Seminário aponta caminhos para melhorar o transporte público


Setor está seguindo todos os protocolos de segurança contra a covid-19

Por Mercedes-Benz
Atualização:
Getty Images 

Em tempos de eleições municipais, como alertou Walter Barbosa, diretor de Vendas e Marketing de Ônibus da Mercedes-Benz do Brasil, é fundamental “não deixar de olhar na pauta de propostas dos candidatos se o tema mobilidade urbana está presente”. De acordo com o executivo, que participou de um seminário virtual sobre mobilidade urbana organizado pelo Estadão, a empresa está totalmente preparada, em termos tecnológicos, para atender as demandas dos próximos anos. “O fundamental é oferecer um custo operacional menor e tecnologias mais eficientes e que emitam menos poluentes”, diz Barbosa. “No caso da Mercedes-Benz, o grupo Daimler detém a tecnologia de motores, como exemplo o HVO, biodiesel de última geração, a gás e elétrico”, afirma o representante da montadora de ônibus.

Os problemas do transporte público brasileiro, segundo Barbosa e os demais representantes do setor que estiveram no evento, começam quando as questões de infraestrutura e de políticas públicas duradouras entram na mesa de discussão. “O transporte público deve ser o eixo principal da qualificação da vida urbana, desde que a sociedade tenha um projeto de mobilidade”, afirma Ailton Brasiliense Pires, presidente da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP). Segundo ele, a melhoria do transporte público brasileiro, inclusive a um custo menor, é possível, desde que todos os setores dialoguem e construam planos duradouros, voltados não apenas para um único mandato de um prefeito, mas para várias décadas.

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“Continuar achando que transporte público é para pobre não vai resolver o problema. Isso mostra como está tudo errado. A sociedade precisa repensar a cidade de hoje de uma forma completa”, diz o especialista em mobilidade urbana. De acordo com o presidente da ANTP, os planos diretores das cidades e a discussão sobre uso e ocupação do solo precisam ser reconfigurados a partir do transporte público. “Devem ser projetos para 10 a 20 anos. Não é o gestor que deve decidir o plano. As ideias devem partir da sociedade, e cabe aos gestores executá-las.”

O exemplo paulistano, segundo Pires, é emblemático. Até 1950 a cidade construiu o seu desenvolvimento considerando a rede de transporte sobre trilhos, incluindo os bondes. Porém, depois disso, apesar de a população ter aumentado na ordem de dez vezes até hoje, o transporte individual passou a ser prioridade. “Como resultado, o deslocamento médio, que era de 15 minutos, passou para 70 minutos”, afirma o pesquisador. Um transporte público ruim, segundo Pires, acaba gerando muitos impactos negativos nas cidades, inclusive financeiros. “A quantidade de poluição, de congestionamento e de acidentes aumenta muito”, afirma.

O desequilíbrio entre transporte individual e coletivo – nenhum participante do seminário é contra o uso do automóvel – foi realçado no exemplo dado por Otávio da Cunha, presidente da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU). Segundo ele, em São Paulo, enquanto 70% das vias são ocupadas pelo transporte individual, esse modo de deslocamento costuma levar apenas 25% das pessoas. “Tem solução, mas ela precisa ser estruturada. O empresário é sempre visto como um vilão, mas estamos falando de um serviço que é público. Por isso, defendemos a elaboração de um marco regulatório do transporte, que seria um caminho seguro para a melhoria do nosso setor”, afirma Cunha.

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Entre os pontos polêmicos do debate sobre mobilidade urbana, como as gratuidades do setor, o presidente da NTU não é a favor de que elas sejam eliminadas. Mas ele quer que o custo desse processo seja coberto pelo poder público. “Uma taxa sobre a gasolina, por exemplo, poderia cobrir as gratuidades. Ou mesmo uma cobrança maior pelo licenciamento poderia resolver”, afirma o executivo do setor de transporte público.

Pandemia

Se o debate sobre as próximas décadas do transporte público nas cidades é um ponto central em tempos de eleições municipais, o setor também está atento aos protocolos de segurança que precisam ser seguidos para que a população volte a se sentir segura dentro de ônibus e trens, onde a chance de ocorrer aglomerações é sempre maior. 

