Empresas de saneamento preparam proposta para o governo, em meio à incerteza sobre novas regras


Ideia é apresentar estratégias para universalização dos serviços de água e esgoto, diz líder de associação do setor

Por Juliana Estigarríbia
Atualização:

A Associação Nacional das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon) está preparando um documento que deverá ser entregue ao novo governo nos próximos dias. Segundo o diretor-executivo da entidade, Percy Soares Neto, a ideia é apresentar estratégias para a universalização dos serviços de água e esgoto.

“Estamos elaborando uma proposta para o novo governo, devemos entregar em alguns dias, provavelmente na semana que vem”, disse o dirigente ao Estadão/Broadcast. Segundo ele, a versão final do relatório ainda está sendo discutida, com a participação das empresas associadas. “Entendemos que a universalização do saneamento no País passa por parcerias de diferentes modelos. Neste sentido, queremos mostrar que existe disposição da iniciativa privada, à luz do marco regulatório aprovado, para que essa questão possa avançar”, acrescenta.

Logo no domingo, 1º, dia da posse do novo governo eleito, uma série de atos assinados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mostrou que o tema do saneamento é prioritário para a nova gestão, mas a confusão gerada pelos textos já causa preocupação entre as empresas, segundo fontes ouvidas pelo Estadão/Broadcast. Um dos pontos mais criticados é a eventual retirada do poder de regulação da Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA), dúvida levantada na Medida Provisória 1154/2023. Pelo texto, a agência passa a ficar vinculada ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e perde a menção “saneamento” do nome.

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Em dezembro, o governo eleito recebeu um relatório do grupo de transição de Cidades sugerindo a transferência da competência de definição de normas do setor, atualmente nas mãos da ANA, para um departamento da secretaria nacional de saneamento ambiental (SNS), que ficará vinculada ao Ministério das Cidades. A justificativa do grupo de transição era de que a criação de normas de referência pela ANA “gera insegurança jurídica devido ao conflito de interpretação do papel das agências subnacionais”. O grupo alegou ainda que a mudança das atribuições da ANA “flexibilizou a exploração inadequada de mananciais e recursos naturais”.

Sede da Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA); Um dos pontos mais criticados é a eventual retirada do poder de regulação da ANA.  Foto: Raylton Alves/ANA

Conforme o advogado Gustavo Kaercher Loureiro, pesquisador do Centro de Estudo e Regulação em Infraestrutura da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o papel de regulação da ANA foi validado no Supremo Tribunal Federal (STF). “O tema foi amplamente discutido no Supremo, com acórdãos que validaram a ANA para editar normas de referência. Mudar isso me parece um retrocesso”, avalia. Para o especialista em saneamento, uma nova lei teria que ser aprovada para tirar a competência da ANA como agência reguladora do setor. “Não adianta só mudar o nome.”

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Na visão de Soares, o maior problema reside na falta de clareza do novo governo acerca da estratégia para atingir a universalização. “É natural que todo governo em início de mandato tenha um timing para se organizar, e ele já mostrou que o tema (do saneamento) lhe é caro. Mas essas decisões tomadas sem coordenação geram preocupação”, avalia o dirigente.

Saneamento em debate contínuo

Para um executivo do setor de saneamento, que falou sob condição de anonimato, o arcabouço regulatório é fundamental para a sustentação dos investimentos no setor. “Reescrever esse arcabouço é um tiro no pé. Na minha visão, o governo está testando quais medidas pode tomar. É um balão de ensaio”, afirma.

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Integrantes do novo governo já sinalizaram nesta terça-feira, 3, que houve “equívoco” nos atos publicados, que devem ser corrigidos. Adicionalmente, afirmam que a questão do saneamento será debatida continuamente.

Segundo uma fonte ligada às maiores empresas privadas do setor, o momento atual é de grande insegurança. “Evidentemente, essas incertezas geram a procura por um plano B. No limite, as empresas privadas de saneamento vão apenas manter a estrutura que têm hoje e parar de investir, à espera de uma definição sobre o futuro”, relata.

