Ex-ministro da Agricultura e coordenador do Centro de Agronegócios da FGV

Opinião|Um novo patamar


Devemos investir muito mais em tecnologia, com ênfase em conectividade e digitalização

Por Roberto Rodrigues
Atualização:

Com a tragédia da pandemia, o velho conceito da segurança alimentar ganhou um novo patamar. Nos cinco continentes as populações aprenderam que podem sobreviver sem comprar roupas novas, carros ou eletrodomésticos, mas não podem deixar de comprar alimentos. E isso deu um upgrade universal para as atividades rurais em termos de admiração e respeito.

Há empresas de mercados como leite, suínos, aves, soja, café, pecuária e também focadas em gestão Foto: Wilton Junior/Estadão

Todo mundo compreendeu que os produtores rurais não podem parar nunca. Precisam tirar leite todos os dias: as vacas não sabem se é feriado ou se há uma pandemia varrendo o planeta, e tem que ser ordenhadas. Na hora de plantar tem que plantar, ou cultivar, ou tratar de plantas e animais ou colher, em cada período do ano como manda a natureza. E abastecer, cumprindo o sagrado papel de preservar a vida.

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Há um belo momento de admiração, respeito e até gratidão pelo trabalho no campo. Este reconhecimento deverá ter consequências interessantes para o futuro do agro no mundo.

Por um lado, governos se apressam em reexaminar políticas de apoio aos seus produtores rurais, na expectativa de que eles permaneçam ativos e assim garantam segurança alimentar aos consumidores.

Por outro lado, podem taxar suas exportações para evitar eventual falta de produtos à frente ou, ao contrário, criar mecanismos que inibam importações de terceiros países, exatamente para proteger seus camponeses da concorrência inevitável. E esse neoprotecionismo poderá interferir no comércio mundial agrícola, mesmo que isso ocorra ao arrepio da OMC.

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Esses fenômenos estão logo aí à frente. Para compreendê-los e avaliar quais são as oportunidades e os riscos neles contidos, é fundamental estudar as medidas que estarão sendo adotadas pelos governos dos países que são nossos mercados ou nossos concorrentes e, a partir daí, traçar as estratégias necessárias para aproveitar umas e mitigar outras. O Ministério da Agricultura está atento a isso, bem como as modernas lideranças rurais brasileiras. E não há tempo a perder.

Até porque ficou evidente para os mercados que temos condições excepcionais e sustentáveis para atendê-los com produção agropecuária em quantidade e com qualidade adequada, isto é, podemos oferecer segurança alimentar e segurança do alimento. E isso traz outro tema à baila: a pandemia mostrou que os padrões sanitários no mundo estão abaixo da necessidade, e com certeza a régua dos controles sanitários vai subir. Pois também nisso o Brasil tem um modelo muito desenvolvido e eficiente, e pode mostrar ao mundo um invejável sistema de defesa sanitária, sobretudo nas indústrias de carnes e alimentos. Sempre existem aperfeiçoamentos para fazer, mas estamos bem nessa foto.

Resta completar a agenda para vencer as barreiras que eventualmente surgirem, e assim possamos alimentar os nossos 220 milhões de brasileiros e outro bilhão de estrangeiros de mais de uma centena de países com nossos excedentes exportáveis. 

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Temos que abrir nosso mercado para países de todas as regiões. Somos produtores muito grandes e podemos servir ao mundo inteiro, não fazendo sentido restrições e esse ou aquele mercado, como se escuta, às vezes, em relação à China. No ano 2000, nosso agronegócio exportou US$ 20 bilhões, e a China comprou 2,7% desse montante. Só 19 anos depois, em 2019 o agro exportou US$ 97 bilhões, e a China ficou com 34% disso. Um crescimento espantoso, aquele mercado gigantesco deve ser respeitado e estimulado. E devemos partir para a busca de outros mercados na Ásia mesmo (Indonésia, Filipinas, Malásia), ampliando os que já temos lá (Japão, Coreia), no Oriente Médio, nos países árabes, na Índia, na África e na América Latina, mas sem perder jamais o mercado norte-americano e o da União Europeia, cujo acordo com o Mercosul deve ser agilizado.

Devemos investir muito mais em tecnologia, com ênfase para os temas da conectividade e digitalização, cuidar com rigor dobrado da sanidade, fazer as reformas legais que permitam parceria para investimento em infraestrutura. Precisamos desburocratizar processos arraigados para agilizar o desenvolvimento de setores como a irrigação, buscar capitais externos que estão disponíveis, promover uma real abertura da economia. E tudo revestido com a mais importante variável do futuro: sustentabilidade.

