RIO - Impulsionada pela soja e pelo milho, a safra agrícola de 2023 deve totalizar um recorde de 299,7 milhões de toneladas, 36,5 milhões de toneladas a mais que o desempenho de 2022, um aumento de 13,9%. Os dados são do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola de março, divulgado nesta quinta-feira, 13, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado é 1,6 milhão de toneladas maior que o previsto no levantamento anterior, de fevereiro, uma alta de 0,5%. Houve melhora nas estimativas para a soja e trigo.
A produção de soja deve alcançar um pico histórico de 147,2 milhões de toneladas, uma elevação de 23,2% em relação ao produzido no ano passado. A produção de milho deve atingir um auge de 119,8 milhões de toneladas, crescimento de 8,7% ante 2022 : a lavoura de milho 1ª safra deve somar 27,9 milhões de toneladas (aumento de 9,7% ante 2022), e o milho 2ª safra deve totalizar 91,9 milhões de toneladas (alta de 8,4%).
O algodão herbáceo deve alcançar uma produção de 6,9 milhões de toneladas, um avanço de 2,8% ante 2022, e a de sorgo foi prevista em 3,1 milhões de toneladas, alta de 7,4%. Após melhora em relação a fevereiro, a produção do trigo será de 9,8 milhões de toneladas, o que ainda representa um recuo de 2,6% em relação a 2022.
Já a produção brasileira de arroz descerá este ano ao menor patamar em mais de duas décadas. A estimativa é que o Brasil colha 9,846 milhões de toneladas do grão, menor produção desde 1998, quando foi de 7,7 milhões.
“A gente já está no limite do nosso consumo. Se cair um pouco mais, é possível que tenhamos que importar um pouco de arroz. O que não é muito grave, porque a gente tem o Uruguai aqui do lado, pode importar do Uruguai”, disse Carlos Alfredo Guedes, gerente do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola do IBGE.
A estimativa de produção de arroz foi reduzida em 1,8% em março ante o estimado em fevereiro. O País deve colher 7,6% menos arroz em comparação a 2022, uma perda de 812,0 mil toneladas.
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A queda é resultado de uma combinação de problemas climáticos e de redução na área plantada com o grão. Segundo o IBGE, as perdas registradas no Rio Grande do Sul em meio à estiagem, que responde por mais de dois terços da produção nacional, influenciaram diretamente os números do País.
Houve ainda um enxugamento de 51,7% na área plantada com arroz ao longo de 20 anos, enquanto a produção caiu em menor magnitude, -4,7%, graças a um aumento no rendimento médio da lavoura.
“A produção menor de arroz acaba aumentando um pouco o preço do produto no mercado”, alertou Guedes, lembrando que a população brasileira consome em torno de 10 milhões de toneladas de arroz por ano.
O feijão, que complementa o arroz no prato das famílias brasileiras, também teve sua estimativa de produção reduzida em 0,5% na passagem de fevereiro para março, 15.375 toneladas a menos. Os produtores devem colher 3,1 milhões de toneladas este ano, mesmo montante obtido em 2022. A produção estimada de feijão para 2023 deve atender ao consumo do País durante o ano, apontou o IBGE.
“O feijão tem aumentado um pouquinho de preços nos últimos meses”, disse Guedes, lembrando que a produção estimada está praticamente em linha com o consumo doméstico, após vir perdendo área para o plantio de soja nos últimos anos. “É uma cultura que vem reduzindo também um pouco de área ao longo dos anos.”
A 1ª safra de feijão foi estimada em 1,1 milhão de toneladas, alta de 0,3% ante o estimado em fevereiro. A 2ª safra de feijão está prevista em 1,3 milhão de toneladas, diminuição de 1,3% em relação a fevereiro. A 3ª safra de feijão é estimada em 642,8 mil toneladas, queda de 0,1% ante fevereiro.
Falta de chuvas
Segundo Guedes, a falta de chuvas no Rio Grande do Sul provoca revisões para baixo em várias culturas, entre elas o arroz, o feijão e a uva. No caso da soja, parte da perda local foi compensada no total nacional por aumentos no Mato Grosso e Paraná, lembrou o pesquisador.
A estiagem no Rio Grande do Sul voltou a reduzir a estimativa para a safra gaúcha de grãos em março, que recuou em 4,617 milhões de toneladas em relação ao previsto em fevereiro. A produção agrícola no estado será 13,1% menor que o previsto em fevereiro, mas ainda 16,4% maior que a colheita de 2022.
“Apesar da queda que a gente viu no Rio Grande do Sul, a região Sul como um todo ainda está produzindo 28% a mais que no ano anterior. É porque a seca foi pior no ano anterior (2022)”, disse Carlos Alfredo Guedes, gerente do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola do IBGE.
Na passagem de fevereiro para março, houve aumento nas estimativas de safra da Região Nordeste (0,2%), Região Norte (1,6%) e Região Centro-Oeste (2,9%). Houve estabilidade na Região Sudeste, mas declínio na Região Sul (-3,2%). Em relação a 2022, porém, todas as regiões devem aumentar a colheita em 2023: Sul (28,4%), Centro-Oeste (11,6%), Sudeste (1,0%), Norte (12,9%) e Nordeste (2,5%).