Um dado geral sobre a reciclagem no Brasil indica o desafio que está sobre a mesa de discussão quando o tema é a melhoria das taxas de reciclagem dos resíduos sólidos no País. Em 2010, quando o Brasil passou a ter sua Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), 4% de todo o lixo reciclável era aproveitado nas cadeias de reciclagem. Hoje, mais de uma década depois, a taxa está em 6%, segundo números da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).
Um dos gargalos que precisam ser enfrentados para que o quadro mude, avaliam especialistas no setor, está relacionado à falta de parcerias mais duradouras entre os vários grupos envolvidos no tema, seja o governo, o setor privado ou a sociedade. De acordo com os dados obtidos pelo Diagnóstico de Resíduos Sólidos do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento e a partir da pesquisa Ciclosoft 2023, um total de 1.780 cidades brasileiras informam cobrir, conjuntamente, 76,6 milhões de pessoas com coleta seletiva porta a porta – o que equivale a 35,9% da população brasileira.
Outro ponto importante do diagnóstico levantado pelos dados da Ciclosoft 2023 diz respeito à baixa eficácia da coleta seletiva no Brasil, o que mostra a necessidade de mais ações para conscientizar e educar a população na correta separação dos resíduos na fonte geradora. No País, revela a pesquisa, a relação entre a massa de resíduos sólidos coletada seletivamente e o total gerado pelos municípios é de apenas 3,7%. Contexto que deixa evidente como existem problemas na ponta da cadeia da reciclagem. Eles vão desde a dificuldade de a população abraçar a ideia até o papel das prefeituras que, sozinhas, nem sempre conseguem dar conta do recado.
“É importante destacar a relevância de uma rede em que todos os agentes, ou seja, empresas, sociedade civil e governo, participam ativamente para enfrentarmos os desafios ambientais, sociais e econômicos dos nossos dias”, afirma Valeria Michel, diretora de Sustentabilidade da Tetra Pak Brasil e Cone Sul.
A empresa, líder mundial em soluções de processamento e envase de alimentos, é uma das que vêm colocando entre suas prioridades o apoio a projetos de fomento a ações sociais e de coleta e reciclagem. O que ainda é mais uma exceção do que regra, como mostram números da pesquisa Amcham “Panorama ESG Brasil 2023″. Segundo o levantamento, apenas 35% das empresas que atuam nas regiões brasileiras estão buscando adotar melhores práticas ESG em suas rotinas.
Projetos que funcionam
No caso da Tetra Pak Brasil, todos os projetos somados do grupo beneficiaram 213 mil pessoas em 2022, atrelados a iniciativas de educação ambiental, coleta e reciclagem de materiais diversos – e não apenas embalagens longa-vida. O impacto social positivo se estende a grupos de catadores autônomos, agentes essenciais para o funcionamento da cadeia da reciclagem brasileira.
A parceria público-privada espalhada por 21 cidades de São Paulo, dentro do projeto Recicla Cidade, é um dos exemplos positivos desenvolvidos recentemente. Em 2022, a iniciativa focou sete municípios da região do ABC. No total, mais de 12 mil toneladas de recicláveis foram recuperadas, além de 114 cooperados capacitados e mais de 176 mil pessoas impactadas. As ações de mobilização social e educação ambiental, por meio da integração com a comunidade e o poder público, contam com a parceria da ONG Espaço Urbano.