Relação entre carne produzida no Brasil e áreas desmatadas ainda é caixa preta, mostra pesquisa


Estudo questionou 90 frigoríficos e 69 redes varejistas sobre políticas que garantam procedência do produto que compram e vendem; apenas 5% das empresas aceitaram participar e nenhuma autorizou divulgação de classificação em ranking

Por André Borges

BRASÍLIA – Uma pesquisa realizada junto a frigoríficos e grandes supermercados que atuam no Brasil revela que a produção nacional de carne ainda é uma caixa preta de informações quando o objetivo é descobrir se essa produção tem alguma associação a áreas que são alvos de desmatamento da Amazônia.

O Estadão teve acesso a um estudo realizado pelo instituto Imazon, que é referência internacional na área ambiental, e o Instituto O Mundo Que Queremos (OMQQ). O objetivo era responder à seguinte pergunta: quais empresas conseguem garantir que a carne que compram e vendem – e que chega até os consumidores – não está associada a desmatamento da Amazônia, em nenhuma etapa de produção?

Para participar da pesquisa, foram contatados 90 frigoríficos e outras 69 redes varejistas, com o propósito de verificar se essas empresas praticam políticas que garantam a procedência da carne que compram e vendem, comprovando que o produto não está associado ao desmatamento na Amazônia. O resultado é que apenas 5% das empresas aceitaram participar do levantamento. Das poucas que responderam, nenhuma autorizou a divulgação de sua classificação final no ranking.

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Origem de carne produzida no Brasil ainda é tema controverso e falta transparência sobre cadeia produtiva, dizem institutos.  Foto: J.F. Diorio/Estadão

Na prática, os resultados desta primeira edição mostram a recusa das empresas em participar desse tipo de levantamento. Entre os frigoríficos convidados, 94,5% não participaram. Outros 5,5% responderam, mas não autorizaram a divulgação de seus resultados. No segmento varejista, 96% dos supermercados convidados não responderam. Os 4% que aceitaram participar não liberaram a publicação de seus resultados.

“A forma como cada frigorífico e cada supermercado responde à demanda por transparência e comprovação é uma informação que consumidores, investidores e grandes clientes corporativos precisam saber e que devem levar em consideração na hora de tomar decisões”, diz Alexandre Mansur, diretor de projetos do instituto OMQQ.

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Este é o primeiro ano que os institutos realizam o indicador, que foi batizado de “Radar Verde” e que contou com financiamento da Iniciativa Internacional de Clima e Florestas da Noruega (NICFI) e do Instituto Clima e Sociedade (iCS). A ideia é que painel seja realizado anualmente.

Ao todo, o estudo identificou 113 grupos frigoríficos ativos na região da Amazônia Legal, todos elegíveis a participar do indicador. Do total, 90 empresas ofereciam alguma forma de contato público, como e-mail e telefone, canais que foram usados realizar o convite da pesquisa e para responder ao questionário.

Das 90 empresas contatadas, cinco aceitaram participar do levantamento e preencheram o questionário. Elas receberam a avaliação de suas políticas de controle da cadeia de produção, elaborada pela equipe do estudo, mas não autorizaram a divulgação pública de sua classificação final no indicador.

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“Já se sabe que é possível aumentar a produção pecuária na Amazônia sem derrubar nenhuma árvore”, disse Ritaumaria Pereira, diretora-executiva do Imazon. “O consumidor merece saber quais são as empresas que garantem o desmatamento zero em sua cadeia de produção. O Radar Verde quer ser um atalho para essa informação.”

Para avaliar as políticas de controle da cadeia de produção dos supermercados, a equipe listou os 50 maiores varejistas do país, segundo o ranking de 2021 da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Os 19 maiores supermercados da Amazônia Legal também foram convidados a participar. Do total de 69 varejistas contatados pela equipe, três aceitaram responder ao questionário.

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Assim como os frigoríficos participantes, elas também receberam da equipe a avaliação de suas políticas de controle da cadeia de produção, mas não autorizaram a divulgação pública de sua classificação final no indicador.

A pesquisa leva em conta três critérios técnicos: a existência de uma política de compra responsável de gado ou carne; a qualidade dessa política e seu potencial para contribuir para redução do desmatamento; e o grau de execução dessa política pelas empresas.

