lixo ineficazes.

Essa realidade habitacional e a falta de políticas públicas de proteção social, porém, tornavam a população carente do País bem mais propensa a desenvolver problemas sérios de saúde muito antes da pandemia. "A falta de circulação de ar e o número de pessoas no mesmo espaço dificultam a expulsão de microorganismos e aumentam não só a possibilidade de contaminação por covid-19, mas por influenza e tuberculose, que é a doença que mais matou na história da humanidade", alerta o microbiologista Alessandro Silveira, autor do livro O lado bom das bactérias.

Urbanista Amanda e a engenheira Cristiane (ao fundo), da Arquitetas Nômades. Foto: Arquivo Pessoal

A arquitetura da moradia também influencia, segundo ele. "Se a casa não foi construída ou finalizada de forma correta, permite a entrada de microorganismos e a instalação de vetores transmissores como o mosquito da dengue, que adora frestas", afirma o especialista.

Reformas

Cientes de que o Estado está longe de resolver esses problemas estruturais, iniciativas privadas do setor imobiliário arregaçaram as mangas. É o caso da Vivenda, que surgiu em 2014 como uma empresa de reformas de casas na periferia e de favelas em São Paulo e que, desde abril, deixou de ser uma executora de obras para se tornar uma holding no nicho. Assim, a Vivenda parou de fazer as reformas para conectar os clientes a negócios e profissionais parceiros homologados como objetivo de aumentar o volume de obras em todo o País. Ao todo, já foram realizadas cerca de 3 mil reformas, ajudando mais de 12 mil pessoas na melhoria de suas moradias.

Um desses parceiros é a startup mineira Arquitetas Nômades, fundada pela arquiteta e urbanista Amanda Carvalho, que decidiu entrar de cabeça nessa jornada depois de participar do laboratório de desenvolvimento de negócios de impacto social da Social Good Brasil. "Nós trabalhamos com tecnologia social, ou seja, soluções criativas para inclusão social e melhoria das condições de vida para famílias de baixa renda." A ideia é resolver problemas locais com eficiência e baixo custo, usando a mão de obra e os talentos e recursos disponíveis.

Ela conta que o maior obstáculo, no entanto, sempre foi conseguir financiar as reformas para os clientes. Foi a parceria com a Vivenda que trouxe a solução. "A Vivenda criou um mecanismo de crédito específico para o público de baixa renda. Hoje, podemos realizar a reforma com uma entrada parcelada em até 8 vezes e o restante em até 30 parcelas no boleto, com a menor taxa de juros do mercado", afirma a arquiteta.

Empreender

Apaixonada por cozinha desde pequena, Priscila da Silva, de 27 anos, moradora de São João del Rei (Minas Gerais), sempre quis empreender na área. "Uma das principais dificuldades foi acreditar que eu seria capaz de ter um negócio próprio", afirma. Foi quando ela viu um panfleto no serviço do pai, que trabalha como pedreiro. Era da Arquitetas Nômades. "Foi me dando vontade de arrumar aqui em casa", lembra a mineira, que já tinha erguido as paredes da própria casa sobre a do pai, mas que ainda estava inacabada. Priscila decidiu fazer um orçamento para finalizar a casa.

"Eu quis desistir, mas a Amanda me ajudou a fazer aquilo que cabia no meu orçamento." A nova empreendedora da gastronomia hoje vende salgados e doces de seu tão sonhado negócio, batizado de Na Cozinha com a Pri.

Segunda chance

Startup que executa serviços para a recuperação de áreas degradadas ou compensação ambiental, entre outros, a PlantVerd tem como clientes grandes construtoras, usinas hidrelétricas, concessionárias de rodovias, ferrovias e portos. Nascida com o mote de baixar o preço do reflorestamento no País, a empresa vai além da responsabilidade ambiental. "Quando fomos trabalhar no litoral norte de São Paulo, começamos a fazer entrevistas. Foi aí que conheci o Degmar de Souza, 36 anos, egresso do sistema prisional", conta o CEO Antonio Borges. A informação foi revelada pelo próprio entrevistado. "Ele disse que ficou muito feliz porque é difícil as empresas darem oportunidade", lembra Borges, que sugeriu ao então novo funcionário contratar outros ex-detentos. "Perguntei se ele tinha acesso a eles, se tinha os contatos, porque muitos têm medo de falar que são ex-presidiários."

