Selic: juro esperado pelo mercado para o fim de 2024 sobe para 11,75% após Copom


A maioria das instituições ouvidas pelo ‘Projeções Broadcast’ prevê alta de 0,5 ponto porcentual na próxima reunião do Copom, em novembro; antes, a expectativa dominante era de 0,25

Por Gabriela Jucá, Daniel Tozzi Mendes e Anna Scabello

O tom do comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) ao subir de 10,50% para 10,75% a Selic, na quarta-feira, 18, levou o mercado a recalibrar suas expectativas para o ciclo de elevação da taxa básica de juro da economia. O vocabulário “hawkish” (duro, no jargão do meio financeiro) levou a maioria das instituições consultadas pelo Projeções/Broadcast (23 das 41, portanto 56%) a prever elevação no juro de 0,50 ponto porcentual na próxima reunião do Copom, em novembro, contrariando a expectativa dominante anterior, de um ritmo de aumento de 0,25 ponto. As outras 18 casas (44%) preveem elevação do juro em 0,25 ponto porcentual.

A perspectiva mais dura do documento também se traduziu em uma revisão das estimativas da taxa Selic para o fim de 2024, que passou de 11,25% para 11,75%, na comparação com levantamento realizado antes da reunião.

Os membros do comitê mudaram a avaliação do hiato do produto (que mensura se a atividade econômica está pressionando ou não a inflação) de “próximo da neutralidade”, que constava da ata anterior, para “o campo positivo” no comunicado de quarta-feira, 18. Também chama atenção o cenário de referência do BC para o primeiro trimestre de 2026 — atual horizonte relevante da política monetária — que passou a projetar inflação em 3,5%, ante estimativa anterior de 3,4%, também descolada do centro da meta, de 3,0%.

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Além disso, o comitê apontou explicitamente uma “assimetria altista” no balanço de riscos, o que marcou uma alteração em relação ao que vinha sendo comunicado de forma mais implícita pelo colegiado.

Banco Central adotou tom duro no comunicado após a decisão do Copom Foto: Dida Sampaio / Estadão

“O Copom começou em um ritmo gradual, mas provavelmente não será um ciclo gradual”, destacou, em relatório, o UBS BB, que alterou a estimativa de aperto monetário após o comunicado. Antes, a projeção era de um aperto total de 1,0 ponto porcentual. Agora, a estimativa é de um ciclo total de aumento de 1,75 ponto porcentual, sendo três elevações de 0,50 ponto até janeiro. O cenário do banco prevê o juro em 11,75% ao fim do ano e em 12,25% ao fim do ciclo, na primeira reunião de 2025.

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O hiato do produto no campo positivo e as previsões de inflação no cenário de referência do BC, explicou o banco, contribuíram para a perspectiva de uma taxa de juros mais alta.

O economista-sênior e sócio da Tendências Consultoria, Silvio Campos Neto, prevê elevações de 0,50 ponto na Selic em novembro e dezembro e uma derradeira, de 0,25 ponto porcentual em janeiro, levando a taxa a 12% ao fim do ciclo. Ele concorda que o tom duro do comunicado corrobora a perspectiva. “Acredito que seja mais plausível e recomendável a aceleração do ritmo de alta até a fim de adiantar o processo de redução da inflação para a direção da meta”, detalha.

Para o economista-chefe da Porto Asset, Felipe Sichel, a intensidade do aperto monetário à frente ainda está em aberto, apesar do tom hawkish do comunicado. “A discussão fica sobre entender se, para o BC, mantido tudo o mais constante, é preciso acelerar a alta para 0,50 ponto ou se é preciso o cenário se deteriorar mais para aumentar o ritmo de elevação”, afirma Sichel. Por isso, ele não descarta mudar seu cenário-base - hoje de três altas sequenciais de 0,25 ponto porcentual. “O comunicado é compatível com uma aceleração no ritmo de alta, mas vamos esperar a ata e o RTI (Relatório Trimestral de Inflação)”, diz.

