Opinião|Por que a produção de alimentos é central na conservação da Amazônia


A filantropia tem no olhar para os sistemas alimentares amazônicos uma oportunidade de aumentar seu impacto na agenda climática, mas também o desafio e a urgência de lidar com uma situação de insegurança alimentar na região

Por Renata Piazzon
Atualização:

A maneira como produzimos, distribuímos e consumimos alimentos impacta a vida humana em todas as suas principais esferas: individual, social, cultural, econômica e ambiental. Na Amazônia, o alimento tem o poder de catalisar tanto a conservação como a derrubada da floresta.

Olhar para o que temos chamado de sistemas alimentares no contexto da Amazônia é um caminho imperativo para todos que constroem iniciativas relacionadas à agenda climática. Incluo aqui a filantropia, que tem nessa agenda uma grande oportunidade de reforçar o seu impacto.

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O contexto amazônico é de desafios. Quando pensamos em segurança alimentar, os números estão entre os piores do país: 71% dos domicílios da região Norte apresentam algum nível de insegurança alimentar, mesmo que leve, contra uma média nacional de 58,7%. Se analisarmos apenas a fome, a situação está presente em 25,7% das casas da região Norte. A média brasileira é de 15,5%.

Diante desses números, é possível dimensionar o papel que a Amazônia teve na volta do Brasil ao Mapa da Fome. Um fato que revela uma grande dicotomia nacional, já que o País é o terceiro maior produtor de alimentos do mundo e ainda tem grande capacidade de elevar sua produção.

Produção de alimentos na Amazônia é vital para planos de conservação da mata, ao garantir o sustento dos moradores Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO
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Área disponível para ampliação de cultivo e criação de animais não é uma questão. Segundo o IBGE, há, no Brasil, 100 milhões de hectares de pastagens degradadas. Grande parte dessa terra está disponível para a produção de alimentos, que pode ser incentivada por meio de sistemas agroflorestais ou da integração lavoura, pecuária e floresta, por exemplo.

Já na Amazônia florestal, as oportunidades são infinitas no que chamamos de bioeconomia da sociobiodiversidade: açaí, guaraná, cacau, castanha, tucumã, jambu, buriti, bacuri, entre tantos outros. No entanto, pelo menos até o momento, dados compilados pela iniciativa Amazônia 2030 apontam que a Amazônia Legal possui uma participação ínfima no mercado global desses produtos (inferior a 0,2%), apesar de estar em expansão e já gerar uma receita mundial acima de US$ 170 bilhões por ano.

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A convite do Instituto Ibirapitanga, um dos nomes mais relevantes da temática de sistemas alimentares no País, acompanhei recentemente em Manaus um encontro da Global Alliance for the Future of Food, uma rede global de filantropias que promove reflexões sobre as nossas relações com a produção, distribuição e consumo de alimentos. Há apetite em investimento nessa agenda, mas faltam — ou não se tem mapeado — iniciativas em escala que possam dar conta do tamanho do desafio.

Entre os casos recentes mais emblemáticos no contexto amazônico, cito o exemplo da Manioca, empresa do Pará que fabrica alimentos com ingredientes inspirados na culinária amazônica, como tucupi, cupuaçu e cumaru. Os fornecedores são produtores locais e a condição para a compra dos insumos é que o modelo de cultivo preserve a floresta.

Foi justamente na Manioca que a fabricante de alimentos japonesa Ajinomoto anunciou o seu primeiro aporte fora do Japão em uma startup. Essa operação teve ainda outro ineditismo: foi a primeira vez que uma foodtech amazônica recebeu investimento de uma multinacional.

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Os desafios são muitos para que outras iniciativas ganhem esse ou nível maior de escala, em especial a assistência técnica e extensão rural, o acesso a crédito e a instrumentos financeiros e o acesso a mercado. Sem essa última ponta, não há bioeconomia que se sustente.

Diante de um País de dimensões continentais e do desafio da realidade amazônica, é preciso fomentar iniciativas que possam dar conta da escala de um sistema alimentar que conserve ou restaure a floresta ao mesmo tempo que gere bons frutos às comunidades. À filantropia cabe criar as condições favoráveis para que essas iniciativas deslanchem, direcionando recursos, inteligência e inovação, em articulação no campo das políticas públicas e das práticas do setor privado.