Ele explica que, por não serem projetos contínuos (a duração média é de 3 anos), há uma dificuldade para localizar essa parcela da mão de obra quando a empresa começa o reflorestamento em uma nova localidade, mas eles têm conseguido manter a média de 20% de ex-detentos nos times. E hoje quem encabeça os trabalhos ao redor do Brasil é o próprio Degmar, que passou de trabalhador rural a líder de equipe. "Você sente que a pessoa nunca tinha tido uma oportunidade e vira muito mais do que um trabalho, mas um resgate de dignidade."

Especial para o Estadão

A pandemia da covid-19 evidenciou um cenário que não é novo. De acordo com o livro Os Impactos Sociais da Covid-19 no Brasil: populações vulnerabilizadas e respostas à pandemia, lançado em abril pela Fundação Oswaldo Cruz, o avanço do vírus nas favelas e periferias brasileiras está intrinsecamente ligado à precarização histórica que envolve fatores como alta densidade populacional, moradias precárias, falta de abastecimento de água e saneamento básico e coleta de lixo ineficazes.

Essa realidade habitacional e a falta de políticas públicas de proteção social, porém, tornavam a população carente do País bem mais propensa a desenvolver problemas sérios de saúde muito antes da pandemia. "A falta de circulação de ar e o número de pessoas no mesmo espaço dificultam a expulsão de microorganismos e aumentam não só a possibilidade de contaminação por covid-19, mas por influenza e tuberculose, que é a doença que mais matou na história da humanidade", alerta o microbiologista Alessandro Silveira, autor do livro O lado bom das bactérias.

Urbanista Amanda e a engenheira Cristiane (ao fundo), da Arquitetas Nômades. Foto: Arquivo Pessoal

A arquitetura da moradia também influencia, segundo ele. "Se a casa não foi construída ou finalizada de forma correta, permite a entrada de microorganismos e a instalação de vetores transmissores como o mosquito da dengue, que adora frestas", afirma o especialista.

Reformas

Cientes de que o Estado está longe de resolver esses problemas estruturais, iniciativas privadas do setor imobiliário arregaçaram as mangas. É o caso da Vivenda, que surgiu em 2014 como uma empresa de reformas de casas na periferia e de favelas em São Paulo e que, desde abril, deixou de ser uma executora de obras para se tornar uma holding no nicho. Assim, a Vivenda parou de fazer as reformas para conectar os clientes a negócios e profissionais parceiros homologados como objetivo de aumentar o volume de obras em todo o País. Ao todo, já foram realizadas cerca de 3 mil reformas, ajudando mais de 12 mil pessoas na melhoria de suas moradias.

Um desses parceiros é a startup mineira Arquitetas Nômades, fundada pela arquiteta e urbanista Amanda Carvalho, que decidiu entrar de cabeça nessa jornada depois de participar do laboratório de desenvolvimento de negócios de impacto social da Social Good Brasil. "Nós trabalhamos com tecnologia social, ou seja, soluções criativas para inclusão social e melhoria das condições de vida para famílias de baixa renda." A ideia é resolver problemas locais com eficiência e baixo custo, usando a mão de obra e os talentos e recursos disponíveis.

Ela conta que o maior obstáculo, no entanto, sempre foi conseguir financiar as reformas para os clientes. Foi a parceria com a Vivenda que trouxe a solução. "A Vivenda criou um mecanismo de crédito específico para o público de baixa renda. Hoje, podemos realizar a reforma com uma entrada parcelada em até 8 vezes e o restante em até 30 parcelas no boleto, com a menor taxa de juros do mercado", afirma a arquiteta.

