PIB brasileiro surpreende no segundo trimestre e cresce 1,4%, puxado por indústria e serviços


Desempenho da economia brasileira entre abril e junho veio acima da mediana das projeções, que era de 0,9%

Por Luiz Guilherme Gerbelli
Atualização:

A economia brasileira continuou a mostrar força no segundo trimestre. O Produto Interno Bruto (PIB) avançou 1,4% na comparação com os três primeiros meses do ano. O número foi divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira, 3.

O desempenho do PIB entre abril e junho veio dentro do esperado pelas projeções colhidas pelo Broadcast, cujo intervalo variava de alta de 0,4% a 1,6%, mas acima da mediana (0,9%). “É um resultado do PIB bom e com uma abertura interessante”, afirma Alessandra Ribeiro, economista e sócia da consultoria Tendências.

Indústria foi um dos destaques do PIB do segundo trimestre Foto: Washington Alves /Washington Alves / ESTADÃO
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Na comparação com o mesmo período de 2023, a economia brasileira cresceu 3,3%. O número do primeiro trimestre deste ano foi revisado de alta de 0,8% para 1%.

Os números do segundo trimestre reforçam um cenário que vem sendo observado ao longo das últimas leituras do IBGE: a economia brasileira tem mostrado mais força do que o esperado pelos analistas. E a surpresa do segundo trimestre é reforçada porque os efeitos da tragédia do Rio Grande Sul foram superados de forma rápida.

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Pelo lado da oferta, a abertura do PIB mostra um crescimento da indústria (1,8%) e do setor de serviços (1%). Com o resultado da safra concentrado no primeiro trimestre, a agropecuária recuou 2,3%. “É uma abertura interessante, principalmente pela força da indústria e do segmento de serviços”, afirma Alessandra.

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Pelo lado da demanda, a formação bruta de capital fixo (investimentos) continuou a crescer – avançou 2,1%. O consumo da família (1,3%) e o consumo do governo (1,3%) também apresentaram resultados positivos. No setor externo, as importações subiram 7,6% - mostrando a força da economia brasileira- e as exportações subiram 1,4%.

No segundo trimestre, a taxa de investimento marcou 16,8% do PIB, resultado acima dos 16,4% observados no mesmo período de 2023. A taxa de poupança recuou para 16% do PIB, menos do que os 16,8% do segundo trimestre do ano passado.

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A economia tem se beneficiado de um relevante impulso fiscal, com aumento real do salário mínimo, antecipação do 13º salários de aposentados e pagamento de precatórios no início do ano. É um estímulo que se soma à resiliência do mercado de trabalho - a taxa de desemprego caiu a 6,8% em julho e renda do trabalhador tem crescido.

“A demanda doméstica vem tendo um protagonismo no crescimento do PIB”, afirma Tatiana Pinheiro, economista-chefe de Brasil da Galapagos Capital. “Essa demanda é explicada pela política fiscal, com reajuste do mínimo, pagamento dos precatórios em atraso. No segundo trimestre, a economia realmente pegou, com crescimento do salário acima da inflação e a taxa de desemprego caindo.”

Também contribuiu para o resultado positivo o ciclo da queda da taxa básica de juros. Entre agosto do ano passado e maio de 2024, a Selic recuou de 13,75% ao ano para 10,50%. A queda dos juros contribui para tornar os empréstimos para famílias e empresas mais baratos.

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“O segundo trimestre também consolidou uma indústria de transformação crescendo, apesar do Rio Grande do Sul, que concentra muitos setores, como móveis”, afirma Silvia Matos, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre). “A recuperação da indústria é a boa notícia do ano e com (a retomada do) investimento.”

Na cena internacional, a economia dos Estados Unidos também tem mostrado mais força do que o esperado, o que, claro, ajuda o Brasil, sobretudo o setor industrial. No segundo trimestre, o PIB norte-americano cresceu 3% no ritmo anualizado, superando a leitura inicial e as expectativas dos analistas.

E o que esperar?

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No segundo semestre, a expectativa é a de que a economia brasileira tenha alguma desaceleração com a perspectiva de que o impulso fiscal vindo do governo será menor, haja alguma moderação do mercado de trabalho, e a possibilidade de alta da Selic - como uma parte do mercado passou a prever - diante do cenário de aumento das expectativas de inflação.