Enquanto isso, as metas de universalização dos serviços de água e esgoto podem ser adiadas, avalia Soares. “O risco de postergação da universalização em 2033 é real”, destaca.

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Na visão da presidente executiva do Instituto Trata Brasil, Luana Pretto, as mudanças repentinas podem ser usadas como justificativa para o não cumprimento das metas de universalização. “Precisamos da edição das normas de referência do setor o mais rapidamente possível. Quanto mais demorado for, maior a chance de se postergar o cumprimento das metas”, esclarece.

Neste contexto, ela avalia que a ANA precisa urgentemente ser fortalecida, com capacitação e contratação de equipe técnica, para que as normas sejam elaboradas e, o setor, devidamente regulado, inclusive em relação às tarifas. “A partir do momento que essa competência sai da ANA e vai para a administração direta, o setor voltará a ficar sob influência política de governos eleitos de quatro em quatro anos, sem critérios técnicos e independentes. Com essa insegurança, pode haver suspensão dos investimentos.”

A Associação Nacional das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon) está preparando um documento que deverá ser entregue ao novo governo nos próximos dias. Segundo o diretor-executivo da entidade, Percy Soares Neto, a ideia é apresentar estratégias para a universalização dos serviços de água e esgoto.

“Estamos elaborando uma proposta para o novo governo, devemos entregar em alguns dias, provavelmente na semana que vem”, disse o dirigente ao Estadão/Broadcast. Segundo ele, a versão final do relatório ainda está sendo discutida, com a participação das empresas associadas. “Entendemos que a universalização do saneamento no País passa por parcerias de diferentes modelos. Neste sentido, queremos mostrar que existe disposição da iniciativa privada, à luz do marco regulatório aprovado, para que essa questão possa avançar”, acrescenta.

Logo no domingo, 1º, dia da posse do novo governo eleito, uma série de atos assinados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mostrou que o tema do saneamento é prioritário para a nova gestão, mas a confusão gerada pelos textos já causa preocupação entre as empresas, segundo fontes ouvidas pelo Estadão/Broadcast. Um dos pontos mais criticados é a eventual retirada do poder de regulação da Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA), dúvida levantada na Medida Provisória 1154/2023. Pelo texto, a agência passa a ficar vinculada ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e perde a menção “saneamento” do nome.

Em dezembro, o governo eleito recebeu um relatório do grupo de transição de Cidades sugerindo a transferência da competência de definição de normas do setor, atualmente nas mãos da ANA, para um departamento da secretaria nacional de saneamento ambiental (SNS), que ficará vinculada ao Ministério das Cidades. A justificativa do grupo de transição era de que a criação de normas de referência pela ANA “gera insegurança jurídica devido ao conflito de interpretação do papel das agências subnacionais”. O grupo alegou ainda que a mudança das atribuições da ANA “flexibilizou a exploração inadequada de mananciais e recursos naturais”.

Sede da Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA); Um dos pontos mais criticados é a eventual retirada do poder de regulação da ANA.  Foto: Raylton Alves/ANA

Conforme o advogado Gustavo Kaercher Loureiro, pesquisador do Centro de Estudo e Regulação em Infraestrutura da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o papel de regulação da ANA foi validado no Supremo Tribunal Federal (STF). “O tema foi amplamente discutido no Supremo, com acórdãos que validaram a ANA para editar normas de referência. Mudar isso me parece um retrocesso”, avalia. Para o especialista em saneamento, uma nova lei teria que ser aprovada para tirar a competência da ANA como agência reguladora do setor. “Não adianta só mudar o nome.”

Na visão de Soares, o maior problema reside na falta de clareza do novo governo acerca da estratégia para atingir a universalização. “É natural que todo governo em início de mandato tenha um timing para se organizar, e ele já mostrou que o tema (do saneamento) lhe é caro. Mas essas decisões tomadas sem coordenação geram preocupação”, avalia o dirigente.