Empreender

Apaixonada por cozinha desde pequena, Priscila da Silva, de 27 anos, moradora de São João del Rei (Minas Gerais), sempre quis empreender na área. "Uma das principais dificuldades foi acreditar que eu seria capaz de ter um negócio próprio", afirma. Foi quando ela viu um panfleto no serviço do pai, que trabalha como pedreiro. Era da Arquitetas Nômades. "Foi me dando vontade de arrumar aqui em casa", lembra a mineira, que já tinha erguido as paredes da própria casa sobre a do pai, mas que ainda estava inacabada. Priscila decidiu fazer um orçamento para finalizar a casa.

"Eu quis desistir, mas a Amanda me ajudou a fazer aquilo que cabia no meu orçamento." A nova empreendedora da gastronomia hoje vende salgados e doces de seu tão sonhado negócio, batizado de Na Cozinha com a Pri.

Segunda chance

Startup que executa serviços para a recuperação de áreas degradadas ou compensação ambiental, entre outros, a PlantVerd tem como clientes grandes construtoras, usinas hidrelétricas, concessionárias de rodovias, ferrovias e portos. Nascida com o mote de baixar o preço do reflorestamento no País, a empresa vai além da responsabilidade ambiental. "Quando fomos trabalhar no litoral norte de São Paulo, começamos a fazer entrevistas. Foi aí que conheci o Degmar de Souza, 36 anos, egresso do sistema prisional", conta o CEO Antonio Borges. A informação foi revelada pelo próprio entrevistado. "Ele disse que ficou muito feliz porque é difícil as empresas darem oportunidade", lembra Borges, que sugeriu ao então novo funcionário contratar outros ex-detentos. "Perguntei se ele tinha acesso a eles, se tinha os contatos, porque muitos têm medo de falar que são ex-presidiários."

Ele explica que, por não serem projetos contínuos (a duração média é de 3 anos), há uma dificuldade para localizar essa parcela da mão de obra quando a empresa começa o reflorestamento em uma nova localidade, mas eles têm conseguido manter a média de 20% de ex-detentos nos times. E hoje quem encabeça os trabalhos ao redor do Brasil é o próprio Degmar, que passou de trabalhador rural a líder de equipe. "Você sente que a pessoa nunca tinha tido uma oportunidade e vira muito mais do que um trabalho, mas um resgate de dignidade."

Especial para o Estadão

A pandemia da covid-19 evidenciou um cenário que não é novo. De acordo com o livro Os Impactos Sociais da Covid-19 no Brasil: populações vulnerabilizadas e respostas à pandemia, lançado em abril pela Fundação Oswaldo Cruz, o avanço do vírus nas favelas e periferias brasileiras está intrinsecamente ligado à precarização histórica que envolve fatores como alta densidade populacional, moradias precárias, falta de abastecimento de água e saneamento básico e coleta de lixo ineficazes.

Essa realidade habitacional e a falta de políticas públicas de proteção social, porém, tornavam a população carente do País bem mais propensa a desenvolver problemas sérios de saúde muito antes da pandemia. "A falta de circulação de ar e o número de pessoas no mesmo espaço dificultam a expulsão de microorganismos e aumentam não só a possibilidade de contaminação por covid-19, mas por influenza e tuberculose, que é a doença que mais matou na história da humanidade", alerta o microbiologista Alessandro Silveira, autor do livro O lado bom das bactérias.

Urbanista Amanda e a engenheira Cristiane (ao fundo), da Arquitetas Nômades. Foto: Arquivo Pessoal

A arquitetura da moradia também influencia, segundo ele. "Se a casa não foi construída ou finalizada de forma correta, permite a entrada de microorganismos e a instalação de vetores transmissores como o mosquito da dengue, que adora frestas", afirma o especialista.

