A Justiça aceitou na tarde desta quinta-feira, 19, o pedido de recuperação judicial da Lojas Americanas. A empresa diz ter uma dívida de R$ 43 bilhões e afirmou que o seu caixa vem sendo drenado pelos bancos. A recuperação judicial da Americanas é a quarta maior da história do Brasil.
A crise na Americanas começou com a renúncia do CEO Sergio Rial (ex-Santander) no dia 11 de janeiro, apenas dez dias depois de assumir o cargo. Quando anunciou sua saída da empresa, Sergio Rial emitiu um comunicado ao mercado, por meio de fato relevante, reportando um rombo avaliado inicialmente em R$ 20 bilhões. A companhia pagava fornecedores por meio de uma triangulação com bancos, mas os pagamentos não foram devidamente dimensionados e realizados, gerando a dívida.
Na justificativa para a entrada do pedido, a empresa disse que o “potencial descumprimento de obrigações contratuais acessórias, previstas em vários dos contratos celebrados com seus credores, inclusive estrangeiros, tornou-se iminente o risco de declaração de vencimento antecipado e imediato da totalidade de suas bilionárias obrigações, seguido da ‘corrida pelos ativos’ das Requerentes”.
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A varejista disse estar determinada a apurar “eventuais irregularidades”, e cita a instalação do Comitê Independente, liderado pelo jurista e ex-diretor da CVM, Otávio Yazbek, e a contratação da Rochschild. Ainda mencionou a nomeação da executiva Camille Loyo Faria para o cargo de nova diretora financeira (CFO).
Segundo a empresa, essas medidas foram tomadas “para reduzir o impacto da divulgação do fato relevante”. A varejista disse que “perdeu, em menos de uma semana, quase 80% de valor de mercado, tendo as suas ações chegado a valer menos de R$ 1,80, enquanto seu preço era superior a R$ 12,00 no dia anterior à publicação do referido fato relevante, em 11.1.2023″. E pediu ainda o prazo de 48 horas para apresentar a lista com todos os credores.
A partir de agora, a Americanas tem até 60 dias da publicação da decisão que deferir o processamento desta recuperação judicial para definir os meios de recuperação a serem adotados, sua viabilidade econômico-financeira e o laudo de avaliação de todos os bens do grupo.
Ações
Os papéis da Americanas ampliaram as perdas após a divulgação de que a empresa entraria com o pedido de recuperação judicial. Depois de entrar em leilão por oscilação máxima permitida, as negociações foram interrompidas logo na sequência com a divulgação de fato relevante confirmando a informação. Os papéis registravam queda de 24,71% antes da interrupção. / COLABOROU ELISA CALMON
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