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“Como a Mercedes é protagonista da mobilidade urbana, nós temos a obrigação de informar corretamente a população”, afirma Walter Barbosa, diretor de Vendas e Marketing de Ônibus da Mercedes-Benz do Brasil, empresa que acaba de lançar a campanha “Vá de ônibus e vá seguro”.

Para o executivo, um dos mitos que precisa ser derrubado é o do ar-condicionado. “As pessoas pensam que ele é um grande ponto de contaminação e que o ar no interior dos ônibus nunca é renovado, mas isso não é verdade”, afirma Barbosa. Segundo ele, os equipamentos de refrigeração dos ônibus estão totalmente preparados com filtros de ar que conseguem eliminar 99% dos vírus e das bactérias do ambiente. “E o ar no interior dos veículos chega a ser renovado algumas vezes por segundo, dependendo um pouco do equipamento utilizado. É algo superseguro”, diz o representante da Mercedes.

Para Otávio Cunha, dificilmente a demanda será como antes, porque todos estão aprendendo com a pandemia. Mas isso não significa, segundo ele, que seja inseguro viajar de ônibus; muito pelo contrário. “Se tomarmos todos os cuidados, como as empresas estão fazendo, a possibilidade de se contaminar é muito pequena”, afirma o dirigente da NTU. Ajuda e muito, segundo ele, a participação da população, que também deve seguir todos os protocolos de segurança, como lavar as mãos e usar máscara. 

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“A mobilidade urbana bem conduzida será importante para a retomada das cidades como um todo. Nossos estudos mostram que não existe correlação entre o uso de transporte público e o aumento dos números de casos de covid-19. Mas também não estamos falando que o risco de contaminação não existe. Os usuários, por exemplo, são informados de que precisam lavar as mãos antes e depois de usar o transporte. Assim como as empresas devem fazer a higienização dos veículos nas garagens e, durante o dia, limpar também os corrimões e as botoeiras sempre que possível”, afirma Cunha.

Continuar achando que transporte público é para pobre não vai resolver o problema. Isso mostra como está tudo errado. A sociedade precisa repensar a cidade de hoje de uma forma completa

Ailton Brasiliense Pires, presidente da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP)

Getty Images 

Em tempos de eleições municipais, como alertou Walter Barbosa, diretor de Vendas e Marketing de Ônibus da Mercedes-Benz do Brasil, é fundamental “não deixar de olhar na pauta de propostas dos candidatos se o tema mobilidade urbana está presente”. De acordo com o executivo, que participou de um seminário virtual sobre mobilidade urbana organizado pelo Estadão, a empresa está totalmente preparada, em termos tecnológicos, para atender as demandas dos próximos anos. “O fundamental é oferecer um custo operacional menor e tecnologias mais eficientes e que emitam menos poluentes”, diz Barbosa. “No caso da Mercedes-Benz, o grupo Daimler detém a tecnologia de motores, como exemplo o HVO, biodiesel de última geração, a gás e elétrico”, afirma o representante da montadora de ônibus.

Os problemas do transporte público brasileiro, segundo Barbosa e os demais representantes do setor que estiveram no evento, começam quando as questões de infraestrutura e de políticas públicas duradouras entram na mesa de discussão. “O transporte público deve ser o eixo principal da qualificação da vida urbana, desde que a sociedade tenha um projeto de mobilidade”, afirma Ailton Brasiliense Pires, presidente da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP). Segundo ele, a melhoria do transporte público brasileiro, inclusive a um custo menor, é possível, desde que todos os setores dialoguem e construam planos duradouros, voltados não apenas para um único mandato de um prefeito, mas para várias décadas.

“Continuar achando que transporte público é para pobre não vai resolver o problema. Isso mostra como está tudo errado. A sociedade precisa repensar a cidade de hoje de uma forma completa”, diz o especialista em mobilidade urbana. De acordo com o presidente da ANTP, os planos diretores das cidades e a discussão sobre uso e ocupação do solo precisam ser reconfigurados a partir do transporte público. “Devem ser projetos para 10 a 20 anos. Não é o gestor que deve decidir o plano. As ideias devem partir da sociedade, e cabe aos gestores executá-las.”

