SEM PAGAMENTO, 200 MIL CARROS SÃO LEILOADOS


Brasil alcançou o quarto lugar na lista de maiores mercados de veículos do mundo, mas consumidores penam para pagar prestações

Por Redação

A bolha do crédito farto ajudou o Brasil a ocupar pela primeira vez, em 2010, o quarto lugar na lista dos maiores mercados de veículos do mundo, posição que vem sendo mantida. Neste ano, as vendas devem atingir o recorde de 3,8 milhões de unidades. Muitos dos consumidores que ajudaram o País a chegar a esse posto, contudo, hoje penam para pagar as prestações ou tiveram o carro retomado por falta de pagamento.O índice de inadimplência em veículos passou de 2,5% dos contratos em 2010 para 5,6% neste ano. O calote vem caindo, depois de atingir o pico de 6,1% em maio, mas ainda é alto. Em valores, um total de R$ 10,5 bilhões em parcelas deixou de ser pago, muito acima do saldo de R$ 3,8 bilhões de dois anos atrás."O estrago neste ano foi muito maior do que o imaginado", diz Décio Carbonari, presidente da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef). Parte dos devedores são pessoas que compraram o primeiro carro zero, atraídas por planos de pagamento sem entrada, prazos de 60 a 80 meses e "parcelas que cabiam no bolso".Com mais da metade das prestações a vencer, o consumidor se deu conta de que o saldo devedor era bem maior que o valor do bem - que deprecia-se em média 15% ao ano. "Hoje, com o saldo devedor de um financiamento feito há dois anos é possível comprar um carro mais moderno e com juro menor", diz Paulo Garbossa, da consultoria ADK.O juro hoje é menor em consequência da política adotada pelo Banco Central. Caiu de 40,6% na média anual no fim de 2010 para menos de 35%. Os automóveis também estão mais baratos em razão da concorrência de novas marcas e alguns modelos são lançados a preços mais baixos que os antigos.Bancos e associações não divulgam a quantidade de carros retomados por falta de pagamento. Mas dados de empresas de leilões dão ideia do tamanho do problema. Segundo quatro grandes grupos que atuam no Estado de São Paulo, entre 180 mil e 200 mil veículos foram retomados por falta de pagamento nos últimos dois anos.Só a Sodré Santoro, a maior do ramo no País, vendeu, em leilões diários, de 4 mil a 5 mil veículos por mês em 2011 e 2012. Nos anos anteriores, a média era de 3,5 mil a 4 mil. De acordo com o leiloeiro Moacir De Santi, cerca de 60% dos carros foram recuperados pelos bancos e financeiras após ações por atraso nas parcelas.Atualmente, os cinco pátios da Sodré em São Paulo e no Paraná estão com elevada ocupação, diz Santi. Juntos, têm capacidade para quase 30 mil carros. O maior deles, em Guarulhos, na Grande São Paulo, tem cerca de 14 mil carros aguardando lances. O maquinista Reginaldo Gomes, morador da capital, já pagou 15 prestações (R$ 14,5 mil) de um Corsa zero adquirido em 60 parcelas de R$ 967. À vista, custaria R$ 30 mil. Recentemente, ele teve aprovado um financiamento habitacional (com parcelas mensais de R$ 958) e constatou que seu rendimento, de cerca de R$ 3 mil, não dá para as duas contas e ainda manter esposa e dois filhos. Antes de ficar inadimplente e ver o carro ser retomado, Gomes o colocou à venda. Aceita entregá-lo a quem assumir as 45 parcelas restantes, sem qualquer entrada. "Prefiro perder o que já paguei do que perder tudo."As financeiras esperam que a queda da inadimplência verificada nos últimos dois meses se mantenha. "A partir deste ano, há uma safra melhor de crédito, depois que os bancos passaram a ser mais criteriosos, e a tendência é de queda da inadimplência em 2013", diz Carbonari.Ele ressalta que também contribuíram para o calote recorde a alta da inflação, que corrói salários na classe de menor renda, e medidas do BC dificultando o empréstimo consignado - usado para cobrir outras dívidas. Para 2013, Carbonari prevê crescimento de 8% a 10% na carteira de financiamentos, que este ano deve ficar em cerca de R$ 200 bilhões, valor próximo ao de 2011./ C.S.

