Senado abriu ‘caixa de pandora’ ao ampliar exceções ao arcabouço fiscal, diz economista-chefe da XP


Para Caio Megale, exclusão de despesas com ciência e tecnologia do limite de gastos da nova regra abre um precedente perigoso

Por Adriana Fernandes
Atualização:

BRASÍLIA – O economista-chefe da XP Investimentos, Caio Megale, alertou que o Senado Federal abrirá uma “caixa de pandora” se aprovar o projeto do arcabouço fiscal com a exclusão das despesas com ciência e tecnologia do novo limite de gastos. A nova exceção foi incluída de última hora no parecer do relator, senador Omar Aziz (PSD-AM).

“Abriu-se a caixa de pandora e está se formando o ovo da serpente para descaracterização completa do arcabouço”, advertiu. Megale disse que o projeto no Senado ficou pior com as modificações introduzidas pelo relator em relação ao texto aprovado pela Câmara.

Megale advertiu que mudanças feitas pelo Senado não se tratam de 'filigranas', como disse o relator Omar Aziz, e podem custar caro para o novo arcabouço fiscal. Foto: Hélvio Romero/Estadão
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Para Megale, independentemente do mérito dessas despesas, a medida abre um precedente perigoso. O projeto foi aprovado nesta quarta-feira, 21, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado e agora segue para o plenário da Casa. Se aprovado, com as mudanças feitas, terá de retornar à Câmara para uma nova votação dos deputados.

“Sai um marco fiscal frouxão e está piorando no Senado”, disse Megale em entrevista ao Estadão. Ele lembrou que o relator na Câmara, Claudio Cajado (PP-BA) tinha feito aprimoramentos no arcabouço. Megale citou a inclusão do Fundeb (fundo de educação básica) dentro do limite de despesas e mudanças na forma de correção do Fundo Constitucional do DF, abastecido com recursos da União. Com o parecer de Aziz, esses dois fundos ficarão agora fora da regra de gastos.

Megale advertiu que essas mudanças não se tratam de “filigranas” e podem custar caro para o novo arcabouço fiscal. Ontem, Aziz disse que a sua decisão de deixar gastos com ciência e tecnologia tratava-se de filigrana “de recurso pequeno”.

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“Não é filigrana. Eles vão atendendo as demandas e desfazendo o arcabouço”, ponderou o economista-chefe da XP. O risco é de pressão no futuro para outros gastos, considerados também meritórios, ficarem fora do limite de despesas. “Por que ciência e tecnologia é mais meritória que saúde, gastos sociais, Bolsa Família e tem que ficar protegida?”, questionou ele, que defende que todas as despesas fiquem dentro do limite global para gastos.

Para o economista Tiago Sbardelotto, que trabalha na equipe de Megale, haverá pressão para tirar outras despesas do limite. “Essas despesas passam a crescer sem qualquer restrição”, ponderou. “Se há alguma regra já definida para Fundeb e FCDF, o mesmo não ocorre com despesas de ciência e tecnologia, que pode ser elevada acima das demais e pressionar o resultado primário das contas públicas”, afirmou.

BRASÍLIA – O economista-chefe da XP Investimentos, Caio Megale, alertou que o Senado Federal abrirá uma “caixa de pandora” se aprovar o projeto do arcabouço fiscal com a exclusão das despesas com ciência e tecnologia do novo limite de gastos. A nova exceção foi incluída de última hora no parecer do relator, senador Omar Aziz (PSD-AM).

“Abriu-se a caixa de pandora e está se formando o ovo da serpente para descaracterização completa do arcabouço”, advertiu. Megale disse que o projeto no Senado ficou pior com as modificações introduzidas pelo relator em relação ao texto aprovado pela Câmara.

Megale advertiu que mudanças feitas pelo Senado não se tratam de 'filigranas', como disse o relator Omar Aziz, e podem custar caro para o novo arcabouço fiscal. Foto: Hélvio Romero/Estadão

Para Megale, independentemente do mérito dessas despesas, a medida abre um precedente perigoso. O projeto foi aprovado nesta quarta-feira, 21, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado e agora segue para o plenário da Casa. Se aprovado, com as mudanças feitas, terá de retornar à Câmara para uma nova votação dos deputados.