Saneamento em debate contínuo

Para um executivo do setor de saneamento, que falou sob condição de anonimato, o arcabouço regulatório é fundamental para a sustentação dos investimentos no setor. “Reescrever esse arcabouço é um tiro no pé. Na minha visão, o governo está testando quais medidas pode tomar. É um balão de ensaio”, afirma.

Integrantes do novo governo já sinalizaram nesta terça-feira, 3, que houve “equívoco” nos atos publicados, que devem ser corrigidos. Adicionalmente, afirmam que a questão do saneamento será debatida continuamente.

Segundo uma fonte ligada às maiores empresas privadas do setor, o momento atual é de grande insegurança. “Evidentemente, essas incertezas geram a procura por um plano B. No limite, as empresas privadas de saneamento vão apenas manter a estrutura que têm hoje e parar de investir, à espera de uma definição sobre o futuro”, relata.

Enquanto isso, as metas de universalização dos serviços de água e esgoto podem ser adiadas, avalia Soares. “O risco de postergação da universalização em 2033 é real”, destaca.

Na visão da presidente executiva do Instituto Trata Brasil, Luana Pretto, as mudanças repentinas podem ser usadas como justificativa para o não cumprimento das metas de universalização. “Precisamos da edição das normas de referência do setor o mais rapidamente possível. Quanto mais demorado for, maior a chance de se postergar o cumprimento das metas”, esclarece.

Neste contexto, ela avalia que a ANA precisa urgentemente ser fortalecida, com capacitação e contratação de equipe técnica, para que as normas sejam elaboradas e, o setor, devidamente regulado, inclusive em relação às tarifas. “A partir do momento que essa competência sai da ANA e vai para a administração direta, o setor voltará a ficar sob influência política de governos eleitos de quatro em quatro anos, sem critérios técnicos e independentes. Com essa insegurança, pode haver suspensão dos investimentos.”

A Associação Nacional das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon) está preparando um documento que deverá ser entregue ao novo governo nos próximos dias. Segundo o diretor-executivo da entidade, Percy Soares Neto, a ideia é apresentar estratégias para a universalização dos serviços de água e esgoto.

“Estamos elaborando uma proposta para o novo governo, devemos entregar em alguns dias, provavelmente na semana que vem”, disse o dirigente ao Estadão/Broadcast. Segundo ele, a versão final do relatório ainda está sendo discutida, com a participação das empresas associadas. “Entendemos que a universalização do saneamento no País passa por parcerias de diferentes modelos. Neste sentido, queremos mostrar que existe disposição da iniciativa privada, à luz do marco regulatório aprovado, para que essa questão possa avançar”, acrescenta.

Logo no domingo, 1º, dia da posse do novo governo eleito, uma série de atos assinados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mostrou que o tema do saneamento é prioritário para a nova gestão, mas a confusão gerada pelos textos já causa preocupação entre as empresas, segundo fontes ouvidas pelo Estadão/Broadcast. Um dos pontos mais criticados é a eventual retirada do poder de regulação da Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA), dúvida levantada na Medida Provisória 1154/2023. Pelo texto, a agência passa a ficar vinculada ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e perde a menção “saneamento” do nome.

Em dezembro, o governo eleito recebeu um relatório do grupo de transição de Cidades sugerindo a transferência da competência de definição de normas do setor, atualmente nas mãos da ANA, para um departamento da secretaria nacional de saneamento ambiental (SNS), que ficará vinculada ao Ministério das Cidades. A justificativa do grupo de transição era de que a criação de normas de referência pela ANA “gera insegurança jurídica devido ao conflito de interpretação do papel das agências subnacionais”. O grupo alegou ainda que a mudança das atribuições da ANA “flexibilizou a exploração inadequada de mananciais e recursos naturais”.

Sede da Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA); Um dos pontos mais criticados é a eventual retirada do poder de regulação da ANA.  Foto: Raylton Alves/ANA

Conforme o advogado Gustavo Kaercher Loureiro, pesquisador do Centro de Estudo e Regulação em Infraestrutura da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o papel de regulação da ANA foi validado no Supremo Tribunal Federal (STF). “O tema foi amplamente discutido no Supremo, com acórdãos que validaram a ANA para editar normas de referência. Mudar isso me parece um retrocesso”, avalia. Para o especialista em saneamento, uma nova lei teria que ser aprovada para tirar a competência da ANA como agência reguladora do setor. “Não adianta só mudar o nome.”

