Economista, doutor pela Universidade Harvard e professor da PUC-Rio, Rogério Werneck escreve quinzenalmente

Opinião|O arcabouço como ele é: um esquema de expansão de gastos


O governo já nem tenta disfarçar a real extensão da sua inconsequência fiscal

Por Rogério Werneck

Para que a ruidosa discussão sobre o abandono da meta de déficit primário zero em 2024 seja corretamente entendida, é preciso ter clareza sobre a real natureza do novo arcabouço fiscal proposto pelo governo e, afinal, aprovado pelo Congresso em substituição ao teto de gastos.

A esta altura, já não há como ter dúvida de que se trata de um mal disfarçado esquema de expansão fiscal inconsequente. Simulações de dinâmica de dívida sugerem que, do manejo das contas públicas que o governo pretende adotar, decorrerá um salto de pelo menos 10 pontos porcentuais na dívida bruta como proporção do PIB ao longo do atual mandato presidencial. De menos de 73% do PIB, no final de 2022, para 83% do PIB, ou mais, ao fim de 2026.

Para atenuar resistências a tamanha expansão fiscal, o governo anunciou, no fim de março, como prova de seu pretenso compromisso com a responsabilidade fiscal, que o déficit primário ficaria limitado a 0,5% do PIB em 2023, seria zerado em 2024 e convertido em um superávit de 0,5% do PIB em 2025, que chegaria a 1% do PIB em 2026.

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O que boa parte da opinião pública não percebeu é quão pífias eram tais metas fiscais. No frigir dos ovos, tomados os déficits e superávits prometidos, o esforço acumulado de geração de superávit primário ao longo de todo o mandato não passaria de 1% do PIB. Um valor irrisório quando se tem em conta que o superávit primário anual requerido para manter constante a dívida bruta como proporção do PIB é de pelo menos 1,5% do PIB.

Arcabouço fiscal não manterá contas públicas sob controle Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO

Em outras palavras, as metas fiscais do governo gerariam, ao longo de quatro anos, não mais que dois terços do superávit primário requerido por ano para manter o endividamento público estável. Não é de espantar que a dívida como proporção do PIB esteja fadada a dar o salto que se antevê.

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Mas a verdade é que, por incrível que pareça, o anúncio esperto de metas fiscais pífias funcionou em alguma medida. Parte da opinião pública — e do mercado, é bom que se diga — permitiu-se ficar bem impressionada. Deixou-se levar pelo ilusionismo. As metas mostraram-se eficazes como camuflagem. Conseguiram embaçar a percepção da extensão da expansão fiscal que o governo de fato deflagrara.

Pois não é que, agora, o Planalto parece ter decidido chutar o pau da barraca e anunciar que nem a meta pífia de zerar o déficit primário em 2024 o governo está disposto a cumprir? Além de outras consequências mais sérias, isso deverá, afinal, permitir que quem achava que as metas eram para valer passe a perceber o arcabouço como de fato é.

Para que a ruidosa discussão sobre o abandono da meta de déficit primário zero em 2024 seja corretamente entendida, é preciso ter clareza sobre a real natureza do novo arcabouço fiscal proposto pelo governo e, afinal, aprovado pelo Congresso em substituição ao teto de gastos.

A esta altura, já não há como ter dúvida de que se trata de um mal disfarçado esquema de expansão fiscal inconsequente. Simulações de dinâmica de dívida sugerem que, do manejo das contas públicas que o governo pretende adotar, decorrerá um salto de pelo menos 10 pontos porcentuais na dívida bruta como proporção do PIB ao longo do atual mandato presidencial. De menos de 73% do PIB, no final de 2022, para 83% do PIB, ou mais, ao fim de 2026.

Para atenuar resistências a tamanha expansão fiscal, o governo anunciou, no fim de março, como prova de seu pretenso compromisso com a responsabilidade fiscal, que o déficit primário ficaria limitado a 0,5% do PIB em 2023, seria zerado em 2024 e convertido em um superávit de 0,5% do PIB em 2025, que chegaria a 1% do PIB em 2026.

O que boa parte da opinião pública não percebeu é quão pífias eram tais metas fiscais. No frigir dos ovos, tomados os déficits e superávits prometidos, o esforço acumulado de geração de superávit primário ao longo de todo o mandato não passaria de 1% do PIB. Um valor irrisório quando se tem em conta que o superávit primário anual requerido para manter constante a dívida bruta como proporção do PIB é de pelo menos 1,5% do PIB.

