Jornalista

Opinião|Setor elétrico no Brasil vive intensa politização em várias frentes


Investimento em eólica e solar não pode atender a critérios políticos e precisa ser feito sem colocar o sistema em risco

Por Raquel Landim

Uma semana depois do apagão que deixou boa parte do País às escuras ainda não sabemos suas causas. O pouco que foi informado é que um erro de programação provocou a “abertura” da linha de transmissão Quixadá II/Fortaleza II, da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), subsidiária da Eletrobras. E que a “abertura” da linha levou à derrubada do sistema, num mecanismo de autoproteção.

Técnicos experientes do setor elétrico são unânimes em afirmar que apenas o mau funcionamento da linha da Eletrobras, que tem 15 anos de uso e passou por um “retrofit”, seria incapaz de provocar um problema sistêmico. Qual seria então o erro de programação que levou à “abertura” da linha? O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) disse que vai demorar 30 a 45 dias para descobrir.

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Um dia depois do blecaute, o ONS optou pela cautela e reduziu fortemente a geração de energia solar e eólica no Nordeste. Isso porque uma das hipóteses é que o aumento da entrada desse tipo de energia, que vem sendo fortemente subsidiada, tenha provocado o problema.

É intensa a romaria de deputados do Nordeste no gabinete do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, pedindo mais investimentos em energia eólica e solar na região. Na semana passada, o Banco do Nordeste (BNB) confirmou que estuda pedir capitalização ao Tesouro, porque vem recebendo pedidos de financiamento superiores a sua capacidade de empréstimo.

Parque Eólico visto da praia de Tourinhos, no município de São Miguel do Gostoso (RN). Uma das hipóteses é que energia gerada por parques solares e eólicos causaram o apagão Foto: JF DIORIO / ESTADÃO
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O investimento em energia eólica e solar deve ser incentivado e acompanha o que vem sendo feito nos países ricos, mas não pode atender a critérios políticos e precisa ser feito sem colocar o sistema em risco. O que temos assistido no Brasil, no entanto, é a uma intensa politização do setor elétrico em várias frentes.

No apagão, não foi diferente. Ao invés de optar pela transparência, o governo tentou culpar a Eletrobras recém-privatizada. A fila foi puxada pela primeira-dama Janja da Silva, que espalhou desinformação pelas redes, e endossada pelo ministro, que chegou a fazer insinuações de sabotagem.

Antes de uma reunião crucial na semana passada, era intensa a pressão no ONS, uma autarquia, para que culpasse a Eletrobras pelo apagão. Diante da resistência dos técnicos e das denúncias das pressões pela imprensa, o governo recuou. O escândalo das joias de Jair Bolsonaro também ajudou a deixar o assunto em segundo plano. Até agora sobraram especulações e pressões políticas e faltou transparência num setor que mexe com a vida de milhões de pessoas e deveria ser eminentemente técnico. A sociedade ainda espera respostas.

Uma semana depois do apagão que deixou boa parte do País às escuras ainda não sabemos suas causas. O pouco que foi informado é que um erro de programação provocou a “abertura” da linha de transmissão Quixadá II/Fortaleza II, da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), subsidiária da Eletrobras. E que a “abertura” da linha levou à derrubada do sistema, num mecanismo de autoproteção.

Técnicos experientes do setor elétrico são unânimes em afirmar que apenas o mau funcionamento da linha da Eletrobras, que tem 15 anos de uso e passou por um “retrofit”, seria incapaz de provocar um problema sistêmico. Qual seria então o erro de programação que levou à “abertura” da linha? O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) disse que vai demorar 30 a 45 dias para descobrir.

Um dia depois do blecaute, o ONS optou pela cautela e reduziu fortemente a geração de energia solar e eólica no Nordeste. Isso porque uma das hipóteses é que o aumento da entrada desse tipo de energia, que vem sendo fortemente subsidiada, tenha provocado o problema.

É intensa a romaria de deputados do Nordeste no gabinete do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, pedindo mais investimentos em energia eólica e solar na região. Na semana passada, o Banco do Nordeste (BNB) confirmou que estuda pedir capitalização ao Tesouro, porque vem recebendo pedidos de financiamento superiores a sua capacidade de empréstimo.

