Inflação global e caos bancário devem dar o tom em Reunião de Primavera do FMI


Para diretora-gerente do Fundo, caminho pela frente para a economia mundial é ‘duro e nebuloso’

Por Aline Bronzati

NOVA YORK - A Escolha de Sofia que desafia os principais bancos centrais do mundo - se combatem a inflação ou cuidam da estabilidade financeira - deve estar no centro dos debates das reuniões de Primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial. O Brasil marcará presença, mas com uma delegação desfalcada, sem o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que estará na China, acompanhando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A interlocução com outros formuladores de políticas e investidores estrangeiros ficará a cargo do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, que será a autoridade máxima brasileira em Washington DC.

Os encontros de Primavera do FMI e do Banco Mundial acontecem na próxima semana, entre os dias 10 e 16 de abril, na capital dos Estados Unidos. A elevada inflação segue como o tema de ordem com um agravante de peso: as vulnerabilidades ocultas no sistema financeiro em meio à veloz subida de juros no mundo e que levantaram o temor de uma nova crise após o colapso de três bancos nos Estados Unidos e a venda às pressas do Credit Suisse ao UBS.

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O FMI deve mensurar os impactos da recente turbulência bancária na economia global em seu relatório Perspectiva Econômica Mundial (WEO, na sigla em inglês), que será divulgado em paralelo às reuniões, na próxima semana. “Claramente, os riscos negativos aumentaram. Não há dúvida sobre isso. Vemos agora alguns dos riscos no setor financeiro mais expostos”, disse a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, durante evento no Meridian House, em Washington DC, nesta quinta-feira, 6.

Por ora, a expectativa do Fundo é de mais um ano de desaceleração no crescimento. A economia mundial deve exibir expansão inferior a 3% neste ano, conforme Georgieva. No ano passado, o crescimento global já havia caído quase pela metade, de 6,1% para 3,4%.

A desaceleração será capitaneada pelas economias avançadas, com 90% apresentando queda no ritmo de expansão em 2023, segundo o FMI. Por sua vez, o Fundo espera que algum ímpeto venha das economias emergentes, especialmente da Ásia, com a Índia e a China respondendo por metade do crescimento global neste exercício.

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Kristalina Georgieva, diretora-gerente do FMI: 'Os riscos aumentaram' Foto: Andrew Caballero Reynolds/ AFP

Para Georgieva, o caminho à frente é “duro e nebuloso” e o combate à teimosa inflação se tornou mais complexo após o recente temor em relação aos bancos. Abandoná-lo, porém, pode ser “perigoso” uma vez que o elevado custo de vida tem se mostrado mais resistente, alertou, reforçando o coro para que os BCs sigam perseguindo o equilíbrio de preços sem tirar os olhos da estabilidade financeira.

“Não há como as taxas de juros subirem tanto depois de estarem baixas por tanto tempo. Como não haverá vulnerabilidades? Algo vai acontecer”, disse a diretora-gerente do FMI, evidenciando preocupações com vulnerabilidades ocultas em bancos, mas também em instituições financeiras não bancárias (NBFI, na sigla em inglês).

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Brasil

No caso do Brasil, embora os temores com a turbulência bancária tenham se reduzido sem que antes tivesse causado grande reflexo no País, a crise de crédito preocupa. Juros elevados e a maior seletividade dos grandes bancos para emprestar, amargurados após o escândalo contábil da Americanas, devem respingar no desempenho do PIB deste ano.

Em janeiro, o FMI elevou a sua projeção e passou a ver alta de 1,2% ante 1,0% para a economia brasileira em 2023. Ainda assim, o País seguiu na lanterna de economias da América Latina e mercados emergentes em termos de crescimento.

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A situação fiscal segue sendo outro ponto de atenção, principalmente, após a divulgação da proposta do novo arcabouço fiscal do Brasil, em substituição ao teto de gastos. O texto final é esperado para ser enviado ao Congresso nos próximos dias.

