Selic: mercado vê ‘choque de credibilidade’ e ‘ousadia’ em decisão dura do Copom


Para economista-chefe do Itaú, entretanto, a ausência de uma menção no comunicado de que a decisão foi tomada por unanimidade chamou a atenção

Por Eduardo Laguna, Antonio Perez e Caroline Aragaki

Na última reunião sob a presidência de Roberto Campos Neto, que em três semanas deixa o comando do Banco Central (BC), o Comitê de Política Monetária (Copom) não só dobrou o ritmo de alta de juros como sinalizou mais aperto adiante. A maior surpresa veio com a mensagem de que, se confirmado o cenário, o comitê vai repetir mais duas vezes o aumento de 1 ponto porcentual que levou nesta quarta-feira, 11, a Selic para 12,25%.

A estratégia foi vista como um acerto por alcançar as duas primeiras reuniões de 2025, quando sete dos nove membros do Copom serão diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que inclui o atual diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, sucessor de Campos Neto. Pode ajudar, dessa forma, a afastar, ao menos temporariamente, a suspeição de investidores em torno de Galípolo, dando mais tempo para o futuro presidente conquistar quem ainda não “comprou” a garantia de que ele terá liberdade de atuação.

continua após a publicidade

Há agora entre os analistas uma melhor perspectiva de o tom duro do BC ajudar a segurar o câmbio e as expectativas de inflação. Logo após a divulgação do comunicado, economistas de instituições como XP, Warren, Barclays e Bmg revisaram para cima as previsões para a Selic, colocando os juros dentro de uma faixa de 14,25% a 15%, numa aproximação da tendência que já tinha sido antecipada por investidores na curva de juros futuros.

O Itaú Unibanco publicou um comentário em que classifica a decisão desta quarta-feira como um “choque de credibilidade”. Para o Goldman Sachs, o Copom tomou uma “decisão ousada” ao aumentar o ritmo de aperto monetário. A indicação de mais duas altas na mesma magnitude veio de maneira “muito explícita” e mais dura do que o mercado esperava, escreveu o diretor de pesquisa macroeconômica do Goldman para a América Latina, Alberto Ramos.

Menos incertezas, mais adversidade

continua após a publicidade

O comunicado em que apresenta as primeiras justificativas do aperto mais forte nos juros mostra um Copom com menos incertezas, porém com um cenário mais adverso do que na reunião do mês passado, quando a Selic subiu 0,5 ponto porcentual. De lá para cá, os indicadores divulgados reforçaram os sinais de sobreaquecimento da economia, ao mesmo tempo em que o estresse no mercado diante de um pacote fiscal considerado frustrante levou o dólar a superar R$ 6,00. Tudo isso junto fez com que as expectativas de inflação se descolassem ainda mais da meta central e provocou uma atualização considerável na comunicação da autoridade monetária.

Sede do Banco Central, em Brasília Foto: Talita/Ado

No texto, o Copom chama a atenção para a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) relativo ao terceiro trimestre, que indicou uma “abertura adicional” do “hiato do produto” - ou seja, a economia está crescendo ainda mais acima de seu potencial. Também não deixa de mencionar o impacto “relevante” do recente anúncio fiscal sobre os preços de ativos, o prêmio de risco, as expectativas de inflação e a taxa de câmbio. Tais impactos, conclui, contribuem para uma dinâmica inflacionária mais adversa. Sua projeção de inflação para o segundo trimestre de 2026, atual horizonte relevante de política monetária, subiu de 3,6% para 4% no cenário de referência.

continua após a publicidade

Estrategista macro do BTG Pactual Portfolio Solutions, Alvaro Frasson entende que, mais do que um forward guidance - ou seja, uma sinalização dos próximos passos -, a mensagem de que o Copom antevê a repetição da alta desta quarta-feira é uma “certeza”, uma clara antecipação das decisões das próximas reuniões. “O comunicado faz um trabalho positivo e importante para a credibilidade. Nisso, acerta e retira o BC dos holofotes. O debate nos próximos três ou quatro meses não é mais política monetária”, comentou.