A maneira como produzimos, distribuímos e consumimos alimentos impacta a vida humana em todas as suas principais esferas: individual, social, cultural, econômica e ambiental. Na Amazônia, o alimento tem o poder de catalisar tanto a conservação como a derrubada da floresta.

Olhar para o que temos chamado de sistemas alimentares no contexto da Amazônia é um caminho imperativo para todos que constroem iniciativas relacionadas à agenda climática. Incluo aqui a filantropia, que tem nessa agenda uma grande oportunidade de reforçar o seu impacto.

O contexto amazônico é de desafios. Quando pensamos em segurança alimentar, os números estão entre os piores do país: 71% dos domicílios da região Norte apresentam algum nível de insegurança alimentar, mesmo que leve, contra uma média nacional de 58,7%. Se analisarmos apenas a fome, a situação está presente em 25,7% das casas da região Norte. A média brasileira é de 15,5%.

Diante desses números, é possível dimensionar o papel que a Amazônia teve na volta do Brasil ao Mapa da Fome. Um fato que revela uma grande dicotomia nacional, já que o País é o terceiro maior produtor de alimentos do mundo e ainda tem grande capacidade de elevar sua produção.

Produção de alimentos na Amazônia é vital para planos de conservação da mata, ao garantir o sustento dos moradores Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

Área disponível para ampliação de cultivo e criação de animais não é uma questão. Segundo o IBGE, há, no Brasil, 100 milhões de hectares de pastagens degradadas. Grande parte dessa terra está disponível para a produção de alimentos, que pode ser incentivada por meio de sistemas agroflorestais ou da integração lavoura, pecuária e floresta, por exemplo.

Já na Amazônia florestal, as oportunidades são infinitas no que chamamos de bioeconomia da sociobiodiversidade: açaí, guaraná, cacau, castanha, tucumã, jambu, buriti, bacuri, entre tantos outros. No entanto, pelo menos até o momento, dados compilados pela iniciativa Amazônia 2030 apontam que a Amazônia Legal possui uma participação ínfima no mercado global desses produtos (inferior a 0,2%), apesar de estar em expansão e já gerar uma receita mundial acima de US$ 170 bilhões por ano.

A convite do Instituto Ibirapitanga, um dos nomes mais relevantes da temática de sistemas alimentares no País, acompanhei recentemente em Manaus um encontro da Global Alliance for the Future of Food, uma rede global de filantropias que promove reflexões sobre as nossas relações com a produção, distribuição e consumo de alimentos. Há apetite em investimento nessa agenda, mas faltam — ou não se tem mapeado — iniciativas em escala que possam dar conta do tamanho do desafio.

Entre os casos recentes mais emblemáticos no contexto amazônico, cito o exemplo da Manioca, empresa do Pará que fabrica alimentos com ingredientes inspirados na culinária amazônica, como tucupi, cupuaçu e cumaru. Os fornecedores são produtores locais e a condição para a compra dos insumos é que o modelo de cultivo preserve a floresta.

Foi justamente na Manioca que a fabricante de alimentos japonesa Ajinomoto anunciou o seu primeiro aporte fora do Japão em uma startup. Essa operação teve ainda outro ineditismo: foi a primeira vez que uma foodtech amazônica recebeu investimento de uma multinacional.

Os desafios são muitos para que outras iniciativas ganhem esse ou nível maior de escala, em especial a assistência técnica e extensão rural, o acesso a crédito e a instrumentos financeiros e o acesso a mercado. Sem essa última ponta, não há bioeconomia que se sustente.

Diante de um País de dimensões continentais e do desafio da realidade amazônica, é preciso fomentar iniciativas que possam dar conta da escala de um sistema alimentar que conserve ou restaure a floresta ao mesmo tempo que gere bons frutos às comunidades. À filantropia cabe criar as condições favoráveis para que essas iniciativas deslanchem, direcionando recursos, inteligência e inovação, em articulação no campo das políticas públicas e das práticas do setor privado.