Na visão de Soares, o maior problema reside na falta de clareza do novo governo acerca da estratégia para atingir a universalização. “É natural que todo governo em início de mandato tenha um timing para se organizar, e ele já mostrou que o tema (do saneamento) lhe é caro. Mas essas decisões tomadas sem coordenação geram preocupação”, avalia o dirigente.

Saneamento em debate contínuo

Para um executivo do setor de saneamento, que falou sob condição de anonimato, o arcabouço regulatório é fundamental para a sustentação dos investimentos no setor. “Reescrever esse arcabouço é um tiro no pé. Na minha visão, o governo está testando quais medidas pode tomar. É um balão de ensaio”, afirma.

Integrantes do novo governo já sinalizaram nesta terça-feira, 3, que houve “equívoco” nos atos publicados, que devem ser corrigidos. Adicionalmente, afirmam que a questão do saneamento será debatida continuamente.

Segundo uma fonte ligada às maiores empresas privadas do setor, o momento atual é de grande insegurança. “Evidentemente, essas incertezas geram a procura por um plano B. No limite, as empresas privadas de saneamento vão apenas manter a estrutura que têm hoje e parar de investir, à espera de uma definição sobre o futuro”, relata.

Enquanto isso, as metas de universalização dos serviços de água e esgoto podem ser adiadas, avalia Soares. “O risco de postergação da universalização em 2033 é real”, destaca.

Na visão da presidente executiva do Instituto Trata Brasil, Luana Pretto, as mudanças repentinas podem ser usadas como justificativa para o não cumprimento das metas de universalização. “Precisamos da edição das normas de referência do setor o mais rapidamente possível. Quanto mais demorado for, maior a chance de se postergar o cumprimento das metas”, esclarece.

Neste contexto, ela avalia que a ANA precisa urgentemente ser fortalecida, com capacitação e contratação de equipe técnica, para que as normas sejam elaboradas e, o setor, devidamente regulado, inclusive em relação às tarifas. “A partir do momento que essa competência sai da ANA e vai para a administração direta, o setor voltará a ficar sob influência política de governos eleitos de quatro em quatro anos, sem critérios técnicos e independentes. Com essa insegurança, pode haver suspensão dos investimentos.”

A Associação Nacional das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon) está preparando um documento que deverá ser entregue ao novo governo nos próximos dias. Segundo o diretor-executivo da entidade, Percy Soares Neto, a ideia é apresentar estratégias para a universalização dos serviços de água e esgoto.

“Estamos elaborando uma proposta para o novo governo, devemos entregar em alguns dias, provavelmente na semana que vem”, disse o dirigente ao Estadão/Broadcast. Segundo ele, a versão final do relatório ainda está sendo discutida, com a participação das empresas associadas. “Entendemos que a universalização do saneamento no País passa por parcerias de diferentes modelos. Neste sentido, queremos mostrar que existe disposição da iniciativa privada, à luz do marco regulatório aprovado, para que essa questão possa avançar”, acrescenta.

Logo no domingo, 1º, dia da posse do novo governo eleito, uma série de atos assinados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mostrou que o tema do saneamento é prioritário para a nova gestão, mas a confusão gerada pelos textos já causa preocupação entre as empresas, segundo fontes ouvidas pelo Estadão/Broadcast. Um dos pontos mais criticados é a eventual retirada do poder de regulação da Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA), dúvida levantada na Medida Provisória 1154/2023. Pelo texto, a agência passa a ficar vinculada ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e perde a menção “saneamento” do nome.