“É bom que haja agora uma proposta na mesa... Eu diria que parece ambiciosa e depende de um desempenho de receita relativamente forte e também, acredito, um forte desempenho de crescimento (do PIB)”, disse a vice-presidente da Moody’s para risco soberano, Samar Maziad, em entrevista ao Estadão/Broadcast, acrescentando que a medida é um “primeiro passo” para controlar as despesas, mas sentiu falta de um “forte compromisso” nesta direção.

Investidores estrangeiros interessados em ouvir Haddad sobre o novo arcabouço fiscal brasileiro terão de redirecionar suas questões para o presidente do BC, Roberto Campos Neto, que chefiará a delegação brasileira às reuniões de Primavera do FMI. O ministro da Fazenda faria sua estreia nos encontros, mas cancelou sua participação para acompanhar Lula em viagem à China, remarcada para a mesma data. Representando a Fazenda, devem ir a secretária de Assuntos Internacionais, Tatiana Rosito, e o secretário de Política Econômica, Guilherme Melo.

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Campos Neto disse essa semana que a avaliação do BC sobre a proposta do novo arcabouço fiscal brasileiro é “superpositiva”, mostrando um maior alinhamento com a ala econômica do governo a despeito do ringue ainda armado no front político. “Vamos observar como vai passar o processo de aprovação no Congresso, se vai ter modificação”, acrescentou o presidente do BC, dizendo que o risco de explosão da dívida saiu do radar.

O FMI alertou para a importância do comprometimento fiscal no suporte à política monetária para o controle da inflação em estudo publicado essa semana como parte das divulgações previstas para as reuniões de Primavera. Quando os bancos centrais têm de atuar sozinhos para derrubar o custo de vida das populações, o resultado é um aumento “substancial” dos juros, segundo o Fundo, que cita ainda a importância no apoio aos mais vulneráveis.

Em paralelo às reuniões, uma série de eventos organizados por grandes bancos estrangeiros e brasileiros deve disputar a alta cúpula financeira global em DC na próxima semana. Dentre eles, o Itaú Unibanco organiza uma plenária com os ministros da Fazenda e presidentes de bancos centrais de países da América Latina.

NOVA YORK - A Escolha de Sofia que desafia os principais bancos centrais do mundo - se combatem a inflação ou cuidam da estabilidade financeira - deve estar no centro dos debates das reuniões de Primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial. O Brasil marcará presença, mas com uma delegação desfalcada, sem o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que estará na China, acompanhando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A interlocução com outros formuladores de políticas e investidores estrangeiros ficará a cargo do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, que será a autoridade máxima brasileira em Washington DC.

Os encontros de Primavera do FMI e do Banco Mundial acontecem na próxima semana, entre os dias 10 e 16 de abril, na capital dos Estados Unidos. A elevada inflação segue como o tema de ordem com um agravante de peso: as vulnerabilidades ocultas no sistema financeiro em meio à veloz subida de juros no mundo e que levantaram o temor de uma nova crise após o colapso de três bancos nos Estados Unidos e a venda às pressas do Credit Suisse ao UBS.

O FMI deve mensurar os impactos da recente turbulência bancária na economia global em seu relatório Perspectiva Econômica Mundial (WEO, na sigla em inglês), que será divulgado em paralelo às reuniões, na próxima semana. “Claramente, os riscos negativos aumentaram. Não há dúvida sobre isso. Vemos agora alguns dos riscos no setor financeiro mais expostos”, disse a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, durante evento no Meridian House, em Washington DC, nesta quinta-feira, 6.

Por ora, a expectativa do Fundo é de mais um ano de desaceleração no crescimento. A economia mundial deve exibir expansão inferior a 3% neste ano, conforme Georgieva. No ano passado, o crescimento global já havia caído quase pela metade, de 6,1% para 3,4%.