Maior exportador

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O Brasil é o segundo maior produtor mundial e o maior exportador de carne bovina. O País produz cerca de 15% de toda a carne bovina consumida globalmente. Estudos sugerem que a atividade pode funcionar como um dos motores do desmatamento na Amazônia. Um levantamento do Mapbiomas mostra que as áreas de pastagem triplicaram na Amazônia nos últimos 30 anos. Hoje, ocupam 13% do bioma.

Quase metade do rebanho brasileiro (43%) está concentrada sobre a área da maior floresta tropical do planeta. Entre 1990 e 2020, o rebanho bovino na região cresceu 256%, enquanto no restante do país teve alta de apenas 3%.

O cenário mostra que, pela maneira como a cadeia de produção de carne está estruturada no Brasil, faltam informações públicas para garantir que a carne consumida e, também, exportada não está associada ao desmatamento durante sua produção, porque o ciclo é longo e fragmentado.

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Os animais podem passar por diversas fazendas ao longo de sua criação, desde o nascimento até o período de abate. O desafio é analisar se os frigoríficos e os supermercados são capazes de garantir que a carne que compram e vendem não passou por uma fazenda que desmatou em nenhum dos elos dessa cadeia.

BRASÍLIA – Uma pesquisa realizada junto a frigoríficos e grandes supermercados que atuam no Brasil revela que a produção nacional de carne ainda é uma caixa preta de informações quando o objetivo é descobrir se essa produção tem alguma associação a áreas que são alvos de desmatamento da Amazônia.

O Estadão teve acesso a um estudo realizado pelo instituto Imazon, que é referência internacional na área ambiental, e o Instituto O Mundo Que Queremos (OMQQ). O objetivo era responder à seguinte pergunta: quais empresas conseguem garantir que a carne que compram e vendem – e que chega até os consumidores – não está associada a desmatamento da Amazônia, em nenhuma etapa de produção?

Para participar da pesquisa, foram contatados 90 frigoríficos e outras 69 redes varejistas, com o propósito de verificar se essas empresas praticam políticas que garantam a procedência da carne que compram e vendem, comprovando que o produto não está associado ao desmatamento na Amazônia. O resultado é que apenas 5% das empresas aceitaram participar do levantamento. Das poucas que responderam, nenhuma autorizou a divulgação de sua classificação final no ranking.

Origem de carne produzida no Brasil ainda é tema controverso e falta transparência sobre cadeia produtiva, dizem institutos.  Foto: J.F. Diorio/Estadão

Na prática, os resultados desta primeira edição mostram a recusa das empresas em participar desse tipo de levantamento. Entre os frigoríficos convidados, 94,5% não participaram. Outros 5,5% responderam, mas não autorizaram a divulgação de seus resultados. No segmento varejista, 96% dos supermercados convidados não responderam. Os 4% que aceitaram participar não liberaram a publicação de seus resultados.

“A forma como cada frigorífico e cada supermercado responde à demanda por transparência e comprovação é uma informação que consumidores, investidores e grandes clientes corporativos precisam saber e que devem levar em consideração na hora de tomar decisões”, diz Alexandre Mansur, diretor de projetos do instituto OMQQ.

Este é o primeiro ano que os institutos realizam o indicador, que foi batizado de “Radar Verde” e que contou com financiamento da Iniciativa Internacional de Clima e Florestas da Noruega (NICFI) e do Instituto Clima e Sociedade (iCS). A ideia é que painel seja realizado anualmente.

Ao todo, o estudo identificou 113 grupos frigoríficos ativos na região da Amazônia Legal, todos elegíveis a participar do indicador. Do total, 90 empresas ofereciam alguma forma de contato público, como e-mail e telefone, canais que foram usados realizar o convite da pesquisa e para responder ao questionário.

Das 90 empresas contatadas, cinco aceitaram participar do levantamento e preencheram o questionário. Elas receberam a avaliação de suas políticas de controle da cadeia de produção, elaborada pela equipe do estudo, mas não autorizaram a divulgação pública de sua classificação final no indicador.

“Já se sabe que é possível aumentar a produção pecuária na Amazônia sem derrubar nenhuma árvore”, disse Ritaumaria Pereira, diretora-executiva do Imazon. “O consumidor merece saber quais são as empresas que garantem o desmatamento zero em sua cadeia de produção. O Radar Verde quer ser um atalho para essa informação.”

