Jornalista

Opinião|A Petrobras voltou a ser uma caixa-preta


Desde que a paridade internacional foi abandonada, as decisões da estatal passaram a ser políticas

Por Raquel Landim

Nenhum analista de petróleo hoje é capaz de arriscar quando ou quanto os preços da gasolina e do diesel devem subir no Brasil, mesmo dispondo de variáveis como cotação do petróleo no mercado externo e relação entre real e dólar. O motivo é simples. Desde maio, quando a paridade internacional foi abandonada, as decisões deixaram de ser técnicas e passaram a ser políticas.

Os recentes movimentos da empresa comprovam isso. Quando o petróleo estava em queda, a estatal cortou três vezes o preço da gasolina, uma redução de 18%. A decisão favorecia o governo, porque ajudava a conter a inflação e criar o clima para o Banco Central baixar os juros. Agora que o barril de petróleo se aproxima dos US$ 90, a defasagem está em 20%.

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Ao ser questionado sobre o assunto, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, respondeu que a estatal “não está perdendo dinheiro” e que “é normal não repassar volatilidade”. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, engrossou o coro e disse que “um dos compromissos deste governo é não se deixar levar pela volatilidade de curto prazo”.

Em 11 de setembro de 2012, a ex-presidente da Petrobras Graça Foster dava a mesma justificativa para não reajustar os combustíveis em uma audiência na Câmara. “Não faz sentido passar a volatilidade dos preços para nossos consumidores. A nós, que investimos de forma sistemática em vários segmentos da cadeia de petróleo e gás, interessa a estabilidade do presente e o olhar para o futuro.”

Sede da Petrobras no Rio de Janeiro Foto: PAULO VITOR/AGENCIA ESTADO/AE
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O fato é que a política de preços da Petrobras hoje se tornou a mesma caixa-preta do governo Dilma Rousseff, porque não tem referência nem periodicidade definida. E, para segurar artificialmente os preços da gasolina, a estatal é obrigada a tomar medidas compensatórias, como operar com suas refinarias no limite ou triplicar as importações, o que aumenta as perdas.

No segundo trimestre deste ano, a Petrobras registrou queda de 47% no lucro para US$ 28,78 bilhões. O resultado ainda reflete pouco a nova política de preços, e é justificado pela queda do petróleo do começo do ano. Mas, como a commodity voltou a subir, se a defasagem não for sanada, as perdas vão aparecer. E o Brasil precisa aprender com a experiência.

Em outubro de 2013, a Petrobras acumulou uma dívida de US$ 112 bilhões e se tornou a empresa mais endividada do mundo. Os subsídios à gasolina e ao diesel custaram US$ 40 bilhões à estatal, muito acima dos R$ 6 bilhões desviados em corrupção que a Lava Jato recuperou. Em janeiro de 2016, as ações da Petrobras valiam menos de R$ 5.

Nenhum analista de petróleo hoje é capaz de arriscar quando ou quanto os preços da gasolina e do diesel devem subir no Brasil, mesmo dispondo de variáveis como cotação do petróleo no mercado externo e relação entre real e dólar. O motivo é simples. Desde maio, quando a paridade internacional foi abandonada, as decisões deixaram de ser técnicas e passaram a ser políticas.

Os recentes movimentos da empresa comprovam isso. Quando o petróleo estava em queda, a estatal cortou três vezes o preço da gasolina, uma redução de 18%. A decisão favorecia o governo, porque ajudava a conter a inflação e criar o clima para o Banco Central baixar os juros. Agora que o barril de petróleo se aproxima dos US$ 90, a defasagem está em 20%.

Ao ser questionado sobre o assunto, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, respondeu que a estatal “não está perdendo dinheiro” e que “é normal não repassar volatilidade”. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, engrossou o coro e disse que “um dos compromissos deste governo é não se deixar levar pela volatilidade de curto prazo”.

Em 11 de setembro de 2012, a ex-presidente da Petrobras Graça Foster dava a mesma justificativa para não reajustar os combustíveis em uma audiência na Câmara. “Não faz sentido passar a volatilidade dos preços para nossos consumidores. A nós, que investimos de forma sistemática em vários segmentos da cadeia de petróleo e gás, interessa a estabilidade do presente e o olhar para o futuro.”