Arcabouço fiscal não manterá contas públicas sob controle Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO

Em outras palavras, as metas fiscais do governo gerariam, ao longo de quatro anos, não mais que dois terços do superávit primário requerido por ano para manter o endividamento público estável. Não é de espantar que a dívida como proporção do PIB esteja fadada a dar o salto que se antevê.

Mas a verdade é que, por incrível que pareça, o anúncio esperto de metas fiscais pífias funcionou em alguma medida. Parte da opinião pública — e do mercado, é bom que se diga — permitiu-se ficar bem impressionada. Deixou-se levar pelo ilusionismo. As metas mostraram-se eficazes como camuflagem. Conseguiram embaçar a percepção da extensão da expansão fiscal que o governo de fato deflagrara.

Pois não é que, agora, o Planalto parece ter decidido chutar o pau da barraca e anunciar que nem a meta pífia de zerar o déficit primário em 2024 o governo está disposto a cumprir? Além de outras consequências mais sérias, isso deverá, afinal, permitir que quem achava que as metas eram para valer passe a perceber o arcabouço como de fato é.

Para que a ruidosa discussão sobre o abandono da meta de déficit primário zero em 2024 seja corretamente entendida, é preciso ter clareza sobre a real natureza do novo arcabouço fiscal proposto pelo governo e, afinal, aprovado pelo Congresso em substituição ao teto de gastos.

A esta altura, já não há como ter dúvida de que se trata de um mal disfarçado esquema de expansão fiscal inconsequente. Simulações de dinâmica de dívida sugerem que, do manejo das contas públicas que o governo pretende adotar, decorrerá um salto de pelo menos 10 pontos porcentuais na dívida bruta como proporção do PIB ao longo do atual mandato presidencial. De menos de 73% do PIB, no final de 2022, para 83% do PIB, ou mais, ao fim de 2026.

Para atenuar resistências a tamanha expansão fiscal, o governo anunciou, no fim de março, como prova de seu pretenso compromisso com a responsabilidade fiscal, que o déficit primário ficaria limitado a 0,5% do PIB em 2023, seria zerado em 2024 e convertido em um superávit de 0,5% do PIB em 2025, que chegaria a 1% do PIB em 2026.

O que boa parte da opinião pública não percebeu é quão pífias eram tais metas fiscais. No frigir dos ovos, tomados os déficits e superávits prometidos, o esforço acumulado de geração de superávit primário ao longo de todo o mandato não passaria de 1% do PIB. Um valor irrisório quando se tem em conta que o superávit primário anual requerido para manter constante a dívida bruta como proporção do PIB é de pelo menos 1,5% do PIB.

Arcabouço fiscal não manterá contas públicas sob controle Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO

Em outras palavras, as metas fiscais do governo gerariam, ao longo de quatro anos, não mais que dois terços do superávit primário requerido por ano para manter o endividamento público estável. Não é de espantar que a dívida como proporção do PIB esteja fadada a dar o salto que se antevê.

Mas a verdade é que, por incrível que pareça, o anúncio esperto de metas fiscais pífias funcionou em alguma medida. Parte da opinião pública — e do mercado, é bom que se diga — permitiu-se ficar bem impressionada. Deixou-se levar pelo ilusionismo. As metas mostraram-se eficazes como camuflagem. Conseguiram embaçar a percepção da extensão da expansão fiscal que o governo de fato deflagrara.

Pois não é que, agora, o Planalto parece ter decidido chutar o pau da barraca e anunciar que nem a meta pífia de zerar o déficit primário em 2024 o governo está disposto a cumprir? Além de outras consequências mais sérias, isso deverá, afinal, permitir que quem achava que as metas eram para valer passe a perceber o arcabouço como de fato é.

Para que a ruidosa discussão sobre o abandono da meta de déficit primário zero em 2024 seja corretamente entendida, é preciso ter clareza sobre a real natureza do novo arcabouço fiscal proposto pelo governo e, afinal, aprovado pelo Congresso em substituição ao teto de gastos.

A esta altura, já não há como ter dúvida de que se trata de um mal disfarçado esquema de expansão fiscal inconsequente. Simulações de dinâmica de dívida sugerem que, do manejo das contas públicas que o governo pretende adotar, decorrerá um salto de pelo menos 10 pontos porcentuais na dívida bruta como proporção do PIB ao longo do atual mandato presidencial. De menos de 73% do PIB, no final de 2022, para 83% do PIB, ou mais, ao fim de 2026.