Em dezembro, o governo eleito recebeu um relatório do grupo de transição de Cidades sugerindo a transferência da competência de definição de normas do setor, atualmente nas mãos da ANA, para um departamento da secretaria nacional de saneamento ambiental (SNS), que ficará vinculada ao Ministério das Cidades. A justificativa do grupo de transição era de que a criação de normas de referência pela ANA “gera insegurança jurídica devido ao conflito de interpretação do papel das agências subnacionais”. O grupo alegou ainda que a mudança das atribuições da ANA “flexibilizou a exploração inadequada de mananciais e recursos naturais”.

Sede da Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA); Um dos pontos mais criticados é a eventual retirada do poder de regulação da ANA.  Foto: Raylton Alves/ANA

Conforme o advogado Gustavo Kaercher Loureiro, pesquisador do Centro de Estudo e Regulação em Infraestrutura da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o papel de regulação da ANA foi validado no Supremo Tribunal Federal (STF). “O tema foi amplamente discutido no Supremo, com acórdãos que validaram a ANA para editar normas de referência. Mudar isso me parece um retrocesso”, avalia. Para o especialista em saneamento, uma nova lei teria que ser aprovada para tirar a competência da ANA como agência reguladora do setor. “Não adianta só mudar o nome.”

Na visão de Soares, o maior problema reside na falta de clareza do novo governo acerca da estratégia para atingir a universalização. “É natural que todo governo em início de mandato tenha um timing para se organizar, e ele já mostrou que o tema (do saneamento) lhe é caro. Mas essas decisões tomadas sem coordenação geram preocupação”, avalia o dirigente.

Saneamento em debate contínuo

Para um executivo do setor de saneamento, que falou sob condição de anonimato, o arcabouço regulatório é fundamental para a sustentação dos investimentos no setor. “Reescrever esse arcabouço é um tiro no pé. Na minha visão, o governo está testando quais medidas pode tomar. É um balão de ensaio”, afirma.

Integrantes do novo governo já sinalizaram nesta terça-feira, 3, que houve “equívoco” nos atos publicados, que devem ser corrigidos. Adicionalmente, afirmam que a questão do saneamento será debatida continuamente.

Segundo uma fonte ligada às maiores empresas privadas do setor, o momento atual é de grande insegurança. “Evidentemente, essas incertezas geram a procura por um plano B. No limite, as empresas privadas de saneamento vão apenas manter a estrutura que têm hoje e parar de investir, à espera de uma definição sobre o futuro”, relata.

Enquanto isso, as metas de universalização dos serviços de água e esgoto podem ser adiadas, avalia Soares. “O risco de postergação da universalização em 2033 é real”, destaca.

Na visão da presidente executiva do Instituto Trata Brasil, Luana Pretto, as mudanças repentinas podem ser usadas como justificativa para o não cumprimento das metas de universalização. “Precisamos da edição das normas de referência do setor o mais rapidamente possível. Quanto mais demorado for, maior a chance de se postergar o cumprimento das metas”, esclarece.

Neste contexto, ela avalia que a ANA precisa urgentemente ser fortalecida, com capacitação e contratação de equipe técnica, para que as normas sejam elaboradas e, o setor, devidamente regulado, inclusive em relação às tarifas. “A partir do momento que essa competência sai da ANA e vai para a administração direta, o setor voltará a ficar sob influência política de governos eleitos de quatro em quatro anos, sem critérios técnicos e independentes. Com essa insegurança, pode haver suspensão dos investimentos.”

A Associação Nacional das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon) está preparando um documento que deverá ser entregue ao novo governo nos próximos dias. Segundo o diretor-executivo da entidade, Percy Soares Neto, a ideia é apresentar estratégias para a universalização dos serviços de água e esgoto.

“Estamos elaborando uma proposta para o novo governo, devemos entregar em alguns dias, provavelmente na semana que vem”, disse o dirigente ao Estadão/Broadcast. Segundo ele, a versão final do relatório ainda está sendo discutida, com a participação das empresas associadas. “Entendemos que a universalização do saneamento no País passa por parcerias de diferentes modelos. Neste sentido, queremos mostrar que existe disposição da iniciativa privada, à luz do marco regulatório aprovado, para que essa questão possa avançar”, acrescenta.

