No mesmo dia em que anunciou um novo plano de investimentos para a fábrica de São José dos Pinhais, no Paraná, de R$ 500 milhões para a produção de dois novos veículos, a Renault informou ontem que a produção de automóveis e de motores da unidade será totalmente paralisada na próxima semana.Os 4 mil funcionários dos dois setores ficarão em casa entre os dias 22 e 25, esticando a parada do feriado da Páscoa e Tiradentes. Segundo a empresa, a medida é para adequação de estoques. A queda das exportações para a Argentina é uma das justificativas para a interrupção da produção. No período, deixarão de ser produzidos 4,4 mil modelos Duster, Logan e Sandero, além de 5,6 mil motores. Desde o começo de abril, a Renault opera com apenas um dos dois turnos na unidade de automóveis, o que reduziu a produção diária de 1,3 mil para 1,1 mil carros. Em meio a estoques elevados e queda nas vendas no setor como um todo, o presidente mundial da Renault/Nissan, o brasileiro Carlos Ghosn, anunciou ao governador do Paraná, Beto Richa, o novo aporte de R$ 500 milhões para o período 2014 a 2019. O grupo também vai construir um centro de distribuição de peças, com aporte de R$ 240 milhões em dez anos. O programa anterior de investimentos, no valor de R$ 1,5 bilhão entre 2010 e 2015, foi antecipado em quase dois anos e já foi concluído. "Desde 2011 o Brasil é o segundo maior mercado da marca depois da França e está entre as prioridades estratégicas de crescimento mundial do grupo", afirmou Ghosn.O executivo não deu detalhes sobre os novos modelos, mas, segundo antecipou o Jornal do Carro na quarta-feira, trata-se da picape do utilitário-esportivo Duster e o crossover Captur. Na terça-feira, Ghosn inaugurou no Rio a primeira fábrica independente da Nissan no País, com capacidade para 200 mil carros ao ano, com investimento de R$ 2,6 bilhões. Hoje, a marca japonesa opera em conjunto com a Renault no Paraná. Na ocasião, Ghosn classificou o crescimento econômico do Brasil como "decepcionante" e previu que o setor automotivo ficará estagnado neste ano e em 2015, voltando a crescer só a partir de 2016. "Não estamos investindo para os próximos seis meses, mas para os próximos dez anos", ressaltou ele. Estoques. Montadoras e concessionárias encerraram março com 387,1 mil veículos em estoque, o equivalente a 48 dias de vendas. A média é a mais alta desde novembro de 2008, no auge da crise financeira internacional, quando chegou a 56 dias.As vendas de veículos no trimestre caíram 2,1% em relação ao mesmo período de 2013 e a tendência é de aumento desse porcentual no quadrimestre. Desde fevereiro, 11 das 20 montadoras de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus do País anunciaram ações para reduzir a produção, como férias coletivas, suspensão temporária de contratos de trabalho (lay-off) e programa de demissão voluntária (PDV). As medidas envolvem cerca de 19 mil trabalhadores diretos.Fabricantes de autopeças também começam a adotar ações de corte de produção. No ABC paulista, a Karmann-Ghia colocou em lay-off 300 dos 560 funcionários e a IGP deu férias aos 400 trabalhadores. Em São Paulo, ações semelhantes estão sendo adotadas nas autopeças.
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