A bolha do crédito farto ajudou o Brasil a ocupar pela primeira vez, em 2010, o quarto lugar na lista dos maiores mercados de veículos do mundo, posição que vem sendo mantida. Neste ano, as vendas devem atingir o recorde de 3,8 milhões de unidades. Muitos dos consumidores que ajudaram o País a chegar a esse posto, contudo, hoje penam para pagar as prestações ou tiveram o carro retomado por falta de pagamento.O índice de inadimplência em veículos passou de 2,5% dos contratos em 2010 para 5,6% neste ano. O calote vem caindo, depois de atingir o pico de 6,1% em maio, mas ainda é alto. Em valores, um total de R$ 10,5 bilhões em parcelas deixou de ser pago, muito acima do saldo de R$ 3,8 bilhões de dois anos atrás."O estrago neste ano foi muito maior do que o imaginado", diz Décio Carbonari, presidente da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef). Parte dos devedores são pessoas que compraram o primeiro carro zero, atraídas por planos de pagamento sem entrada, prazos de 60 a 80 meses e "parcelas que cabiam no bolso".Com mais da metade das prestações a vencer, o consumidor se deu conta de que o saldo devedor era bem maior que o valor do bem - que deprecia-se em média 15% ao ano. "Hoje, com o saldo devedor de um financiamento feito há dois anos é possível comprar um carro mais moderno e com juro menor", diz Paulo Garbossa, da consultoria ADK.O juro hoje é menor em consequência da política adotada pelo Banco Central. Caiu de 40,6% na média anual no fim de 2010 para menos de 35%. Os automóveis também estão mais baratos em razão da concorrência de novas marcas e alguns modelos são lançados a preços mais baixos que os antigos.Bancos e associações não divulgam a quantidade de carros retomados por falta de pagamento. Mas dados de empresas de leilões dão ideia do tamanho do problema. Segundo quatro grandes grupos que atuam no Estado de São Paulo, entre 180 mil e 200 mil veículos foram retomados por falta de pagamento nos últimos dois anos.Só a Sodré Santoro, a maior do ramo no País, vendeu, em leilões diários, de 4 mil a 5 mil veículos por mês em 2011 e 2012. Nos anos anteriores, a média era de 3,5 mil a 4 mil. De acordo com o leiloeiro Moacir De Santi, cerca de 60% dos carros foram recuperados pelos bancos e financeiras após ações por atraso nas parcelas.Atualmente, os cinco pátios da Sodré em São Paulo e no Paraná estão com elevada ocupação, diz Santi. Juntos, têm capacidade para quase 30 mil carros. O maior deles, em Guarulhos, na Grande São Paulo, tem cerca de 14 mil carros aguardando lances. O maquinista Reginaldo Gomes, morador da capital, já pagou 15 prestações (R$ 14,5 mil) de um Corsa zero adquirido em 60 parcelas de R$ 967. À vista, custaria R$ 30 mil. Recentemente, ele teve aprovado um financiamento habitacional (com parcelas mensais de R$ 958) e constatou que seu rendimento, de cerca de R$ 3 mil, não dá para as duas contas e ainda manter esposa e dois filhos. Antes de ficar inadimplente e ver o carro ser retomado, Gomes o colocou à venda. Aceita entregá-lo a quem assumir as 45 parcelas restantes, sem qualquer entrada. "Prefiro perder o que já paguei do que perder tudo."As financeiras esperam que a queda da inadimplência verificada nos últimos dois meses se mantenha. "A partir deste ano, há uma safra melhor de crédito, depois que os bancos passaram a ser mais criteriosos, e a tendência é de queda da inadimplência em 2013", diz Carbonari.Ele ressalta que também contribuíram para o calote recorde a alta da inflação, que corrói salários na classe de menor renda, e medidas do BC dificultando o empréstimo consignado - usado para cobrir outras dívidas. Para 2013, Carbonari prevê crescimento de 8% a 10% na carteira de financiamentos, que este ano deve ficar em cerca de R$ 200 bilhões, valor próximo ao de 2011./ C.S.

