Refinaria no Amazonas é inviável sem incentivo na reforma tributária, diz pesquisador


Márcio Holland, professor da FGV, calcula que o impacto do incentivo para manter o refino do petróleo entre os bens e os serviços produzidos na Zona Franca de Manaus seja de R$ 298,3 milhões anuais, e não de R$ 3,5 bi como dito por entidades contrárias

Por Denise Luna

Um dos pontos polêmicos da reforma tributária é o benefício ao Grupo Atem, dono da única refinaria do Amazonas, incluído na reta final da regulamentação, em dezembro, pelo relator do texto, Eduardo Braga (MDB-AM), senador por aquele Estado. Entidades ligadas ao setor de combustíveis e contrárias ao subsídio, como o Instituto Brasileiro do Petróleo e Biocombustíveis (IBP), calculam que a medida terá um custo de R$ 3,5 bilhões anuais.

Na contramão dessas entidades, estudo de Márcio Holland, professor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV) e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, concluiu que essa isenção fiscal terá um impacto menor, na ordem de R$ 298,3 milhões anuais, e que sem ela a operação seria inviável.

O relator do texto incluiu incentivo para manter o refino do petróleo entre os bens e os serviços produzidos na Zona Franca de Manaus (ZFM), o que na prática favorece só a Refinaria da Amazônia (Ream), por ser a única da região.

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A previsão é de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancione a nova lei na próxima sexta-feira, 16, e a dúvida é se haverá ou não veto a essa proposta.

De acordo com Holland, a base do cálculo é o total do custo da matéria-prima (petróleo) usado para calcular o incentivo fiscal, da ordem de R$ 3,38 bilhões por ano, e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), o novo imposto trazido pela reforma tributária, de 8,8%, como projetado pelo Ministério da Fazenda.

Ele diz que, assim como os demais empreendimentos na região amazônica, os custos de refino são maiores do que em outras regiões do País, a começar pela dificuldade de aquisição da matéria-prima.

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“Essa usina de refino (Ream) foi montada pela Petrobras para receber o petróleo de Urucu, só que a capacidade de produção de Urucu caiu para um terço. Então, eles são obrigados a importar, e obviamente a importação tem um custo de logística e tem um custo do próprio uso, no caso da região, que é muito mais caro”, explicou, ressaltando que o refino na região representa 2% do total da capacidade do Brasil, não configurando, segundo ele, uma ameaça à competitividade do setor.

Refinaria da Amazônia (Ream) é a única instalada no Amazonas Foto: Divulgação/REAM

De acordo com o estudo, sem esse incentivo fiscal, a indústria de refino não seria economicamente viável, tornando a Região Norte completamente dependente de importação de combustíveis.

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O professor destaca dois custos relevantes. Um é associado à importação de petróleo de fora da Amazônia, e outro aos custos do gás natural para operar como fonte de calor, energia e insumo na produção de hidrogênio.

Esses custos adicionais foram estimados em aproximadamente R$ 344,4 milhões, valor superior ao incentivo fiscal previsto com a inclusão da atividade de refino de petróleo no contexto da Zona Franca.

“Para ela (Ream) sobreviver, precisa de algum incentivo. E aí é uma questão de escolha. Se você quer ter uma indústria de refino distribuída no território nacional, ou se você quer ter ela localizada, o que deixa a Região Norte vulnerável”, concluiu Holland.

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Segurança energética

A Refina Brasil também saiu em defesa da inclusão da Ream nos benefícios da Zona Franca de Manaus. De acordo com o presidente da associação que reúne as nove refinarias privadas do País, Evaristo Pinheiro, muitas notícias falsas têm sido publicadas para tentar derrubar o incentivo, que, segundo ele, é fundamental para garantir a segurança energética da região.

“A primeira fake news (notícia falsa) é o valor do incentivo, menos de 10% do que está sendo falado. A segunda fake news é que só beneficia a Ream. Mentira. O texto é claríssimo que é para a atividade de refino, que hoje só tem a Ream, que tem capacidade para 48 mil barris por dia, 25% da demanda da região. Ou seja, tem mercado à beça para investir”, afirmou. “Ser contra esse benefício é ser contra o desenvolvimento da região.”