Logo no domingo, 1º, dia da posse do novo governo eleito, uma série de atos assinados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mostrou que o tema do saneamento é prioritário para a nova gestão, mas a confusão gerada pelos textos já causa preocupação entre as empresas, segundo fontes ouvidas pelo Estadão/Broadcast. Um dos pontos mais criticados é a eventual retirada do poder de regulação da Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA), dúvida levantada na Medida Provisória 1154/2023. Pelo texto, a agência passa a ficar vinculada ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e perde a menção “saneamento” do nome.

Em dezembro, o governo eleito recebeu um relatório do grupo de transição de Cidades sugerindo a transferência da competência de definição de normas do setor, atualmente nas mãos da ANA, para um departamento da secretaria nacional de saneamento ambiental (SNS), que ficará vinculada ao Ministério das Cidades. A justificativa do grupo de transição era de que a criação de normas de referência pela ANA “gera insegurança jurídica devido ao conflito de interpretação do papel das agências subnacionais”. O grupo alegou ainda que a mudança das atribuições da ANA “flexibilizou a exploração inadequada de mananciais e recursos naturais”.

Sede da Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA); Um dos pontos mais criticados é a eventual retirada do poder de regulação da ANA.  Foto: Raylton Alves/ANA

Conforme o advogado Gustavo Kaercher Loureiro, pesquisador do Centro de Estudo e Regulação em Infraestrutura da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o papel de regulação da ANA foi validado no Supremo Tribunal Federal (STF). “O tema foi amplamente discutido no Supremo, com acórdãos que validaram a ANA para editar normas de referência. Mudar isso me parece um retrocesso”, avalia. Para o especialista em saneamento, uma nova lei teria que ser aprovada para tirar a competência da ANA como agência reguladora do setor. “Não adianta só mudar o nome.”

Na visão de Soares, o maior problema reside na falta de clareza do novo governo acerca da estratégia para atingir a universalização. “É natural que todo governo em início de mandato tenha um timing para se organizar, e ele já mostrou que o tema (do saneamento) lhe é caro. Mas essas decisões tomadas sem coordenação geram preocupação”, avalia o dirigente.

Saneamento em debate contínuo

Para um executivo do setor de saneamento, que falou sob condição de anonimato, o arcabouço regulatório é fundamental para a sustentação dos investimentos no setor. “Reescrever esse arcabouço é um tiro no pé. Na minha visão, o governo está testando quais medidas pode tomar. É um balão de ensaio”, afirma.

Integrantes do novo governo já sinalizaram nesta terça-feira, 3, que houve “equívoco” nos atos publicados, que devem ser corrigidos. Adicionalmente, afirmam que a questão do saneamento será debatida continuamente.

Segundo uma fonte ligada às maiores empresas privadas do setor, o momento atual é de grande insegurança. “Evidentemente, essas incertezas geram a procura por um plano B. No limite, as empresas privadas de saneamento vão apenas manter a estrutura que têm hoje e parar de investir, à espera de uma definição sobre o futuro”, relata.

Enquanto isso, as metas de universalização dos serviços de água e esgoto podem ser adiadas, avalia Soares. “O risco de postergação da universalização em 2033 é real”, destaca.

Na visão da presidente executiva do Instituto Trata Brasil, Luana Pretto, as mudanças repentinas podem ser usadas como justificativa para o não cumprimento das metas de universalização. “Precisamos da edição das normas de referência do setor o mais rapidamente possível. Quanto mais demorado for, maior a chance de se postergar o cumprimento das metas”, esclarece.

Neste contexto, ela avalia que a ANA precisa urgentemente ser fortalecida, com capacitação e contratação de equipe técnica, para que as normas sejam elaboradas e, o setor, devidamente regulado, inclusive em relação às tarifas. “A partir do momento que essa competência sai da ANA e vai para a administração direta, o setor voltará a ficar sob influência política de governos eleitos de quatro em quatro anos, sem critérios técnicos e independentes. Com essa insegurança, pode haver suspensão dos investimentos.”

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