Sede da Petrobras no Rio de Janeiro Foto: PAULO VITOR/AGENCIA ESTADO/AE

O fato é que a política de preços da Petrobras hoje se tornou a mesma caixa-preta do governo Dilma Rousseff, porque não tem referência nem periodicidade definida. E, para segurar artificialmente os preços da gasolina, a estatal é obrigada a tomar medidas compensatórias, como operar com suas refinarias no limite ou triplicar as importações, o que aumenta as perdas.

No segundo trimestre deste ano, a Petrobras registrou queda de 47% no lucro para US$ 28,78 bilhões. O resultado ainda reflete pouco a nova política de preços, e é justificado pela queda do petróleo do começo do ano. Mas, como a commodity voltou a subir, se a defasagem não for sanada, as perdas vão aparecer. E o Brasil precisa aprender com a experiência.

Em outubro de 2013, a Petrobras acumulou uma dívida de US$ 112 bilhões e se tornou a empresa mais endividada do mundo. Os subsídios à gasolina e ao diesel custaram US$ 40 bilhões à estatal, muito acima dos R$ 6 bilhões desviados em corrupção que a Lava Jato recuperou. Em janeiro de 2016, as ações da Petrobras valiam menos de R$ 5.

Nenhum analista de petróleo hoje é capaz de arriscar quando ou quanto os preços da gasolina e do diesel devem subir no Brasil, mesmo dispondo de variáveis como cotação do petróleo no mercado externo e relação entre real e dólar. O motivo é simples. Desde maio, quando a paridade internacional foi abandonada, as decisões deixaram de ser técnicas e passaram a ser políticas.

Os recentes movimentos da empresa comprovam isso. Quando o petróleo estava em queda, a estatal cortou três vezes o preço da gasolina, uma redução de 18%. A decisão favorecia o governo, porque ajudava a conter a inflação e criar o clima para o Banco Central baixar os juros. Agora que o barril de petróleo se aproxima dos US$ 90, a defasagem está em 20%.

Ao ser questionado sobre o assunto, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, respondeu que a estatal “não está perdendo dinheiro” e que “é normal não repassar volatilidade”. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, engrossou o coro e disse que “um dos compromissos deste governo é não se deixar levar pela volatilidade de curto prazo”.

Em 11 de setembro de 2012, a ex-presidente da Petrobras Graça Foster dava a mesma justificativa para não reajustar os combustíveis em uma audiência na Câmara. “Não faz sentido passar a volatilidade dos preços para nossos consumidores. A nós, que investimos de forma sistemática em vários segmentos da cadeia de petróleo e gás, interessa a estabilidade do presente e o olhar para o futuro.”

Sede da Petrobras no Rio de Janeiro Foto: PAULO VITOR/AGENCIA ESTADO/AE

O fato é que a política de preços da Petrobras hoje se tornou a mesma caixa-preta do governo Dilma Rousseff, porque não tem referência nem periodicidade definida. E, para segurar artificialmente os preços da gasolina, a estatal é obrigada a tomar medidas compensatórias, como operar com suas refinarias no limite ou triplicar as importações, o que aumenta as perdas.

No segundo trimestre deste ano, a Petrobras registrou queda de 47% no lucro para US$ 28,78 bilhões. O resultado ainda reflete pouco a nova política de preços, e é justificado pela queda do petróleo do começo do ano. Mas, como a commodity voltou a subir, se a defasagem não for sanada, as perdas vão aparecer. E o Brasil precisa aprender com a experiência.

Em outubro de 2013, a Petrobras acumulou uma dívida de US$ 112 bilhões e se tornou a empresa mais endividada do mundo. Os subsídios à gasolina e ao diesel custaram US$ 40 bilhões à estatal, muito acima dos R$ 6 bilhões desviados em corrupção que a Lava Jato recuperou. Em janeiro de 2016, as ações da Petrobras valiam menos de R$ 5.

Opinião por Raquel Landim

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