BRASÍLIA – O Senado aprovou, nesta terça-feira, 14, um requerimento para realizar uma sessão de debates com o tema “juros, inflação e crescimento”. Serão convidados a participar os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento), o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, economistas ilustres e presidentes de confederações do setor produtivo nacional. O requerimento é de autoria do próprio presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
“É um tema muito movimentado no País atualmente, com discussões que por vezes ensejam muitas divergências”, disse Pacheco durante a apresentação da medida. Para ele, é preciso retirar conclusões técnicas para o avanço da discussão. “É o desejo de todos, inclusive do Banco Central, não tenho dúvida, que é a redução da taxa de juros no País”, concluiu.
Além de Haddad, Tebet e Campos Neto, foram convidados o ex-presidente do BC Armínio Fraga; o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney Menezes Ferreira; o diretor-presidente da Confederação Nacional das Instituições Financeiras, Rodrigo Maia; um representante da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), presidida por Josué Gomes da Silva; representantes da Confederação Nacional da Indústria, da Confederação Nacional do Trabalho, da Confederação Nacional do Comércio, do Instituto Brasileiro de Política e Direito do Consumidor, da Associação Brasileira de Desenvolvimento e de três economistas indicados por Pacheco: Marcos Lisboa, Carlos Viana de Carvalho e Bruno Funchal.
Como mostrou o Estadão, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou também nesta terça-feira um convite para que Campos Neto compareça à Casa para se justificar sobre o erro do Banco Central em relação a dados do mercado de câmbio entre outubro de 2021 e dezembro de 2022, de valor total de US$ 14,5 bilhões. A ida do presidente do BC deve acontecer no dia 4 de abril.
A expectativa é que parlamentares governistas aproveitem a ocasião para questionar Campos Neto sobre a taxa básica de juros do País (Selic), de 13,75% ao ano – que vem sendo duramente criticada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e por membros do governo. No início do mês, Lula disse que o País não pode ficar refém de um único homem, referindo-se ao presidente do BC, a quem chamou de “esse cidadão.”
Em fevereiro, Lula criticou a autonomia do Banco Central, que foi aprovada no Congresso Nacional contando com o voto de quatro de seus atuais ministros. Nesta segunda-feira, deputados federais do PT, do PSOL e do PCdoB defenderam o fim da autonomia em ato no Rio de Janeiro. “Eu acho que o presidente do BC tinha de ter decência, vergonha na cara, pegar o boné e ir embora”, discursou a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, durante o ato.