Com a expansão do consumo e o aumento dos serviços, o dinamismo da economia se manteve em julho, apesar do recuo de 1,4% da produção industrial, insuficiente para ofuscar o crescimento de 2,2% acumulado em 12 meses. O quadro combina com o novo recorde de trabalhadores ocupados, 102 milhões, e com a redução do desemprego trimestral para 6,8%. Um ano antes, a população desempregada correspondia a 7,9% da força de trabalho.
A desocupação registrada entre maio e julho foi a menor registrada para esse trimestre na série iniciada em 2012 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Refletindo a melhora do emprego e da renda, as vendas no varejo cresceram 0,6% em julho, enquanto a produção dos serviços aumentou 1,2%, atingiu patamar recorde e acumulou expansão de 0,9% em 12 meses. O resultado mensal dos serviços foi 4,3% superior ao de um ano antes. Este setor é a maior fonte de ocupação de mão de obra, com oportunidades de trabalho para pessoas com todos os níveis de qualificação.
As vendas no varejo foram em julho 4,4% maiores que as de um ano antes. A expansão acumulada em 12 meses foi de 3,7% No chamado varejo ampliado (incluídos veículos e motos, partes e peças e também material de construção), o volume vendido cresceu 0,1% no mês e 3,8% em 12 meses. Em julho, as vendas cresceram em cinco das oito atividades do comércio varejista.
O aumento mensal foi liderado pelo grupo de equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (+2,%). O total vendido por hiper e supermercados, com destaque para alimentos e bebidas, cresceu 1,7% no mês e ficou em quarto lugar no conjunto das taxas de expansão. As maiores taxas de aumentos de outros grupos de produtos, como artigos de uso pessoal e doméstico (2,1%) e vestuário e calçados (1,8%) parece indicar um menor aperto do orçamento familiar, numa fase de maior emprego e maior renda.
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O vigor exibido pelo emprego, pelo varejo e pela indústria parece indicar um crescimento econômico maior que o previsto até recentemente para 2024. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mencionou na quarta-feira, 11, um provável aumento da taxa estimada oficialmente, de 2,5% para algo próximo de 3%. No mercado financeiro, as projeções têm-se elevado, mas só recentemente se aproximaram de 2,5%.
No setor financeiro, a principal especulação motivada pelos sinais de maior dinamismo econômico está voltada para a provável evolução dos juros. Já se estima para o fim do ano uma taxa básica de 11,25%. Não haverá surpresa se essa taxa, fixada em 10,50% no fim de julho, for aumentada já na próxima reunião do Copom, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (BC), prevista para os dias 17 e 18.
Com novo aperto monetário, a atividade econômica poderá perder vigor, mas a inflação continuará alimentada se os gastos federais seguirem ameaçando o equilíbrio das finanças públicas. A evolução do orçamento dependerá em parte dos gastos obrigatórios e dificilmente comprimíveis, como os da folha de pessoal, e em parte das inclinações e interesses do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A coexistência de gastança e juros altos aumentará os custos do governo, complicará o dia a dia das famílias e será ineficiente contra a inflação. O Brasil talvez seja beneficiado se o presidente gastar alguns minutos considerando esses dados.