A desaceleração será capitaneada pelas economias avançadas, com 90% apresentando queda no ritmo de expansão em 2023, segundo o FMI. Por sua vez, o Fundo espera que algum ímpeto venha das economias emergentes, especialmente da Ásia, com a Índia e a China respondendo por metade do crescimento global neste exercício.

Kristalina Georgieva, diretora-gerente do FMI: 'Os riscos aumentaram' Foto: Andrew Caballero Reynolds/ AFP

Para Georgieva, o caminho à frente é “duro e nebuloso” e o combate à teimosa inflação se tornou mais complexo após o recente temor em relação aos bancos. Abandoná-lo, porém, pode ser “perigoso” uma vez que o elevado custo de vida tem se mostrado mais resistente, alertou, reforçando o coro para que os BCs sigam perseguindo o equilíbrio de preços sem tirar os olhos da estabilidade financeira.

“Não há como as taxas de juros subirem tanto depois de estarem baixas por tanto tempo. Como não haverá vulnerabilidades? Algo vai acontecer”, disse a diretora-gerente do FMI, evidenciando preocupações com vulnerabilidades ocultas em bancos, mas também em instituições financeiras não bancárias (NBFI, na sigla em inglês).

Brasil

No caso do Brasil, embora os temores com a turbulência bancária tenham se reduzido sem que antes tivesse causado grande reflexo no País, a crise de crédito preocupa. Juros elevados e a maior seletividade dos grandes bancos para emprestar, amargurados após o escândalo contábil da Americanas, devem respingar no desempenho do PIB deste ano.

Em janeiro, o FMI elevou a sua projeção e passou a ver alta de 1,2% ante 1,0% para a economia brasileira em 2023. Ainda assim, o País seguiu na lanterna de economias da América Latina e mercados emergentes em termos de crescimento.

A situação fiscal segue sendo outro ponto de atenção, principalmente, após a divulgação da proposta do novo arcabouço fiscal do Brasil, em substituição ao teto de gastos. O texto final é esperado para ser enviado ao Congresso nos próximos dias.

“É bom que haja agora uma proposta na mesa... Eu diria que parece ambiciosa e depende de um desempenho de receita relativamente forte e também, acredito, um forte desempenho de crescimento (do PIB)”, disse a vice-presidente da Moody’s para risco soberano, Samar Maziad, em entrevista ao Estadão/Broadcast, acrescentando que a medida é um “primeiro passo” para controlar as despesas, mas sentiu falta de um “forte compromisso” nesta direção.

Investidores estrangeiros interessados em ouvir Haddad sobre o novo arcabouço fiscal brasileiro terão de redirecionar suas questões para o presidente do BC, Roberto Campos Neto, que chefiará a delegação brasileira às reuniões de Primavera do FMI. O ministro da Fazenda faria sua estreia nos encontros, mas cancelou sua participação para acompanhar Lula em viagem à China, remarcada para a mesma data. Representando a Fazenda, devem ir a secretária de Assuntos Internacionais, Tatiana Rosito, e o secretário de Política Econômica, Guilherme Melo.

Campos Neto disse essa semana que a avaliação do BC sobre a proposta do novo arcabouço fiscal brasileiro é “superpositiva”, mostrando um maior alinhamento com a ala econômica do governo a despeito do ringue ainda armado no front político. “Vamos observar como vai passar o processo de aprovação no Congresso, se vai ter modificação”, acrescentou o presidente do BC, dizendo que o risco de explosão da dívida saiu do radar.

O FMI alertou para a importância do comprometimento fiscal no suporte à política monetária para o controle da inflação em estudo publicado essa semana como parte das divulgações previstas para as reuniões de Primavera. Quando os bancos centrais têm de atuar sozinhos para derrubar o custo de vida das populações, o resultado é um aumento “substancial” dos juros, segundo o Fundo, que cita ainda a importância no apoio aos mais vulneráveis.

Em paralelo às reuniões, uma série de eventos organizados por grandes bancos estrangeiros e brasileiros deve disputar a alta cúpula financeira global em DC na próxima semana. Dentre eles, o Itaú Unibanco organiza uma plenária com os ministros da Fazenda e presidentes de bancos centrais de países da América Latina.