O exemplo paulistano, segundo Pires, é emblemático. Até 1950 a cidade construiu o seu desenvolvimento considerando a rede de transporte sobre trilhos, incluindo os bondes. Porém, depois disso, apesar de a população ter aumentado na ordem de dez vezes até hoje, o transporte individual passou a ser prioridade. “Como resultado, o deslocamento médio, que era de 15 minutos, passou para 70 minutos”, afirma o pesquisador. Um transporte público ruim, segundo Pires, acaba gerando muitos impactos negativos nas cidades, inclusive financeiros. “A quantidade de poluição, de congestionamento e de acidentes aumenta muito”, afirma.

O desequilíbrio entre transporte individual e coletivo – nenhum participante do seminário é contra o uso do automóvel – foi realçado no exemplo dado por Otávio da Cunha, presidente da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU). Segundo ele, em São Paulo, enquanto 70% das vias são ocupadas pelo transporte individual, esse modo de deslocamento costuma levar apenas 25% das pessoas. “Tem solução, mas ela precisa ser estruturada. O empresário é sempre visto como um vilão, mas estamos falando de um serviço que é público. Por isso, defendemos a elaboração de um marco regulatório do transporte, que seria um caminho seguro para a melhoria do nosso setor”, afirma Cunha.

Entre os pontos polêmicos do debate sobre mobilidade urbana, como as gratuidades do setor, o presidente da NTU não é a favor de que elas sejam eliminadas. Mas ele quer que o custo desse processo seja coberto pelo poder público. “Uma taxa sobre a gasolina, por exemplo, poderia cobrir as gratuidades. Ou mesmo uma cobrança maior pelo licenciamento poderia resolver”, afirma o executivo do setor de transporte público.

Pandemia

Se o debate sobre as próximas décadas do transporte público nas cidades é um ponto central em tempos de eleições municipais, o setor também está atento aos protocolos de segurança que precisam ser seguidos para que a população volte a se sentir segura dentro de ônibus e trens, onde a chance de ocorrer aglomerações é sempre maior. 

“Como a Mercedes é protagonista da mobilidade urbana, nós temos a obrigação de informar corretamente a população”, afirma Walter Barbosa, diretor de Vendas e Marketing de Ônibus da Mercedes-Benz do Brasil, empresa que acaba de lançar a campanha “Vá de ônibus e vá seguro”.

Para o executivo, um dos mitos que precisa ser derrubado é o do ar-condicionado. “As pessoas pensam que ele é um grande ponto de contaminação e que o ar no interior dos ônibus nunca é renovado, mas isso não é verdade”, afirma Barbosa. Segundo ele, os equipamentos de refrigeração dos ônibus estão totalmente preparados com filtros de ar que conseguem eliminar 99% dos vírus e das bactérias do ambiente. “E o ar no interior dos veículos chega a ser renovado algumas vezes por segundo, dependendo um pouco do equipamento utilizado. É algo superseguro”, diz o representante da Mercedes.

Para Otávio Cunha, dificilmente a demanda será como antes, porque todos estão aprendendo com a pandemia. Mas isso não significa, segundo ele, que seja inseguro viajar de ônibus; muito pelo contrário. “Se tomarmos todos os cuidados, como as empresas estão fazendo, a possibilidade de se contaminar é muito pequena”, afirma o dirigente da NTU. Ajuda e muito, segundo ele, a participação da população, que também deve seguir todos os protocolos de segurança, como lavar as mãos e usar máscara. 

“A mobilidade urbana bem conduzida será importante para a retomada das cidades como um todo. Nossos estudos mostram que não existe correlação entre o uso de transporte público e o aumento dos números de casos de covid-19. Mas também não estamos falando que o risco de contaminação não existe. Os usuários, por exemplo, são informados de que precisam lavar as mãos antes e depois de usar o transporte. Assim como as empresas devem fazer a higienização dos veículos nas garagens e, durante o dia, limpar também os corrimões e as botoeiras sempre que possível”, afirma Cunha.