Apesar do primeiro impacto positivo da decisão, não passou despercebido pela lupa do ex-diretor do BC e economista-chefe do Itaú, Mario Mesquita, a ausência de uma menção no comunicado de que a decisão foi tomada por unanimidade. “Isso, em nossa opinião, levanta a possibilidade de que não houve consenso sobre a sinalização.” A resposta se houve ou não dissensos será conhecida na terça-feira, com a divulgação da ata da reunião.

Na última reunião sob a presidência de Roberto Campos Neto, que em três semanas deixa o comando do Banco Central (BC), o Comitê de Política Monetária (Copom) não só dobrou o ritmo de alta de juros como sinalizou mais aperto adiante. A maior surpresa veio com a mensagem de que, se confirmado o cenário, o comitê vai repetir mais duas vezes o aumento de 1 ponto porcentual que levou nesta quarta-feira, 11, a Selic para 12,25%.

A estratégia foi vista como um acerto por alcançar as duas primeiras reuniões de 2025, quando sete dos nove membros do Copom serão diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que inclui o atual diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, sucessor de Campos Neto. Pode ajudar, dessa forma, a afastar, ao menos temporariamente, a suspeição de investidores em torno de Galípolo, dando mais tempo para o futuro presidente conquistar quem ainda não “comprou” a garantia de que ele terá liberdade de atuação.

Há agora entre os analistas uma melhor perspectiva de o tom duro do BC ajudar a segurar o câmbio e as expectativas de inflação. Logo após a divulgação do comunicado, economistas de instituições como XP, Warren, Barclays e Bmg revisaram para cima as previsões para a Selic, colocando os juros dentro de uma faixa de 14,25% a 15%, numa aproximação da tendência que já tinha sido antecipada por investidores na curva de juros futuros.

O Itaú Unibanco publicou um comentário em que classifica a decisão desta quarta-feira como um “choque de credibilidade”. Para o Goldman Sachs, o Copom tomou uma “decisão ousada” ao aumentar o ritmo de aperto monetário. A indicação de mais duas altas na mesma magnitude veio de maneira “muito explícita” e mais dura do que o mercado esperava, escreveu o diretor de pesquisa macroeconômica do Goldman para a América Latina, Alberto Ramos.

Menos incertezas, mais adversidade

O comunicado em que apresenta as primeiras justificativas do aperto mais forte nos juros mostra um Copom com menos incertezas, porém com um cenário mais adverso do que na reunião do mês passado, quando a Selic subiu 0,5 ponto porcentual. De lá para cá, os indicadores divulgados reforçaram os sinais de sobreaquecimento da economia, ao mesmo tempo em que o estresse no mercado diante de um pacote fiscal considerado frustrante levou o dólar a superar R$ 6,00. Tudo isso junto fez com que as expectativas de inflação se descolassem ainda mais da meta central e provocou uma atualização considerável na comunicação da autoridade monetária.

Sede do Banco Central, em Brasília Foto: Talita/Ado

No texto, o Copom chama a atenção para a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) relativo ao terceiro trimestre, que indicou uma “abertura adicional” do “hiato do produto” - ou seja, a economia está crescendo ainda mais acima de seu potencial. Também não deixa de mencionar o impacto “relevante” do recente anúncio fiscal sobre os preços de ativos, o prêmio de risco, as expectativas de inflação e a taxa de câmbio. Tais impactos, conclui, contribuem para uma dinâmica inflacionária mais adversa. Sua projeção de inflação para o segundo trimestre de 2026, atual horizonte relevante de política monetária, subiu de 3,6% para 4% no cenário de referência.

Estrategista macro do BTG Pactual Portfolio Solutions, Alvaro Frasson entende que, mais do que um forward guidance - ou seja, uma sinalização dos próximos passos -, a mensagem de que o Copom antevê a repetição da alta desta quarta-feira é uma “certeza”, uma clara antecipação das decisões das próximas reuniões. “O comunicado faz um trabalho positivo e importante para a credibilidade. Nisso, acerta e retira o BC dos holofotes. O debate nos próximos três ou quatro meses não é mais política monetária”, comentou.

Apesar do primeiro impacto positivo da decisão, não passou despercebido pela lupa do ex-diretor do BC e economista-chefe do Itaú, Mario Mesquita, a ausência de uma menção no comunicado de que a decisão foi tomada por unanimidade. “Isso, em nossa opinião, levanta a possibilidade de que não houve consenso sobre a sinalização.” A resposta se houve ou não dissensos será conhecida na terça-feira, com a divulgação da ata da reunião.