“Sai um marco fiscal frouxão e está piorando no Senado”, disse Megale em entrevista ao Estadão. Ele lembrou que o relator na Câmara, Claudio Cajado (PP-BA) tinha feito aprimoramentos no arcabouço. Megale citou a inclusão do Fundeb (fundo de educação básica) dentro do limite de despesas e mudanças na forma de correção do Fundo Constitucional do DF, abastecido com recursos da União. Com o parecer de Aziz, esses dois fundos ficarão agora fora da regra de gastos.

Megale advertiu que essas mudanças não se tratam de “filigranas” e podem custar caro para o novo arcabouço fiscal. Ontem, Aziz disse que a sua decisão de deixar gastos com ciência e tecnologia tratava-se de filigrana “de recurso pequeno”.

“Não é filigrana. Eles vão atendendo as demandas e desfazendo o arcabouço”, ponderou o economista-chefe da XP. O risco é de pressão no futuro para outros gastos, considerados também meritórios, ficarem fora do limite de despesas. “Por que ciência e tecnologia é mais meritória que saúde, gastos sociais, Bolsa Família e tem que ficar protegida?”, questionou ele, que defende que todas as despesas fiquem dentro do limite global para gastos.

Para o economista Tiago Sbardelotto, que trabalha na equipe de Megale, haverá pressão para tirar outras despesas do limite. “Essas despesas passam a crescer sem qualquer restrição”, ponderou. “Se há alguma regra já definida para Fundeb e FCDF, o mesmo não ocorre com despesas de ciência e tecnologia, que pode ser elevada acima das demais e pressionar o resultado primário das contas públicas”, afirmou.

BRASÍLIA – O economista-chefe da XP Investimentos, Caio Megale, alertou que o Senado Federal abrirá uma “caixa de pandora” se aprovar o projeto do arcabouço fiscal com a exclusão das despesas com ciência e tecnologia do novo limite de gastos. A nova exceção foi incluída de última hora no parecer do relator, senador Omar Aziz (PSD-AM).

“Abriu-se a caixa de pandora e está se formando o ovo da serpente para descaracterização completa do arcabouço”, advertiu. Megale disse que o projeto no Senado ficou pior com as modificações introduzidas pelo relator em relação ao texto aprovado pela Câmara.

Megale advertiu que mudanças feitas pelo Senado não se tratam de 'filigranas', como disse o relator Omar Aziz, e podem custar caro para o novo arcabouço fiscal. Foto: Hélvio Romero/Estadão

Para Megale, independentemente do mérito dessas despesas, a medida abre um precedente perigoso. O projeto foi aprovado nesta quarta-feira, 21, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado e agora segue para o plenário da Casa. Se aprovado, com as mudanças feitas, terá de retornar à Câmara para uma nova votação dos deputados.

“Sai um marco fiscal frouxão e está piorando no Senado”, disse Megale em entrevista ao Estadão. Ele lembrou que o relator na Câmara, Claudio Cajado (PP-BA) tinha feito aprimoramentos no arcabouço. Megale citou a inclusão do Fundeb (fundo de educação básica) dentro do limite de despesas e mudanças na forma de correção do Fundo Constitucional do DF, abastecido com recursos da União. Com o parecer de Aziz, esses dois fundos ficarão agora fora da regra de gastos.

Megale advertiu que essas mudanças não se tratam de “filigranas” e podem custar caro para o novo arcabouço fiscal. Ontem, Aziz disse que a sua decisão de deixar gastos com ciência e tecnologia tratava-se de filigrana “de recurso pequeno”.

“Não é filigrana. Eles vão atendendo as demandas e desfazendo o arcabouço”, ponderou o economista-chefe da XP. O risco é de pressão no futuro para outros gastos, considerados também meritórios, ficarem fora do limite de despesas. “Por que ciência e tecnologia é mais meritória que saúde, gastos sociais, Bolsa Família e tem que ficar protegida?”, questionou ele, que defende que todas as despesas fiquem dentro do limite global para gastos.

Para o economista Tiago Sbardelotto, que trabalha na equipe de Megale, haverá pressão para tirar outras despesas do limite. “Essas despesas passam a crescer sem qualquer restrição”, ponderou. “Se há alguma regra já definida para Fundeb e FCDF, o mesmo não ocorre com despesas de ciência e tecnologia, que pode ser elevada acima das demais e pressionar o resultado primário das contas públicas”, afirmou.

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