Pesquisa com 61 bancos e corretoras revela aposta do mercado para a taxa de juros nos próximos meses


Instituições consultadas pelo Projeções Broadcast acreditam que o BC iniciará o processo de alta dos juros na reunião que começa nesta terça-feira

Por Daniel Tozzi Mendes, Gabriela Jucá e Anna Scabello
Atualização:

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central define, na reunião que começa nesta terça-feira, 17, e termina amanhã a nova taxa de juros (Selic) do Brasil. A aposta majoritária do mercado financeiro é de que a taxa vai subir 0,25 ponto porcentual, passando para 10,75% ao ano. Essa é a previsão de 53 das 61 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast. Seis casas preveem manutenção do juro em 10,5%, enquanto outras duas apostam em elevação de 0,50 ponto na Selic.

Mas a alta não deve parar por aí. Para 26 dessas instituições, a Selic vai terminar o ano num patamar de 11%. Outras 23 acreditam que o juro vai a 11,25%, enquanto para 21 a taxa será ainda maior: 11,75%. Duas projetam 11,5%, enquanto seis acreditam que a Selic não será mexida até o fim ano, terminando no mesmo patamar atual de 10,5%.

A perspectiva de retomada do aperto monetário ganhou força no mercado desde a reunião anterior do Copom, no fim de julho, como reflexo das expectativas de inflação que seguiram descoladas da meta de 3% perseguida pelo BC, da desvalorização cambial e de falas mais duras dos próprios membros do Copom. O crescimento de 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB), divulgado em 3 de setembro, um resultado acima do esperado pelo mercado, também consolidou a percepção de atividade econômica aquecida e necessidade de alta no juro, observam os analistas.

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Perspectiva de retomada de alta dos juros ganhou força com expectativas de inflação descoladas da meta de 3%, desvalorização cambial e falas mais duras dos próprios membros do Copom Foto: Dida Sampaio/Dida Sampaio/Estadão

Na semana passada, o Goldman Sachs ajustou suas projeções para a Selic, passando a prever alta de 0,25 ponto em setembro, elevação de 0,50 ponto em novembro e mais uma alta de 0,25 ponto em dezembro, levando o juro básico a 11,25% ao final deste ano. O Itaú Unibanco também incorporou uma alta da Selic na reunião desta semana, com a perspectiva de a taxa atingir 12% em janeiro de 2025.

O Itaú argumentou que, considerando um câmbio de R$ 5,60 e alguma revisão no hiato do produto (o espaço que o PIB tem para se expandir sem estimular a inflação) à frente, o modelo utilizado pelo Copom indicaria uma inflação de 3,4% no horizonte relevante da política monetária, o que justificaria esse aperto monetário agora. “Com tal projeção, estimamos que a taxa de juros necessária para trazer o IPCA de volta à meta seria de pelo menos 12%”, disse o banco.

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O BTG Pactual também está entre as instituições que preveem alta de 0,25 ponto no juro agora em setembro. Na avaliação do economista do banco Álvaro Frasson, uma Selic em 10,5%, em tese, é contracionista (ou seja, frearia a atividade econômica), dado que ele estima que o juro real neutro (que não estimula nem esfria a economia) no País hoje gira entre 8% e 8,5%. Contudo, vetores como uma atividade doméstica mais aquecida por conta do impulso dado pelo governo, um mercado de trabalho resiliente e um cenário externo que levou à depreciação do real diminuíram a “potência” dessa restrição monetária. “Não acho, portanto, que a alta do juro agora seja apenas uma questão de credibilidade do BC. Há fatores de fundamento econômico”, afirma.

Para além da necessidade de aperto monetário agora, Frasson atenta também para as discussões de qual será o “orçamento” total de elevação do juro básico. Ele aponta que a variável que vai determinar isso é o câmbio, uma vez que a retomada do aperto monetário doméstico se dará em um momento de corte de juro nos Estados Unidos. “Nenhum outro emergente está reabrindo ciclo de alta no juro, então o real parece que vai estar bem posicionado”, avalia o economista. O BTG projeta, por ora, mais duas altas de 0,50 ponto, em novembro e dezembro, e uma elevação derradeira de 0,25 ponto em janeiro.