Para avaliar as políticas de controle da cadeia de produção dos supermercados, a equipe listou os 50 maiores varejistas do país, segundo o ranking de 2021 da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Os 19 maiores supermercados da Amazônia Legal também foram convidados a participar. Do total de 69 varejistas contatados pela equipe, três aceitaram responder ao questionário.

Assim como os frigoríficos participantes, elas também receberam da equipe a avaliação de suas políticas de controle da cadeia de produção, mas não autorizaram a divulgação pública de sua classificação final no indicador.

A pesquisa leva em conta três critérios técnicos: a existência de uma política de compra responsável de gado ou carne; a qualidade dessa política e seu potencial para contribuir para redução do desmatamento; e o grau de execução dessa política pelas empresas.

Maior exportador

O Brasil é o segundo maior produtor mundial e o maior exportador de carne bovina. O País produz cerca de 15% de toda a carne bovina consumida globalmente. Estudos sugerem que a atividade pode funcionar como um dos motores do desmatamento na Amazônia. Um levantamento do Mapbiomas mostra que as áreas de pastagem triplicaram na Amazônia nos últimos 30 anos. Hoje, ocupam 13% do bioma.

Quase metade do rebanho brasileiro (43%) está concentrada sobre a área da maior floresta tropical do planeta. Entre 1990 e 2020, o rebanho bovino na região cresceu 256%, enquanto no restante do país teve alta de apenas 3%.

O cenário mostra que, pela maneira como a cadeia de produção de carne está estruturada no Brasil, faltam informações públicas para garantir que a carne consumida e, também, exportada não está associada ao desmatamento durante sua produção, porque o ciclo é longo e fragmentado.

Os animais podem passar por diversas fazendas ao longo de sua criação, desde o nascimento até o período de abate. O desafio é analisar se os frigoríficos e os supermercados são capazes de garantir que a carne que compram e vendem não passou por uma fazenda que desmatou em nenhum dos elos dessa cadeia.

BRASÍLIA – Uma pesquisa realizada junto a frigoríficos e grandes supermercados que atuam no Brasil revela que a produção nacional de carne ainda é uma caixa preta de informações quando o objetivo é descobrir se essa produção tem alguma associação a áreas que são alvos de desmatamento da Amazônia.

O Estadão teve acesso a um estudo realizado pelo instituto Imazon, que é referência internacional na área ambiental, e o Instituto O Mundo Que Queremos (OMQQ). O objetivo era responder à seguinte pergunta: quais empresas conseguem garantir que a carne que compram e vendem – e que chega até os consumidores – não está associada a desmatamento da Amazônia, em nenhuma etapa de produção?

Para participar da pesquisa, foram contatados 90 frigoríficos e outras 69 redes varejistas, com o propósito de verificar se essas empresas praticam políticas que garantam a procedência da carne que compram e vendem, comprovando que o produto não está associado ao desmatamento na Amazônia. O resultado é que apenas 5% das empresas aceitaram participar do levantamento. Das poucas que responderam, nenhuma autorizou a divulgação de sua classificação final no ranking.

Origem de carne produzida no Brasil ainda é tema controverso e falta transparência sobre cadeia produtiva, dizem institutos.  Foto: J.F. Diorio/Estadão

Na prática, os resultados desta primeira edição mostram a recusa das empresas em participar desse tipo de levantamento. Entre os frigoríficos convidados, 94,5% não participaram. Outros 5,5% responderam, mas não autorizaram a divulgação de seus resultados. No segmento varejista, 96% dos supermercados convidados não responderam. Os 4% que aceitaram participar não liberaram a publicação de seus resultados.

“A forma como cada frigorífico e cada supermercado responde à demanda por transparência e comprovação é uma informação que consumidores, investidores e grandes clientes corporativos precisam saber e que devem levar em consideração na hora de tomar decisões”, diz Alexandre Mansur, diretor de projetos do instituto OMQQ.

Este é o primeiro ano que os institutos realizam o indicador, que foi batizado de “Radar Verde” e que contou com financiamento da Iniciativa Internacional de Clima e Florestas da Noruega (NICFI) e do Instituto Clima e Sociedade (iCS). A ideia é que painel seja realizado anualmente.