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Na avaliação do economista, o BC parece, por ora, puxar essa definição do ritmo de aperto para vetores exclusivamente domésticos, com mais destaque para o ritmo da atividade econômica e as projeções de inflação do que, por exemplo, para o câmbio.

“Quando ele fala de atividade, o BC fala que o hiato está positivo, o que foi diferente do comunicado anterior. No anterior ele mencionava também ‘processo de desinflação’ e agora fala em inflação”, detalha o economista.

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Neste cenário, Sichel considera que o orçamento total de ajuste altista na Selic projetado pela Porto, que hoje é de 1,0 ponto porcentual até janeiro de 2025, tem um viés “claramente para cima”.

Já o Bradesco prevê que o Copom continue o ritmo de aumento de 0,25 ponto porcentual por mais três reuniões — de novembro até janeiro — mas reconhece que o modelo do BC indica chances de um ritmo e Orçamento “maiores do que aqueles incorporados em nosso cenário-base”, conforme escreveram em relatório divulgado ontem.

O banco projeta, por ora, Selic em 11,25% no fim do ano e em 11,50% ao fim do ciclo de aperto, contando com alguma desaceleração da atividade, apreciação da taxa de câmbio e acomodação das expectativas de inflação.

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O Bradesco também chama atenção para o hiato do produto mais apertado, o aumento da projeção de inflação no cenário de referência do BC e para o balanço de riscos com assimetria para cima. “A mensagem que se extrai é de que há necessidade de maior restrição por parte da política monetária”, avalia.

O tom do comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) ao subir de 10,50% para 10,75% a Selic, na quarta-feira, 18, levou o mercado a recalibrar suas expectativas para o ciclo de elevação da taxa básica de juro da economia. O vocabulário “hawkish” (duro, no jargão do meio financeiro) levou a maioria das instituições consultadas pelo Projeções/Broadcast (23 das 41, portanto 56%) a prever elevação no juro de 0,50 ponto porcentual na próxima reunião do Copom, em novembro, contrariando a expectativa dominante anterior, de um ritmo de aumento de 0,25 ponto. As outras 18 casas (44%) preveem elevação do juro em 0,25 ponto porcentual.

A perspectiva mais dura do documento também se traduziu em uma revisão das estimativas da taxa Selic para o fim de 2024, que passou de 11,25% para 11,75%, na comparação com levantamento realizado antes da reunião.

Os membros do comitê mudaram a avaliação do hiato do produto (que mensura se a atividade econômica está pressionando ou não a inflação) de “próximo da neutralidade”, que constava da ata anterior, para “o campo positivo” no comunicado de quarta-feira, 18. Também chama atenção o cenário de referência do BC para o primeiro trimestre de 2026 — atual horizonte relevante da política monetária — que passou a projetar inflação em 3,5%, ante estimativa anterior de 3,4%, também descolada do centro da meta, de 3,0%.

Além disso, o comitê apontou explicitamente uma “assimetria altista” no balanço de riscos, o que marcou uma alteração em relação ao que vinha sendo comunicado de forma mais implícita pelo colegiado.

Banco Central adotou tom duro no comunicado após a decisão do Copom Foto: Dida Sampaio / Estadão

“O Copom começou em um ritmo gradual, mas provavelmente não será um ciclo gradual”, destacou, em relatório, o UBS BB, que alterou a estimativa de aperto monetário após o comunicado. Antes, a projeção era de um aperto total de 1,0 ponto porcentual. Agora, a estimativa é de um ciclo total de aumento de 1,75 ponto porcentual, sendo três elevações de 0,50 ponto até janeiro. O cenário do banco prevê o juro em 11,75% ao fim do ano e em 12,25% ao fim do ciclo, na primeira reunião de 2025.

O hiato do produto no campo positivo e as previsões de inflação no cenário de referência do BC, explicou o banco, contribuíram para a perspectiva de uma taxa de juros mais alta.

