Economista, doutor pela Universidade Harvard e professor da PUC-Rio, Rogério Werneck escreve quinzenalmente

Opinião|Por que tamanho fascínio de Lula e do PT por ideias completamente desastrosas?


Presidente e seu partido parecem alimentar a ilusão de que, ao insistir nas mesmas ideias, poderão convencer a si mesmos e ao País de que, no fundo, não havia nada de errado com elas

Por Rogério Werneck

O País continua assombrado por um mistério. Por que Lula e o PT insistem em mostrar tamanho apego a ideias que se mostraram completamente desastrosas em governos petistas passados?

Antes de conjecturar sobre isso, vale mencionar a notícia recente que enseja essa indagação mais ampla. Vem de novo sendo aventada pelo governo a ideia de lançar mão dos fundos de pensão de empresas estatais para bancar investimentos em projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Reservas de fundos de pensão de empresas estatais não são recursos públicos. Pertencem aos funcionários ativos e inativos dessas empresas e, como tal, devem ser geridas com todos os critérios de prudência e aversão ao risco que costumam presidir decisões financeiras de agentes privados.

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Werneck: Governo se permitiu cair na armadilha de um quadro fiscal excepcionalmente difícil, marcado por taxas de juros extremamente altas, da qual não lhe será fácil sair Foto: Wilton Junior/Estadão

Todas as vezes que tal princípio foi abandonado, o desfecho foi desastroso, como bem se viu no circo de horrores em que se converteu a gestão de fundos de pensão de empresas estatais em governos petistas passados. Ao fim e ao cabo, os custos das recomposições dos rombos recaíram sobre os beneficiários dos fundos e, primordialmente, sobre as próprias empresas, com perdas substanciais para seu controlador, o governo.

Não há espaço aqui para tratar todo o rosário de ideias desastrosas a que Lula e o PT continuam aferrados. Vão de um novo e impensado programa de desenvolvimento da indústria naval a um renovado esforço de substituição de importações de fertilizantes que, na melhor das hipóteses, abocanhará um naco importante das margens de lucro do agronegócio. Do desrespeito à autonomia das agências reguladoras à política de reajuste do salário mínimo.

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Especialmente desastrosa tem sido a restauração da superindexação da gigantesca folha de pagamentos de benefícios previdenciários e assistenciais da União vinculados ao salário mínimo. Fascinado pela popularidade que isso supostamente lhe traria, o governo se permitiu cair na armadilha de um quadro fiscal excepcionalmente difícil, marcado por taxas de juros extremamente altas, da qual não lhe será fácil sair.

Por que tamanho fascínio por ideias tão desastrosas? Ainda entregues ao negacionismo e resistentes a reconhecer a extensão do descalabro dos governos de Dilma Rousseff, Lula e o PT parecem alimentar a ilusão de que, ao insistir nas mesmas ideias, poderão convencer a si mesmos e ao País de que, no fundo, não havia nada de errado com elas. A fantasia é de que possam, afinal, mostrar que tais ideias poderiam perfeitamente ter dado certo, não fosse a suposta sabotagem sofrida pelos governos petistas entre 2011 e 2016.

O País continua assombrado por um mistério. Por que Lula e o PT insistem em mostrar tamanho apego a ideias que se mostraram completamente desastrosas em governos petistas passados?

Antes de conjecturar sobre isso, vale mencionar a notícia recente que enseja essa indagação mais ampla. Vem de novo sendo aventada pelo governo a ideia de lançar mão dos fundos de pensão de empresas estatais para bancar investimentos em projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Reservas de fundos de pensão de empresas estatais não são recursos públicos. Pertencem aos funcionários ativos e inativos dessas empresas e, como tal, devem ser geridas com todos os critérios de prudência e aversão ao risco que costumam presidir decisões financeiras de agentes privados.

Werneck: Governo se permitiu cair na armadilha de um quadro fiscal excepcionalmente difícil, marcado por taxas de juros extremamente altas, da qual não lhe será fácil sair Foto: Wilton Junior/Estadão

Todas as vezes que tal princípio foi abandonado, o desfecho foi desastroso, como bem se viu no circo de horrores em que se converteu a gestão de fundos de pensão de empresas estatais em governos petistas passados. Ao fim e ao cabo, os custos das recomposições dos rombos recaíram sobre os beneficiários dos fundos e, primordialmente, sobre as próprias empresas, com perdas substanciais para seu controlador, o governo.

Não há espaço aqui para tratar todo o rosário de ideias desastrosas a que Lula e o PT continuam aferrados. Vão de um novo e impensado programa de desenvolvimento da indústria naval a um renovado esforço de substituição de importações de fertilizantes que, na melhor das hipóteses, abocanhará um naco importante das margens de lucro do agronegócio. Do desrespeito à autonomia das agências reguladoras à política de reajuste do salário mínimo.

Especialmente desastrosa tem sido a restauração da superindexação da gigantesca folha de pagamentos de benefícios previdenciários e assistenciais da União vinculados ao salário mínimo. Fascinado pela popularidade que isso supostamente lhe traria, o governo se permitiu cair na armadilha de um quadro fiscal excepcionalmente difícil, marcado por taxas de juros extremamente altas, da qual não lhe será fácil sair.

Por que tamanho fascínio por ideias tão desastrosas? Ainda entregues ao negacionismo e resistentes a reconhecer a extensão do descalabro dos governos de Dilma Rousseff, Lula e o PT parecem alimentar a ilusão de que, ao insistir nas mesmas ideias, poderão convencer a si mesmos e ao País de que, no fundo, não havia nada de errado com elas. A fantasia é de que possam, afinal, mostrar que tais ideias poderiam perfeitamente ter dado certo, não fosse a suposta sabotagem sofrida pelos governos petistas entre 2011 e 2016.