Ao todo, o estudo identificou 113 grupos frigoríficos ativos na região da Amazônia Legal, todos elegíveis a participar do indicador. Do total, 90 empresas ofereciam alguma forma de contato público, como e-mail e telefone, canais que foram usados realizar o convite da pesquisa e para responder ao questionário.

Das 90 empresas contatadas, cinco aceitaram participar do levantamento e preencheram o questionário. Elas receberam a avaliação de suas políticas de controle da cadeia de produção, elaborada pela equipe do estudo, mas não autorizaram a divulgação pública de sua classificação final no indicador.

“Já se sabe que é possível aumentar a produção pecuária na Amazônia sem derrubar nenhuma árvore”, disse Ritaumaria Pereira, diretora-executiva do Imazon. “O consumidor merece saber quais são as empresas que garantem o desmatamento zero em sua cadeia de produção. O Radar Verde quer ser um atalho para essa informação.”

Para avaliar as políticas de controle da cadeia de produção dos supermercados, a equipe listou os 50 maiores varejistas do país, segundo o ranking de 2021 da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Os 19 maiores supermercados da Amazônia Legal também foram convidados a participar. Do total de 69 varejistas contatados pela equipe, três aceitaram responder ao questionário.

Assim como os frigoríficos participantes, elas também receberam da equipe a avaliação de suas políticas de controle da cadeia de produção, mas não autorizaram a divulgação pública de sua classificação final no indicador.

A pesquisa leva em conta três critérios técnicos: a existência de uma política de compra responsável de gado ou carne; a qualidade dessa política e seu potencial para contribuir para redução do desmatamento; e o grau de execução dessa política pelas empresas.

Maior exportador

O Brasil é o segundo maior produtor mundial e o maior exportador de carne bovina. O País produz cerca de 15% de toda a carne bovina consumida globalmente. Estudos sugerem que a atividade pode funcionar como um dos motores do desmatamento na Amazônia. Um levantamento do Mapbiomas mostra que as áreas de pastagem triplicaram na Amazônia nos últimos 30 anos. Hoje, ocupam 13% do bioma.

Quase metade do rebanho brasileiro (43%) está concentrada sobre a área da maior floresta tropical do planeta. Entre 1990 e 2020, o rebanho bovino na região cresceu 256%, enquanto no restante do país teve alta de apenas 3%.

O cenário mostra que, pela maneira como a cadeia de produção de carne está estruturada no Brasil, faltam informações públicas para garantir que a carne consumida e, também, exportada não está associada ao desmatamento durante sua produção, porque o ciclo é longo e fragmentado.

Os animais podem passar por diversas fazendas ao longo de sua criação, desde o nascimento até o período de abate. O desafio é analisar se os frigoríficos e os supermercados são capazes de garantir que a carne que compram e vendem não passou por uma fazenda que desmatou em nenhum dos elos dessa cadeia.

BRASÍLIA – Uma pesquisa realizada junto a frigoríficos e grandes supermercados que atuam no Brasil revela que a produção nacional de carne ainda é uma caixa preta de informações quando o objetivo é descobrir se essa produção tem alguma associação a áreas que são alvos de desmatamento da Amazônia.

O Estadão teve acesso a um estudo realizado pelo instituto Imazon, que é referência internacional na área ambiental, e o Instituto O Mundo Que Queremos (OMQQ). O objetivo era responder à seguinte pergunta: quais empresas conseguem garantir que a carne que compram e vendem – e que chega até os consumidores – não está associada a desmatamento da Amazônia, em nenhuma etapa de produção?

Para participar da pesquisa, foram contatados 90 frigoríficos e outras 69 redes varejistas, com o propósito de verificar se essas empresas praticam políticas que garantam a procedência da carne que compram e vendem, comprovando que o produto não está associado ao desmatamento na Amazônia. O resultado é que apenas 5% das empresas aceitaram participar do levantamento. Das poucas que responderam, nenhuma autorizou a divulgação de sua classificação final no ranking.

Origem de carne produzida no Brasil ainda é tema controverso e falta transparência sobre cadeia produtiva, dizem institutos.  Foto: J.F. Diorio/Estadão

Na prática, os resultados desta primeira edição mostram a recusa das empresas em participar desse tipo de levantamento. Entre os frigoríficos convidados, 94,5% não participaram. Outros 5,5% responderam, mas não autorizaram a divulgação de seus resultados. No segmento varejista, 96% dos supermercados convidados não responderam. Os 4% que aceitaram participar não liberaram a publicação de seus resultados.