Reformas

Cientes de que o Estado está longe de resolver esses problemas estruturais, iniciativas privadas do setor imobiliário arregaçaram as mangas. É o caso da Vivenda, que surgiu em 2014 como uma empresa de reformas de casas na periferia e de favelas em São Paulo e que, desde abril, deixou de ser uma executora de obras para se tornar uma holding no nicho. Assim, a Vivenda parou de fazer as reformas para conectar os clientes a negócios e profissionais parceiros homologados como objetivo de aumentar o volume de obras em todo o País. Ao todo, já foram realizadas cerca de 3 mil reformas, ajudando mais de 12 mil pessoas na melhoria de suas moradias.

Um desses parceiros é a startup mineira Arquitetas Nômades, fundada pela arquiteta e urbanista Amanda Carvalho, que decidiu entrar de cabeça nessa jornada depois de participar do laboratório de desenvolvimento de negócios de impacto social da Social Good Brasil. "Nós trabalhamos com tecnologia social, ou seja, soluções criativas para inclusão social e melhoria das condições de vida para famílias de baixa renda." A ideia é resolver problemas locais com eficiência e baixo custo, usando a mão de obra e os talentos e recursos disponíveis.

Ela conta que o maior obstáculo, no entanto, sempre foi conseguir financiar as reformas para os clientes. Foi a parceria com a Vivenda que trouxe a solução. "A Vivenda criou um mecanismo de crédito específico para o público de baixa renda. Hoje, podemos realizar a reforma com uma entrada parcelada em até 8 vezes e o restante em até 30 parcelas no boleto, com a menor taxa de juros do mercado", afirma a arquiteta.

Empreender

Apaixonada por cozinha desde pequena, Priscila da Silva, de 27 anos, moradora de São João del Rei (Minas Gerais), sempre quis empreender na área. "Uma das principais dificuldades foi acreditar que eu seria capaz de ter um negócio próprio", afirma. Foi quando ela viu um panfleto no serviço do pai, que trabalha como pedreiro. Era da Arquitetas Nômades. "Foi me dando vontade de arrumar aqui em casa", lembra a mineira, que já tinha erguido as paredes da própria casa sobre a do pai, mas que ainda estava inacabada. Priscila decidiu fazer um orçamento para finalizar a casa.

"Eu quis desistir, mas a Amanda me ajudou a fazer aquilo que cabia no meu orçamento." A nova empreendedora da gastronomia hoje vende salgados e doces de seu tão sonhado negócio, batizado de Na Cozinha com a Pri.

Segunda chance

Startup que executa serviços para a recuperação de áreas degradadas ou compensação ambiental, entre outros, a PlantVerd tem como clientes grandes construtoras, usinas hidrelétricas, concessionárias de rodovias, ferrovias e portos. Nascida com o mote de baixar o preço do reflorestamento no País, a empresa vai além da responsabilidade ambiental. "Quando fomos trabalhar no litoral norte de São Paulo, começamos a fazer entrevistas. Foi aí que conheci o Degmar de Souza, 36 anos, egresso do sistema prisional", conta o CEO Antonio Borges. A informação foi revelada pelo próprio entrevistado. "Ele disse que ficou muito feliz porque é difícil as empresas darem oportunidade", lembra Borges, que sugeriu ao então novo funcionário contratar outros ex-detentos. "Perguntei se ele tinha acesso a eles, se tinha os contatos, porque muitos têm medo de falar que são ex-presidiários."

Ele explica que, por não serem projetos contínuos (a duração média é de 3 anos), há uma dificuldade para localizar essa parcela da mão de obra quando a empresa começa o reflorestamento em uma nova localidade, mas eles têm conseguido manter a média de 20% de ex-detentos nos times. E hoje quem encabeça os trabalhos ao redor do Brasil é o próprio Degmar, que passou de trabalhador rural a líder de equipe. "Você sente que a pessoa nunca tinha tido uma oportunidade e vira muito mais do que um trabalho, mas um resgate de dignidade."

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