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Ele disse que outra notícia falsa sobre o assunto seria de que o benefício é inconstitucional. Ele ressaltou que o Supremo Tribunal Federal (STF) não tem nenhuma manifestação final com relação ao refino na Zona Franca, contando apenas com um voto do presidente do STF, Luís Roberto Barroso, a favor da validade da retirada da isenção de impostos sobre operações com petróleo na ZFM.

“O que se discute no Supremo é o Decreto Lei que instituiu a ZFM, ou seja, nada sobre reforma tributária foi analisado ainda. O Projeto de Lei complementar diz que os benefícios da ZFM têm de seguir a Constituição, e o refino está incluído. Não é inconstitucional”, afirmou Pinheiro. ”A quarta inverdade é que prejudica o meio ambiente. Se eu não tenho refino suficiente o preço do combustível vai subir e empurrar para o abastecimento ilegal, ou de importações. É condenar a região à pobreza energética.”

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Assim como Holland, Pinheiro destacou a dificuldade de obter petróleo para refino na Região Norte, dependente do fluxo dos rios, que a cada ano ficam mais secos.

“É um baita desafio você ter acesso a petróleo nessa região. O campo de Urucu (que abastecia a Ream) já caiu muito em produção e tem um custo logístico muito difícil. Você empilha vários custos ao levar o petróleo para lá, são 1.200 quilômetros rio adentro se não estiver na seca. Aí você condena a região a pagar combustíveis a R$ 9”, concluiu o presidente da Refina Brasil.

Segundo a Petrobras, a produção do campo de Urucu, um dos mais produtivos em terra, fechou 2024 com média de 105,8 mil boed (barris de óleo equivalente por dia).

Um dos pontos polêmicos da reforma tributária é o benefício ao Grupo Atem, dono da única refinaria do Amazonas, incluído na reta final da regulamentação, em dezembro, pelo relator do texto, Eduardo Braga (MDB-AM), senador por aquele Estado. Entidades ligadas ao setor de combustíveis e contrárias ao subsídio, como o Instituto Brasileiro do Petróleo e Biocombustíveis (IBP), calculam que a medida terá um custo de R$ 3,5 bilhões anuais.

Na contramão dessas entidades, estudo de Márcio Holland, professor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV) e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, concluiu que essa isenção fiscal terá um impacto menor, na ordem de R$ 298,3 milhões anuais, e que sem ela a operação seria inviável.

O relator do texto incluiu incentivo para manter o refino do petróleo entre os bens e os serviços produzidos na Zona Franca de Manaus (ZFM), o que na prática favorece só a Refinaria da Amazônia (Ream), por ser a única da região.

A previsão é de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancione a nova lei na próxima sexta-feira, 16, e a dúvida é se haverá ou não veto a essa proposta.

De acordo com Holland, a base do cálculo é o total do custo da matéria-prima (petróleo) usado para calcular o incentivo fiscal, da ordem de R$ 3,38 bilhões por ano, e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), o novo imposto trazido pela reforma tributária, de 8,8%, como projetado pelo Ministério da Fazenda.

Ele diz que, assim como os demais empreendimentos na região amazônica, os custos de refino são maiores do que em outras regiões do País, a começar pela dificuldade de aquisição da matéria-prima.

“Essa usina de refino (Ream) foi montada pela Petrobras para receber o petróleo de Urucu, só que a capacidade de produção de Urucu caiu para um terço. Então, eles são obrigados a importar, e obviamente a importação tem um custo de logística e tem um custo do próprio uso, no caso da região, que é muito mais caro”, explicou, ressaltando que o refino na região representa 2% do total da capacidade do Brasil, não configurando, segundo ele, uma ameaça à competitividade do setor.

Refinaria da Amazônia (Ream) é a única instalada no Amazonas Foto: Divulgação/REAM

De acordo com o estudo, sem esse incentivo fiscal, a indústria de refino não seria economicamente viável, tornando a Região Norte completamente dependente de importação de combustíveis.

O professor destaca dois custos relevantes. Um é associado à importação de petróleo de fora da Amazônia, e outro aos custos do gás natural para operar como fonte de calor, energia e insumo na produção de hidrogênio.