Continuar achando que transporte público é para pobre não vai resolver o problema. Isso mostra como está tudo errado. A sociedade precisa repensar a cidade de hoje de uma forma completa

Ailton Brasiliense Pires, presidente da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP)

Getty Images 

Em tempos de eleições municipais, como alertou Walter Barbosa, diretor de Vendas e Marketing de Ônibus da Mercedes-Benz do Brasil, é fundamental “não deixar de olhar na pauta de propostas dos candidatos se o tema mobilidade urbana está presente”. De acordo com o executivo, que participou de um seminário virtual sobre mobilidade urbana organizado pelo Estadão, a empresa está totalmente preparada, em termos tecnológicos, para atender as demandas dos próximos anos. “O fundamental é oferecer um custo operacional menor e tecnologias mais eficientes e que emitam menos poluentes”, diz Barbosa. “No caso da Mercedes-Benz, o grupo Daimler detém a tecnologia de motores, como exemplo o HVO, biodiesel de última geração, a gás e elétrico”, afirma o representante da montadora de ônibus.

Os problemas do transporte público brasileiro, segundo Barbosa e os demais representantes do setor que estiveram no evento, começam quando as questões de infraestrutura e de políticas públicas duradouras entram na mesa de discussão. “O transporte público deve ser o eixo principal da qualificação da vida urbana, desde que a sociedade tenha um projeto de mobilidade”, afirma Ailton Brasiliense Pires, presidente da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP). Segundo ele, a melhoria do transporte público brasileiro, inclusive a um custo menor, é possível, desde que todos os setores dialoguem e construam planos duradouros, voltados não apenas para um único mandato de um prefeito, mas para várias décadas.

“Continuar achando que transporte público é para pobre não vai resolver o problema. Isso mostra como está tudo errado. A sociedade precisa repensar a cidade de hoje de uma forma completa”, diz o especialista em mobilidade urbana. De acordo com o presidente da ANTP, os planos diretores das cidades e a discussão sobre uso e ocupação do solo precisam ser reconfigurados a partir do transporte público. “Devem ser projetos para 10 a 20 anos. Não é o gestor que deve decidir o plano. As ideias devem partir da sociedade, e cabe aos gestores executá-las.”

O exemplo paulistano, segundo Pires, é emblemático. Até 1950 a cidade construiu o seu desenvolvimento considerando a rede de transporte sobre trilhos, incluindo os bondes. Porém, depois disso, apesar de a população ter aumentado na ordem de dez vezes até hoje, o transporte individual passou a ser prioridade. “Como resultado, o deslocamento médio, que era de 15 minutos, passou para 70 minutos”, afirma o pesquisador. Um transporte público ruim, segundo Pires, acaba gerando muitos impactos negativos nas cidades, inclusive financeiros. “A quantidade de poluição, de congestionamento e de acidentes aumenta muito”, afirma.

O desequilíbrio entre transporte individual e coletivo – nenhum participante do seminário é contra o uso do automóvel – foi realçado no exemplo dado por Otávio da Cunha, presidente da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU). Segundo ele, em São Paulo, enquanto 70% das vias são ocupadas pelo transporte individual, esse modo de deslocamento costuma levar apenas 25% das pessoas. “Tem solução, mas ela precisa ser estruturada. O empresário é sempre visto como um vilão, mas estamos falando de um serviço que é público. Por isso, defendemos a elaboração de um marco regulatório do transporte, que seria um caminho seguro para a melhoria do nosso setor”, afirma Cunha.

Entre os pontos polêmicos do debate sobre mobilidade urbana, como as gratuidades do setor, o presidente da NTU não é a favor de que elas sejam eliminadas. Mas ele quer que o custo desse processo seja coberto pelo poder público. “Uma taxa sobre a gasolina, por exemplo, poderia cobrir as gratuidades. Ou mesmo uma cobrança maior pelo licenciamento poderia resolver”, afirma o executivo do setor de transporte público.

Pandemia

Se o debate sobre as próximas décadas do transporte público nas cidades é um ponto central em tempos de eleições municipais, o setor também está atento aos protocolos de segurança que precisam ser seguidos para que a população volte a se sentir segura dentro de ônibus e trens, onde a chance de ocorrer aglomerações é sempre maior. 