Parque Eólico visto da praia de Tourinhos, no município de São Miguel do Gostoso (RN). Uma das hipóteses é que energia gerada por parques solares e eólicos causaram o apagão Foto: JF DIORIO / ESTADÃO

O investimento em energia eólica e solar deve ser incentivado e acompanha o que vem sendo feito nos países ricos, mas não pode atender a critérios políticos e precisa ser feito sem colocar o sistema em risco. O que temos assistido no Brasil, no entanto, é a uma intensa politização do setor elétrico em várias frentes.

No apagão, não foi diferente. Ao invés de optar pela transparência, o governo tentou culpar a Eletrobras recém-privatizada. A fila foi puxada pela primeira-dama Janja da Silva, que espalhou desinformação pelas redes, e endossada pelo ministro, que chegou a fazer insinuações de sabotagem.

Antes de uma reunião crucial na semana passada, era intensa a pressão no ONS, uma autarquia, para que culpasse a Eletrobras pelo apagão. Diante da resistência dos técnicos e das denúncias das pressões pela imprensa, o governo recuou. O escândalo das joias de Jair Bolsonaro também ajudou a deixar o assunto em segundo plano. Até agora sobraram especulações e pressões políticas e faltou transparência num setor que mexe com a vida de milhões de pessoas e deveria ser eminentemente técnico. A sociedade ainda espera respostas.

Uma semana depois do apagão que deixou boa parte do País às escuras ainda não sabemos suas causas. O pouco que foi informado é que um erro de programação provocou a “abertura” da linha de transmissão Quixadá II/Fortaleza II, da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), subsidiária da Eletrobras. E que a “abertura” da linha levou à derrubada do sistema, num mecanismo de autoproteção.

Técnicos experientes do setor elétrico são unânimes em afirmar que apenas o mau funcionamento da linha da Eletrobras, que tem 15 anos de uso e passou por um “retrofit”, seria incapaz de provocar um problema sistêmico. Qual seria então o erro de programação que levou à “abertura” da linha? O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) disse que vai demorar 30 a 45 dias para descobrir.

Um dia depois do blecaute, o ONS optou pela cautela e reduziu fortemente a geração de energia solar e eólica no Nordeste. Isso porque uma das hipóteses é que o aumento da entrada desse tipo de energia, que vem sendo fortemente subsidiada, tenha provocado o problema.

É intensa a romaria de deputados do Nordeste no gabinete do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, pedindo mais investimentos em energia eólica e solar na região. Na semana passada, o Banco do Nordeste (BNB) confirmou que estuda pedir capitalização ao Tesouro, porque vem recebendo pedidos de financiamento superiores a sua capacidade de empréstimo.

Parque Eólico visto da praia de Tourinhos, no município de São Miguel do Gostoso (RN). Uma das hipóteses é que energia gerada por parques solares e eólicos causaram o apagão Foto: JF DIORIO / ESTADÃO

O investimento em energia eólica e solar deve ser incentivado e acompanha o que vem sendo feito nos países ricos, mas não pode atender a critérios políticos e precisa ser feito sem colocar o sistema em risco. O que temos assistido no Brasil, no entanto, é a uma intensa politização do setor elétrico em várias frentes.

No apagão, não foi diferente. Ao invés de optar pela transparência, o governo tentou culpar a Eletrobras recém-privatizada. A fila foi puxada pela primeira-dama Janja da Silva, que espalhou desinformação pelas redes, e endossada pelo ministro, que chegou a fazer insinuações de sabotagem.

Antes de uma reunião crucial na semana passada, era intensa a pressão no ONS, uma autarquia, para que culpasse a Eletrobras pelo apagão. Diante da resistência dos técnicos e das denúncias das pressões pela imprensa, o governo recuou. O escândalo das joias de Jair Bolsonaro também ajudou a deixar o assunto em segundo plano. Até agora sobraram especulações e pressões políticas e faltou transparência num setor que mexe com a vida de milhões de pessoas e deveria ser eminentemente técnico. A sociedade ainda espera respostas.

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