“Hoje, a preocupação é a dosagem do crescimento econômico sem inflação”, afirma Silvia. “O mercado de trabalho está apertado, os setores estão reportando falta de mão de obra, os salários têm subido bastante, e saiu de cena a deflação de bens. Estamos num contexto de mais dificuldade de garantia de que a tal da última milha na inflação ocorra.”

A leitura é a de que o BC pode ter de promover um aperto monetário para trazer as expectativas de inflação de volta para o centro da meta, que é de 3%. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) ocorre em 17 e 18 de setembro.

“O cenário é de desaceleração, mas há uma incerteza sobre o ritmo de desaceleração”, diz Alessandra. “O que a gente começa a ver é que esse mercado mais nervoso, com as taxas de juros mais altas ao longo de toda a curva, começou a bater no crédito. A taxa de captação dos bancos está maior do que no mesmo período do ano passado.”

No relatório Focus, divulgado na segunda-feira, 1º, os analistas consultados pelo BC estimam que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve encerrar este ano em 4,26% e em 3,92% no ano que vem. A expectativa para o PIB de 2024 é de 2,46%.

A economia brasileira continuou a mostrar força no segundo trimestre. O Produto Interno Bruto (PIB) avançou 1,4% na comparação com os três primeiros meses do ano. O número foi divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira, 3.

O desempenho do PIB entre abril e junho veio dentro do esperado pelas projeções colhidas pelo Broadcast, cujo intervalo variava de alta de 0,4% a 1,6%, mas acima da mediana (0,9%). “É um resultado do PIB bom e com uma abertura interessante”, afirma Alessandra Ribeiro, economista e sócia da consultoria Tendências.

Indústria foi um dos destaques do PIB do segundo trimestre Foto: Washington Alves /Washington Alves / ESTADÃO

Na comparação com o mesmo período de 2023, a economia brasileira cresceu 3,3%. O número do primeiro trimestre deste ano foi revisado de alta de 0,8% para 1%.

Os números do segundo trimestre reforçam um cenário que vem sendo observado ao longo das últimas leituras do IBGE: a economia brasileira tem mostrado mais força do que o esperado pelos analistas. E a surpresa do segundo trimestre é reforçada porque os efeitos da tragédia do Rio Grande Sul foram superados de forma rápida.

Pelo lado da oferta, a abertura do PIB mostra um crescimento da indústria (1,8%) e do setor de serviços (1%). Com o resultado da safra concentrado no primeiro trimestre, a agropecuária recuou 2,3%. “É uma abertura interessante, principalmente pela força da indústria e do segmento de serviços”, afirma Alessandra.

Pelo lado da demanda, a formação bruta de capital fixo (investimentos) continuou a crescer – avançou 2,1%. O consumo da família (1,3%) e o consumo do governo (1,3%) também apresentaram resultados positivos. No setor externo, as importações subiram 7,6% - mostrando a força da economia brasileira- e as exportações subiram 1,4%.

No segundo trimestre, a taxa de investimento marcou 16,8% do PIB, resultado acima dos 16,4% observados no mesmo período de 2023. A taxa de poupança recuou para 16% do PIB, menos do que os 16,8% do segundo trimestre do ano passado.

A economia tem se beneficiado de um relevante impulso fiscal, com aumento real do salário mínimo, antecipação do 13º salários de aposentados e pagamento de precatórios no início do ano. É um estímulo que se soma à resiliência do mercado de trabalho - a taxa de desemprego caiu a 6,8% em julho e renda do trabalhador tem crescido.

“A demanda doméstica vem tendo um protagonismo no crescimento do PIB”, afirma Tatiana Pinheiro, economista-chefe de Brasil da Galapagos Capital. “Essa demanda é explicada pela política fiscal, com reajuste do mínimo, pagamento dos precatórios em atraso. No segundo trimestre, a economia realmente pegou, com crescimento do salário acima da inflação e a taxa de desemprego caindo.”