Na última reunião sob a presidência de Roberto Campos Neto, que em três semanas deixa o comando do Banco Central (BC), o Comitê de Política Monetária (Copom) não só dobrou o ritmo de alta de juros como sinalizou mais aperto adiante. A maior surpresa veio com a mensagem de que, se confirmado o cenário, o comitê vai repetir mais duas vezes o aumento de 1 ponto porcentual que levou nesta quarta-feira, 11, a Selic para 12,25%.

A estratégia foi vista como um acerto por alcançar as duas primeiras reuniões de 2025, quando sete dos nove membros do Copom serão diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que inclui o atual diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, sucessor de Campos Neto. Pode ajudar, dessa forma, a afastar, ao menos temporariamente, a suspeição de investidores em torno de Galípolo, dando mais tempo para o futuro presidente conquistar quem ainda não “comprou” a garantia de que ele terá liberdade de atuação.

Há agora entre os analistas uma melhor perspectiva de o tom duro do BC ajudar a segurar o câmbio e as expectativas de inflação. Logo após a divulgação do comunicado, economistas de instituições como XP, Warren, Barclays e Bmg revisaram para cima as previsões para a Selic, colocando os juros dentro de uma faixa de 14,25% a 15%, numa aproximação da tendência que já tinha sido antecipada por investidores na curva de juros futuros.

O Itaú Unibanco publicou um comentário em que classifica a decisão desta quarta-feira como um “choque de credibilidade”. Para o Goldman Sachs, o Copom tomou uma “decisão ousada” ao aumentar o ritmo de aperto monetário. A indicação de mais duas altas na mesma magnitude veio de maneira “muito explícita” e mais dura do que o mercado esperava, escreveu o diretor de pesquisa macroeconômica do Goldman para a América Latina, Alberto Ramos.

Menos incertezas, mais adversidade

O comunicado em que apresenta as primeiras justificativas do aperto mais forte nos juros mostra um Copom com menos incertezas, porém com um cenário mais adverso do que na reunião do mês passado, quando a Selic subiu 0,5 ponto porcentual. De lá para cá, os indicadores divulgados reforçaram os sinais de sobreaquecimento da economia, ao mesmo tempo em que o estresse no mercado diante de um pacote fiscal considerado frustrante levou o dólar a superar R$ 6,00. Tudo isso junto fez com que as expectativas de inflação se descolassem ainda mais da meta central e provocou uma atualização considerável na comunicação da autoridade monetária.

Sede do Banco Central, em Brasília Foto: Talita/Ado

No texto, o Copom chama a atenção para a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) relativo ao terceiro trimestre, que indicou uma “abertura adicional” do “hiato do produto” - ou seja, a economia está crescendo ainda mais acima de seu potencial. Também não deixa de mencionar o impacto “relevante” do recente anúncio fiscal sobre os preços de ativos, o prêmio de risco, as expectativas de inflação e a taxa de câmbio. Tais impactos, conclui, contribuem para uma dinâmica inflacionária mais adversa. Sua projeção de inflação para o segundo trimestre de 2026, atual horizonte relevante de política monetária, subiu de 3,6% para 4% no cenário de referência.

Estrategista macro do BTG Pactual Portfolio Solutions, Alvaro Frasson entende que, mais do que um forward guidance - ou seja, uma sinalização dos próximos passos -, a mensagem de que o Copom antevê a repetição da alta desta quarta-feira é uma “certeza”, uma clara antecipação das decisões das próximas reuniões. “O comunicado faz um trabalho positivo e importante para a credibilidade. Nisso, acerta e retira o BC dos holofotes. O debate nos próximos três ou quatro meses não é mais política monetária”, comentou.

Apesar do primeiro impacto positivo da decisão, não passou despercebido pela lupa do ex-diretor do BC e economista-chefe do Itaú, Mario Mesquita, a ausência de uma menção no comunicado de que a decisão foi tomada por unanimidade. “Isso, em nossa opinião, levanta a possibilidade de que não houve consenso sobre a sinalização.” A resposta se houve ou não dissensos será conhecida na terça-feira, com a divulgação da ata da reunião.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.