Esses custos adicionais foram estimados em aproximadamente R$ 344,4 milhões, valor superior ao incentivo fiscal previsto com a inclusão da atividade de refino de petróleo no contexto da Zona Franca.

“Para ela (Ream) sobreviver, precisa de algum incentivo. E aí é uma questão de escolha. Se você quer ter uma indústria de refino distribuída no território nacional, ou se você quer ter ela localizada, o que deixa a Região Norte vulnerável”, concluiu Holland.

Segurança energética

A Refina Brasil também saiu em defesa da inclusão da Ream nos benefícios da Zona Franca de Manaus. De acordo com o presidente da associação que reúne as nove refinarias privadas do País, Evaristo Pinheiro, muitas notícias falsas têm sido publicadas para tentar derrubar o incentivo, que, segundo ele, é fundamental para garantir a segurança energética da região.

“A primeira fake news (notícia falsa) é o valor do incentivo, menos de 10% do que está sendo falado. A segunda fake news é que só beneficia a Ream. Mentira. O texto é claríssimo que é para a atividade de refino, que hoje só tem a Ream, que tem capacidade para 48 mil barris por dia, 25% da demanda da região. Ou seja, tem mercado à beça para investir”, afirmou. “Ser contra esse benefício é ser contra o desenvolvimento da região.”

Ele disse que outra notícia falsa sobre o assunto seria de que o benefício é inconstitucional. Ele ressaltou que o Supremo Tribunal Federal (STF) não tem nenhuma manifestação final com relação ao refino na Zona Franca, contando apenas com um voto do presidente do STF, Luís Roberto Barroso, a favor da validade da retirada da isenção de impostos sobre operações com petróleo na ZFM.

“O que se discute no Supremo é o Decreto Lei que instituiu a ZFM, ou seja, nada sobre reforma tributária foi analisado ainda. O Projeto de Lei complementar diz que os benefícios da ZFM têm de seguir a Constituição, e o refino está incluído. Não é inconstitucional”, afirmou Pinheiro. ”A quarta inverdade é que prejudica o meio ambiente. Se eu não tenho refino suficiente o preço do combustível vai subir e empurrar para o abastecimento ilegal, ou de importações. É condenar a região à pobreza energética.”

Assim como Holland, Pinheiro destacou a dificuldade de obter petróleo para refino na Região Norte, dependente do fluxo dos rios, que a cada ano ficam mais secos.

“É um baita desafio você ter acesso a petróleo nessa região. O campo de Urucu (que abastecia a Ream) já caiu muito em produção e tem um custo logístico muito difícil. Você empilha vários custos ao levar o petróleo para lá, são 1.200 quilômetros rio adentro se não estiver na seca. Aí você condena a região a pagar combustíveis a R$ 9”, concluiu o presidente da Refina Brasil.

Segundo a Petrobras, a produção do campo de Urucu, um dos mais produtivos em terra, fechou 2024 com média de 105,8 mil boed (barris de óleo equivalente por dia).

Um dos pontos polêmicos da reforma tributária é o benefício ao Grupo Atem, dono da única refinaria do Amazonas, incluído na reta final da regulamentação, em dezembro, pelo relator do texto, Eduardo Braga (MDB-AM), senador por aquele Estado. Entidades ligadas ao setor de combustíveis e contrárias ao subsídio, como o Instituto Brasileiro do Petróleo e Biocombustíveis (IBP), calculam que a medida terá um custo de R$ 3,5 bilhões anuais.

Na contramão dessas entidades, estudo de Márcio Holland, professor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV) e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, concluiu que essa isenção fiscal terá um impacto menor, na ordem de R$ 298,3 milhões anuais, e que sem ela a operação seria inviável.

O relator do texto incluiu incentivo para manter o refino do petróleo entre os bens e os serviços produzidos na Zona Franca de Manaus (ZFM), o que na prática favorece só a Refinaria da Amazônia (Ream), por ser a única da região.

A previsão é de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancione a nova lei na próxima sexta-feira, 16, e a dúvida é se haverá ou não veto a essa proposta.

De acordo com Holland, a base do cálculo é o total do custo da matéria-prima (petróleo) usado para calcular o incentivo fiscal, da ordem de R$ 3,38 bilhões por ano, e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), o novo imposto trazido pela reforma tributária, de 8,8%, como projetado pelo Ministério da Fazenda.