“A forma como cada frigorífico e cada supermercado responde à demanda por transparência e comprovação é uma informação que consumidores, investidores e grandes clientes corporativos precisam saber e que devem levar em consideração na hora de tomar decisões”, diz Alexandre Mansur, diretor de projetos do instituto OMQQ.

Este é o primeiro ano que os institutos realizam o indicador, que foi batizado de “Radar Verde” e que contou com financiamento da Iniciativa Internacional de Clima e Florestas da Noruega (NICFI) e do Instituto Clima e Sociedade (iCS). A ideia é que painel seja realizado anualmente.

Ao todo, o estudo identificou 113 grupos frigoríficos ativos na região da Amazônia Legal, todos elegíveis a participar do indicador. Do total, 90 empresas ofereciam alguma forma de contato público, como e-mail e telefone, canais que foram usados realizar o convite da pesquisa e para responder ao questionário.

Das 90 empresas contatadas, cinco aceitaram participar do levantamento e preencheram o questionário. Elas receberam a avaliação de suas políticas de controle da cadeia de produção, elaborada pela equipe do estudo, mas não autorizaram a divulgação pública de sua classificação final no indicador.

“Já se sabe que é possível aumentar a produção pecuária na Amazônia sem derrubar nenhuma árvore”, disse Ritaumaria Pereira, diretora-executiva do Imazon. “O consumidor merece saber quais são as empresas que garantem o desmatamento zero em sua cadeia de produção. O Radar Verde quer ser um atalho para essa informação.”

Para avaliar as políticas de controle da cadeia de produção dos supermercados, a equipe listou os 50 maiores varejistas do país, segundo o ranking de 2021 da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Os 19 maiores supermercados da Amazônia Legal também foram convidados a participar. Do total de 69 varejistas contatados pela equipe, três aceitaram responder ao questionário.

Assim como os frigoríficos participantes, elas também receberam da equipe a avaliação de suas políticas de controle da cadeia de produção, mas não autorizaram a divulgação pública de sua classificação final no indicador.

A pesquisa leva em conta três critérios técnicos: a existência de uma política de compra responsável de gado ou carne; a qualidade dessa política e seu potencial para contribuir para redução do desmatamento; e o grau de execução dessa política pelas empresas.

Maior exportador

O Brasil é o segundo maior produtor mundial e o maior exportador de carne bovina. O País produz cerca de 15% de toda a carne bovina consumida globalmente. Estudos sugerem que a atividade pode funcionar como um dos motores do desmatamento na Amazônia. Um levantamento do Mapbiomas mostra que as áreas de pastagem triplicaram na Amazônia nos últimos 30 anos. Hoje, ocupam 13% do bioma.

Quase metade do rebanho brasileiro (43%) está concentrada sobre a área da maior floresta tropical do planeta. Entre 1990 e 2020, o rebanho bovino na região cresceu 256%, enquanto no restante do país teve alta de apenas 3%.

O cenário mostra que, pela maneira como a cadeia de produção de carne está estruturada no Brasil, faltam informações públicas para garantir que a carne consumida e, também, exportada não está associada ao desmatamento durante sua produção, porque o ciclo é longo e fragmentado.

Os animais podem passar por diversas fazendas ao longo de sua criação, desde o nascimento até o período de abate. O desafio é analisar se os frigoríficos e os supermercados são capazes de garantir que a carne que compram e vendem não passou por uma fazenda que desmatou em nenhum dos elos dessa cadeia.

BRASÍLIA – Uma pesquisa realizada junto a frigoríficos e grandes supermercados que atuam no Brasil revela que a produção nacional de carne ainda é uma caixa preta de informações quando o objetivo é descobrir se essa produção tem alguma associação a áreas que são alvos de desmatamento da Amazônia.

O Estadão teve acesso a um estudo realizado pelo instituto Imazon, que é referência internacional na área ambiental, e o Instituto O Mundo Que Queremos (OMQQ). O objetivo era responder à seguinte pergunta: quais empresas conseguem garantir que a carne que compram e vendem – e que chega até os consumidores – não está associada a desmatamento da Amazônia, em nenhuma etapa de produção?