Se tivermos competência para fazer isso, o que passará até mesmo pela melhoria da governança institucional das nossas representações, o Brasil será o grande campeão mundial da segurança alimentar bem antes do que se imaginava.

Com a tragédia da pandemia, o velho conceito da segurança alimentar ganhou um novo patamar. Nos cinco continentes as populações aprenderam que podem sobreviver sem comprar roupas novas, carros ou eletrodomésticos, mas não podem deixar de comprar alimentos. E isso deu um upgrade universal para as atividades rurais em termos de admiração e respeito.

Há empresas de mercados como leite, suínos, aves, soja, café, pecuária e também focadas em gestão Foto: Wilton Junior/Estadão

Todo mundo compreendeu que os produtores rurais não podem parar nunca. Precisam tirar leite todos os dias: as vacas não sabem se é feriado ou se há uma pandemia varrendo o planeta, e tem que ser ordenhadas. Na hora de plantar tem que plantar, ou cultivar, ou tratar de plantas e animais ou colher, em cada período do ano como manda a natureza. E abastecer, cumprindo o sagrado papel de preservar a vida.

Há um belo momento de admiração, respeito e até gratidão pelo trabalho no campo. Este reconhecimento deverá ter consequências interessantes para o futuro do agro no mundo.

Por um lado, governos se apressam em reexaminar políticas de apoio aos seus produtores rurais, na expectativa de que eles permaneçam ativos e assim garantam segurança alimentar aos consumidores.

Por outro lado, podem taxar suas exportações para evitar eventual falta de produtos à frente ou, ao contrário, criar mecanismos que inibam importações de terceiros países, exatamente para proteger seus camponeses da concorrência inevitável. E esse neoprotecionismo poderá interferir no comércio mundial agrícola, mesmo que isso ocorra ao arrepio da OMC.

Esses fenômenos estão logo aí à frente. Para compreendê-los e avaliar quais são as oportunidades e os riscos neles contidos, é fundamental estudar as medidas que estarão sendo adotadas pelos governos dos países que são nossos mercados ou nossos concorrentes e, a partir daí, traçar as estratégias necessárias para aproveitar umas e mitigar outras. O Ministério da Agricultura está atento a isso, bem como as modernas lideranças rurais brasileiras. E não há tempo a perder.

Até porque ficou evidente para os mercados que temos condições excepcionais e sustentáveis para atendê-los com produção agropecuária em quantidade e com qualidade adequada, isto é, podemos oferecer segurança alimentar e segurança do alimento. E isso traz outro tema à baila: a pandemia mostrou que os padrões sanitários no mundo estão abaixo da necessidade, e com certeza a régua dos controles sanitários vai subir. Pois também nisso o Brasil tem um modelo muito desenvolvido e eficiente, e pode mostrar ao mundo um invejável sistema de defesa sanitária, sobretudo nas indústrias de carnes e alimentos. Sempre existem aperfeiçoamentos para fazer, mas estamos bem nessa foto.

Resta completar a agenda para vencer as barreiras que eventualmente surgirem, e assim possamos alimentar os nossos 220 milhões de brasileiros e outro bilhão de estrangeiros de mais de uma centena de países com nossos excedentes exportáveis. 

Temos que abrir nosso mercado para países de todas as regiões. Somos produtores muito grandes e podemos servir ao mundo inteiro, não fazendo sentido restrições e esse ou aquele mercado, como se escuta, às vezes, em relação à China. No ano 2000, nosso agronegócio exportou US$ 20 bilhões, e a China comprou 2,7% desse montante. Só 19 anos depois, em 2019 o agro exportou US$ 97 bilhões, e a China ficou com 34% disso. Um crescimento espantoso, aquele mercado gigantesco deve ser respeitado e estimulado. E devemos partir para a busca de outros mercados na Ásia mesmo (Indonésia, Filipinas, Malásia), ampliando os que já temos lá (Japão, Coreia), no Oriente Médio, nos países árabes, na Índia, na África e na América Latina, mas sem perder jamais o mercado norte-americano e o da União Europeia, cujo acordo com o Mercosul deve ser agilizado.

Devemos investir muito mais em tecnologia, com ênfase para os temas da conectividade e digitalização, cuidar com rigor dobrado da sanidade, fazer as reformas legais que permitam parceria para investimento em infraestrutura. Precisamos desburocratizar processos arraigados para agilizar o desenvolvimento de setores como a irrigação, buscar capitais externos que estão disponíveis, promover uma real abertura da economia. E tudo revestido com a mais importante variável do futuro: sustentabilidade.