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O economista-chefe do Banco BMG, Flavio Serrano, por sua vez, espera elevação de 0,25 ponto na Selic este mês e manutenção desse ritmo de alta até janeiro. Para ele, o cenário de retomada do aperto monetário está associado muito mais a uma questão de credibilidade do BC do que propriamente de fundamentos econômicos. “Tivemos uma comunicação ruidosa e uma formação de expectativas em torno desse ajuste. O BC poderia esperar mais um pouco, mas não vai correr o risco de credibilidade de não subir (a taxa)”, afirma.

Serrano avalia que o balanço de riscos está mais próximo da neutralidade do que da assimetria para cima. Mesmo com a persistência da desancoragem das expectativas de inflação, o economista considera que o juro atual em 10,50% já é restritivo o suficiente para a convergência da inflação no horizonte relevante.

Já para o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, o BC vai manter o juro básico no atual nível, uma vez que o cenário não se deteriorou substancialmente desde o último encontro do colegiado. “Nós tínhamos condições mais agudas do que as atuais e, ainda assim, o colegiado optou por manter a taxa de juros estável em julho”, afirma. “E mais do que isso, o colegiado não trouxe nenhum guidance para reuniões futuras.”

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O economista da CM Capital Matheus Pizzani, por sua vez, está entre os que apostam em uma alta inicial mais agressiva no juro em setembro, de 0,5 ponto. Ele atrela o cenário ao nível bastante aquecido da atividade e a perspectiva de fechamento do hiato do produto. “Temos uma leitura de um hiato que está em processo de fechamento ou até mesmo fechado”, aponta.

Para Pizzani, porém, o ciclo de alta no juro básico será curto, com apenas mais uma elevação, também de 0,50 ponto, em novembro. “Iremos passar por uma mudança na presidência do BC, que vai ser muito observada pelo mercado. Na tentativa de não gerar mais ruídos, muito provavelmente o BC opte por uma neutralidade nesse momento específico do ano (dezembro).”

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central define, na reunião que começa nesta terça-feira, 17, e termina amanhã a nova taxa de juros (Selic) do Brasil. A aposta majoritária do mercado financeiro é de que a taxa vai subir 0,25 ponto porcentual, passando para 10,75% ao ano. Essa é a previsão de 53 das 61 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast. Seis casas preveem manutenção do juro em 10,5%, enquanto outras duas apostam em elevação de 0,50 ponto na Selic.

Mas a alta não deve parar por aí. Para 26 dessas instituições, a Selic vai terminar o ano num patamar de 11%. Outras 23 acreditam que o juro vai a 11,25%, enquanto para 21 a taxa será ainda maior: 11,75%. Duas projetam 11,5%, enquanto seis acreditam que a Selic não será mexida até o fim ano, terminando no mesmo patamar atual de 10,5%.

A perspectiva de retomada do aperto monetário ganhou força no mercado desde a reunião anterior do Copom, no fim de julho, como reflexo das expectativas de inflação que seguiram descoladas da meta de 3% perseguida pelo BC, da desvalorização cambial e de falas mais duras dos próprios membros do Copom. O crescimento de 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB), divulgado em 3 de setembro, um resultado acima do esperado pelo mercado, também consolidou a percepção de atividade econômica aquecida e necessidade de alta no juro, observam os analistas.

Perspectiva de retomada de alta dos juros ganhou força com expectativas de inflação descoladas da meta de 3%, desvalorização cambial e falas mais duras dos próprios membros do Copom Foto: Dida Sampaio/Dida Sampaio/Estadão

Na semana passada, o Goldman Sachs ajustou suas projeções para a Selic, passando a prever alta de 0,25 ponto em setembro, elevação de 0,50 ponto em novembro e mais uma alta de 0,25 ponto em dezembro, levando o juro básico a 11,25% ao final deste ano. O Itaú Unibanco também incorporou uma alta da Selic na reunião desta semana, com a perspectiva de a taxa atingir 12% em janeiro de 2025.