NOVA YORK - A Escolha de Sofia que desafia os principais bancos centrais do mundo - se combatem a inflação ou cuidam da estabilidade financeira - deve estar no centro dos debates das reuniões de Primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial. O Brasil marcará presença, mas com uma delegação desfalcada, sem o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que estará na China, acompanhando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A interlocução com outros formuladores de políticas e investidores estrangeiros ficará a cargo do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, que será a autoridade máxima brasileira em Washington DC.

Os encontros de Primavera do FMI e do Banco Mundial acontecem na próxima semana, entre os dias 10 e 16 de abril, na capital dos Estados Unidos. A elevada inflação segue como o tema de ordem com um agravante de peso: as vulnerabilidades ocultas no sistema financeiro em meio à veloz subida de juros no mundo e que levantaram o temor de uma nova crise após o colapso de três bancos nos Estados Unidos e a venda às pressas do Credit Suisse ao UBS.

O FMI deve mensurar os impactos da recente turbulência bancária na economia global em seu relatório Perspectiva Econômica Mundial (WEO, na sigla em inglês), que será divulgado em paralelo às reuniões, na próxima semana. “Claramente, os riscos negativos aumentaram. Não há dúvida sobre isso. Vemos agora alguns dos riscos no setor financeiro mais expostos”, disse a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, durante evento no Meridian House, em Washington DC, nesta quinta-feira, 6.

Por ora, a expectativa do Fundo é de mais um ano de desaceleração no crescimento. A economia mundial deve exibir expansão inferior a 3% neste ano, conforme Georgieva. No ano passado, o crescimento global já havia caído quase pela metade, de 6,1% para 3,4%.

A desaceleração será capitaneada pelas economias avançadas, com 90% apresentando queda no ritmo de expansão em 2023, segundo o FMI. Por sua vez, o Fundo espera que algum ímpeto venha das economias emergentes, especialmente da Ásia, com a Índia e a China respondendo por metade do crescimento global neste exercício.

Kristalina Georgieva, diretora-gerente do FMI: 'Os riscos aumentaram' Foto: Andrew Caballero Reynolds/ AFP

Para Georgieva, o caminho à frente é “duro e nebuloso” e o combate à teimosa inflação se tornou mais complexo após o recente temor em relação aos bancos. Abandoná-lo, porém, pode ser “perigoso” uma vez que o elevado custo de vida tem se mostrado mais resistente, alertou, reforçando o coro para que os BCs sigam perseguindo o equilíbrio de preços sem tirar os olhos da estabilidade financeira.

“Não há como as taxas de juros subirem tanto depois de estarem baixas por tanto tempo. Como não haverá vulnerabilidades? Algo vai acontecer”, disse a diretora-gerente do FMI, evidenciando preocupações com vulnerabilidades ocultas em bancos, mas também em instituições financeiras não bancárias (NBFI, na sigla em inglês).

Brasil

No caso do Brasil, embora os temores com a turbulência bancária tenham se reduzido sem que antes tivesse causado grande reflexo no País, a crise de crédito preocupa. Juros elevados e a maior seletividade dos grandes bancos para emprestar, amargurados após o escândalo contábil da Americanas, devem respingar no desempenho do PIB deste ano.

Em janeiro, o FMI elevou a sua projeção e passou a ver alta de 1,2% ante 1,0% para a economia brasileira em 2023. Ainda assim, o País seguiu na lanterna de economias da América Latina e mercados emergentes em termos de crescimento.

A situação fiscal segue sendo outro ponto de atenção, principalmente, após a divulgação da proposta do novo arcabouço fiscal do Brasil, em substituição ao teto de gastos. O texto final é esperado para ser enviado ao Congresso nos próximos dias.

