O Estado de São Paulo pode começar a cobrar royalties sobre a produção de álcool. A idéia, ainda embrionária, teria sido comentada na terça-feira pelo governador do Estado José Serra (PSDB) em reunião no Rio com os outros três governadores da região Sudeste, Sérgio Cabral (PMDB), Paulo Hartung (PMDB) e Aécio Neves (PSDB). O assunto não chegou a ser tratado durante a entrevista coletiva concedida pelos governadores - que se restringiu ao tema segurança - e só veio à tona nesta quarta por meio do blog do prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL), também presente à reunião de terça. Segundo o prefeito, o governador José Serra teria afirmado que vai propor a discussão sobre a criação de royalties sobre o álcool, já que a expansão do plantio de cana "está produzindo efeitos devastadores na economia paulista". Cesar Maia completa ainda em seu blog que o ponto de vista do governador se refere à substituição de outras culturas mais estruturantes pela de cana-de-açúcar, que ocupa hoje algo em torno de 15% do Estado e vem crescendo nos últimos anos, com a maior demanda pelo álcool. Outro ponto de vista que teria sido citado por Serra, segundo o prefeito, é o social, que também estaria sendo prejudicado pela cultura da cana. O secretário da Agricultura do Estado de São Paulo, João Sampaio, informou, por meio da assessoria de imprensa, que desconhece a informação dada pelo prefeito do Rio. Sampaio informou que nunca ouviu Serra falar sobre o assunto e que só o governador poderia se manifestar sobre o tema. São Paulo é o maior Estado produtor de álcool do País, cerca de 11 bilhões dos 17,2 bilhões de litros do combustível produzidos no Brasil durante a safra, ou 64% do total. Durante a campanha eleitoral, Serra sempre cobrou, em suas visitas a cidades do interior do Estado, uma parceria com o setor produtivo de cana-de-açúcar, principalmente na recuperação de rodovias vicinais utilizadas por caminhões que seguem até as usinas. A União da Indústria da Cana-de-açúcar (Unica), principal entidade que representa os usineiros paulistas, informou que não é possível fazer qualquer comentário sobre o assunto vago, que sequer foi abordado por quem seria seu proponente (Serra). Ainda segundo a Unica, se houver uma proposta neste sentido, a entidade espera ser chamada antes para discutir o assunto.