O Itaú argumentou que, considerando um câmbio de R$ 5,60 e alguma revisão no hiato do produto (o espaço que o PIB tem para se expandir sem estimular a inflação) à frente, o modelo utilizado pelo Copom indicaria uma inflação de 3,4% no horizonte relevante da política monetária, o que justificaria esse aperto monetário agora. “Com tal projeção, estimamos que a taxa de juros necessária para trazer o IPCA de volta à meta seria de pelo menos 12%”, disse o banco.

O BTG Pactual também está entre as instituições que preveem alta de 0,25 ponto no juro agora em setembro. Na avaliação do economista do banco Álvaro Frasson, uma Selic em 10,5%, em tese, é contracionista (ou seja, frearia a atividade econômica), dado que ele estima que o juro real neutro (que não estimula nem esfria a economia) no País hoje gira entre 8% e 8,5%. Contudo, vetores como uma atividade doméstica mais aquecida por conta do impulso dado pelo governo, um mercado de trabalho resiliente e um cenário externo que levou à depreciação do real diminuíram a “potência” dessa restrição monetária. “Não acho, portanto, que a alta do juro agora seja apenas uma questão de credibilidade do BC. Há fatores de fundamento econômico”, afirma.

Para além da necessidade de aperto monetário agora, Frasson atenta também para as discussões de qual será o “orçamento” total de elevação do juro básico. Ele aponta que a variável que vai determinar isso é o câmbio, uma vez que a retomada do aperto monetário doméstico se dará em um momento de corte de juro nos Estados Unidos. “Nenhum outro emergente está reabrindo ciclo de alta no juro, então o real parece que vai estar bem posicionado”, avalia o economista. O BTG projeta, por ora, mais duas altas de 0,50 ponto, em novembro e dezembro, e uma elevação derradeira de 0,25 ponto em janeiro.

O economista-chefe do Banco BMG, Flavio Serrano, por sua vez, espera elevação de 0,25 ponto na Selic este mês e manutenção desse ritmo de alta até janeiro. Para ele, o cenário de retomada do aperto monetário está associado muito mais a uma questão de credibilidade do BC do que propriamente de fundamentos econômicos. “Tivemos uma comunicação ruidosa e uma formação de expectativas em torno desse ajuste. O BC poderia esperar mais um pouco, mas não vai correr o risco de credibilidade de não subir (a taxa)”, afirma.

Serrano avalia que o balanço de riscos está mais próximo da neutralidade do que da assimetria para cima. Mesmo com a persistência da desancoragem das expectativas de inflação, o economista considera que o juro atual em 10,50% já é restritivo o suficiente para a convergência da inflação no horizonte relevante.

Já para o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, o BC vai manter o juro básico no atual nível, uma vez que o cenário não se deteriorou substancialmente desde o último encontro do colegiado. “Nós tínhamos condições mais agudas do que as atuais e, ainda assim, o colegiado optou por manter a taxa de juros estável em julho”, afirma. “E mais do que isso, o colegiado não trouxe nenhum guidance para reuniões futuras.”

O economista da CM Capital Matheus Pizzani, por sua vez, está entre os que apostam em uma alta inicial mais agressiva no juro em setembro, de 0,5 ponto. Ele atrela o cenário ao nível bastante aquecido da atividade e a perspectiva de fechamento do hiato do produto. “Temos uma leitura de um hiato que está em processo de fechamento ou até mesmo fechado”, aponta.

Para Pizzani, porém, o ciclo de alta no juro básico será curto, com apenas mais uma elevação, também de 0,50 ponto, em novembro. “Iremos passar por uma mudança na presidência do BC, que vai ser muito observada pelo mercado. Na tentativa de não gerar mais ruídos, muito provavelmente o BC opte por uma neutralidade nesse momento específico do ano (dezembro).”

