‘Sem privatização, Petrobras vai ser uma nau sem rumo’, diz Castello Branco


Para o ex-presidente da empresa, só a venda do controle para o setor privado vai blindá-la contra interferências políticas na gestão

Por José Fucs
Atualização:

O ex-presidente da Petrobras Roberto Castello Branco, que dirigiu a companhia de janeiro de 2019 a abril de 2021, nos primeiros anos do governo Bolsonaro, afirmou ao Estadão nesta quarta-feira, 15, que a única saída para evitar a interferência política do governo na empresa é a privatização.

“Só há uma solução para a Petrobras: a privatização. Do contrário, a Petrobras vai ser uma nau sem rumo, navegando de acordo com o vento soprado pelo presidente da República que estiver no poder”, disse Castello Branco, ao comentar a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de demitir o comandante da empresa, Jean Paul Prates, e indicar Magda Chambriard, ex-diretora da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) no governo Dilma, para substituí-lo.

Para Castello Branco, o presidente da República "costuma se julgar dono da Petrobras" Foto: Daniel Teixeira/Estadão
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Segundo Castello Branco, enquanto a Petrobras continuar a ser uma empresa de economia mista, que tem ações negociadas no mercado, mas é controlada pelo governo, estará sujeita a enfrentar turbulências do gênero. “Isso aconteceu com frequência ao longo da história da Petrobras e está acontecendo de novo agora. O presidente da Petrobras está subordinado ao presidente da República, que costuma se julgar dono da companhia, e tem de conciliar interesses políticos com interesses econômicos, que são inconciliáveis”, afirmou. “O presidente da República quer intervir nos preços, quer intervir na gestão do portfólio da empresa, quer investir em ativos que não fazem parte do negócio, quer influenciar as decisões da diretoria, dos executivos, da gerência. Então, é simples: ou a pessoa se subordina integralmente ao que o presidente da República quer ou então está fora, o que acaba gerando essas crises.”

Embora não tenha ilusões em relação à privatização da Petrobras no governo Lula, Castello Branco disse que é importante reforçar o debate sobre a questão, para que a ideia possa prosperar mais adiante. “No momento, não há nada que possa ser feito. No cenário atual, não há ambiente para fazer a privatização, até porque a linha do governo é antiprivatização, pró-Estado, mas não custa apontar o problema, para que as pessoas se convençam de que a empresa deve ser privatizada e para que isso venha a acontecer num futuro próximo, em outro governo.”

O ex-presidente da Petrobras se mostrou contrário aos planos do governo para a companhia, de investir pesado em estaleiros e em gasodutos, que teriam motivado a troca da comando. “É uma aposta no que já deu errado. O bom senso manda não fazer isso. Você pode errar, mas repetir erros é imperdoável”, afirmou. “O Brasil não tem uma indústria naval competitiva. A China, a Coreia e o Japão têm uma tecnologia superior e produzem em larga escala para o mercado global e não para um mercado só e para um cliente só. Mesmo que o cliente seja grande, o custo da produção no País é superior, a qualidade não é tão boa, há atrasos na entrega e, no passado, isso já foi muito danoso para a Petrobras.”

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Sobre a queda das cotações dos papéis da empresa nesta quarta-feira, que chegou a provocar uma perda de R$ 50 bilhões em seu valor de mercado, Castello Branco disse que isso é um reflexo das expectativas negativas dos investidores com a gestão de Magda Chambriard.

“O mercado não gosta de instabilidade. Com o Prates, apesar da desvinculação dos preços dos combustíveis da paridade internacional, o mercado sabia o que podia esperar”, disse. “Agora, com a substituta, isso já não acontece, até porque o histórico dela como diretora da ANP não foi o de uma pessoa amigável às empresas. Ao contrário. Aparentemente, ele teve uma postura confrontacional, o que gera insegurança em relação ao que vem por aí.”

O ex-presidente da Petrobras Roberto Castello Branco, que dirigiu a companhia de janeiro de 2019 a abril de 2021, nos primeiros anos do governo Bolsonaro, afirmou ao Estadão nesta quarta-feira, 15, que a única saída para evitar a interferência política do governo na empresa é a privatização.

“Só há uma solução para a Petrobras: a privatização. Do contrário, a Petrobras vai ser uma nau sem rumo, navegando de acordo com o vento soprado pelo presidente da República que estiver no poder”, disse Castello Branco, ao comentar a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de demitir o comandante da empresa, Jean Paul Prates, e indicar Magda Chambriard, ex-diretora da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) no governo Dilma, para substituí-lo.

Para Castello Branco, o presidente da República "costuma se julgar dono da Petrobras" Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Segundo Castello Branco, enquanto a Petrobras continuar a ser uma empresa de economia mista, que tem ações negociadas no mercado, mas é controlada pelo governo, estará sujeita a enfrentar turbulências do gênero. “Isso aconteceu com frequência ao longo da história da Petrobras e está acontecendo de novo agora. O presidente da Petrobras está subordinado ao presidente da República, que costuma se julgar dono da companhia, e tem de conciliar interesses políticos com interesses econômicos, que são inconciliáveis”, afirmou. “O presidente da República quer intervir nos preços, quer intervir na gestão do portfólio da empresa, quer investir em ativos que não fazem parte do negócio, quer influenciar as decisões da diretoria, dos executivos, da gerência. Então, é simples: ou a pessoa se subordina integralmente ao que o presidente da República quer ou então está fora, o que acaba gerando essas crises.”