A maneira como produzimos, distribuímos e consumimos alimentos impacta a vida humana em todas as suas principais esferas: individual, social, cultural, econômica e ambiental. Na Amazônia, o alimento tem o poder de catalisar tanto a conservação como a derrubada da floresta.

Olhar para o que temos chamado de sistemas alimentares no contexto da Amazônia é um caminho imperativo para todos que constroem iniciativas relacionadas à agenda climática. Incluo aqui a filantropia, que tem nessa agenda uma grande oportunidade de reforçar o seu impacto.

O contexto amazônico é de desafios. Quando pensamos em segurança alimentar, os números estão entre os piores do país: 71% dos domicílios da região Norte apresentam algum nível de insegurança alimentar, mesmo que leve, contra uma média nacional de 58,7%. Se analisarmos apenas a fome, a situação está presente em 25,7% das casas da região Norte. A média brasileira é de 15,5%.

Diante desses números, é possível dimensionar o papel que a Amazônia teve na volta do Brasil ao Mapa da Fome. Um fato que revela uma grande dicotomia nacional, já que o País é o terceiro maior produtor de alimentos do mundo e ainda tem grande capacidade de elevar sua produção.

Produção de alimentos na Amazônia é vital para planos de conservação da mata, ao garantir o sustento dos moradores Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

Área disponível para ampliação de cultivo e criação de animais não é uma questão. Segundo o IBGE, há, no Brasil, 100 milhões de hectares de pastagens degradadas. Grande parte dessa terra está disponível para a produção de alimentos, que pode ser incentivada por meio de sistemas agroflorestais ou da integração lavoura, pecuária e floresta, por exemplo.

Já na Amazônia florestal, as oportunidades são infinitas no que chamamos de bioeconomia da sociobiodiversidade: açaí, guaraná, cacau, castanha, tucumã, jambu, buriti, bacuri, entre tantos outros. No entanto, pelo menos até o momento, dados compilados pela iniciativa Amazônia 2030 apontam que a Amazônia Legal possui uma participação ínfima no mercado global desses produtos (inferior a 0,2%), apesar de estar em expansão e já gerar uma receita mundial acima de US$ 170 bilhões por ano.

A convite do Instituto Ibirapitanga, um dos nomes mais relevantes da temática de sistemas alimentares no País, acompanhei recentemente em Manaus um encontro da Global Alliance for the Future of Food, uma rede global de filantropias que promove reflexões sobre as nossas relações com a produção, distribuição e consumo de alimentos. Há apetite em investimento nessa agenda, mas faltam — ou não se tem mapeado — iniciativas em escala que possam dar conta do tamanho do desafio.

Entre os casos recentes mais emblemáticos no contexto amazônico, cito o exemplo da Manioca, empresa do Pará que fabrica alimentos com ingredientes inspirados na culinária amazônica, como tucupi, cupuaçu e cumaru. Os fornecedores são produtores locais e a condição para a compra dos insumos é que o modelo de cultivo preserve a floresta.

Foi justamente na Manioca que a fabricante de alimentos japonesa Ajinomoto anunciou o seu primeiro aporte fora do Japão em uma startup. Essa operação teve ainda outro ineditismo: foi a primeira vez que uma foodtech amazônica recebeu investimento de uma multinacional.

Os desafios são muitos para que outras iniciativas ganhem esse ou nível maior de escala, em especial a assistência técnica e extensão rural, o acesso a crédito e a instrumentos financeiros e o acesso a mercado. Sem essa última ponta, não há bioeconomia que se sustente.

Diante de um País de dimensões continentais e do desafio da realidade amazônica, é preciso fomentar iniciativas que possam dar conta da escala de um sistema alimentar que conserve ou restaure a floresta ao mesmo tempo que gere bons frutos às comunidades. À filantropia cabe criar as condições favoráveis para que essas iniciativas deslanchem, direcionando recursos, inteligência e inovação, em articulação no campo das políticas públicas e das práticas do setor privado.