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central define, na reunião que começa nesta terça-feira, 17, e termina amanhã a nova taxa de juros (Selic) do Brasil. A aposta majoritária do mercado financeiro é de que a taxa vai subir 0,25 ponto porcentual, passando para 10,75% ao ano. Essa é a previsão de 53 das 61 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast. Seis casas preveem manutenção do juro em 10,5%, enquanto outras duas apostam em elevação de 0,50 ponto na Selic.

Mas a alta não deve parar por aí. Para 26 dessas instituições, a Selic vai terminar o ano num patamar de 11%. Outras 23 acreditam que o juro vai a 11,25%, enquanto para 21 a taxa será ainda maior: 11,75%. Duas projetam 11,5%, enquanto seis acreditam que a Selic não será mexida até o fim ano, terminando no mesmo patamar atual de 10,5%.

A perspectiva de retomada do aperto monetário ganhou força no mercado desde a reunião anterior do Copom, no fim de julho, como reflexo das expectativas de inflação que seguiram descoladas da meta de 3% perseguida pelo BC, da desvalorização cambial e de falas mais duras dos próprios membros do Copom. O crescimento de 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB), divulgado em 3 de setembro, um resultado acima do esperado pelo mercado, também consolidou a percepção de atividade econômica aquecida e necessidade de alta no juro, observam os analistas.

Perspectiva de retomada de alta dos juros ganhou força com expectativas de inflação descoladas da meta de 3%, desvalorização cambial e falas mais duras dos próprios membros do Copom Foto: Dida Sampaio/Dida Sampaio/Estadão

Na semana passada, o Goldman Sachs ajustou suas projeções para a Selic, passando a prever alta de 0,25 ponto em setembro, elevação de 0,50 ponto em novembro e mais uma alta de 0,25 ponto em dezembro, levando o juro básico a 11,25% ao final deste ano. O Itaú Unibanco também incorporou uma alta da Selic na reunião desta semana, com a perspectiva de a taxa atingir 12% em janeiro de 2025.

O Itaú argumentou que, considerando um câmbio de R$ 5,60 e alguma revisão no hiato do produto (o espaço que o PIB tem para se expandir sem estimular a inflação) à frente, o modelo utilizado pelo Copom indicaria uma inflação de 3,4% no horizonte relevante da política monetária, o que justificaria esse aperto monetário agora. “Com tal projeção, estimamos que a taxa de juros necessária para trazer o IPCA de volta à meta seria de pelo menos 12%”, disse o banco.

O BTG Pactual também está entre as instituições que preveem alta de 0,25 ponto no juro agora em setembro. Na avaliação do economista do banco Álvaro Frasson, uma Selic em 10,5%, em tese, é contracionista (ou seja, frearia a atividade econômica), dado que ele estima que o juro real neutro (que não estimula nem esfria a economia) no País hoje gira entre 8% e 8,5%. Contudo, vetores como uma atividade doméstica mais aquecida por conta do impulso dado pelo governo, um mercado de trabalho resiliente e um cenário externo que levou à depreciação do real diminuíram a “potência” dessa restrição monetária. “Não acho, portanto, que a alta do juro agora seja apenas uma questão de credibilidade do BC. Há fatores de fundamento econômico”, afirma.

Para além da necessidade de aperto monetário agora, Frasson atenta também para as discussões de qual será o “orçamento” total de elevação do juro básico. Ele aponta que a variável que vai determinar isso é o câmbio, uma vez que a retomada do aperto monetário doméstico se dará em um momento de corte de juro nos Estados Unidos. “Nenhum outro emergente está reabrindo ciclo de alta no juro, então o real parece que vai estar bem posicionado”, avalia o economista. O BTG projeta, por ora, mais duas altas de 0,50 ponto, em novembro e dezembro, e uma elevação derradeira de 0,25 ponto em janeiro.