“Como a Mercedes é protagonista da mobilidade urbana, nós temos a obrigação de informar corretamente a população”, afirma Walter Barbosa, diretor de Vendas e Marketing de Ônibus da Mercedes-Benz do Brasil, empresa que acaba de lançar a campanha “Vá de ônibus e vá seguro”.

Para o executivo, um dos mitos que precisa ser derrubado é o do ar-condicionado. “As pessoas pensam que ele é um grande ponto de contaminação e que o ar no interior dos ônibus nunca é renovado, mas isso não é verdade”, afirma Barbosa. Segundo ele, os equipamentos de refrigeração dos ônibus estão totalmente preparados com filtros de ar que conseguem eliminar 99% dos vírus e das bactérias do ambiente. “E o ar no interior dos veículos chega a ser renovado algumas vezes por segundo, dependendo um pouco do equipamento utilizado. É algo superseguro”, diz o representante da Mercedes.

Para Otávio Cunha, dificilmente a demanda será como antes, porque todos estão aprendendo com a pandemia. Mas isso não significa, segundo ele, que seja inseguro viajar de ônibus; muito pelo contrário. “Se tomarmos todos os cuidados, como as empresas estão fazendo, a possibilidade de se contaminar é muito pequena”, afirma o dirigente da NTU. Ajuda e muito, segundo ele, a participação da população, que também deve seguir todos os protocolos de segurança, como lavar as mãos e usar máscara. 

“A mobilidade urbana bem conduzida será importante para a retomada das cidades como um todo. Nossos estudos mostram que não existe correlação entre o uso de transporte público e o aumento dos números de casos de covid-19. Mas também não estamos falando que o risco de contaminação não existe. Os usuários, por exemplo, são informados de que precisam lavar as mãos antes e depois de usar o transporte. Assim como as empresas devem fazer a higienização dos veículos nas garagens e, durante o dia, limpar também os corrimões e as botoeiras sempre que possível”, afirma Cunha.

Continuar achando que transporte público é para pobre não vai resolver o problema. Isso mostra como está tudo errado. A sociedade precisa repensar a cidade de hoje de uma forma completa

Ailton Brasiliense Pires, presidente da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP)

Getty Images 

Em tempos de eleições municipais, como alertou Walter Barbosa, diretor de Vendas e Marketing de Ônibus da Mercedes-Benz do Brasil, é fundamental “não deixar de olhar na pauta de propostas dos candidatos se o tema mobilidade urbana está presente”. De acordo com o executivo, que participou de um seminário virtual sobre mobilidade urbana organizado pelo Estadão, a empresa está totalmente preparada, em termos tecnológicos, para atender as demandas dos próximos anos. “O fundamental é oferecer um custo operacional menor e tecnologias mais eficientes e que emitam menos poluentes”, diz Barbosa. “No caso da Mercedes-Benz, o grupo Daimler detém a tecnologia de motores, como exemplo o HVO, biodiesel de última geração, a gás e elétrico”, afirma o representante da montadora de ônibus.

Os problemas do transporte público brasileiro, segundo Barbosa e os demais representantes do setor que estiveram no evento, começam quando as questões de infraestrutura e de políticas públicas duradouras entram na mesa de discussão. “O transporte público deve ser o eixo principal da qualificação da vida urbana, desde que a sociedade tenha um projeto de mobilidade”, afirma Ailton Brasiliense Pires, presidente da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP). Segundo ele, a melhoria do transporte público brasileiro, inclusive a um custo menor, é possível, desde que todos os setores dialoguem e construam planos duradouros, voltados não apenas para um único mandato de um prefeito, mas para várias décadas.

“Continuar achando que transporte público é para pobre não vai resolver o problema. Isso mostra como está tudo errado. A sociedade precisa repensar a cidade de hoje de uma forma completa”, diz o especialista em mobilidade urbana. De acordo com o presidente da ANTP, os planos diretores das cidades e a discussão sobre uso e ocupação do solo precisam ser reconfigurados a partir do transporte público. “Devem ser projetos para 10 a 20 anos. Não é o gestor que deve decidir o plano. As ideias devem partir da sociedade, e cabe aos gestores executá-las.”