Ele diz que, assim como os demais empreendimentos na região amazônica, os custos de refino são maiores do que em outras regiões do País, a começar pela dificuldade de aquisição da matéria-prima.

“Essa usina de refino (Ream) foi montada pela Petrobras para receber o petróleo de Urucu, só que a capacidade de produção de Urucu caiu para um terço. Então, eles são obrigados a importar, e obviamente a importação tem um custo de logística e tem um custo do próprio uso, no caso da região, que é muito mais caro”, explicou, ressaltando que o refino na região representa 2% do total da capacidade do Brasil, não configurando, segundo ele, uma ameaça à competitividade do setor.

Refinaria da Amazônia (Ream) é a única instalada no Amazonas Foto: Divulgação/REAM

De acordo com o estudo, sem esse incentivo fiscal, a indústria de refino não seria economicamente viável, tornando a Região Norte completamente dependente de importação de combustíveis.

O professor destaca dois custos relevantes. Um é associado à importação de petróleo de fora da Amazônia, e outro aos custos do gás natural para operar como fonte de calor, energia e insumo na produção de hidrogênio.

Esses custos adicionais foram estimados em aproximadamente R$ 344,4 milhões, valor superior ao incentivo fiscal previsto com a inclusão da atividade de refino de petróleo no contexto da Zona Franca.

“Para ela (Ream) sobreviver, precisa de algum incentivo. E aí é uma questão de escolha. Se você quer ter uma indústria de refino distribuída no território nacional, ou se você quer ter ela localizada, o que deixa a Região Norte vulnerável”, concluiu Holland.

Segurança energética

A Refina Brasil também saiu em defesa da inclusão da Ream nos benefícios da Zona Franca de Manaus. De acordo com o presidente da associação que reúne as nove refinarias privadas do País, Evaristo Pinheiro, muitas notícias falsas têm sido publicadas para tentar derrubar o incentivo, que, segundo ele, é fundamental para garantir a segurança energética da região.

“A primeira fake news (notícia falsa) é o valor do incentivo, menos de 10% do que está sendo falado. A segunda fake news é que só beneficia a Ream. Mentira. O texto é claríssimo que é para a atividade de refino, que hoje só tem a Ream, que tem capacidade para 48 mil barris por dia, 25% da demanda da região. Ou seja, tem mercado à beça para investir”, afirmou. “Ser contra esse benefício é ser contra o desenvolvimento da região.”

Ele disse que outra notícia falsa sobre o assunto seria de que o benefício é inconstitucional. Ele ressaltou que o Supremo Tribunal Federal (STF) não tem nenhuma manifestação final com relação ao refino na Zona Franca, contando apenas com um voto do presidente do STF, Luís Roberto Barroso, a favor da validade da retirada da isenção de impostos sobre operações com petróleo na ZFM.

“O que se discute no Supremo é o Decreto Lei que instituiu a ZFM, ou seja, nada sobre reforma tributária foi analisado ainda. O Projeto de Lei complementar diz que os benefícios da ZFM têm de seguir a Constituição, e o refino está incluído. Não é inconstitucional”, afirmou Pinheiro. ”A quarta inverdade é que prejudica o meio ambiente. Se eu não tenho refino suficiente o preço do combustível vai subir e empurrar para o abastecimento ilegal, ou de importações. É condenar a região à pobreza energética.”

Assim como Holland, Pinheiro destacou a dificuldade de obter petróleo para refino na Região Norte, dependente do fluxo dos rios, que a cada ano ficam mais secos.

“É um baita desafio você ter acesso a petróleo nessa região. O campo de Urucu (que abastecia a Ream) já caiu muito em produção e tem um custo logístico muito difícil. Você empilha vários custos ao levar o petróleo para lá, são 1.200 quilômetros rio adentro se não estiver na seca. Aí você condena a região a pagar combustíveis a R$ 9”, concluiu o presidente da Refina Brasil.

Segundo a Petrobras, a produção do campo de Urucu, um dos mais produtivos em terra, fechou 2024 com média de 105,8 mil boed (barris de óleo equivalente por dia).

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