A maneira como produzimos, distribuímos e consumimos alimentos impacta a vida humana em todas as suas principais esferas: individual, social, cultural, econômica e ambiental. Na Amazônia, o alimento tem o poder de catalisar tanto a conservação como a derrubada da floresta.

Olhar para o que temos chamado de sistemas alimentares no contexto da Amazônia é um caminho imperativo para todos que constroem iniciativas relacionadas à agenda climática. Incluo aqui a filantropia, que tem nessa agenda uma grande oportunidade de reforçar o seu impacto.

O contexto amazônico é de desafios. Quando pensamos em segurança alimentar, os números estão entre os piores do país: 71% dos domicílios da região Norte apresentam algum nível de insegurança alimentar, mesmo que leve, contra uma média nacional de 58,7%. Se analisarmos apenas a fome, a situação está presente em 25,7% das casas da região Norte. A média brasileira é de 15,5%.

Diante desses números, é possível dimensionar o papel que a Amazônia teve na volta do Brasil ao Mapa da Fome. Um fato que revela uma grande dicotomia nacional, já que o País é o terceiro maior produtor de alimentos do mundo e ainda tem grande capacidade de elevar sua produção.

Produção de alimentos na Amazônia é vital para planos de conservação da mata, ao garantir o sustento dos moradores Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

Área disponível para ampliação de cultivo e criação de animais não é uma questão. Segundo o IBGE, há, no Brasil, 100 milhões de hectares de pastagens degradadas. Grande parte dessa terra está disponível para a produção de alimentos, que pode ser incentivada por meio de sistemas agroflorestais ou da integração lavoura, pecuária e floresta, por exemplo.

Já na Amazônia florestal, as oportunidades são infinitas no que chamamos de bioeconomia da sociobiodiversidade: açaí, guaraná, cacau, castanha, tucumã, jambu, buriti, bacuri, entre tantos outros. No entanto, pelo menos até o momento, dados compilados pela iniciativa Amazônia 2030 apontam que a Amazônia Legal possui uma participação ínfima no mercado global desses produtos (inferior a 0,2%), apesar de estar em expansão e já gerar uma receita mundial acima de US$ 170 bilhões por ano.

A convite do Instituto Ibirapitanga, um dos nomes mais relevantes da temática de sistemas alimentares no País, acompanhei recentemente em Manaus um encontro da Global Alliance for the Future of Food, uma rede global de filantropias que promove reflexões sobre as nossas relações com a produção, distribuição e consumo de alimentos. Há apetite em investimento nessa agenda, mas faltam — ou não se tem mapeado — iniciativas em escala que possam dar conta do tamanho do desafio.

Entre os casos recentes mais emblemáticos no contexto amazônico, cito o exemplo da Manioca, empresa do Pará que fabrica alimentos com ingredientes inspirados na culinária amazônica, como tucupi, cupuaçu e cumaru. Os fornecedores são produtores locais e a condição para a compra dos insumos é que o modelo de cultivo preserve a floresta.

Foi justamente na Manioca que a fabricante de alimentos japonesa Ajinomoto anunciou o seu primeiro aporte fora do Japão em uma startup. Essa operação teve ainda outro ineditismo: foi a primeira vez que uma foodtech amazônica recebeu investimento de uma multinacional.

Os desafios são muitos para que outras iniciativas ganhem esse ou nível maior de escala, em especial a assistência técnica e extensão rural, o acesso a crédito e a instrumentos financeiros e o acesso a mercado. Sem essa última ponta, não há bioeconomia que se sustente.

Diante de um País de dimensões continentais e do desafio da realidade amazônica, é preciso fomentar iniciativas que possam dar conta da escala de um sistema alimentar que conserve ou restaure a floresta ao mesmo tempo que gere bons frutos às comunidades. À filantropia cabe criar as condições favoráveis para que essas iniciativas deslanchem, direcionando recursos, inteligência e inovação, em articulação no campo das políticas públicas e das práticas do setor privado.

Opinião por Renata Piazzon

Diretora-geral do Instituto Arapyaú, cofacilitadora da Coalizão Brasil Clima Florestas e Agricultura e representante do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável (CDESS)

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