O economista-chefe do Banco BMG, Flavio Serrano, por sua vez, espera elevação de 0,25 ponto na Selic este mês e manutenção desse ritmo de alta até janeiro. Para ele, o cenário de retomada do aperto monetário está associado muito mais a uma questão de credibilidade do BC do que propriamente de fundamentos econômicos. “Tivemos uma comunicação ruidosa e uma formação de expectativas em torno desse ajuste. O BC poderia esperar mais um pouco, mas não vai correr o risco de credibilidade de não subir (a taxa)”, afirma.

Serrano avalia que o balanço de riscos está mais próximo da neutralidade do que da assimetria para cima. Mesmo com a persistência da desancoragem das expectativas de inflação, o economista considera que o juro atual em 10,50% já é restritivo o suficiente para a convergência da inflação no horizonte relevante.

Já para o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, o BC vai manter o juro básico no atual nível, uma vez que o cenário não se deteriorou substancialmente desde o último encontro do colegiado. “Nós tínhamos condições mais agudas do que as atuais e, ainda assim, o colegiado optou por manter a taxa de juros estável em julho”, afirma. “E mais do que isso, o colegiado não trouxe nenhum guidance para reuniões futuras.”

O economista da CM Capital Matheus Pizzani, por sua vez, está entre os que apostam em uma alta inicial mais agressiva no juro em setembro, de 0,5 ponto. Ele atrela o cenário ao nível bastante aquecido da atividade e a perspectiva de fechamento do hiato do produto. “Temos uma leitura de um hiato que está em processo de fechamento ou até mesmo fechado”, aponta.

Para Pizzani, porém, o ciclo de alta no juro básico será curto, com apenas mais uma elevação, também de 0,50 ponto, em novembro. “Iremos passar por uma mudança na presidência do BC, que vai ser muito observada pelo mercado. Na tentativa de não gerar mais ruídos, muito provavelmente o BC opte por uma neutralidade nesse momento específico do ano (dezembro).”

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central define, na reunião que começa nesta terça-feira, 17, e termina amanhã a nova taxa de juros (Selic) do Brasil. A aposta majoritária do mercado financeiro é de que a taxa vai subir 0,25 ponto porcentual, passando para 10,75% ao ano. Essa é a previsão de 53 das 61 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast. Seis casas preveem manutenção do juro em 10,5%, enquanto outras duas apostam em elevação de 0,50 ponto na Selic.

Mas a alta não deve parar por aí. Para 26 dessas instituições, a Selic vai terminar o ano num patamar de 11%. Outras 23 acreditam que o juro vai a 11,25%, enquanto para 21 a taxa será ainda maior: 11,75%. Duas projetam 11,5%, enquanto seis acreditam que a Selic não será mexida até o fim ano, terminando no mesmo patamar atual de 10,5%.

A perspectiva de retomada do aperto monetário ganhou força no mercado desde a reunião anterior do Copom, no fim de julho, como reflexo das expectativas de inflação que seguiram descoladas da meta de 3% perseguida pelo BC, da desvalorização cambial e de falas mais duras dos próprios membros do Copom. O crescimento de 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB), divulgado em 3 de setembro, um resultado acima do esperado pelo mercado, também consolidou a percepção de atividade econômica aquecida e necessidade de alta no juro, observam os analistas.

Perspectiva de retomada de alta dos juros ganhou força com expectativas de inflação descoladas da meta de 3%, desvalorização cambial e falas mais duras dos próprios membros do Copom Foto: Dida Sampaio/Dida Sampaio/Estadão

Na semana passada, o Goldman Sachs ajustou suas projeções para a Selic, passando a prever alta de 0,25 ponto em setembro, elevação de 0,50 ponto em novembro e mais uma alta de 0,25 ponto em dezembro, levando o juro básico a 11,25% ao final deste ano. O Itaú Unibanco também incorporou uma alta da Selic na reunião desta semana, com a perspectiva de a taxa atingir 12% em janeiro de 2025.