Também contribuiu para o resultado positivo o ciclo da queda da taxa básica de juros. Entre agosto do ano passado e maio de 2024, a Selic recuou de 13,75% ao ano para 10,50%. A queda dos juros contribui para tornar os empréstimos para famílias e empresas mais baratos.

“O segundo trimestre também consolidou uma indústria de transformação crescendo, apesar do Rio Grande do Sul, que concentra muitos setores, como móveis”, afirma Silvia Matos, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre). “A recuperação da indústria é a boa notícia do ano e com (a retomada do) investimento.”

Na cena internacional, a economia dos Estados Unidos também tem mostrado mais força do que o esperado, o que, claro, ajuda o Brasil, sobretudo o setor industrial. No segundo trimestre, o PIB norte-americano cresceu 3% no ritmo anualizado, superando a leitura inicial e as expectativas dos analistas.

E o que esperar?

No segundo semestre, a expectativa é a de que a economia brasileira tenha alguma desaceleração com a perspectiva de que o impulso fiscal vindo do governo será menor, haja alguma moderação do mercado de trabalho, e a possibilidade de alta da Selic - como uma parte do mercado passou a prever - diante do cenário de aumento das expectativas de inflação.

“Hoje, a preocupação é a dosagem do crescimento econômico sem inflação”, afirma Silvia. “O mercado de trabalho está apertado, os setores estão reportando falta de mão de obra, os salários têm subido bastante, e saiu de cena a deflação de bens. Estamos num contexto de mais dificuldade de garantia de que a tal da última milha na inflação ocorra.”

A leitura é a de que o BC pode ter de promover um aperto monetário para trazer as expectativas de inflação de volta para o centro da meta, que é de 3%. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) ocorre em 17 e 18 de setembro.

“O cenário é de desaceleração, mas há uma incerteza sobre o ritmo de desaceleração”, diz Alessandra. “O que a gente começa a ver é que esse mercado mais nervoso, com as taxas de juros mais altas ao longo de toda a curva, começou a bater no crédito. A taxa de captação dos bancos está maior do que no mesmo período do ano passado.”

No relatório Focus, divulgado na segunda-feira, 1º, os analistas consultados pelo BC estimam que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve encerrar este ano em 4,26% e em 3,92% no ano que vem. A expectativa para o PIB de 2024 é de 2,46%.

A economia brasileira continuou a mostrar força no segundo trimestre. O Produto Interno Bruto (PIB) avançou 1,4% na comparação com os três primeiros meses do ano. O número foi divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira, 3.

O desempenho do PIB entre abril e junho veio dentro do esperado pelas projeções colhidas pelo Broadcast, cujo intervalo variava de alta de 0,4% a 1,6%, mas acima da mediana (0,9%). “É um resultado do PIB bom e com uma abertura interessante”, afirma Alessandra Ribeiro, economista e sócia da consultoria Tendências.

Indústria foi um dos destaques do PIB do segundo trimestre Foto: Washington Alves /Washington Alves / ESTADÃO

Na comparação com o mesmo período de 2023, a economia brasileira cresceu 3,3%. O número do primeiro trimestre deste ano foi revisado de alta de 0,8% para 1%.

Os números do segundo trimestre reforçam um cenário que vem sendo observado ao longo das últimas leituras do IBGE: a economia brasileira tem mostrado mais força do que o esperado pelos analistas. E a surpresa do segundo trimestre é reforçada porque os efeitos da tragédia do Rio Grande Sul foram superados de forma rápida.

Pelo lado da oferta, a abertura do PIB mostra um crescimento da indústria (1,8%) e do setor de serviços (1%). Com o resultado da safra concentrado no primeiro trimestre, a agropecuária recuou 2,3%. “É uma abertura interessante, principalmente pela força da indústria e do segmento de serviços”, afirma Alessandra.

Pelo lado da demanda, a formação bruta de capital fixo (investimentos) continuou a crescer – avançou 2,1%. O consumo da família (1,3%) e o consumo do governo (1,3%) também apresentaram resultados positivos. No setor externo, as importações subiram 7,6% - mostrando a força da economia brasileira- e as exportações subiram 1,4%.