O País continua assombrado por um mistério. Por que Lula e o PT insistem em mostrar tamanho apego a ideias que se mostraram completamente desastrosas em governos petistas passados?

Antes de conjecturar sobre isso, vale mencionar a notícia recente que enseja essa indagação mais ampla. Vem de novo sendo aventada pelo governo a ideia de lançar mão dos fundos de pensão de empresas estatais para bancar investimentos em projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Reservas de fundos de pensão de empresas estatais não são recursos públicos. Pertencem aos funcionários ativos e inativos dessas empresas e, como tal, devem ser geridas com todos os critérios de prudência e aversão ao risco que costumam presidir decisões financeiras de agentes privados.

Werneck: Governo se permitiu cair na armadilha de um quadro fiscal excepcionalmente difícil, marcado por taxas de juros extremamente altas, da qual não lhe será fácil sair Foto: Wilton Junior/Estadão

Todas as vezes que tal princípio foi abandonado, o desfecho foi desastroso, como bem se viu no circo de horrores em que se converteu a gestão de fundos de pensão de empresas estatais em governos petistas passados. Ao fim e ao cabo, os custos das recomposições dos rombos recaíram sobre os beneficiários dos fundos e, primordialmente, sobre as próprias empresas, com perdas substanciais para seu controlador, o governo.

Não há espaço aqui para tratar todo o rosário de ideias desastrosas a que Lula e o PT continuam aferrados. Vão de um novo e impensado programa de desenvolvimento da indústria naval a um renovado esforço de substituição de importações de fertilizantes que, na melhor das hipóteses, abocanhará um naco importante das margens de lucro do agronegócio. Do desrespeito à autonomia das agências reguladoras à política de reajuste do salário mínimo.

Especialmente desastrosa tem sido a restauração da superindexação da gigantesca folha de pagamentos de benefícios previdenciários e assistenciais da União vinculados ao salário mínimo. Fascinado pela popularidade que isso supostamente lhe traria, o governo se permitiu cair na armadilha de um quadro fiscal excepcionalmente difícil, marcado por taxas de juros extremamente altas, da qual não lhe será fácil sair.

Por que tamanho fascínio por ideias tão desastrosas? Ainda entregues ao negacionismo e resistentes a reconhecer a extensão do descalabro dos governos de Dilma Rousseff, Lula e o PT parecem alimentar a ilusão de que, ao insistir nas mesmas ideias, poderão convencer a si mesmos e ao País de que, no fundo, não havia nada de errado com elas. A fantasia é de que possam, afinal, mostrar que tais ideias poderiam perfeitamente ter dado certo, não fosse a suposta sabotagem sofrida pelos governos petistas entre 2011 e 2016.

O País continua assombrado por um mistério. Por que Lula e o PT insistem em mostrar tamanho apego a ideias que se mostraram completamente desastrosas em governos petistas passados?

Antes de conjecturar sobre isso, vale mencionar a notícia recente que enseja essa indagação mais ampla. Vem de novo sendo aventada pelo governo a ideia de lançar mão dos fundos de pensão de empresas estatais para bancar investimentos em projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Reservas de fundos de pensão de empresas estatais não são recursos públicos. Pertencem aos funcionários ativos e inativos dessas empresas e, como tal, devem ser geridas com todos os critérios de prudência e aversão ao risco que costumam presidir decisões financeiras de agentes privados.

Werneck: Governo se permitiu cair na armadilha de um quadro fiscal excepcionalmente difícil, marcado por taxas de juros extremamente altas, da qual não lhe será fácil sair Foto: Wilton Junior/Estadão

Todas as vezes que tal princípio foi abandonado, o desfecho foi desastroso, como bem se viu no circo de horrores em que se converteu a gestão de fundos de pensão de empresas estatais em governos petistas passados. Ao fim e ao cabo, os custos das recomposições dos rombos recaíram sobre os beneficiários dos fundos e, primordialmente, sobre as próprias empresas, com perdas substanciais para seu controlador, o governo.

Não há espaço aqui para tratar todo o rosário de ideias desastrosas a que Lula e o PT continuam aferrados. Vão de um novo e impensado programa de desenvolvimento da indústria naval a um renovado esforço de substituição de importações de fertilizantes que, na melhor das hipóteses, abocanhará um naco importante das margens de lucro do agronegócio. Do desrespeito à autonomia das agências reguladoras à política de reajuste do salário mínimo.

Especialmente desastrosa tem sido a restauração da superindexação da gigantesca folha de pagamentos de benefícios previdenciários e assistenciais da União vinculados ao salário mínimo. Fascinado pela popularidade que isso supostamente lhe traria, o governo se permitiu cair na armadilha de um quadro fiscal excepcionalmente difícil, marcado por taxas de juros extremamente altas, da qual não lhe será fácil sair.

Por que tamanho fascínio por ideias tão desastrosas? Ainda entregues ao negacionismo e resistentes a reconhecer a extensão do descalabro dos governos de Dilma Rousseff, Lula e o PT parecem alimentar a ilusão de que, ao insistir nas mesmas ideias, poderão convencer a si mesmos e ao País de que, no fundo, não havia nada de errado com elas. A fantasia é de que possam, afinal, mostrar que tais ideias poderiam perfeitamente ter dado certo, não fosse a suposta sabotagem sofrida pelos governos petistas entre 2011 e 2016.

Opinião por Rogério Werneck

Economista, doutor pela Universidade Harvard, é professor titular do departamento de Economia da PUC-Rio

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