Para participar da pesquisa, foram contatados 90 frigoríficos e outras 69 redes varejistas, com o propósito de verificar se essas empresas praticam políticas que garantam a procedência da carne que compram e vendem, comprovando que o produto não está associado ao desmatamento na Amazônia. O resultado é que apenas 5% das empresas aceitaram participar do levantamento. Das poucas que responderam, nenhuma autorizou a divulgação de sua classificação final no ranking.

Origem de carne produzida no Brasil ainda é tema controverso e falta transparência sobre cadeia produtiva, dizem institutos.  Foto: J.F. Diorio/Estadão

Na prática, os resultados desta primeira edição mostram a recusa das empresas em participar desse tipo de levantamento. Entre os frigoríficos convidados, 94,5% não participaram. Outros 5,5% responderam, mas não autorizaram a divulgação de seus resultados. No segmento varejista, 96% dos supermercados convidados não responderam. Os 4% que aceitaram participar não liberaram a publicação de seus resultados.

“A forma como cada frigorífico e cada supermercado responde à demanda por transparência e comprovação é uma informação que consumidores, investidores e grandes clientes corporativos precisam saber e que devem levar em consideração na hora de tomar decisões”, diz Alexandre Mansur, diretor de projetos do instituto OMQQ.

Este é o primeiro ano que os institutos realizam o indicador, que foi batizado de “Radar Verde” e que contou com financiamento da Iniciativa Internacional de Clima e Florestas da Noruega (NICFI) e do Instituto Clima e Sociedade (iCS). A ideia é que painel seja realizado anualmente.

Ao todo, o estudo identificou 113 grupos frigoríficos ativos na região da Amazônia Legal, todos elegíveis a participar do indicador. Do total, 90 empresas ofereciam alguma forma de contato público, como e-mail e telefone, canais que foram usados realizar o convite da pesquisa e para responder ao questionário.

Das 90 empresas contatadas, cinco aceitaram participar do levantamento e preencheram o questionário. Elas receberam a avaliação de suas políticas de controle da cadeia de produção, elaborada pela equipe do estudo, mas não autorizaram a divulgação pública de sua classificação final no indicador.

“Já se sabe que é possível aumentar a produção pecuária na Amazônia sem derrubar nenhuma árvore”, disse Ritaumaria Pereira, diretora-executiva do Imazon. “O consumidor merece saber quais são as empresas que garantem o desmatamento zero em sua cadeia de produção. O Radar Verde quer ser um atalho para essa informação.”

Para avaliar as políticas de controle da cadeia de produção dos supermercados, a equipe listou os 50 maiores varejistas do país, segundo o ranking de 2021 da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Os 19 maiores supermercados da Amazônia Legal também foram convidados a participar. Do total de 69 varejistas contatados pela equipe, três aceitaram responder ao questionário.

Assim como os frigoríficos participantes, elas também receberam da equipe a avaliação de suas políticas de controle da cadeia de produção, mas não autorizaram a divulgação pública de sua classificação final no indicador.

A pesquisa leva em conta três critérios técnicos: a existência de uma política de compra responsável de gado ou carne; a qualidade dessa política e seu potencial para contribuir para redução do desmatamento; e o grau de execução dessa política pelas empresas.

Maior exportador

O Brasil é o segundo maior produtor mundial e o maior exportador de carne bovina. O País produz cerca de 15% de toda a carne bovina consumida globalmente. Estudos sugerem que a atividade pode funcionar como um dos motores do desmatamento na Amazônia. Um levantamento do Mapbiomas mostra que as áreas de pastagem triplicaram na Amazônia nos últimos 30 anos. Hoje, ocupam 13% do bioma.

Quase metade do rebanho brasileiro (43%) está concentrada sobre a área da maior floresta tropical do planeta. Entre 1990 e 2020, o rebanho bovino na região cresceu 256%, enquanto no restante do país teve alta de apenas 3%.

O cenário mostra que, pela maneira como a cadeia de produção de carne está estruturada no Brasil, faltam informações públicas para garantir que a carne consumida e, também, exportada não está associada ao desmatamento durante sua produção, porque o ciclo é longo e fragmentado.

Os animais podem passar por diversas fazendas ao longo de sua criação, desde o nascimento até o período de abate. O desafio é analisar se os frigoríficos e os supermercados são capazes de garantir que a carne que compram e vendem não passou por uma fazenda que desmatou em nenhum dos elos dessa cadeia.

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