“É bom que haja agora uma proposta na mesa... Eu diria que parece ambiciosa e depende de um desempenho de receita relativamente forte e também, acredito, um forte desempenho de crescimento (do PIB)”, disse a vice-presidente da Moody’s para risco soberano, Samar Maziad, em entrevista ao Estadão/Broadcast, acrescentando que a medida é um “primeiro passo” para controlar as despesas, mas sentiu falta de um “forte compromisso” nesta direção.

Investidores estrangeiros interessados em ouvir Haddad sobre o novo arcabouço fiscal brasileiro terão de redirecionar suas questões para o presidente do BC, Roberto Campos Neto, que chefiará a delegação brasileira às reuniões de Primavera do FMI. O ministro da Fazenda faria sua estreia nos encontros, mas cancelou sua participação para acompanhar Lula em viagem à China, remarcada para a mesma data. Representando a Fazenda, devem ir a secretária de Assuntos Internacionais, Tatiana Rosito, e o secretário de Política Econômica, Guilherme Melo.

Campos Neto disse essa semana que a avaliação do BC sobre a proposta do novo arcabouço fiscal brasileiro é “superpositiva”, mostrando um maior alinhamento com a ala econômica do governo a despeito do ringue ainda armado no front político. “Vamos observar como vai passar o processo de aprovação no Congresso, se vai ter modificação”, acrescentou o presidente do BC, dizendo que o risco de explosão da dívida saiu do radar.

O FMI alertou para a importância do comprometimento fiscal no suporte à política monetária para o controle da inflação em estudo publicado essa semana como parte das divulgações previstas para as reuniões de Primavera. Quando os bancos centrais têm de atuar sozinhos para derrubar o custo de vida das populações, o resultado é um aumento “substancial” dos juros, segundo o Fundo, que cita ainda a importância no apoio aos mais vulneráveis.

Em paralelo às reuniões, uma série de eventos organizados por grandes bancos estrangeiros e brasileiros deve disputar a alta cúpula financeira global em DC na próxima semana. Dentre eles, o Itaú Unibanco organiza uma plenária com os ministros da Fazenda e presidentes de bancos centrais de países da América Latina.

NOVA YORK - A Escolha de Sofia que desafia os principais bancos centrais do mundo - se combatem a inflação ou cuidam da estabilidade financeira - deve estar no centro dos debates das reuniões de Primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial. O Brasil marcará presença, mas com uma delegação desfalcada, sem o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que estará na China, acompanhando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A interlocução com outros formuladores de políticas e investidores estrangeiros ficará a cargo do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, que será a autoridade máxima brasileira em Washington DC.

Os encontros de Primavera do FMI e do Banco Mundial acontecem na próxima semana, entre os dias 10 e 16 de abril, na capital dos Estados Unidos. A elevada inflação segue como o tema de ordem com um agravante de peso: as vulnerabilidades ocultas no sistema financeiro em meio à veloz subida de juros no mundo e que levantaram o temor de uma nova crise após o colapso de três bancos nos Estados Unidos e a venda às pressas do Credit Suisse ao UBS.

O FMI deve mensurar os impactos da recente turbulência bancária na economia global em seu relatório Perspectiva Econômica Mundial (WEO, na sigla em inglês), que será divulgado em paralelo às reuniões, na próxima semana. “Claramente, os riscos negativos aumentaram. Não há dúvida sobre isso. Vemos agora alguns dos riscos no setor financeiro mais expostos”, disse a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, durante evento no Meridian House, em Washington DC, nesta quinta-feira, 6.

Por ora, a expectativa do Fundo é de mais um ano de desaceleração no crescimento. A economia mundial deve exibir expansão inferior a 3% neste ano, conforme Georgieva. No ano passado, o crescimento global já havia caído quase pela metade, de 6,1% para 3,4%.

A desaceleração será capitaneada pelas economias avançadas, com 90% apresentando queda no ritmo de expansão em 2023, segundo o FMI. Por sua vez, o Fundo espera que algum ímpeto venha das economias emergentes, especialmente da Ásia, com a Índia e a China respondendo por metade do crescimento global neste exercício.