A bolha do crédito farto ajudou o Brasil a ocupar pela primeira vez, em 2010, o quarto lugar na lista dos maiores mercados de veículos do mundo, posição que vem sendo mantida. Neste ano, as vendas devem atingir o recorde de 3,8 milhões de unidades. Muitos dos consumidores que ajudaram o País a chegar a esse posto, contudo, hoje penam para pagar as prestações ou tiveram o carro retomado por falta de pagamento.O índice de inadimplência em veículos passou de 2,5% dos contratos em 2010 para 5,6% neste ano. O calote vem caindo, depois de atingir o pico de 6,1% em maio, mas ainda é alto. Em valores, um total de R$ 10,5 bilhões em parcelas deixou de ser pago, muito acima do saldo de R$ 3,8 bilhões de dois anos atrás."O estrago neste ano foi muito maior do que o imaginado", diz Décio Carbonari, presidente da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef). Parte dos devedores são pessoas que compraram o primeiro carro zero, atraídas por planos de pagamento sem entrada, prazos de 60 a 80 meses e "parcelas que cabiam no bolso".Com mais da metade das prestações a vencer, o consumidor se deu conta de que o saldo devedor era bem maior que o valor do bem - que deprecia-se em média 15% ao ano. "Hoje, com o saldo devedor de um financiamento feito há dois anos é possível comprar um carro mais moderno e com juro menor", diz Paulo Garbossa, da consultoria ADK.O juro hoje é menor em consequência da política adotada pelo Banco Central. Caiu de 40,6% na média anual no fim de 2010 para menos de 35%. Os automóveis também estão mais baratos em razão da concorrência de novas marcas e alguns modelos são lançados a preços mais baixos que os antigos.Bancos e associações não divulgam a quantidade de carros retomados por falta de pagamento. Mas dados de empresas de leilões dão ideia do tamanho do problema. Segundo quatro grandes grupos que atuam no Estado de São Paulo, entre 180 mil e 200 mil veículos foram retomados por falta de pagamento nos últimos dois anos.Só a Sodré Santoro, a maior do ramo no País, vendeu, em leilões diários, de 4 mil a 5 mil veículos por mês em 2011 e 2012. Nos anos anteriores, a média era de 3,5 mil a 4 mil. De acordo com o leiloeiro Moacir De Santi, cerca de 60% dos carros foram recuperados pelos bancos e financeiras após ações por atraso nas parcelas.Atualmente, os cinco pátios da Sodré em São Paulo e no Paraná estão com elevada ocupação, diz Santi. Juntos, têm capacidade para quase 30 mil carros. O maior deles, em Guarulhos, na Grande São Paulo, tem cerca de 14 mil carros aguardando lances. O maquinista Reginaldo Gomes, morador da capital, já pagou 15 prestações (R$ 14,5 mil) de um Corsa zero adquirido em 60 parcelas de R$ 967. À vista, custaria R$ 30 mil. Recentemente, ele teve aprovado um financiamento habitacional (com parcelas mensais de R$ 958) e constatou que seu rendimento, de cerca de R$ 3 mil, não dá para as duas contas e ainda manter esposa e dois filhos. Antes de ficar inadimplente e ver o carro ser retomado, Gomes o colocou à venda. Aceita entregá-lo a quem assumir as 45 parcelas restantes, sem qualquer entrada. "Prefiro perder o que já paguei do que perder tudo."As financeiras esperam que a queda da inadimplência verificada nos últimos dois meses se mantenha. "A partir deste ano, há uma safra melhor de crédito, depois que os bancos passaram a ser mais criteriosos, e a tendência é de queda da inadimplência em 2013", diz Carbonari.Ele ressalta que também contribuíram para o calote recorde a alta da inflação, que corrói salários na classe de menor renda, e medidas do BC dificultando o empréstimo consignado - usado para cobrir outras dívidas. Para 2013, Carbonari prevê crescimento de 8% a 10% na carteira de financiamentos, que este ano deve ficar em cerca de R$ 200 bilhões, valor próximo ao de 2011./ C.S.

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