O Itaú argumentou que, considerando um câmbio de R$ 5,60 e alguma revisão no hiato do produto (o espaço que o PIB tem para se expandir sem estimular a inflação) à frente, o modelo utilizado pelo Copom indicaria uma inflação de 3,4% no horizonte relevante da política monetária, o que justificaria esse aperto monetário agora. “Com tal projeção, estimamos que a taxa de juros necessária para trazer o IPCA de volta à meta seria de pelo menos 12%”, disse o banco.

O BTG Pactual também está entre as instituições que preveem alta de 0,25 ponto no juro agora em setembro. Na avaliação do economista do banco Álvaro Frasson, uma Selic em 10,5%, em tese, é contracionista (ou seja, frearia a atividade econômica), dado que ele estima que o juro real neutro (que não estimula nem esfria a economia) no País hoje gira entre 8% e 8,5%. Contudo, vetores como uma atividade doméstica mais aquecida por conta do impulso dado pelo governo, um mercado de trabalho resiliente e um cenário externo que levou à depreciação do real diminuíram a “potência” dessa restrição monetária. “Não acho, portanto, que a alta do juro agora seja apenas uma questão de credibilidade do BC. Há fatores de fundamento econômico”, afirma.

Para além da necessidade de aperto monetário agora, Frasson atenta também para as discussões de qual será o “orçamento” total de elevação do juro básico. Ele aponta que a variável que vai determinar isso é o câmbio, uma vez que a retomada do aperto monetário doméstico se dará em um momento de corte de juro nos Estados Unidos. “Nenhum outro emergente está reabrindo ciclo de alta no juro, então o real parece que vai estar bem posicionado”, avalia o economista. O BTG projeta, por ora, mais duas altas de 0,50 ponto, em novembro e dezembro, e uma elevação derradeira de 0,25 ponto em janeiro.

O economista-chefe do Banco BMG, Flavio Serrano, por sua vez, espera elevação de 0,25 ponto na Selic este mês e manutenção desse ritmo de alta até janeiro. Para ele, o cenário de retomada do aperto monetário está associado muito mais a uma questão de credibilidade do BC do que propriamente de fundamentos econômicos. “Tivemos uma comunicação ruidosa e uma formação de expectativas em torno desse ajuste. O BC poderia esperar mais um pouco, mas não vai correr o risco de credibilidade de não subir (a taxa)”, afirma.

Serrano avalia que o balanço de riscos está mais próximo da neutralidade do que da assimetria para cima. Mesmo com a persistência da desancoragem das expectativas de inflação, o economista considera que o juro atual em 10,50% já é restritivo o suficiente para a convergência da inflação no horizonte relevante.

Já para o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, o BC vai manter o juro básico no atual nível, uma vez que o cenário não se deteriorou substancialmente desde o último encontro do colegiado. “Nós tínhamos condições mais agudas do que as atuais e, ainda assim, o colegiado optou por manter a taxa de juros estável em julho”, afirma. “E mais do que isso, o colegiado não trouxe nenhum guidance para reuniões futuras.”

O economista da CM Capital Matheus Pizzani, por sua vez, está entre os que apostam em uma alta inicial mais agressiva no juro em setembro, de 0,5 ponto. Ele atrela o cenário ao nível bastante aquecido da atividade e a perspectiva de fechamento do hiato do produto. “Temos uma leitura de um hiato que está em processo de fechamento ou até mesmo fechado”, aponta.

Para Pizzani, porém, o ciclo de alta no juro básico será curto, com apenas mais uma elevação, também de 0,50 ponto, em novembro. “Iremos passar por uma mudança na presidência do BC, que vai ser muito observada pelo mercado. Na tentativa de não gerar mais ruídos, muito provavelmente o BC opte por uma neutralidade nesse momento específico do ano (dezembro).”

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