O economista-sênior e sócio da Tendências Consultoria, Silvio Campos Neto, prevê elevações de 0,50 ponto na Selic em novembro e dezembro e uma derradeira, de 0,25 ponto porcentual em janeiro, levando a taxa a 12% ao fim do ciclo. Ele concorda que o tom duro do comunicado corrobora a perspectiva. “Acredito que seja mais plausível e recomendável a aceleração do ritmo de alta até a fim de adiantar o processo de redução da inflação para a direção da meta”, detalha.

Para o economista-chefe da Porto Asset, Felipe Sichel, a intensidade do aperto monetário à frente ainda está em aberto, apesar do tom hawkish do comunicado. “A discussão fica sobre entender se, para o BC, mantido tudo o mais constante, é preciso acelerar a alta para 0,50 ponto ou se é preciso o cenário se deteriorar mais para aumentar o ritmo de elevação”, afirma Sichel. Por isso, ele não descarta mudar seu cenário-base - hoje de três altas sequenciais de 0,25 ponto porcentual. “O comunicado é compatível com uma aceleração no ritmo de alta, mas vamos esperar a ata e o RTI (Relatório Trimestral de Inflação)”, diz.

Na avaliação do economista, o BC parece, por ora, puxar essa definição do ritmo de aperto para vetores exclusivamente domésticos, com mais destaque para o ritmo da atividade econômica e as projeções de inflação do que, por exemplo, para o câmbio.

“Quando ele fala de atividade, o BC fala que o hiato está positivo, o que foi diferente do comunicado anterior. No anterior ele mencionava também ‘processo de desinflação’ e agora fala em inflação”, detalha o economista.

Neste cenário, Sichel considera que o orçamento total de ajuste altista na Selic projetado pela Porto, que hoje é de 1,0 ponto porcentual até janeiro de 2025, tem um viés “claramente para cima”.

Já o Bradesco prevê que o Copom continue o ritmo de aumento de 0,25 ponto porcentual por mais três reuniões — de novembro até janeiro — mas reconhece que o modelo do BC indica chances de um ritmo e Orçamento “maiores do que aqueles incorporados em nosso cenário-base”, conforme escreveram em relatório divulgado ontem.

O banco projeta, por ora, Selic em 11,25% no fim do ano e em 11,50% ao fim do ciclo de aperto, contando com alguma desaceleração da atividade, apreciação da taxa de câmbio e acomodação das expectativas de inflação.

O Bradesco também chama atenção para o hiato do produto mais apertado, o aumento da projeção de inflação no cenário de referência do BC e para o balanço de riscos com assimetria para cima. “A mensagem que se extrai é de que há necessidade de maior restrição por parte da política monetária”, avalia.

O tom do comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) ao subir de 10,50% para 10,75% a Selic, na quarta-feira, 18, levou o mercado a recalibrar suas expectativas para o ciclo de elevação da taxa básica de juro da economia. O vocabulário “hawkish” (duro, no jargão do meio financeiro) levou a maioria das instituições consultadas pelo Projeções/Broadcast (23 das 41, portanto 56%) a prever elevação no juro de 0,50 ponto porcentual na próxima reunião do Copom, em novembro, contrariando a expectativa dominante anterior, de um ritmo de aumento de 0,25 ponto. As outras 18 casas (44%) preveem elevação do juro em 0,25 ponto porcentual.

A perspectiva mais dura do documento também se traduziu em uma revisão das estimativas da taxa Selic para o fim de 2024, que passou de 11,25% para 11,75%, na comparação com levantamento realizado antes da reunião.

Os membros do comitê mudaram a avaliação do hiato do produto (que mensura se a atividade econômica está pressionando ou não a inflação) de “próximo da neutralidade”, que constava da ata anterior, para “o campo positivo” no comunicado de quarta-feira, 18. Também chama atenção o cenário de referência do BC para o primeiro trimestre de 2026 — atual horizonte relevante da política monetária — que passou a projetar inflação em 3,5%, ante estimativa anterior de 3,4%, também descolada do centro da meta, de 3,0%.