O exemplo paulistano, segundo Pires, é emblemático. Até 1950 a cidade construiu o seu desenvolvimento considerando a rede de transporte sobre trilhos, incluindo os bondes. Porém, depois disso, apesar de a população ter aumentado na ordem de dez vezes até hoje, o transporte individual passou a ser prioridade. “Como resultado, o deslocamento médio, que era de 15 minutos, passou para 70 minutos”, afirma o pesquisador. Um transporte público ruim, segundo Pires, acaba gerando muitos impactos negativos nas cidades, inclusive financeiros. “A quantidade de poluição, de congestionamento e de acidentes aumenta muito”, afirma.

O desequilíbrio entre transporte individual e coletivo – nenhum participante do seminário é contra o uso do automóvel – foi realçado no exemplo dado por Otávio da Cunha, presidente da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU). Segundo ele, em São Paulo, enquanto 70% das vias são ocupadas pelo transporte individual, esse modo de deslocamento costuma levar apenas 25% das pessoas. “Tem solução, mas ela precisa ser estruturada. O empresário é sempre visto como um vilão, mas estamos falando de um serviço que é público. Por isso, defendemos a elaboração de um marco regulatório do transporte, que seria um caminho seguro para a melhoria do nosso setor”, afirma Cunha.

Entre os pontos polêmicos do debate sobre mobilidade urbana, como as gratuidades do setor, o presidente da NTU não é a favor de que elas sejam eliminadas. Mas ele quer que o custo desse processo seja coberto pelo poder público. “Uma taxa sobre a gasolina, por exemplo, poderia cobrir as gratuidades. Ou mesmo uma cobrança maior pelo licenciamento poderia resolver”, afirma o executivo do setor de transporte público.

Pandemia

Se o debate sobre as próximas décadas do transporte público nas cidades é um ponto central em tempos de eleições municipais, o setor também está atento aos protocolos de segurança que precisam ser seguidos para que a população volte a se sentir segura dentro de ônibus e trens, onde a chance de ocorrer aglomerações é sempre maior. 

“Como a Mercedes é protagonista da mobilidade urbana, nós temos a obrigação de informar corretamente a população”, afirma Walter Barbosa, diretor de Vendas e Marketing de Ônibus da Mercedes-Benz do Brasil, empresa que acaba de lançar a campanha “Vá de ônibus e vá seguro”.

Para o executivo, um dos mitos que precisa ser derrubado é o do ar-condicionado. “As pessoas pensam que ele é um grande ponto de contaminação e que o ar no interior dos ônibus nunca é renovado, mas isso não é verdade”, afirma Barbosa. Segundo ele, os equipamentos de refrigeração dos ônibus estão totalmente preparados com filtros de ar que conseguem eliminar 99% dos vírus e das bactérias do ambiente. “E o ar no interior dos veículos chega a ser renovado algumas vezes por segundo, dependendo um pouco do equipamento utilizado. É algo superseguro”, diz o representante da Mercedes.

Para Otávio Cunha, dificilmente a demanda será como antes, porque todos estão aprendendo com a pandemia. Mas isso não significa, segundo ele, que seja inseguro viajar de ônibus; muito pelo contrário. “Se tomarmos todos os cuidados, como as empresas estão fazendo, a possibilidade de se contaminar é muito pequena”, afirma o dirigente da NTU. Ajuda e muito, segundo ele, a participação da população, que também deve seguir todos os protocolos de segurança, como lavar as mãos e usar máscara. 

“A mobilidade urbana bem conduzida será importante para a retomada das cidades como um todo. Nossos estudos mostram que não existe correlação entre o uso de transporte público e o aumento dos números de casos de covid-19. Mas também não estamos falando que o risco de contaminação não existe. Os usuários, por exemplo, são informados de que precisam lavar as mãos antes e depois de usar o transporte. Assim como as empresas devem fazer a higienização dos veículos nas garagens e, durante o dia, limpar também os corrimões e as botoeiras sempre que possível”, afirma Cunha.

Continuar achando que transporte público é para pobre não vai resolver o problema. Isso mostra como está tudo errado. A sociedade precisa repensar a cidade de hoje de uma forma completa

Ailton Brasiliense Pires, presidente da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP)

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