Kristalina Georgieva, diretora-gerente do FMI: 'Os riscos aumentaram' Foto: Andrew Caballero Reynolds/ AFP

Para Georgieva, o caminho à frente é “duro e nebuloso” e o combate à teimosa inflação se tornou mais complexo após o recente temor em relação aos bancos. Abandoná-lo, porém, pode ser “perigoso” uma vez que o elevado custo de vida tem se mostrado mais resistente, alertou, reforçando o coro para que os BCs sigam perseguindo o equilíbrio de preços sem tirar os olhos da estabilidade financeira.

“Não há como as taxas de juros subirem tanto depois de estarem baixas por tanto tempo. Como não haverá vulnerabilidades? Algo vai acontecer”, disse a diretora-gerente do FMI, evidenciando preocupações com vulnerabilidades ocultas em bancos, mas também em instituições financeiras não bancárias (NBFI, na sigla em inglês).

Brasil

No caso do Brasil, embora os temores com a turbulência bancária tenham se reduzido sem que antes tivesse causado grande reflexo no País, a crise de crédito preocupa. Juros elevados e a maior seletividade dos grandes bancos para emprestar, amargurados após o escândalo contábil da Americanas, devem respingar no desempenho do PIB deste ano.

Em janeiro, o FMI elevou a sua projeção e passou a ver alta de 1,2% ante 1,0% para a economia brasileira em 2023. Ainda assim, o País seguiu na lanterna de economias da América Latina e mercados emergentes em termos de crescimento.

A situação fiscal segue sendo outro ponto de atenção, principalmente, após a divulgação da proposta do novo arcabouço fiscal do Brasil, em substituição ao teto de gastos. O texto final é esperado para ser enviado ao Congresso nos próximos dias.

“É bom que haja agora uma proposta na mesa... Eu diria que parece ambiciosa e depende de um desempenho de receita relativamente forte e também, acredito, um forte desempenho de crescimento (do PIB)”, disse a vice-presidente da Moody’s para risco soberano, Samar Maziad, em entrevista ao Estadão/Broadcast, acrescentando que a medida é um “primeiro passo” para controlar as despesas, mas sentiu falta de um “forte compromisso” nesta direção.

Investidores estrangeiros interessados em ouvir Haddad sobre o novo arcabouço fiscal brasileiro terão de redirecionar suas questões para o presidente do BC, Roberto Campos Neto, que chefiará a delegação brasileira às reuniões de Primavera do FMI. O ministro da Fazenda faria sua estreia nos encontros, mas cancelou sua participação para acompanhar Lula em viagem à China, remarcada para a mesma data. Representando a Fazenda, devem ir a secretária de Assuntos Internacionais, Tatiana Rosito, e o secretário de Política Econômica, Guilherme Melo.

Campos Neto disse essa semana que a avaliação do BC sobre a proposta do novo arcabouço fiscal brasileiro é “superpositiva”, mostrando um maior alinhamento com a ala econômica do governo a despeito do ringue ainda armado no front político. “Vamos observar como vai passar o processo de aprovação no Congresso, se vai ter modificação”, acrescentou o presidente do BC, dizendo que o risco de explosão da dívida saiu do radar.

O FMI alertou para a importância do comprometimento fiscal no suporte à política monetária para o controle da inflação em estudo publicado essa semana como parte das divulgações previstas para as reuniões de Primavera. Quando os bancos centrais têm de atuar sozinhos para derrubar o custo de vida das populações, o resultado é um aumento “substancial” dos juros, segundo o Fundo, que cita ainda a importância no apoio aos mais vulneráveis.

Em paralelo às reuniões, uma série de eventos organizados por grandes bancos estrangeiros e brasileiros deve disputar a alta cúpula financeira global em DC na próxima semana. Dentre eles, o Itaú Unibanco organiza uma plenária com os ministros da Fazenda e presidentes de bancos centrais de países da América Latina.

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