Se tivermos competência para fazer isso, o que passará até mesmo pela melhoria da governança institucional das nossas representações, o Brasil será o grande campeão mundial da segurança alimentar bem antes do que se imaginava.

Com a tragédia da pandemia, o velho conceito da segurança alimentar ganhou um novo patamar. Nos cinco continentes as populações aprenderam que podem sobreviver sem comprar roupas novas, carros ou eletrodomésticos, mas não podem deixar de comprar alimentos. E isso deu um upgrade universal para as atividades rurais em termos de admiração e respeito.

Há empresas de mercados como leite, suínos, aves, soja, café, pecuária e também focadas em gestão Foto: Wilton Junior/Estadão

Todo mundo compreendeu que os produtores rurais não podem parar nunca. Precisam tirar leite todos os dias: as vacas não sabem se é feriado ou se há uma pandemia varrendo o planeta, e tem que ser ordenhadas. Na hora de plantar tem que plantar, ou cultivar, ou tratar de plantas e animais ou colher, em cada período do ano como manda a natureza. E abastecer, cumprindo o sagrado papel de preservar a vida.

Há um belo momento de admiração, respeito e até gratidão pelo trabalho no campo. Este reconhecimento deverá ter consequências interessantes para o futuro do agro no mundo.

Por um lado, governos se apressam em reexaminar políticas de apoio aos seus produtores rurais, na expectativa de que eles permaneçam ativos e assim garantam segurança alimentar aos consumidores.

Por outro lado, podem taxar suas exportações para evitar eventual falta de produtos à frente ou, ao contrário, criar mecanismos que inibam importações de terceiros países, exatamente para proteger seus camponeses da concorrência inevitável. E esse neoprotecionismo poderá interferir no comércio mundial agrícola, mesmo que isso ocorra ao arrepio da OMC.

Esses fenômenos estão logo aí à frente. Para compreendê-los e avaliar quais são as oportunidades e os riscos neles contidos, é fundamental estudar as medidas que estarão sendo adotadas pelos governos dos países que são nossos mercados ou nossos concorrentes e, a partir daí, traçar as estratégias necessárias para aproveitar umas e mitigar outras. O Ministério da Agricultura está atento a isso, bem como as modernas lideranças rurais brasileiras. E não há tempo a perder.

Até porque ficou evidente para os mercados que temos condições excepcionais e sustentáveis para atendê-los com produção agropecuária em quantidade e com qualidade adequada, isto é, podemos oferecer segurança alimentar e segurança do alimento. E isso traz outro tema à baila: a pandemia mostrou que os padrões sanitários no mundo estão abaixo da necessidade, e com certeza a régua dos controles sanitários vai subir. Pois também nisso o Brasil tem um modelo muito desenvolvido e eficiente, e pode mostrar ao mundo um invejável sistema de defesa sanitária, sobretudo nas indústrias de carnes e alimentos. Sempre existem aperfeiçoamentos para fazer, mas estamos bem nessa foto.

Resta completar a agenda para vencer as barreiras que eventualmente surgirem, e assim possamos alimentar os nossos 220 milhões de brasileiros e outro bilhão de estrangeiros de mais de uma centena de países com nossos excedentes exportáveis. 

Temos que abrir nosso mercado para países de todas as regiões. Somos produtores muito grandes e podemos servir ao mundo inteiro, não fazendo sentido restrições e esse ou aquele mercado, como se escuta, às vezes, em relação à China. No ano 2000, nosso agronegócio exportou US$ 20 bilhões, e a China comprou 2,7% desse montante. Só 19 anos depois, em 2019 o agro exportou US$ 97 bilhões, e a China ficou com 34% disso. Um crescimento espantoso, aquele mercado gigantesco deve ser respeitado e estimulado. E devemos partir para a busca de outros mercados na Ásia mesmo (Indonésia, Filipinas, Malásia), ampliando os que já temos lá (Japão, Coreia), no Oriente Médio, nos países árabes, na Índia, na África e na América Latina, mas sem perder jamais o mercado norte-americano e o da União Europeia, cujo acordo com o Mercosul deve ser agilizado.

Devemos investir muito mais em tecnologia, com ênfase para os temas da conectividade e digitalização, cuidar com rigor dobrado da sanidade, fazer as reformas legais que permitam parceria para investimento em infraestrutura. Precisamos desburocratizar processos arraigados para agilizar o desenvolvimento de setores como a irrigação, buscar capitais externos que estão disponíveis, promover uma real abertura da economia. E tudo revestido com a mais importante variável do futuro: sustentabilidade.

Se tivermos competência para fazer isso, o que passará até mesmo pela melhoria da governança institucional das nossas representações, o Brasil será o grande campeão mundial da segurança alimentar bem antes do que se imaginava.