Embora não tenha ilusões em relação à privatização da Petrobras no governo Lula, Castello Branco disse que é importante reforçar o debate sobre a questão, para que a ideia possa prosperar mais adiante. “No momento, não há nada que possa ser feito. No cenário atual, não há ambiente para fazer a privatização, até porque a linha do governo é antiprivatização, pró-Estado, mas não custa apontar o problema, para que as pessoas se convençam de que a empresa deve ser privatizada e para que isso venha a acontecer num futuro próximo, em outro governo.”

O ex-presidente da Petrobras se mostrou contrário aos planos do governo para a companhia, de investir pesado em estaleiros e em gasodutos, que teriam motivado a troca da comando. “É uma aposta no que já deu errado. O bom senso manda não fazer isso. Você pode errar, mas repetir erros é imperdoável”, afirmou. “O Brasil não tem uma indústria naval competitiva. A China, a Coreia e o Japão têm uma tecnologia superior e produzem em larga escala para o mercado global e não para um mercado só e para um cliente só. Mesmo que o cliente seja grande, o custo da produção no País é superior, a qualidade não é tão boa, há atrasos na entrega e, no passado, isso já foi muito danoso para a Petrobras.”

Sobre a queda das cotações dos papéis da empresa nesta quarta-feira, que chegou a provocar uma perda de R$ 50 bilhões em seu valor de mercado, Castello Branco disse que isso é um reflexo das expectativas negativas dos investidores com a gestão de Magda Chambriard.

“O mercado não gosta de instabilidade. Com o Prates, apesar da desvinculação dos preços dos combustíveis da paridade internacional, o mercado sabia o que podia esperar”, disse. “Agora, com a substituta, isso já não acontece, até porque o histórico dela como diretora da ANP não foi o de uma pessoa amigável às empresas. Ao contrário. Aparentemente, ele teve uma postura confrontacional, o que gera insegurança em relação ao que vem por aí.”

O ex-presidente da Petrobras Roberto Castello Branco, que dirigiu a companhia de janeiro de 2019 a abril de 2021, nos primeiros anos do governo Bolsonaro, afirmou ao Estadão nesta quarta-feira, 15, que a única saída para evitar a interferência política do governo na empresa é a privatização.

“Só há uma solução para a Petrobras: a privatização. Do contrário, a Petrobras vai ser uma nau sem rumo, navegando de acordo com o vento soprado pelo presidente da República que estiver no poder”, disse Castello Branco, ao comentar a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de demitir o comandante da empresa, Jean Paul Prates, e indicar Magda Chambriard, ex-diretora da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) no governo Dilma, para substituí-lo.

Para Castello Branco, o presidente da República "costuma se julgar dono da Petrobras" Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Segundo Castello Branco, enquanto a Petrobras continuar a ser uma empresa de economia mista, que tem ações negociadas no mercado, mas é controlada pelo governo, estará sujeita a enfrentar turbulências do gênero. “Isso aconteceu com frequência ao longo da história da Petrobras e está acontecendo de novo agora. O presidente da Petrobras está subordinado ao presidente da República, que costuma se julgar dono da companhia, e tem de conciliar interesses políticos com interesses econômicos, que são inconciliáveis”, afirmou. “O presidente da República quer intervir nos preços, quer intervir na gestão do portfólio da empresa, quer investir em ativos que não fazem parte do negócio, quer influenciar as decisões da diretoria, dos executivos, da gerência. Então, é simples: ou a pessoa se subordina integralmente ao que o presidente da República quer ou então está fora, o que acaba gerando essas crises.”

Embora não tenha ilusões em relação à privatização da Petrobras no governo Lula, Castello Branco disse que é importante reforçar o debate sobre a questão, para que a ideia possa prosperar mais adiante. “No momento, não há nada que possa ser feito. No cenário atual, não há ambiente para fazer a privatização, até porque a linha do governo é antiprivatização, pró-Estado, mas não custa apontar o problema, para que as pessoas se convençam de que a empresa deve ser privatizada e para que isso venha a acontecer num futuro próximo, em outro governo.”

O ex-presidente da Petrobras se mostrou contrário aos planos do governo para a companhia, de investir pesado em estaleiros e em gasodutos, que teriam motivado a troca da comando. “É uma aposta no que já deu errado. O bom senso manda não fazer isso. Você pode errar, mas repetir erros é imperdoável”, afirmou. “O Brasil não tem uma indústria naval competitiva. A China, a Coreia e o Japão têm uma tecnologia superior e produzem em larga escala para o mercado global e não para um mercado só e para um cliente só. Mesmo que o cliente seja grande, o custo da produção no País é superior, a qualidade não é tão boa, há atrasos na entrega e, no passado, isso já foi muito danoso para a Petrobras.”

Sobre a queda das cotações dos papéis da empresa nesta quarta-feira, que chegou a provocar uma perda de R$ 50 bilhões em seu valor de mercado, Castello Branco disse que isso é um reflexo das expectativas negativas dos investidores com a gestão de Magda Chambriard.

“O mercado não gosta de instabilidade. Com o Prates, apesar da desvinculação dos preços dos combustíveis da paridade internacional, o mercado sabia o que podia esperar”, disse. “Agora, com a substituta, isso já não acontece, até porque o histórico dela como diretora da ANP não foi o de uma pessoa amigável às empresas. Ao contrário. Aparentemente, ele teve uma postura confrontacional, o que gera insegurança em relação ao que vem por aí.”

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