No segundo trimestre, a taxa de investimento marcou 16,8% do PIB, resultado acima dos 16,4% observados no mesmo período de 2023. A taxa de poupança recuou para 16% do PIB, menos do que os 16,8% do segundo trimestre do ano passado.

A economia tem se beneficiado de um relevante impulso fiscal, com aumento real do salário mínimo, antecipação do 13º salários de aposentados e pagamento de precatórios no início do ano. É um estímulo que se soma à resiliência do mercado de trabalho - a taxa de desemprego caiu a 6,8% em julho e renda do trabalhador tem crescido.

“A demanda doméstica vem tendo um protagonismo no crescimento do PIB”, afirma Tatiana Pinheiro, economista-chefe de Brasil da Galapagos Capital. “Essa demanda é explicada pela política fiscal, com reajuste do mínimo, pagamento dos precatórios em atraso. No segundo trimestre, a economia realmente pegou, com crescimento do salário acima da inflação e a taxa de desemprego caindo.”

Também contribuiu para o resultado positivo o ciclo da queda da taxa básica de juros. Entre agosto do ano passado e maio de 2024, a Selic recuou de 13,75% ao ano para 10,50%. A queda dos juros contribui para tornar os empréstimos para famílias e empresas mais baratos.

“O segundo trimestre também consolidou uma indústria de transformação crescendo, apesar do Rio Grande do Sul, que concentra muitos setores, como móveis”, afirma Silvia Matos, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre). “A recuperação da indústria é a boa notícia do ano e com (a retomada do) investimento.”

Na cena internacional, a economia dos Estados Unidos também tem mostrado mais força do que o esperado, o que, claro, ajuda o Brasil, sobretudo o setor industrial. No segundo trimestre, o PIB norte-americano cresceu 3% no ritmo anualizado, superando a leitura inicial e as expectativas dos analistas.

E o que esperar?

No segundo semestre, a expectativa é a de que a economia brasileira tenha alguma desaceleração com a perspectiva de que o impulso fiscal vindo do governo será menor, haja alguma moderação do mercado de trabalho, e a possibilidade de alta da Selic - como uma parte do mercado passou a prever - diante do cenário de aumento das expectativas de inflação.

“Hoje, a preocupação é a dosagem do crescimento econômico sem inflação”, afirma Silvia. “O mercado de trabalho está apertado, os setores estão reportando falta de mão de obra, os salários têm subido bastante, e saiu de cena a deflação de bens. Estamos num contexto de mais dificuldade de garantia de que a tal da última milha na inflação ocorra.”

A leitura é a de que o BC pode ter de promover um aperto monetário para trazer as expectativas de inflação de volta para o centro da meta, que é de 3%. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) ocorre em 17 e 18 de setembro.

“O cenário é de desaceleração, mas há uma incerteza sobre o ritmo de desaceleração”, diz Alessandra. “O que a gente começa a ver é que esse mercado mais nervoso, com as taxas de juros mais altas ao longo de toda a curva, começou a bater no crédito. A taxa de captação dos bancos está maior do que no mesmo período do ano passado.”

No relatório Focus, divulgado na segunda-feira, 1º, os analistas consultados pelo BC estimam que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve encerrar este ano em 4,26% e em 3,92% no ano que vem. A expectativa para o PIB de 2024 é de 2,46%.

A economia brasileira continuou a mostrar força no segundo trimestre. O Produto Interno Bruto (PIB) avançou 1,4% na comparação com os três primeiros meses do ano. O número foi divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira, 3.

O desempenho do PIB entre abril e junho veio dentro do esperado pelas projeções colhidas pelo Broadcast, cujo intervalo variava de alta de 0,4% a 1,6%, mas acima da mediana (0,9%). “É um resultado do PIB bom e com uma abertura interessante”, afirma Alessandra Ribeiro, economista e sócia da consultoria Tendências.

Indústria foi um dos destaques do PIB do segundo trimestre Foto: Washington Alves /Washington Alves / ESTADÃO

Na comparação com o mesmo período de 2023, a economia brasileira cresceu 3,3%. O número do primeiro trimestre deste ano foi revisado de alta de 0,8% para 1%.