Além disso, o comitê apontou explicitamente uma “assimetria altista” no balanço de riscos, o que marcou uma alteração em relação ao que vinha sendo comunicado de forma mais implícita pelo colegiado.

Banco Central adotou tom duro no comunicado após a decisão do Copom Foto: Dida Sampaio / Estadão

“O Copom começou em um ritmo gradual, mas provavelmente não será um ciclo gradual”, destacou, em relatório, o UBS BB, que alterou a estimativa de aperto monetário após o comunicado. Antes, a projeção era de um aperto total de 1,0 ponto porcentual. Agora, a estimativa é de um ciclo total de aumento de 1,75 ponto porcentual, sendo três elevações de 0,50 ponto até janeiro. O cenário do banco prevê o juro em 11,75% ao fim do ano e em 12,25% ao fim do ciclo, na primeira reunião de 2025.

O hiato do produto no campo positivo e as previsões de inflação no cenário de referência do BC, explicou o banco, contribuíram para a perspectiva de uma taxa de juros mais alta.

O economista-sênior e sócio da Tendências Consultoria, Silvio Campos Neto, prevê elevações de 0,50 ponto na Selic em novembro e dezembro e uma derradeira, de 0,25 ponto porcentual em janeiro, levando a taxa a 12% ao fim do ciclo. Ele concorda que o tom duro do comunicado corrobora a perspectiva. “Acredito que seja mais plausível e recomendável a aceleração do ritmo de alta até a fim de adiantar o processo de redução da inflação para a direção da meta”, detalha.

Para o economista-chefe da Porto Asset, Felipe Sichel, a intensidade do aperto monetário à frente ainda está em aberto, apesar do tom hawkish do comunicado. “A discussão fica sobre entender se, para o BC, mantido tudo o mais constante, é preciso acelerar a alta para 0,50 ponto ou se é preciso o cenário se deteriorar mais para aumentar o ritmo de elevação”, afirma Sichel. Por isso, ele não descarta mudar seu cenário-base - hoje de três altas sequenciais de 0,25 ponto porcentual. “O comunicado é compatível com uma aceleração no ritmo de alta, mas vamos esperar a ata e o RTI (Relatório Trimestral de Inflação)”, diz.

Na avaliação do economista, o BC parece, por ora, puxar essa definição do ritmo de aperto para vetores exclusivamente domésticos, com mais destaque para o ritmo da atividade econômica e as projeções de inflação do que, por exemplo, para o câmbio.

“Quando ele fala de atividade, o BC fala que o hiato está positivo, o que foi diferente do comunicado anterior. No anterior ele mencionava também ‘processo de desinflação’ e agora fala em inflação”, detalha o economista.

Neste cenário, Sichel considera que o orçamento total de ajuste altista na Selic projetado pela Porto, que hoje é de 1,0 ponto porcentual até janeiro de 2025, tem um viés “claramente para cima”.

Já o Bradesco prevê que o Copom continue o ritmo de aumento de 0,25 ponto porcentual por mais três reuniões — de novembro até janeiro — mas reconhece que o modelo do BC indica chances de um ritmo e Orçamento “maiores do que aqueles incorporados em nosso cenário-base”, conforme escreveram em relatório divulgado ontem.

O banco projeta, por ora, Selic em 11,25% no fim do ano e em 11,50% ao fim do ciclo de aperto, contando com alguma desaceleração da atividade, apreciação da taxa de câmbio e acomodação das expectativas de inflação.

O Bradesco também chama atenção para o hiato do produto mais apertado, o aumento da projeção de inflação no cenário de referência do BC e para o balanço de riscos com assimetria para cima. “A mensagem que se extrai é de que há necessidade de maior restrição por parte da política monetária”, avalia.

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