Com a tragédia da pandemia, o velho conceito da segurança alimentar ganhou um novo patamar. Nos cinco continentes as populações aprenderam que podem sobreviver sem comprar roupas novas, carros ou eletrodomésticos, mas não podem deixar de comprar alimentos. E isso deu um upgrade universal para as atividades rurais em termos de admiração e respeito.

Há empresas de mercados como leite, suínos, aves, soja, café, pecuária e também focadas em gestão Foto: Wilton Junior/Estadão

Todo mundo compreendeu que os produtores rurais não podem parar nunca. Precisam tirar leite todos os dias: as vacas não sabem se é feriado ou se há uma pandemia varrendo o planeta, e tem que ser ordenhadas. Na hora de plantar tem que plantar, ou cultivar, ou tratar de plantas e animais ou colher, em cada período do ano como manda a natureza. E abastecer, cumprindo o sagrado papel de preservar a vida.

Há um belo momento de admiração, respeito e até gratidão pelo trabalho no campo. Este reconhecimento deverá ter consequências interessantes para o futuro do agro no mundo.

Por um lado, governos se apressam em reexaminar políticas de apoio aos seus produtores rurais, na expectativa de que eles permaneçam ativos e assim garantam segurança alimentar aos consumidores.

Por outro lado, podem taxar suas exportações para evitar eventual falta de produtos à frente ou, ao contrário, criar mecanismos que inibam importações de terceiros países, exatamente para proteger seus camponeses da concorrência inevitável. E esse neoprotecionismo poderá interferir no comércio mundial agrícola, mesmo que isso ocorra ao arrepio da OMC.

Esses fenômenos estão logo aí à frente. Para compreendê-los e avaliar quais são as oportunidades e os riscos neles contidos, é fundamental estudar as medidas que estarão sendo adotadas pelos governos dos países que são nossos mercados ou nossos concorrentes e, a partir daí, traçar as estratégias necessárias para aproveitar umas e mitigar outras. O Ministério da Agricultura está atento a isso, bem como as modernas lideranças rurais brasileiras. E não há tempo a perder.

Até porque ficou evidente para os mercados que temos condições excepcionais e sustentáveis para atendê-los com produção agropecuária em quantidade e com qualidade adequada, isto é, podemos oferecer segurança alimentar e segurança do alimento. E isso traz outro tema à baila: a pandemia mostrou que os padrões sanitários no mundo estão abaixo da necessidade, e com certeza a régua dos controles sanitários vai subir. Pois também nisso o Brasil tem um modelo muito desenvolvido e eficiente, e pode mostrar ao mundo um invejável sistema de defesa sanitária, sobretudo nas indústrias de carnes e alimentos. Sempre existem aperfeiçoamentos para fazer, mas estamos bem nessa foto.

Resta completar a agenda para vencer as barreiras que eventualmente surgirem, e assim possamos alimentar os nossos 220 milhões de brasileiros e outro bilhão de estrangeiros de mais de uma centena de países com nossos excedentes exportáveis. 

Temos que abrir nosso mercado para países de todas as regiões. Somos produtores muito grandes e podemos servir ao mundo inteiro, não fazendo sentido restrições e esse ou aquele mercado, como se escuta, às vezes, em relação à China. No ano 2000, nosso agronegócio exportou US$ 20 bilhões, e a China comprou 2,7% desse montante. Só 19 anos depois, em 2019 o agro exportou US$ 97 bilhões, e a China ficou com 34% disso. Um crescimento espantoso, aquele mercado gigantesco deve ser respeitado e estimulado. E devemos partir para a busca de outros mercados na Ásia mesmo (Indonésia, Filipinas, Malásia), ampliando os que já temos lá (Japão, Coreia), no Oriente Médio, nos países árabes, na Índia, na África e na América Latina, mas sem perder jamais o mercado norte-americano e o da União Europeia, cujo acordo com o Mercosul deve ser agilizado.

Devemos investir muito mais em tecnologia, com ênfase para os temas da conectividade e digitalização, cuidar com rigor dobrado da sanidade, fazer as reformas legais que permitam parceria para investimento em infraestrutura. Precisamos desburocratizar processos arraigados para agilizar o desenvolvimento de setores como a irrigação, buscar capitais externos que estão disponíveis, promover uma real abertura da economia. E tudo revestido com a mais importante variável do futuro: sustentabilidade.

Se tivermos competência para fazer isso, o que passará até mesmo pela melhoria da governança institucional das nossas representações, o Brasil será o grande campeão mundial da segurança alimentar bem antes do que se imaginava.

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