Para atenuar resistências a tamanha expansão fiscal, o governo anunciou, no fim de março, como prova de seu pretenso compromisso com a responsabilidade fiscal, que o déficit primário ficaria limitado a 0,5% do PIB em 2023, seria zerado em 2024 e convertido em um superávit de 0,5% do PIB em 2025, que chegaria a 1% do PIB em 2026.

O que boa parte da opinião pública não percebeu é quão pífias eram tais metas fiscais. No frigir dos ovos, tomados os déficits e superávits prometidos, o esforço acumulado de geração de superávit primário ao longo de todo o mandato não passaria de 1% do PIB. Um valor irrisório quando se tem em conta que o superávit primário anual requerido para manter constante a dívida bruta como proporção do PIB é de pelo menos 1,5% do PIB.

Arcabouço fiscal não manterá contas públicas sob controle Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO

Em outras palavras, as metas fiscais do governo gerariam, ao longo de quatro anos, não mais que dois terços do superávit primário requerido por ano para manter o endividamento público estável. Não é de espantar que a dívida como proporção do PIB esteja fadada a dar o salto que se antevê.

Mas a verdade é que, por incrível que pareça, o anúncio esperto de metas fiscais pífias funcionou em alguma medida. Parte da opinião pública — e do mercado, é bom que se diga — permitiu-se ficar bem impressionada. Deixou-se levar pelo ilusionismo. As metas mostraram-se eficazes como camuflagem. Conseguiram embaçar a percepção da extensão da expansão fiscal que o governo de fato deflagrara.

Pois não é que, agora, o Planalto parece ter decidido chutar o pau da barraca e anunciar que nem a meta pífia de zerar o déficit primário em 2024 o governo está disposto a cumprir? Além de outras consequências mais sérias, isso deverá, afinal, permitir que quem achava que as metas eram para valer passe a perceber o arcabouço como de fato é.

Para que a ruidosa discussão sobre o abandono da meta de déficit primário zero em 2024 seja corretamente entendida, é preciso ter clareza sobre a real natureza do novo arcabouço fiscal proposto pelo governo e, afinal, aprovado pelo Congresso em substituição ao teto de gastos.

A esta altura, já não há como ter dúvida de que se trata de um mal disfarçado esquema de expansão fiscal inconsequente. Simulações de dinâmica de dívida sugerem que, do manejo das contas públicas que o governo pretende adotar, decorrerá um salto de pelo menos 10 pontos porcentuais na dívida bruta como proporção do PIB ao longo do atual mandato presidencial. De menos de 73% do PIB, no final de 2022, para 83% do PIB, ou mais, ao fim de 2026.

Para atenuar resistências a tamanha expansão fiscal, o governo anunciou, no fim de março, como prova de seu pretenso compromisso com a responsabilidade fiscal, que o déficit primário ficaria limitado a 0,5% do PIB em 2023, seria zerado em 2024 e convertido em um superávit de 0,5% do PIB em 2025, que chegaria a 1% do PIB em 2026.

O que boa parte da opinião pública não percebeu é quão pífias eram tais metas fiscais. No frigir dos ovos, tomados os déficits e superávits prometidos, o esforço acumulado de geração de superávit primário ao longo de todo o mandato não passaria de 1% do PIB. Um valor irrisório quando se tem em conta que o superávit primário anual requerido para manter constante a dívida bruta como proporção do PIB é de pelo menos 1,5% do PIB.

Arcabouço fiscal não manterá contas públicas sob controle Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO

Em outras palavras, as metas fiscais do governo gerariam, ao longo de quatro anos, não mais que dois terços do superávit primário requerido por ano para manter o endividamento público estável. Não é de espantar que a dívida como proporção do PIB esteja fadada a dar o salto que se antevê.

Mas a verdade é que, por incrível que pareça, o anúncio esperto de metas fiscais pífias funcionou em alguma medida. Parte da opinião pública — e do mercado, é bom que se diga — permitiu-se ficar bem impressionada. Deixou-se levar pelo ilusionismo. As metas mostraram-se eficazes como camuflagem. Conseguiram embaçar a percepção da extensão da expansão fiscal que o governo de fato deflagrara.

Pois não é que, agora, o Planalto parece ter decidido chutar o pau da barraca e anunciar que nem a meta pífia de zerar o déficit primário em 2024 o governo está disposto a cumprir? Além de outras consequências mais sérias, isso deverá, afinal, permitir que quem achava que as metas eram para valer passe a perceber o arcabouço como de fato é.

Opinião por Rogério Werneck

Economista, doutor pela Universidade Harvard, é professor titular do departamento de Economia da PUC-Rio

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