Os números do segundo trimestre reforçam um cenário que vem sendo observado ao longo das últimas leituras do IBGE: a economia brasileira tem mostrado mais força do que o esperado pelos analistas. E a surpresa do segundo trimestre é reforçada porque os efeitos da tragédia do Rio Grande Sul foram superados de forma rápida.

Pelo lado da oferta, a abertura do PIB mostra um crescimento da indústria (1,8%) e do setor de serviços (1%). Com o resultado da safra concentrado no primeiro trimestre, a agropecuária recuou 2,3%. “É uma abertura interessante, principalmente pela força da indústria e do segmento de serviços”, afirma Alessandra.

Pelo lado da demanda, a formação bruta de capital fixo (investimentos) continuou a crescer – avançou 2,1%. O consumo da família (1,3%) e o consumo do governo (1,3%) também apresentaram resultados positivos. No setor externo, as importações subiram 7,6% - mostrando a força da economia brasileira- e as exportações subiram 1,4%.

No segundo trimestre, a taxa de investimento marcou 16,8% do PIB, resultado acima dos 16,4% observados no mesmo período de 2023. A taxa de poupança recuou para 16% do PIB, menos do que os 16,8% do segundo trimestre do ano passado.

A economia tem se beneficiado de um relevante impulso fiscal, com aumento real do salário mínimo, antecipação do 13º salários de aposentados e pagamento de precatórios no início do ano. É um estímulo que se soma à resiliência do mercado de trabalho - a taxa de desemprego caiu a 6,8% em julho e renda do trabalhador tem crescido.

“A demanda doméstica vem tendo um protagonismo no crescimento do PIB”, afirma Tatiana Pinheiro, economista-chefe de Brasil da Galapagos Capital. “Essa demanda é explicada pela política fiscal, com reajuste do mínimo, pagamento dos precatórios em atraso. No segundo trimestre, a economia realmente pegou, com crescimento do salário acima da inflação e a taxa de desemprego caindo.”

Também contribuiu para o resultado positivo o ciclo da queda da taxa básica de juros. Entre agosto do ano passado e maio de 2024, a Selic recuou de 13,75% ao ano para 10,50%. A queda dos juros contribui para tornar os empréstimos para famílias e empresas mais baratos.

“O segundo trimestre também consolidou uma indústria de transformação crescendo, apesar do Rio Grande do Sul, que concentra muitos setores, como móveis”, afirma Silvia Matos, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre). “A recuperação da indústria é a boa notícia do ano e com (a retomada do) investimento.”

Na cena internacional, a economia dos Estados Unidos também tem mostrado mais força do que o esperado, o que, claro, ajuda o Brasil, sobretudo o setor industrial. No segundo trimestre, o PIB norte-americano cresceu 3% no ritmo anualizado, superando a leitura inicial e as expectativas dos analistas.

E o que esperar?

No segundo semestre, a expectativa é a de que a economia brasileira tenha alguma desaceleração com a perspectiva de que o impulso fiscal vindo do governo será menor, haja alguma moderação do mercado de trabalho, e a possibilidade de alta da Selic - como uma parte do mercado passou a prever - diante do cenário de aumento das expectativas de inflação.

“Hoje, a preocupação é a dosagem do crescimento econômico sem inflação”, afirma Silvia. “O mercado de trabalho está apertado, os setores estão reportando falta de mão de obra, os salários têm subido bastante, e saiu de cena a deflação de bens. Estamos num contexto de mais dificuldade de garantia de que a tal da última milha na inflação ocorra.”

A leitura é a de que o BC pode ter de promover um aperto monetário para trazer as expectativas de inflação de volta para o centro da meta, que é de 3%. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) ocorre em 17 e 18 de setembro.

“O cenário é de desaceleração, mas há uma incerteza sobre o ritmo de desaceleração”, diz Alessandra. “O que a gente começa a ver é que esse mercado mais nervoso, com as taxas de juros mais altas ao longo de toda a curva, começou a bater no crédito. A taxa de captação dos bancos está maior do que no mesmo período do ano passado.”

No relatório Focus, divulgado na segunda-feira, 1º, os analistas consultados pelo BC estimam que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve encerrar este ano em 4,26% e em 3,92% no ano que vem. A expectativa para o PIB de 2024 é de 2,46%.

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